Crônicas, divagações e contestações sobre injustiças sociais, cultura pop, atualidades e eventuais velharias cult, enfim, tudo sobre a problemática contemporânea.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Problema Racial = Problema Social



Uma das coisas mais estúpidas que eu conheço é o discurso ‘o problema do Brasil é social’, pra se negar o racismo. Sendo bem direto, se o ser humano é um ser social, que se aglomera em sociedades, gente, É ÓBVIO que QUALQUER problema que se apresente dentro de um grupo desses será social. Dizer que ‘o problema é social’ é como diagnosticar uma pessoa doente como ‘um problema corporal’. Sacou? Algo tão genérico que só desvia atenções do problema e inibe a possibilidade de se analisar causas, consequências e soluções. Além, é claro, de garantir-lhe o troféu Capitão Óbvio do ano (o de 2013 ainda está em aberto, nunca se sabe). Enfim, se algo se propõe a identificar sem questionar os 'por quês', é só um jeito de se deixar tudo como está.

Acontece que tem muita gente que só tem má fé mesmo, falta de empatia. Gente que não sofre na pele e desmerece a necessidade - de respeito - do próximo. São felizes porque não são eles sofrendo, mas também não têm uma identidade cultural a ser afirmada, logo, qualquer manifestação por igualdade eles chamam de racismo (?!). Isso mesmo, medidas que garantam a acessibilidade do negro a camadas de maior poder aquisitivo são tão estranhas que as pessoas perdem até o poder de raciocínio. Pra ‘eles’ racismo é garantir a igualdade, mas não era racismo quando o negro ficava relegado à cozinha, à senzala, ao esporte (popular), ao samba, ao carnaval, à pobreza, violência e ao subemprego.

Há quem diga também que o problema do Brasil é educacional. Oras, coleguinhas me discriminavam sorridentes, na escola particular em que estudei pelo tempo de uma vida. Parentes meus, crianças, pré-adolescentes, me contam coisas deles que eu sofri há mais de 20 anos. A escola também tende a refletir a sociedade, o problema então deve vir antes disso, já que se a criança é criada por pais ignorantes, há grandes chances de ela apresentar os mesmos sintomas. Estaria mais para cultural o âmbito do problema de discriminação no Brasil. Na verdade, a sociedade se estruturou nisso, ou você acha acidente de percurso termos sido o último pais a eliminar a escravidão? E nem foi por vontade própria. E, apesar de parecer genérico, teorizar que o problema é cultural, pelo menos, nos leva a pensar em como poderíamos mudar a cultura de preconceito. Hoje, se contesta um tema de novela, se contesta o teor de uma piada, etc. Se falássemos que é ‘social’, como faz? Muda o povo todo ou se conforma que sempre vai ser assim? Nem a pau, Juvenal!

Quando eu converso com algum desses
pseudo-entendedor da problemática social.
Outro erro básico e sem argumentos, é achar que o único problema do Brasil é a pobreza imposta pelo Estado corrupto. Isso é um clichê tão genérico quanto o ‘problema social’ (percebe o padrão?). É bem verdade que dizem que você só pode garantir um bom futuro conhecendo sua história, e muita gente não conhece, acha que tudo nasceu assim no universo e que a história é aquela linha temporal em que tudo é passado como um conto, como se não fosse um processo vivo e que nos liga diretamente ao que está nos livros. Os críticos à militância pelo respeito igualitário preferem reproduzir discursos decorados só pra não admitirem seus privilégios sociais, mas esse discurso pré-fabricado se enfraquece assim que o oprimido aprende a responder com a realidade, que nem é difícil de mostrar. E mesmo assim "eles" vão se recusar a dar uma 'googlada' básica só pra saber se há argumentos que não seus textos decorados.

O racismo é naturalizado no Brasil. Aqui, causa estranhamento a presença de um negro, mas não a ausência e, claro, todas as situações em que não se estranha o negro ser o mendigo, o suspeito do crime, o mal elemento, o ignorante, etc. Agora, vamos refletir, como se naturalizar o não-racismo? Eu te digo, fazendo como Morgan Freeman falou naquela entrevista de 2009, mas a original, não o trecho editado de 2 minutos que usaram aqui pra desqualificar o Dia da Consciência Negra. Por enquanto, o racismo deu certo porque o negro ficava lá no canto dele, então o racista achava que não o era. Agora, que o negro tem medidas afirmativas a seu favor, eles vão pipocando de onde você menos espera. Agentes Smith da Matrix, doidos pra eliminar os contestadores de seu sistema.

Essa naturalização com a condição submissa do negro no subconsciente popular só pode acabar quando o convívio com o negro for natural. Como se acaba com um estereótipo? Conhecendo a fundo sobre algo ou alguém, a gente desmistifica a visão da pessoa que achava que o outro era só uma caricatura, uma característica que se tornava identidade. Ao passo que o convívio se intensifica, passamos a ver pessoas, indivíduos e não rótulos. Eu mesmo, onde vou, com minhas inquietações, humor infame e toda uma participação jornalístico-antropológica - além de um frondoso cabelo black - venho notando um respeito muito mais natural do que o medo de ser racista de várias pessoas, no lugar onde trabalho. Sou minoria lá, mas ficou natural. Ou seja, a importância das ações afirmativas é muito mais do que dar um ‘passe livre’ para negros dentro da sociedade, são medidas que garantem um convívio, que a princípio, pode ter resistência, mas quem tem bom coração vai ver a vantagem que a sociedade leva em erguer a todos conforme sua necessidade.


O dia que o convívio for natural em diversas camadas da sociedade, aí sim, poderemos falar de algum problema social de forma genérica, o que eu não aceito é ignorante negando a história e falando essas asneiras. Até parece que acabar com a pobreza tem a ver com acabar com o racismo. Uma pessoa pode deixar de ser pobre, mas não vai deixar de ser negra (até porque a POBREZA é um problema social, o negro não). E não venha me dizer que um negro quando ganha uma posição social melhor fica transparente ou branco, porque vira e mexe e vemos personalidades públicas sendo vitimas de racismo, de comentários criminosos e essas coisas (pesquise sobre a mestiça Miss França atual). Não sei como se chegou a esse clichê tão genérico de falar em problema social, mas uma coisa é verdade, isso é papo de reacionário que espera que um dia tudo dê jeito, mas não apresenta nada a favor de uma mudança. São acomodados que se incomodam com a movimentação dos outros.

