Neymar Jr (hiper-valorizado, em minha inútil opinião) é o
grande nome de uma geração bem apagada de jogadores de futebol. Ronaldinho
gaúcho joga fácil numa seleção pra mim, mas Neymar Jr seria aquele reserva pra
incendiar o segundo tempo, talvez. Mas, como o tempo passa e as gerações mudam,
essa atual se ferrou. Depois de ser piada e ficar de fora da lista de indicados
a melhor do mundo, Neymar(keting) precisava aliviar sua barra (com os
patrocinadores, pela desvalorização de sua imagem). Então, ele providenciou um
evento beneficente (que sempre pega bem) e narrou um comunicado (constrangedor de
forçado). Tudo com muita cara de assessoria querendo apagar incêndio pra que
ele continue sendo requisitado pelo público pra continuarem vendendo os
produtos que anuncia.
Veja bem, o rapaz é um dos casos mais bizarros de uma
combinação explosiva de assessoria descuidada e assessorado sem personalidade.
Nem sei se isso é tanta culpa do próprio ou se o pai é que toma as decisões
ruins, preparando o filho pra fazer as próprias cagadas quando finalmente
crescer. Sim, a base da propaganda em torno de um cara de 26 anos, atleta
profissional milionário e pai de uma criança de 6 anos é forçando uma visão de
que é um menino aprendendo a viver. Pobre menino rico, né? Deve estar sendo
consolado pela namorada atriz famosa em Paris, onde recebe milhões pra realizar
o sonho de periferia de jogar futebol e dar festas enquanto seu rosto estampa
as mais variadas peças publicitárias, de cuecas a celulares, passando por
bebidas e hortifrutigranjeiros. Como disse o coordenador da Seleção, deve ser
osso mesmo ser o Neymar Jr. Chega a dar pena, né?
Bem ,eu conheço um rapaz de 26 anos e pai solteiro de um
menino em torno dos 5 anos... Ele trabalha a semana toda pra ganhar seu
dinheirinho pra ajudar em casa, sustentar o filho (que vive com ele) e quem
sabe, curtir um pagode e uma cervejinha no final de semana (que ninguém é de
ferro). Esse cara, amigo meu, não é visto como um menino aprendendo a vida. É
um homem adulto que sabe muito bem como a banda toca e faz o seu. Trabalha,
estuda, se diverte... Se dá um problema ele vai lá e vê como faz pra resolver e
nem que quisesse, poderia simplesmente se esconder no seu mundinho de
celebridade como Neymar fez após a Copa na Rússia, onde virou piada mundial, se
desvalorizou enquanto atleta e enquanto garoto-propaganda de mais de uma dúzia
de marcas fortes no mercado.
Aliás, vamos falar sobre esses dois elementos: Propaganda e
justificativa. Saiu, na noite do último domingo (29/07/2018), uma peça
publicitária onde o Neymar cai-cai, (filho do Neymar pai-pai, Rá! Você não viu
essa piada chegando) lê um texto de forma bem forçada. Parece que a criação do
texto (com imagens dele na Copa) foi em parceria entre a agência publicitária
que serve à Gilette e o próprio jogador. Dá até pra imaginar que sua
participação deve ter sido na ‘conversão’ de linguagem formal para gírias, num
estilo consultoria. Sabe, quando alguém dá seu toque pra personalizar algo que
outro criou de forma mais ‘padrão’? Pra parecer mais pessoal a mensagem, né?
Ok, justifica!
Mais uma vez, usou um pretexto pra ganhar dinheiro em cima
de drama forçado, porque nós, da área de comunicação, sabemos que o grande
público adora uma história triste de superação no final. Pode reparar, todo
mundo ama ver mais o ‘herói’ lutar do que propriamente vencer. Coisa de
estimular a torcida, tipo novela, filme de herói ou mesmo reality shows. Só
faltou Neymar chorar. Aliás, lembram daquele comunicado falando do choro nas
oitavas-de-final? Disse que passou muita coisa, sofreu muito e o choro foi seu
desabafo... Cara, ele já era rico e famoso antes dos 18 anos. Até o momento,
ele tem sido rico e famoso há mais tempo do que foi pobre. E ser pobre é
condição normal pra maioria do povo durante a vida toda. Não andamos chorando
por aí toda vez que fazemos um gol pela seleção, Ney... vai tratar o psicológico
que essa choradeira e vaidade é mais coisa de sociopata do que de trabalhador
esforçado.
O que não justifica é o próprio Neymar. Aliás, ele não se
justifica, aquele texto não parece ter saído de seu angustiado coração para a
nação brasileira... Em tempo, só vou mencionar que ele recebeu cachê milionário
e isso faz parte de uma nova campanha da Gillette, que foca no conceito de ‘um
novo homem a cada dia’. Ou seja, mais uma propaganda do patrocinador do
jogador, onde ele apenas pega o gancho das críticas que recebe por suas
simulações em campo e arroubos de vaidade fora dele. No texto em si, você não
vê Neymar dizer que errou, onde errou e como ele fará pra resgatar a confiança
que seus patrocinadores precisam pra confiar de novo no produto do marketing
que se tornou.
Vamos, antes, lembrar uma curiosidade: Em 2011, meses depois
de ter protagonizado o constrangedor episódio da demissão do técnico Dorival
Junior (no Santos, em 2010), quando simplesmente deu um chilique daqueles pra
fazer valer sua vontade e não o comando do treinador, ele já tinha usado o
artifício de se fazer de menino inconsequente ‘sou o baby, você precisa me amar’.
Lembra? O patrocinador da vez era a Nextel e ele falava com a câmera como quem
tenta cativar o público e logo surge seu pai (o dele, não o seu, internauta
leitor, rá!). O discurso era o mesmo, de menino que admite que erra, mas em
momento algum ele demonstrou mudança. Só foi sendo cada vez mais
supervalorizado, cada vez mais demonstrando vaidade e caprichos, bancado por
mídia e patrocinadores, rendimento em campo não correspondendo com tanta marra
e a certeza do público de que ele parece mesmo ter parado nos 17 anos de idade.
Agora, ele faz seu evento em sua fundação beneficente (dedutível
no imposto de renda) com seus ‘parças’ famosos, é bonito ajudar crianças, pra
aliviar sua barra e faz um comunicado desses... Entrevista mesmo, encarando
público e jornalistas que é bom, nada. Ele não parece ser muito bom em bater de
frente com a responsabilidade que vem com o grande poder que a mídia lhe dá.
Ler um texto gravado não resolve, mas permite ele vender lâminas de barbear em
troca de muito dinheiro. No fim das contas, além de meme da copa, Neymar vai
virar meme pelo texto que leu. Depois de ter forçado a amizade ao ‘explicar’
seu choro diante da vitória sobre o México, ele continua sendo o menino do
marketing, mimado e vaidoso estragado pelo dinheiro, fama e possibilidades
infinitas que esse status permite.
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