Nem vou enrolar pra dar o recado deste texto: Phellipe Haagensen, recém-expulso do reality A Fazenda (da emissora do bispo/rei/cavalo), envergonha a todos nós, homens. Sobretudo, os negros de regiões periféricas. Mas vou ficar atento, aqui, ao plano geral 'homem/mulher': Ele deu muita sorte que a sociedade é machista e passa o pano legal para as atitudes que teve durante sua - graças - curta participação na telinha desta edição.
Ele se focou em Hariany Almeida, ex-BBB, para assediar com tudo que aquele babaca da balada faz em todo carnaval, festinha de rua ou boate da moda: Olhou para ela e sussurrou como quem se masturba mentalmente, distorceu a realidade em sua mente tacanha pra parecer que ela é que estava "pedindo" ou provocando seus sentidos e, culminou com um selinho roubado durante uma discussão que nem tinha qualquer apelo afetivo/sexual. Ficou na cara que se não roubasse o beijo ali, poderia ter se esfregado ou até agarrado a moça a qualquer outro momento.
Ele já tinha falado de outras participantes, insinuando que os caras deveriam ter cuidado com tal participante por ter ficado com não sei quantos antes de entrar ali, fez comparações grotescas entre mulheres e galinhas e qualquer outro comportamento nocivo à sociedade. Seu irmão, o também ator, Jonathan Haagensen, inclusive fez postagens no twitter e conversou com a imprensa, no Rock in Rio, sobre o ocorrido. Nessas oportunidades, o eterno Cabeleira, de Cidade de Deus, criticou o eterno Bené (personagem mais legal que seu intérprete).
Jonathan disse que as atitudes de Phillipe são típicas de um bolsominion, aquele machistão legitimado pelo discurso do atual presidente do Brasil, que justifica qualquer atitude autoritária do homem sobre a mulher, do rico sobre o pobre, enfim, um amante/viúva sodomita da ditadura que quer compensar sua mediocridade humilhando e oprimindo quem já é historicamente oprimido. É aquela criancinha babaca que faz tudo que quer porque o pai deixa e os coleguinhas ganham um alvo pra odiarem até a fase adulta.
E, a exemplo do babaca do final do parágrafo anterior, o babaca da vida real continua sua vida tal qual o conceito do pombo enxadrista. Aquele que diz que não importa quão talentoso e esforçado você seja pra jogar xadrez contra um pombo. A ave vai cagar tudo, derrubar tudo e sairá voando de boas sem noção da merda que fez. E você lá, estressado que a performance não foi apreciada. Deixa eu falar o que eu entendo disso em relação a assédio e masculinidade tóxica.
É assédio porque ele agiu como se fosse dono de um corpo que não é o dele mesmo. Atacou a moça. Não importa se foi com um simples selinho ou se fosse com um facão coagindo-a a se curvar às suas neuroses. É violência contra a mulher. Atacou, configurou o assédio, tal qual seria, nas próprias palavras da Record, se fosse o caso de uma encoxada, mão boba, etc... A mulher não é um brinquedo que o cara se aproveita de estar perto pra usar sem permissão.
Isso aí, é o típico bombado da balada, puxando cabelo, braço e tentando beijar à força. Já vi muita amiga até ceder na hora só pra não acabar agredida pelo bêbado com sentimento de rejeição. Já vi também algumas que foram agredidas depois de darem negativas a esses monstros. É covarde e demonstra a sensação de poder que o machismo dá ao homem. Ele acha que pode mexer com a mulher, tocar seu corpo e obter seu prazer imediato sem culpa ou sem medo de punições. "Vai lá, denuncia lá" e "que polícia?" foram comentário de Phillipe diante das ameaças de denúncia que Hariany fez, ainda em choque pelo gesto abusivo que acabara de sofrer.
Depois, correu pra pedir que fosse o mais votado pra sair do programa sem ter que desistir. Como se já não previsse a bola de neve que acabara de iniciar, tentando infantilmente parecer que tinha feito tudo de propósito. Babaca, babaca, babaca! E ainda tem mais, o cara meses antes, ainda esse ano, já foi denunciado pela ex por agressão na Delegacia de Apoio à Mulher. O cara ameaçou a ex-mulher na frente do filho mais velho pra não ter que pagar pensão. Já sentiu o drama, né? O padrão estabelecido.
Um cara que fica reduzindo a mulher a um objeto sexual pra sua própria masturbação assistida já é bem pouca coisa na vida. Agora, tem o padrão que ele segue. Ele diminui a mulher pra ela não ter condições psicológicas de perceber que ele é que não vale nada. A sensação de que a pessoa consegue coisa melhor fácil deixa o cara em desespero e ele faz aquele jogo mental doentio: Primeiro, faz ela gostar dele e na chantagem emocional, começa a manipular sua mente. Depois de ser claramente abusivo, faz o papel do coitado, vítima das circunstâncias e que vai melhorar.
Mas não melhora. E estamos vendo o tipo por aí, toda hora um feminicídio, um desaparecimento, uma separação que não é aceita, uma DR que termina mal, toda hora uma família diferente falando que o cara sempre parece perigoso ou que a mina tinha medo do companheiro e essas coisas... Não estou dizendo que todo babaca assediador é um assassino em potencial, mas a sociedade legitima a muitos pensarem que isso está certo. Inclusive, o jovem Haagensen, chegou a dizer, ao sair da produção, que nem todas as mulheres merecem flores, deixando claro que em algum nível, acha justificável que se destrate ou degrade uma mulher, porque, pra ele, tem as que merecem respeito e as que não.
Quem não merece respeito é esse rato doente.
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