Agora, fique com Problema Social, na interpretação de Seu Jorge, versão do DVD em parceria com Ana Carolina (a versão original solo dele fala da favela, nesse show, ele fala diretamente do menor marginalizado, não sei qual foi da alteração da letra, mas, infelizmente, continuou tão condizente quanto antes). A montagem traz uma descrição da internauta Claudia Moreno como trabalho de Sociologia (viu? Sociologia, música Problema Social pra demonstrar um problema social??? Os "Capitão Óbvio" pira!):


sábado, 30 de novembro de 2013

Lulu no dos outros é refresco

É muito difícil o homem entender o que a mulher passa, é como o branco que não reconhece o racismo ou o hétero que não enxerga a homofobia. Simplesmente não se vê como estranha uma realidade que lhe foi programada como natural. Se o homem é que domina o mundo, logo, é a mulher que vai perceber as desvantagens disso. Muitas, é verdade, acabam se conformando com o machismo por se sentirem intimidadas com a falta de argumentação de que ‘reclama por qualquer coisa’, mas, sabemos também que ‘no dos outros é refresco’. Sabemos que alguém sente dor, mas não tentamos entende-la. Aliás, muito homem – e mulher – defende a igualdade, faz discursos belíssimos sobre respeito, mas sempre tem o preconceito embutido em frases como ‘tem que se dar ao respeito’. A culpa do machismo recai é jogada sobre a mulher.

Sempre que alguém tem uma queixa, vai ser perfeitamente possível haver alguém pra dizer que é um exagero, que a culpa é de quem reclama e, tão naturalmente, pode surgir a resposta a isso “queria ver se fosse com você”. Pois bem, Lulu está aí pra ser o fiel da balança. Uma via de mão dupla. Sim, é escroto, um aplicativo onde mulheres – sob a “proteção” do anonimato – falam dos homens. Mas a questão aqui não é a atitude, mas a inversão de papéis que se dá nessas situações. Antes, eu devo falar que num passado recente, eu – sem ter subsídios de pesquisa – acreditava que o feminismo seria uma espécie de concorrente do machismo. Feita uma devida pesquisa, aprendi que o feminismo é a luta pelo respeito que o homem sempre pensou ter – porque quando se fecha num clube exclusivo, como saber que os de fora te respeitam ou só são resignados? – e sempre fez da mulher seu troféu. Na verdade, o 'poder' do homem no machismo só parece real, mas ele vem de um 'rebaixamento' da mulher, ou seja, não é um sistema justo.


A mulher sempre tem que conviver com acusações contra a moral por fazer o que o homem sempre faz – e ainda é elogiado. A quantidade de parceiros sexuais, estilo de se vestir, jeito de falar, modo de agir, etc. Agora, nada é mais degradante para a mulher do que ser inferiorizada como um brinquedo sexual, como um objeto a ser avaliado, numerado e catalogado no caderninho de algum menino babaca doido por babaquices. Que mulher não ouviu declarações e promessas que só duraram até o orgasmo... dele – porque o dela ficou para a próxima, quem sabe – e depois nem a sombra viu? Um homem talvez nunca tenha a chance de saber o que seja isso, pelo menos a maioria, porque nem tem profundidade emocional pra tanto – lembre-se, a programação machista da sociedade geral. Mas, e se o objeto tivesse o poder de inverter os papéis?

Pois é, o Lulu é um aplicativo que traz para o universo virtual a famosa conversa de banheiro entre amigas. Nele, as mulheres falam de tudo, inclusive, coisificam, menosprezam e disparam tudo mais que os homens estão acostumados a fazer, mas com o aval da sociedade. Não estou justificando que se valha ‘olho-por-olho’, mas isso serve como um baita exemplo de como ‘no dos outros é refresco’ é a tônica da questão. Não estou justificando, friso novamente, e nem vou ser besta de julgar que o rapaz que foi considerado ‘mais barato que pão com manteiga’, por exemplo, tenha feito algo que merecesse tal comparação, mas essa é uma situação nova para muitos. Mulheres tendo o poder de agir feito os homens e mostrando o quão escroto é tratar alguém assim. Parece piada, mas tem homem à beça achando que cantadas são elogios. Agora, torço pra que muita gente abra os olhos.


Não estou justificando – estou falando tanto isso que parece até que tenho alguma intenção de dizer o contrário por ironia, hein – mas, por hora, pode ser bom ter essa ferramenta. Claro, vai estar sujeito a sanções legais, mas o barato disso tudo é que talvez traga alguma consciência, mesmo que num início conflituoso estilo guerra dos sexos. Mas as mulheres têm mais é que sair mesmo do anonimato e mostrar que os homens são tão frágeis quanto a imagem que eles mesmos fizeram delas. Só um homem que repeita a mulher como igual pode ser verdadeiramente realizado, do contrário, vai ter criado a ilusão de superioridade que vai aprisiona-lo lá na frente. Machismo é uma armadilha para o machista e o Lulu é a prova de que a coisa é escrota, mas se não te dói, você não se incomoda que doa nos outros. No fim das contas, esse episódio 'Lulu' pode servir pra um início de conversa do tipo 'tudo bem, entendi, vamos manter a paz e o respeito sem palhaçada daqui pra frente'. Se não, Lulu está aí pra devolver ofensa na mesma medida!
Ops, Lulu errado... Sorry! ;p

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Lei seca em transportes coletivos no RJ

Todo mundo tá cansado de saber ‘se beber, não dirija’, mas agora o deputado estadual Rosenverg Reis (do PMDB de Cabral e Paes), extrapolou a liberdade individual. Se a bebida alcoólica é perigosíssima para quem vai guiar um veículo, a gente entende e concorda com a proibição ao condutor, mas ao passageiro?

