2 de fevereiro de 2017. Marisa Letícia se foi. Mas deixou um
legado que é uma lição pra uma vida inteira... De origem humilde, descendente
de italianos, décima filha de sitiantes, foi operária ainda adolescente e só
deixou atividades profissionais quando se casou pela primeira vez, aos 19 anos.
Enviuvou apenas seis meses depois, quando seu primeiro marido foi assassinado.
Estava gestando seu primogênito, Marcos. Ao chegar ao Sindicato dos
Metalúrgicos de São Bernardo do Campo – SP, para obter um benefício deixado
pelo marido, Marisa conheceu Lula, que trabalhava no Serviço de Assistência
Social do sindicato. Quatro anos depois, em 1974, casaram-se.
Marisa não foi o tipo
de mulher que apenas fazia figuração colorida para mostrar ao povo uma imagem
de comercial de margarina. Nem poderia, já que era estranho à grande população
lidar com um líder popular operário e sua esposa não menos operária. E isso
Marisa foi, uma operária da vida. Lula tinha nela seu porto seguro, ela esteve
com ele desde o começo, quando produziu a primeira bandeira do PT com um pano
vindo da Itália e andava por aí angariando assinaturas para a construção de um
partido dos trabalhadores. Teve personalidade quando, em 1980, ainda sob
domínios da ditadura, promoveu reuniões clandestinas em sua casa e protestos só
de mulheres pelas prisões dos líderes sindicais (dentre os quais, Lula),
chegando até a recusar a presença de homens. Essa é a força de uma mulher
valente.
Esteve com Lula nas turbulências, nas derrotas ao longo de
anos frente a um país que ainda relutava em aceitar um ex-metalúrgico como
presidente, guiado por uma mídia tendenciosa que sempre vendeu beleza e
elegância padronizadas em proporção igual à nocividade perante à população mais
pobre. Também esteve com Lula nas vitórias. Era Lula lá na cadeira de
presidente do Brasil e Marisa lá, ao seu lado. Sem alarde. Os que a conheceram
de perto afirmam que era avessa a badalações, era de vestir a roupa que lhe
agradasse sem olhar etiqueta e assim aparentava tanto quanto se falava. Uma
mulher admirável. Longe de ser uma mera acompanhante, Marisa Letícia era uma
assessora de Lula, a mais próxima, e porque não ousar dizer, a mais confiável.
Em decorrência dessa vitória mais estrondosa, em 2002,
Marisa se tornou Primeira-Dama e esteve com Lula quando elegemos um presidente
operário, ouvimos desconfianças saindo até dos ralos de esgotos das cidades,
mas vimos o miserável deixar a miséria, o negro e o pobre acessando estudos e
tecnologias até há alguns anos inimagináveis de se obter. Qual não deve ter
sido a força dessa mulher quando surgiam piadas e deboches e até acusações
nunca comprovadas sobre Lula. Para nós, é o Lula, o presidente de ações de
melhorias sociais, de apelo popular. Para ela, era Lula, o companheiro de uma
vida, o marido, pai de seus filhos. Enfim, dívidas históricas foram muito
amenizadas.
Além do ‘carro-chefe’ Lula, Marisa era a figura doce ao lado
do marido quando escândalos de comprovação duvidosa tentavam associá-lo de toda
forma, sem nunca ter visto comprovações. A sociedade melhorou no tempo que
Marisa Letícia foi Primeira-Dama. Nunca movimentos sociais avançaram tanto.
Perdemos, em meio a um momento maldosamente atribulado de
nossa sociedade, uma – perdão pelo clichê, mas é o mais adequado – grande
guerreira do povo. Por isso, é com profundo pesar, e muito apoio à família Lula
da Silva, que a UNEGRO presta essa homenagem à Marisa Letícia.
Vá em paz, Marisa Letícia.
Força, Lula!
Jornalista Fernando Sagatiba – Comissão de Comunicação da
Unegro
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