Não é porque vivemos numa democracia e que todos têm a liberdade de gostar do que quiserem que o roubo intelectual, moral e comercial não aconteceu. Visto que muito funkeiro aí passa fome enquanto uma meia dúzia é tida como diva, como herói e popstar. É por isso que não se engole essas festas favoritas da vida como legítima manifestação popular. É como você querer o que o pobre tem pra ganhar dinheiro em cima disso, mas sem que o pobre usufrua do lucro que sua própria cultura tem a oferecer.
Aí, contratam esses figurantes de luxo pra vender, massificam a mídia com informações inúteis sobre essas pseudo-estrelas e - ZAZ - nasceu seu produto na pratelheira. Antes do pagode e do funk serem experimentados na mídia, ninguém dava a mínima, era coisa de preto, pobre, gente sem cultura e outras barbaridades... mas quando se tira da mão do pobre e coloca na mão (UIA!) do classe média/alta, filho do diretor, filha da madame, aí, eles tratam a pão-de-ló. Repare nas novelas, por exemplo, quando o foco é a favela... o protagonista é o branco e o preto é o amigo fiel em 90% ou mais das produções. Veja os egípcios (continente africano) da novela bíblica, brancos pintados, diferente de quando os africanos retratados são escravos ou criminosos, aí é preto saindo até pelo telhado.
O problema todo, pra eles, é deixar o pobre subir, quando eles garantem seu protecionismo, aí, eles estão felizes e o pobre fica contente em achar que se vê representado, porque sua música toca na rádio e na balada, mesmo que não seja ele ganhando por aquilo. É assim que vemos essa 'festa na senzala' que é o funk ostentação, os Esquenta da vida e divas pop que nasceram outro dia mesmo, mas já têm panfletagem pra uma era inteira. Rapidamente o histórico de vida simples vira um dramalhão de pobreza e dificuldades (porque o povão adora uma história de superação pra se identificar por catarse).
Egito na vida real é africano, na novela bíblica, é branco pintado de amarelo. Tipo, negros não podem ser reis, só escravos? |