Isso mesmo, meus nobres, o deputado alega que está preservando a família e protegendo o cidadão com esse projeto. “Se é proibido fumar nesses espaços, por que não uma lei como essa? As pessoas que bebem nesses veículos incomodam os outros passageiros, levam garrafas de vidro que podem quebrar e ferir alguém”, afirma.

Rosenverg, o deputado da
família moralista american way of life.
O problema é que ele acusou a bebida alcoólica de tudo que qualquer outro produto pode causar. E ainda duvido muito que esse distinto percorra a cidade de ônibus, trem, metrô, barca ou van. Pelo lado do efeito da bebida, até concordo que há gente muito desagradável que só piora bêbada e perturba nossa paz, mas isso pode acontecer em qualquer lugar, basta que o matuto se embriague em casa ou num boteco e pegue o ônibus. Vai proibir o coió de entrar bebasso no coletivo? Como faz se beber fora de casa?


Ah, mas o problema é o vidro? Diz aí, você já viu alguém comprar ou vender uma cervejinha long neck no meio da rua? E se for latinha? Alumínio não é como o vidro. Então, se é o invólucro o problema, e não necessariamente a bebida, como faz com as compras? Se eu comprar uma boa cerva, terei que ir do mercado pra casa a pé? E quem comprou um aparelho ou outro utensílio que também pode ferir uma pessoa? Já passei perrengue com gente que entra com canos, janelas, eletrodomésticos e até uma bicicleta desmontada... Não é alcoólico, então pode machucar sem remorso?

Marcelo Freixo lembrou bem as condiões mais urgentes que
o deputado anti-cachaça no coletivo não se preocupou.
E outra, não se pode fumar num coletivo porque a fumaça incomoda a todos em volta, mas uma bebida é coisa de quem está bebendo. Se não, um guaraná natural pode ser derramado e incomodar as pessoas do mesmo jeito. Enfim, eu poderia ficar páginas e páginas questionando esse projeto furado que não tem argumento, mas tem uma consequência certa: Interferência na liberdade individual do cidadão. Como bem lembrou o deputado Marcelo Freixo (PSOL), do jeito que somos amontoados feito galinhas num caminhão ao preço de uma passagem cara e um serviço mal prestado, afora o trânsito bizarro, uma bebidinha é o menor dos problemas da vida em transportes sob a tutela do Estado.

Comte Bittencourt: Porta-voz de meus simples 
anseios. 

Olha, já vi esse povo aturar, resmungando de canto de boca, muita coisa, mas não sei não, o movimento popular de junho pra cá tem estado atento a essas coisas e 20 centavos foram o estopim pra muita coisa. Agora, estão querendo mexer justamente num dos elementos-chave da dominação do subconsciente popular. Quero ver o que vai ser deles quando o povão perceber que além de ser programado pra ser pobre e conformado, não vai ter nem a distração de se viajar bebericando.


Faço minhas as palavras do parlamentar Comte Bittencourt (PPS): “Espero que o governador vete”.  

Fonte: Extra.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Carta aberta ao Racismo Velado.

Carta aberta ao Racismo Velado.
Por Fernando Garcia, do blog Divagar é preciso (http://garciarama.blogspot.com.br/) e
 Alessandra de Mattos, do blog Preta&Gorda (http://pretaegorda.blogspot.com/).

Atualmente, o negro, assim como outros grupos estigmatizados e estereotipados, pela sociedade, elite e mídia, aprendeu a ter consciência de seu direito ao respeito incondicional – até que se prove o contrário, claro. Isso assusta os reacionários que estavam acostumados a fazer suas “piadas” ridicularizando boa parte – maioria, na verdade – da população. É quando os sem talento alegam ‘censura’, ‘politicamente correto’ e outras formas de desqualificar a luta por respeito, como se o que tivéssemos até hoje já fosse uma beleza de igualdade e diversidade. Não, não para nós, só para eles, que nunca foram discriminados, inferiorizados e ridicularizados.


Pra descendentes de um povo que saiu das senzalas direto para os cortiços e favelas, não é engraçado ser tratado como um tipo exótico, subserviente e preguiçoso, vivendo às custas de “esmolas” do governo. Até porque, os que verdadeiramente mamam das tetas da Administração Pública estão lá se fartando sem censura.  Por isso, acho que o termo ‘politicamente correto’ deveria ser usado justamente por esses representantes do humor ofensivo, pois estão mostrando que aprenderam direitinho o que nossa política dominante sempre mostrou, ou seja, eles estão corretos frente ao que ‘seu mestre’ mandou.

Então, aconteceu, dia 3 de novembro de 2013, um quadro humorístico, (Baú do Baú) do Fantástico, em que o ‘repórter’ (Bruno Mazzeo) vai cobrir momentos marcantes na história, vai até o dia 13 de maio de 1888 cobrir a assinatura da Lei Áurea e sua subsequente comemoração. A princípio, parecia uma crítica à letargia a que a população foi condicionada pelo assistencialismo institucional do governo e placebos culturais, como o carnaval e o futebol – que são empurrados no povo como se fosse alento suficiente gritar em frente uma TV, para compensar as dificuldades financeiras da população, por exemplo.


Pegou mal, primeiro, porque não foi um ato de pura benevolência da família imperial (tida como a branca salvadora dos negros enquanto o negro Zumbi é difamado como um bandido), foram diversas pressões internas e externas para o fim daquela abominação naturalizada. O negro deixou de ser escravo apenas porque o sistema econômico baseado na escravidão fora extinto (por último, no Brasil) sem que houvesse políticas – como as cotas – para que o negro fosse incorporado à sociedade de forma igualitária. Provavelmente nem teria sido essa a intenção, já que tenta-se até hoje embranquecer a população através da miscigenação e a falsa ideia de que ela elimina a raiz afrodescendente de nosso DNA social.

