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terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Só hoje em dia é que os valores se inverteram?!

Pessoas que acham que hoje em dia é que os valores estão invertidos... Aloou!
 

Vamos pegar o hoje e analisar que há uma falta de ética tremenda, suborno e desvio de verba pública entre governantes e parlamentares, até golpe político a gente vê. Temos uma pá de gente apoiando políticos apenas porque seguem a mesma religião e essa mesma galera apoia gente que esteve lá na época em que o país estava congelado no passado e afundado em dívidas. Aliás, alguns dos apoiados dessa turma religiosa, que se diz cristã, mas acumula riqueza material, contrariando o grande JC, destilam ódio pela sexualidade alheia, usam religião pra promover discórdia entre seus fiéis e aqueles que não seguem seu código humano de conduta submissa. Defendem e/ou justificam violência contra mulher, racismo pra eles é só piada e essas coisas... Ufa... Tá uma barra, né?

Ok, mas vamos fazer uma regressão nessa linha do tempo louca só pra gente ver se é só o hoje mesmo que tá caótico, tá? Olha, há uns 12 ou 13 anos, o país ganhava um assunto político tremendo pra se falar em todo canto. Um esquema de suborno que ganhou o simpático apelido de mensalão. Entre os mesmos parlamentares que estão lá ainda, se revezando e ganhando o voto do teimoso do povo que insiste em se gabar de não querer saber de política.

Voltando um pouco mais, lá pelo ano 2000, eu, por exemplo, entrava nessa loucura de briga de foice chamada mercado de trabalho. Era governo FHC/PSDB, o desemprego estava nas alturas (exemplos de mudanças drásticas dentro da minha própria casa com desemprego e privatizações) e meu primeiro emprego foi uma terceirização ganhando um, então, salário-mínimo: R$ 300,00. Aliás, líquido mesmo, era em torno de R$220,00. Concursos públicos congelados e faculdades públicas sucateadas.

Lembrando que durante o maravilhoso (#sqn) governo FHC (1994-1998/1998-2000), depois de muito privatizar e chamar aposentados de vagabundos, foi em sua gestão que vivemos um racionamento de energia (que só alarmou a população e gerou umas taxas a mais com a desculpa de que eram precauções futuras). Teve a galera dos ‘anões do orçamento’, ali por 1995 e arredores. Em 1996, matavam sem-terras como moscas e o mundo assistia horrorizado.

Alguns anos antes, em 1990, o – então – candidato Lula, era mostrado como um ignorante de pai e mãe pela edição de um debate tendencioso, onde quem ganhou foi Fernando Collor, expulso da presidência do país num dos maiores escândalos políticos já vistos por aqui, quiçá, no mundo, em 1992. A Globo continua apoiando aquela mesma galera e não aprendeu nem a disfarçar com o tempo. Ah, isso, 5 anos depois de o primeiro presidente eleito democraticamente ter sido substituído pelo vice, já que falecera sob circunstâncias estranhas na véspera de assumir o cargo. Esse vice que assumiu em seu lugar era José Sarney, esse mesmo, dono do Maranhão, pai da Roseana e que fazia parte de um partido que estava lá nos altos escalões da ditadura.

Aliás, nessa época, 1985, encerrava-se oficialmente, um período iniciado há uns 50 anos, quando vivíamos sob as botas de chumbo e miras de morte em uma ditadura que torturava e matava gente só por pensar diferente do governo (todos que sobreviveram ou ganharam fama de rebelde, louco ou terrorista). E essa ditadura, veio por meio da deposição de um outro presidente eleito democraticamente, João Goulart, Jango, apontado em diversas pesquisas da época como muito querido e popular pelo povo. Defendia a Reforma Agrária... que até hoje se faz de tudo pra que não ocorra, ao contrário da reforma da previdência e trabalhista, onde direitos básicos de décadas estão sendo modificados. Sabe quem apoiou o golpe e se tornou um gigante em sua área de atuação? Rede Globo. Pois é, a platinada não nasceu esse baluarte da comunicação. Puxou muito saco pra chegar onde chegou.

Antes desse golpe (que os responsáveis mentiam dizendo ser uma medida de defesa contra um suposto golpe comunista no país, que nunca ocorreu e muitos deles hoje admitem que nunca houve essa ameaça), teve a ditadura de Getúlio Vargas, que era visto como homem do povo, mas enquanto fazia agrados culturais por um lado, estabelecia suas vontades ideológicas de acordo com seus aliados, brasileiros ou estadunidenses. Em seu Estado Novo, 1937, a pobreza foi escondida e a negritude foi maquiada de ‘mulato’ ou ‘miscigenado’, porque pegaria mal uma população predominantemente preta num país que queria – ele – pra um modelo ‘europeu tropial’ e ainda defendendo o ‘american way of life’.
 
E o que houve com a população negra que era escondida da mídia de Gegê? Duas décadas antes, estava sendo expulsa para a criação de favelas, subsistência, subemprego (biscates), falta de saneamento, educação e propenso à criminalidade. E de onde veio isso? Diretamente do fim da escravidão, que, se hoje reclamam que cotas seriam ‘racismo inverso’, quando assinaram as leis que foram liberando os negros da ganância e maldade dos brancos fazendeiros, simplesmente expulsaram essa população das fazendas e jogaram na rua, sem qualquer plano de inclusão social. Não éramos cidadãos, e sim, ‘aquele neguinho’, a empregada, o serviçal... aquele que até hoje ‘tem cara de empregado/bandido’...

Enfim... Voltamos numa rápida conversa, coisa de uns 130 anos e vimos que muuuita coisa aconteceu. Se pararmos pra pensar que parece muito pra um indivíduo, mas para uma sociedade, 130 é o tempo de uma ida ao banheiro, devido à quantidade de coisas acontecendo ao mesmo tempo. Pense que a escravidão, sendo um crime contra a humanidade, foi ‘aceita’ por toda a sociedade, inclusive pelas igrejas (que tinham poder político e nada fizeram enquanto instituição). E, só no Brasil, essa violência generalizada contra o negro aconteceu por mais de 300 anos, respingando em seus descendentes até hoje. Ou seja, mudar hábitos de grupos grandes demora.



Isso porque não abordei os estereópticos preconceituosos com gays, mulheres bonitas e burras, religiões afro discriminadas, exclusão de negros na mídia, representatividade alcançada às duras penas de forma mínima, celebridades falando e fazendo o que querem e saindo impunes enquanto pobres vão presos por nada e não aparece um promotor pra libertá-los, enfim, tendeu, né?

Daí, concluímos o quê? Antigamente não era mais ético nem mais moral... Só não tinha internet pra espalhar a fofoca.

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