Crônicas, divagações e contestações sobre injustiças sociais, cultura pop, atualidades e eventuais velharias cult, enfim, tudo sobre a problemática contemporânea.

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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Pop, pão e circo: Governo não poupa ninguém


Põe na conta do Papa, mas o Papa não tem nada a ver...
Mas isso não vai fazer dele um personagem, um ator social imune à manipulação.
Neste momento, ele está sendo o circo pra quem quer abafar os roncos dos estômagos de quem está sem pão.
É um cânone clichezento até, se usa as mil distrações midiáticas, musicais, teledramatúrgicas e "reality" pra que o oprimido não perceba que ainda é escravo. E eles vão tomar mais cuidado, pois, enquanto te metem a mão nos bolsos de leve e pra sempre, você se contenta em não saber e não ter que reclamar. O problema é que eles tentaram muita coisa de uma só vez...
Aí, o gigante acordou e percebeu que o mosquito estava lhe sugando o sangue.
Acordou, levantou, gritou 'gol', o papa chegou e ano que vem tem Copa... E tem eleições.
É esse o jogo, populismo popularesco pop.
E o pop não poupa ninguém.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Educação: Um problema de Graciliano Ramos


Nota dez para Graciliano Ramos, que enxergava há 92 anos o que poucos enxergam hoje
O consideradíssimo Mestre escreveu na seção Garranchos do jornal O Índio, de Palmeira dos Índios, ano 1, no 4, de 20 de fevereiro de 1921(*):
Talvez o leitor se admire hoje deste artigo. Esta seção ainda não trouxe a seus olhos senão futilidades e coisas inúteis. Muda hoje um pouco na forma e na essência. Vai tratar de um assunto imperioso e grave; vai unir a debilidade de sua voz ao eco desta folha em prol da instrução. Talvez fique por aqui, talvez continue.
Se este artigo for bem recebido por aqueles aos quais se dirige, munirei o braço de forças e continuarei. Vai como uma súplica endereçar-se ao governo; partiu pela minha pena desses infelizes pais de família que veem, dia a dia, a miséria invadir-Ihes o lar, onde não penetrou ainda, balsâmica e divina, a fonte do bem humano: o livro!
Graciliano Ramos e uma problemática tão indecente
quanto atual.
Criam-se aqui todos os dias, quase, centros de diversões, e no entanto uma escola não se abre!
É simplesmente horroroso que numa cidade como a nossa (já não digo o município, contento-me com a sua capital) não tenhamos quem nos ensine a ler, arrancando-nos a cegueira da alma.
Bem longe ainda vai de nós o progresso ... O governo, descurando a maior necessidade do povo, entrega a sua instrução a criaturas tão ineptas que mal poderiam frequentar o primeiro ano de um estabelecimento de ensino! Que podem elas ensinar, santo Deus, se nada sabem? Só por milagre. Milagres? Ah! Mas a poeira dos séculos apagou-lhes o vestígio!
E a ignorância aumenta, e os crimes multiplicam-se! Temos (miséria!) escolas de vício, aprendizagem de crime, escadas para a prostituição. É a casa de jogo, é o álcool, é a aluvião de mendigas, crianças à puberdade, que infestam a cidade, oferecendo-se quase.
E não falarão essas misérias todas bastante alto para penetrar os ouvidos do governo? Não estarão ainda bem expostas à luz as pústulas que maculam a alma das multidões sertanejas?
Abri escolas, senhores do governo, esses "viveiros de esperança", como lhes chamou Rosendo Muniz, e tereis prestado um grande bem à nossa pátria.
(*) Extraído de Garranchos -- Textos inéditos de Graciliano Ramos, Editora Record, organização de Thiago Mio Salla.

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