Mas o mais grave do intento de domingo 3 de novembro, é que as bolsas do governo poderiam ser criticadas de N formas, inclusive usando qualquer pretexto social genérico (já que os difamadores das cotas raciais, por exemplo, sempre dizem que o problema no Brasil é social e não racial – como se uma sociedade racista criada à base de escravidão negra e índia não fosse um problema social), mas usaram a população negra. É notório que o 20 de novembro é muito mais representativo para a comunidade negra – pela vida, luta e morte de Zumbi por liberdade - do que o 13 de maio. Logo, só podemos concluir que a matéria em si, assim como a escolha da data de exibição, não foi aleatória, porque é um fato que não existe isso de “é só uma piada”, pois como toda peça de comunicação, uma piada é uma mensagem que carrega uma ideologia qualquer. Neste caso, o racismo velado do Brasil.


À medida que o negro vai obtendo êxitos sociais, vai ficando visível perante a sociedade, bem como o racismo também vai aparecendo. Muita gente é racista, mas nem percebe, só sente que é estranho o negro reclamar de algo que um branco não vive, ideia essa programada pela grande mídia, como se a tão celebrada “abolição” tivesse sido a própria medida de igualdade entre a população. Tipo, você não é mais escravo, toma esse Bilhete Único e vá ser feliz. Não, não é assim, ao passo que até os ex-donos de pessoas escravizadas receberam indenizações pra compensar suas “perdas”; e os imigrantes receberam incentivos financeiros para ocupar os lugares antes impostos a escravo, o negro saiu de mãos abanando.

A reportagem teve um viés crítico a medidas do governo como Bolsa-Família, Bolsa-Escola, Minha Casa Minha Vida e cotas raciais e sociais em instituições de ensino público. Pensei se não fora uma impressão minha. Mas, não, não pode ser encarado como mal entendido, pois, a emissora não tem 10% de negros em sua programação (talvez no Esquenta, o programa falsamente representativo, que só mostra ao negro que ele deve viver a filosofia “a gente se ferra, mas se diverte” e não aborda questões sociais vividas justamente pelo povo da plateia). Aliás, um dos diretores poderosos do jornalismo platinado, Ali Kamel, defende a mitológica democracia racial alegando que classificar parte da população como negra é dividir o povo, e ainda escreveu ‘Não somos racistas’, pra confirmar sua filosofia e propaganda ideológica. Se não somos, porque um elenco de uns 70 atores, em média, só apresenta, frequentemente, uns 3 atores negros? Não somos racistas porque não reconhecemos o negro como cidadão, né?


A Rede Globo precisa saber, definitivamente, o que significa representatividade. Não somos joguete midiático. Não somos moda, não somos palhaços, nem estamos mais dispostos a ser provocados diariamente com piadinhas subliminares acerca da nossa ancestralidade, nossa identidade. Não somos bobos da corte para entretenimento da elite. Não somos Black Faces, como a Regina Casé gosta de nos mostrar e pagar de representante da favela. Queremos espelhos para crianças, jovens e adultos, moradores das favelas, comunidades, guetos, vielas sim, mas que essas pessoas vejam exemplos de negros e negras que venceram dentro de um sistema feito para oprimir o negro.

Queremos que a nossa população, nosso povo, olhe para os bons exemplos. Que saibam e acreditem que o futuro pertence a nós também. Que somos capazes de sair de onde a sociedade, historicamente, nos colocou. Queremos que a imagem do negro deixe de ser vinculada apenas ao criminoso, o “ser exótico” ou em funções subalternas, como a TV adora mostrar. Já ultrapassamos as portas da cozinha há tempos, mas, pela mídia, parece que é melhor ficarmos recolhidos à nossa insignificância, pois é o melhor que teremos na vida.

Queremos ver o negro cotista, o negro que se formou – assim que teve uma chance -, a empresária preta, aquela que passou fome, lavava roupa pra fora e se formou em medicina... Queremos exemplos, pois isso vai ser visto por pessoas que vão entender que não há um lugar determinado pela natureza para cada etnia, isso sim é ser espelho e janela para a nação, isso é primar pela diversidade como se diz em teoria. Seu sistema elitista não vê racismo no país porque é dominado por um grupo social que nunca sofreu racismo, porque não precisou se unir e preservar sua identidade, o negro sabe como é isso, o índio sabe como é também.  



Queremos que a elite saiba que o preto, pobre, favelado tem a mesma capacidade intelectual de chegar aonde ele quiser e que não aceitamos de jeito nenhum o lugar que nos colocaram.  Queremos que os irmãos que estão desesperançados com esse desnível social e financeiro saibam que mesmo com toda opressão, a gente pode ser o que a gente quiser. Ninguém mais do que nós ficaria feliz em viver essa lendária democracia racial, o problema é que seu racismo é tão naturalizado na sociedade que as pessoas não o assumem. Como disse Patrícia Kogut, em uma matéria de seu blog: “Como expor o preconceito fingindo que ele não existe?”.

Portanto, diante de todos estes fatos, somados a uma imensa indignação com a total falta de respeito não tão somente da emissora de TV, mas também de toda uma população caracterizada por sua intolerância ao indivíduo preto; Por toda a falta de respeito que circunda o dia 20 de Novembro, sobretudo os dias que antecedem esta data; Por todas as vezes que o busto de Zumbi amanheceu pichado  justamente no Novembro Negro, por toda a violência racial que vem sendo praticada pela Rede Globo contra nós pretos e pretas, disfarçada de uma democracia racial que não existe, é que abaixo assinamos esta carta e levamos a público.
 

Conheça mais:
Alê de Mattos/Preta&Gorda

Fernando Garcia

sábado, 9 de novembro de 2013

O que não mata... Engorda?



Quer dizer que se um alimento cair no chão ele não se contamina se for recuperado em até 5 segundos?
Faz sentido, inclusive, se você cair na água e sair em menos de 5 segundos também não se molha.


Sempre há aquele tipo 'fim de comédia' pra pegar um salgadinho ou um biscoito do chão, soprar, dizer que não ficou 5 segundos no chão, então o que não mata, engorda.

Ele põe a comida pra dentro (UIA!) e ainda pode te dizer "sua boca já esteve em outros lugares...", para seu constrangimento diante do próprio comedor de lixo e de quem mais estiver nas redondezas.

Só te digo uma coisa: Faça um exercício de ligação de pontos na sua imaginação tendo como referências esses três distintos momentos que separei abaixo para meu serviço de apoio à saúde pública aleatório:

Momento 1


Momento 2


Momento 3

  

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Roberto Carlos muda de opinião sobre biografias e causa racha na turma do Procure Saber

Roberto Carlos surge apoiando o Procure Saber e, diante da crítica pública, dá pra trás (UIA!) e diz que ‘conversando a gente se entende’.

caetano veloso roberto carlos biografias

Caê ficou putaço com a atitude “de rei” do rei e desabafou: “é o normal da nossa vida”. O que será que rola debaixo odos caracóis dos seus cabelos?

Seria isso um dejá vù da ditadura, quando a tchurminha cuca-fresca parecia estar do mesmo lado artístico e, de repente, uns são exilados e outros ganham programas de TV nas emissoras porta-vozes da dita cuja ditadura?



PAM PAM PAAAAAAMMMM!!!!!!

Bem, Robertão não é bobo e mesmo sem dar detalhes (tão pequenos deles dois), sabe que ficar marcado como defensor da prévia censura será uma coisa muito grande pra esquecer. Já Caetano, lembrou que é proibido proibir e resolveu proibir que o rei proibisse a proibição... e parou na contramão.
O rei disse: Que vá tudo pro inferno! Disse também que é preciso saber viver, e ele sabe. Sabe tanto que é ídolo apenas com clássicos do passado e sem ter sido ligado ao elitismo de sua emissora do coração ou mesmo à política ditatorial da qual foi omisso porta-voz.

E não duvido que, assim como nossa sociedade, ele ainda capitalize o serviço de auto-biografias direcionando ao biografado o direito a dar pitacos no trabalho alheio, ou mesmo ter a prioridade legal de escrever, pois, já imagino ele dizendo “Se alguém pode contar melhor minha história, esse cara sou eu!”. 

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Novela Walcyr: Carrasco e Elitista


Engraçado como Walcyr Carrasco inventa que contribuiu contra o preconceito racial no Brasil porque escreveu a novela Xica da Silva e aquela pose de falso caridoso, por ter sido a primeira novela protagonizada por uma negrzzzZZZZZZ. Isso é o mesmo que descolar um tataravô negro pra falar que não é racista e esquecer, que pra haver mistura, houve muito estupro entre a casa grande e a senzala. Mas você não vai admitir que também tem mais sangue escravocrata nas veias, né, não?

Bem, o autor-magya argumentou que a mudança no visual do menino Jayminho (Kaiky Gonzaga) seria o natural para uma criança de abrigo que foi adotada por um casal branco de uma classe social mais abastada. Ter seus traços negros tolhidos como um defeito. Mas, só te digo uma coisa... ou melhor, não... Vou mostrar, pois, uma imagem vale... você sabem, né?


Bem, pra contextualizar, este adulto na foto é Marcelo Anthony, o ator que interpreta um dos pais do menino Jayminho na novela Amor à Vida. A criança é FILHO ADOTIVO dele. Ator global deve ter uma condição financeira legal, né? Se o filho vem por adoção, acho que é demonstração suficiente que os pais gostaram da criança pelo que ela é, né? Não é uma casa que você já adquire pensando nas reformas que vai fazer.


Aí, diante de tantas críticas (inclusive o óbvio de ter tanto absurdo na novela e o cabelo do menino é que incomodou), seu tio Walcyr me sai com essa: “Bem, se não estão felizes com o que estou fazendo contra o preconceito, tiro o personagem da novela e acabo a polêmica”. Sabe aquela criança malcriada que perde o argumento e começa a xingar? Babaquice é pouco, ainda mais vindo do autor que matou uma personagem porque a atriz não quis imitar Carolina Dieckmann (sendo que havia prometido um novo rumo’ lindo’ para a personagem falecida. Walcyr tentou fazer média dizendo que acha o black lindo, mas se esse ‘lindo’ for igual ao final da Nicole (Marina Ruy Barbosa), sinto muito, alguém vai satisfazer a sede de tesoura do Carrasco.



Engraçado também é que pra lutar contra o preconceito, ele quer cortar o cabelo do menino negro, mas não fez uma redução de estômago na gorda pra tratar da gordofobia. Pense bem, uma gorda que trabalha na área de saúde e não faz dieta, isso o Cycy não pensou. Ele deveria tratar do próprio preconceito, já que é demagogo demais pra se assumir um racista, deve ter algum problema de daltonismo, pois não percebeu que suas novelas nunca têm meia dúzia de negros. E não poderia ser coincidência, estar na emissora mais elitista e racista do Brasil. Aliás, veja como ele conduziu uma discussão internética com a atriz Tatiana Godói:
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Um UM menino negro por escolha dele e ele não é mais racista, gente! Aliás, alguém acha que ele ligaria para a atriz? Ela é negra e ele claramente (sorry pelo trocadilho) não nos quer na TV! Agora, minha gente, vamos ao que interessa e ler o comentário mais sensato de toda a discussão:


E, novamente:

 




sábado, 19 de outubro de 2013

Críticas fazem Walcyr Carrasco mudar cabelo de menino negro

Bem que este artigo poderia se chamar "A Novela do Preconceito 2: Chovendo no molhado" , mas não sou muito fã desse tipo de repetição. Sabe do que mais eu não sou fã? Da mídia aberta que maldosamente prega uma mitológica democracia racial, defendendo valores da classe dominante, conservadora e ditadora. Eu falei há bem pouco tempo, sobre a ausência de negros na TV, inclusive me dei ao trabalho de ir a três sites de novelas só pra comprovar que os elencos não têm sequer 10% de negros. Isso já seria um absurdo de irreal para o Brasil, mas para a classe elitizada (a que tem sua imagem vendida como o normal e corriqueiro de toda a população) até que vai.

Esse é um tema recorrente, porque a atitude "deles" é recorrente, então, sempre há um novo modo de se analisar a situação do negro na TV. Da última vez, vi uma discussão sobre aquela aberração que o autor de Amor à Vida, Walcyr "avoado" Carrasco emitiu, de que o gordo sofre mais preconceito que o negro. Bem, o pai do protagonista é gordo, vários personagens são gordos, gordinhos, parrudos e afins, aliás. Mas você já viu essa discussão em algum lugar? Não. E porque? Porque o gordo é ignorado? Não, ao contrário, o gordo está devidamente inserido na mídia. Pode não ser protagonista e, muitas vezes, ficar relegado ao clichê 'comilão-sedentário-alívio cômico', mas, ainda assim, você vê vários pela TV. O preconceito contra o gordo é estético, não é uma questão de dominação e desprezo por descendentes e representantes de uma etnia.

Bom, dito isso, vamos ao assunto principal: O preconceito hipócrita... aliás, não, decidi que não vou mais tratar a negação do racismo como falta de informação histórica, isso é racismo, é crime, é desvio de caráter e toda maldade merece ser combatida. Fique por aí e você vai entender. Antes, deixa só eu contextualizar, o autor-magia diz que gordo é o novo negro e pretende expor essa ferida da sociedade pra acabar com o preconceito. Oras, o Ninho (Juliano Cazarré) teve seus dreads retirados porque, segundo um pessoal aí, a rejeição ao personagem estava diretamente ligada ao visual "sujo" do riponga (o fato de ser um mané e ter sequestrado a própria filha não conta). Então, chegamos à cereja do bolo: O menino negro que está para ser adotado pelo casal Niko e Eron terá uma mudança na cabeleira do personagem, de novo, por aceitação... Engraçado, tanta coisa que gera reclamações e nada muda, mas os seus cabelos... Quanta diferença!

A Globo segue, promove e determina a política geral da mídia aberta e conservadora de negar o racismo e programar as mentes menos contestadoras pra achar que isso é só um detalhe ali no canto (assim como fazem com o próprio negro). Então, por aceito, entenda 'menos traço de negro na sua TV'.


O que essa enquete sobre outra novela tem a ver? É que é isso que aparece logo abaixo da notícia no site da jornalista Patrícia Kogut (confira aqui). Ou seja, uma mudança descaradamente preconceituosa numa novela e o que o público vai opinar é sobre o fim de uma personagem de outra produção. 'Mas, o que isso tudo tem a ver, Saga? Pô, você reclama de um monte de coisa de uma vez!', espera, gafanhoto, vou chegar lá agora. E, até o momento que acessei à notícia - cerca de 10 horas após a publicação - não havia nenhum comentário... pode ser coincidência, mas acho que não é um assunto que se fale muito, e se alguém criticar a atitude, corre o sério risco de ser chamado de 'patrulha'.

O debate sobre diversos preconceitos nunca acontecem, como por exemplo, em Salve Jorge, uma protagonista, moradora de uma comunidade, foi interpretada por uma 'morena', já a negra era sua melhor amiga, a outra negra era o alívio cômico, enfim, o negro é programado a entender que seu lugar não é na TV, não é fora da sua vidinha 'Esquenta' na filosofia 'ganha-se pouco, mas tudo, bem, a gente se diverte'. Esse é o lugar do negro, segundo a mídia. Mas, o interessante é que a referida jornalista vem a ser esposa do diretorzão Ali Kamel, o autor de Não Somos Racistas (aquele livro, saca?). E o que isso tudo tem de relacionado?

Bem, jovens, se a gordofobia é um fenômeno maior que o racismo, se La Kogut noticia a mudança no visual de um personagem com cabelo afro e é esposa de um negacionista do racismo, bem, podemos concluir que é mesmo uma ideologia pré-determinada a exterminar referências à raiz negra desse país, não? Ah, então eu sou paranoico? Se não, vejamos, numa recente matéria sobre a importância de se abordar a gordofobia pra trazer o tema ao debate, La Kogut deixa escapar mais uma vez que sim, o que interessa à mídia, ela traz à baila, o 'resto', é terminantemente ignorado. Ou isso tudo é só uma grande coincidência? Claro que não. Veja a sequência de frases e me diga se não é muita cara-de-pau não falar de racismo, fingir que não nota que só tem um ou outro negro até nos núcleos pobres e a obra incomodamente inesquecível do tubarão da Globo.

Primeiro veio a notícia sobre o cabelo do menino negro da novela, abaixo, você vê uma frase da notícia sobre o debate da gordofobia, então você vê, de novo, porque a cultura imposta pelos meios de comunicação que dominam a informação aqui (e que se liga em você!).

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Chiquititas branquititas do Brazil

Se estatísticas apontam que as preferências de adoção são meninas, brancas e bebês...

Como, raios, o orfanato de Chiquititas ficou assim, com tanta menina e só uma negra? 

(Produção, isso é no Brasil?)

Carrossel, por exemplo, não inovou na diversidade étnica do país, mas poderia, pois, a Valéria deixou de ser morena 'latina' pra ser a branquinha Maísa, o japonês Kokimoto ficou 'loiro' e até os alunos gordos não eram tão gordos quanto suas contrapartes originais de México.

Mas não mudam a porra da visão etno-euro-cêntrica do país. Mesmo na ficção, o povo quer se ver na TV, mas não há ideologia que mude nessas cabeças conservadoras e elitistas, né?

E não me diga mentirinhas, dói demais!

Tanto faz se em 1997 ou 2013, essa "realidade dura" das crianças do mundo de Malhação/Bambuluá ainda parece mesmo é dura... de se engolir.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Ao Mestre com Carinho - Dia do Mestre

Momento ternurinha!


Sabe aquelas coisas que você lembra com clareza porque se repetiam bastante no passado? Pois é, uma dessas é a canção To Sir, With Love, do filme de mesmo nome.

Esse filme é emblemático e, embora haja vários nesse estilo 'professor-durão-que-acerta-turma-desajustada', esse é um dos mais famosos e autênticos. Sidney Poitier é um professor nbegro numa escola britânica predominantemente caucasiana, mas os assuntos mais abordados são de comportamento de alunos fora dos padrões escolares convencionais. O filme vai evoluindo até que eles dedicam a tal canção ao mestre, que se retira emocionado, porém austero. Detalhe para o final quando alunos ironizam o fato de estarem na turma no próximo ano, então, secretamente, o professor rasga uma proposta de trabalho fora dali para continuar sua missão. Assista ao momento da homenagem.


Mas o que eu quero ressaltar mesmo é a versão em português que o grupo Abelhudos gravou e foi tema de homenagens ao dia do mestre e formaturas a perder a conta do final da década de 1980 até algum momento dos anos 1990. Essa sim, a que eu tenho na memória afetiva. Aliás, eu e todo mundo nascido e que não morava numa ilha deserta nessa época, acho. Fique com a versão granulada de uma apresentação do grupo no Show da Xuxa (num tempo que havia alguma programação infantil na TV aberta):


Confesso que quando eu era um pequeno Sagatiba lá em Barbacena na Pavuna, essa foi uma das músicas que eu mais lembro com algo diferente de nostalgia, é uma coisa de memória afetiva mesmo, carinho, com o perdão do clichê.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Eike Bastista, Parte 2: O que Eike deveria saber



Dia 10 de outubro, Dia Nacional do Empresário. E, em homenagem a isso, falaremos do empresário do mês: Eike “pai do ano” Batista. Eike já era velho conhecido meu desde fins de adolescência... Não, nunca fui chegas do pitoresco empresário, nem muito antenado com o mundo corporativo assim, é que eu tinha a Playboy de Luma de Oliveira em que ela era perguntada sobre a reação do – então – marido sobre a nudez, mesmo não precisando de grana (sério). Bem, vamos deixar a coleirinha com o nome de Eike pra depois e vamos atentar em 5 pontos importantes pra se iniciar um negócio.


Aliás, tão importante quanto iniciar um belo negócio, é ter em mente uma estratégia pra se MANTER o negócio. Prosperar é consequência quando você sabe o que está fazendo. Falei, na Parte 1 do meu intento, o quanto se pode perder quando se faz as coisas na base da empolgação. Eike BatistX nos mostrou como a criança com brinquedos caros mais velha do mundo se porta diante de muito dinheiro e prestígio midiático. Muito antes de proteger – junto de Luma “meu filho sofre preconceito porque é rico” de Oliveira - os crimes da prole, Eike já cometia suas infâmias ao ignorar passinhos tão básicos da vida empresarial que parece até plot de filme dos anos ’80. Com base nas dicas do empresário Christian Barbosa, vamos passar a tensão da meteórica carreira do G-X para apreciar dicas muito supimpas que Eike-Maravilha poderá seguir numa próxima encarnação empreitada:

TOP 1: Abra uma empresa, não um emprego. Isto é, faça um investimento que vise ser, a médio/longo prazo, independente, delegável, tendo estratégia, com foco no cliente e não no umbigo do empreendedor.

TOP 2: Planejamento. Saia planejando tudo até cansar. Quando não estiver mais aguentando planejar, planeje (¬¬) um descanso pra, depois, voltar a planejar. Crie uma política voltada para o cotidiano de sua empresa, quer dizer, desenvolva um código de conduta como um manual, tipo, tratamento de clientes e fidelização deles, ritmo em que vai se emitir documentos, cuidados na prestação do serviço ou venda do produto, etc.

TOP 3: Seja um membro da Matrix. O mundo está muito informatizado e muito conectado. Tenha tudo à mão, sistemas gerenciais, e-mail, redes sociais, contatos, enfim, tudo que possibilite você a ter acesso fácil à sua própria empresa. E a comunicação interna/externa convencional também. PABX, celulares, smartphones, I-pod, tablets, I-pad... Tenha acesso e tenha um paralelo de sua vida na web. Só não adquira um I-Ke. Rá, eu não presto!

TOP 4: Crie indicadores. Tenha controle sobre o andamento do seu negócio, produtividade, horários, reação dos clientes, alcance de sua marca, impacto da sua empresa no mundo empresarial , com fornecedores e, claro, no cliente final. Planeje (rá, já tava esquecendo, né?), acompanhe, controle... seja um gestor atento, mas não vá surtar, pois, o último tópico vem bem nessa vibe.

TOP 5: Coloque vida na sua empresa. Tenha em mente que você é uma pessoa empreendedora, portanto, deve ter família, amigos, vida social, um gato ou um peixe, sei lá... O importante é respirar pra não pirar (que frase de efeito massa, véi, acabei de criar). Não adianta dar uma de protagonista de novela/filme de drama/comédia romântica e só se dar ao luxo de perceber que um bom negócio só vale pra curtir com pessoas que fazem parte da sua vida depois que você afastou tudo isso de você.

Viu? É importante dar atenção às coisas simples da vida. "Moça, quanto é o salgado+refresco?"

Considerações finais:
Se o Pica-Pau tivesse comunicado à polícia, isso nunca teria acontecido Eike BatistX tivesse um mínimo de noção e menos deslumbramento com seus próprios feitos, teria tido menores impactos negativos, ao contrário, esse cara deve se orgulhar até da bosta que larga na privada e uma sólida sobrevida empresarial, em vez de virar piada no meio corporativo e caso de estudo para o que NÃO  se deve fazer um empresário.

Eike Bastista, Parte 1: O X determina onde cavar


Dia 10 de outubro, Dia Nacional do Empresário. E, em homenagem a isso, falaremos do empresário do mês: Eike “pai do ano” Batista. Eike já era velho conhecido meu desde fins de adolescência... Não, nunca fui chegas do pitoresco empresário, nem muito antenado com o mundo corporativo assim, é que eu tinha a Playboy de Luma de Oliveira em que ela era perguntada sobre a reação do – então – marido sobre a nudez, mesmo não precisando de grana (sério). Bem, vamos deixar a coleirinha com o nome de Eike pra depois e vamos atentar que existem 5 etapas pelas quais uma empresa passa até se partir ao meio e repousar nas profundezas do Atlântico Norte... não, calmaê, esse foi o Titanic... Mas o histórico é o mesmo. Bem, os passos são excesso de confiança – pelo sucesso obtido, busca indisciplinada por mais, negação de riscos, luta desesperada pela salvação e a entrega resignada à irrelevância. Resumindo o pesquisador estadunidense Jim Coluns: Quem tudo quer, nada tem.

Vamos aos 7 pecados corporativos de Eike. Sim, pecados e não erros, pois, assim como os termos bíblicos, Eike cometeu algo reprovável no comportamento humano que o fez se afundar e, ainda, que parece uma satisfação cometer, mas só traz perda e arrependimento (para os que têm cabeça boa). Não é nada religioso, é só o paralelo, tipo o orgulho ou a gula, que, se você não evita, acaba se arrependendo/pagando depois. Eike fez isso, no caso dela, a vaidade veio em primeiro lugar, mas se analisarmos bem, ele adaptou todos e criou mais alguns nessa presepada empreitada. Eike-pecado!


1º pecado: Assim como uma placa-mãe onboard, Eike concentrou os riscos em vez de espalhá-los. Como um grupo que tenta se erguer todos de mãos dadas, o esforço é grande demais e depois só pode vir uma danada duma vertigem, seguida de uma queda estrondosa. Ele fez da união de suas empresas um esquema de co-dependência - e não uma diversificação de negócios - a ponto de uma afundar a outra, em caso de crise. Com a diversificação, os riscos seriam espalhados entre as 16 empresas, que chegou a ter em seu império, mas o que aconteceu mesmo foi a ligação entre as 5 principais empresas e “o resto”, que dependia intensamente do ‘G-5X’ (apelidinho safado que acabei de inventar). Sendo assim, não dá pra um só elemento salvar outros menores, porque a quantidade faz peso e traz pra baixo ao invés de serem todos erguidos nas costas do maiorzinho. Fez como aquele seu primo pequeno jogando vídeo game: Ele não sabe mexer na coisa, então, sai fazendo o clássico bottom-mash (ato ou efeito de apertar desesperadamente todos os botões desordenadamente) pra ver no que dá e vai se refestelando enquanto dá certo, mas se der errado, filhão, é ladeira abaixo com uma âncora amarrada nos caniços, estilo Leonardo Dicaprio em Titanic.
Jack! Jack! Tinha espaço na madeira sim, seu bobo, pode acordar que eu tava só brincando... tá frio aqui, né? Jack? – Disse Rose, contemplando o estrelado céu noturno do hemisfério norte.

2º pecado: Não protegeu suas empresas de seus próprios defeitos. Como eu sempre digo, o que você faz, sempre vai levar características de sua personalidade. Um criador de empresas nato, mas um gestor eufórico e deslumbrado. Parece até uma coisa boa, você se jogar de cabeça, mas o resultado pode não ser um mergulho esplendoroso, e sim uma queda de cabeça no deck. Pra você que vive a cultura ‘Brasil-país-do-futebol’, é mais ou menos  como aquele time envolvente, que faz uma bela campanha enquanto a maioria ainda está se organizando no início campeonato, mas, assim que os outros pegam o ritmo, você nota que aquele time era só um ‘cavalo-paraguaio’, na gíria, um afobado que se cansa e fica sem fôlego logo após a explosão de alegria. Trouxe executivos de renome, não deu importância a obstáculos e detalhes - que deixariam muito cascudo aí se borrando de preocupação - gastou mais dinheiro nos empreendimentos do que eu na Casa do Biscoito e deu no que deu. Otimismo não é por aí, I-Ke, quando você se levanta muito rápido, tende a sentir o sangue descendo da cabeça na mesma proporção de intensidade. Vertigem. Uma pirueta, duas piruetas (e o colossal tombo). Bravo, bravo!

3º pecado: Arrisco levianamente – mas com o coração quentinho, cheio de amor – que todo mundo conhece alguém, daqueles ‘empreendedores’ que vão pela empolgação e saem convencendo meio mundo de que seus negócios são promissores, saca? Vamos chama-lo de Vendemar (porque serve tanto pra homem quanto pra mulher e ainda vai ser o fio terra condutor de nossa epopeia pelo corpo do gigante grande, grande e bobo). Vendemar é aquele ser que a cada semana tem uma ideia brilhante pra ter seu próprio negócio? Hoje, ele quer vender prendedor de cabelo pra careca, depois, vai vender cerveja na porta do AA, na outra, ele quer vender picolé pra Pinguim no Arpoador Polo Sul... Sacou? Pois é, a diferença entre ele e Eike é que seu amigo não tem milhões, nem poderosos amigos ricos e influentes. Assim, ele criou seu terceiro defeito corporativo: Se deslumbrou com o mercado acionário – claro, empolgado com tanto empreendimento – e não prestou atenção ao setor. Fez previsões e especulações quando o de praxe seria esperar resultados pra divulga-los, enfim, criou um ser bonitinho, mas ordinário.

4º pecado: A venda de parte de uma das empresas BatistX em 2008 a um grupo da gringolândia deu uma garibada no otimismo de Eike. Ele achou que era mole mole pegar, cultivar e vender empresas assim como as máquinas fizeram com o próprio ser humano em Matrix (porque, você sabe, estamos em 2999 e tudo isso é uma ilusão). Enfim, a vaidade não é um pecado, é um castigo, um vício que mais hora ou menos hora você paga. Eike ficou tão besta com seus lucros imediatos que achou que tinha descoberto um belo filão. Chegou a recusar uma oferta de sociedade (7,5 bilhões por 40% dos direitos de exploração de poços de petróleo na Bacia de Campos). Se dividindo o peso com um sócio divide os riscos, o peruquinha (será?) esnobou e quis tudo sozinho (Lady Kate curtiu isso). Não quis se envolver em sociedades ou participações em empresas estabelecidas e comprovadamente rentáveis, nem aproveitou pra fortalecer suas próprias principais empresas. O resultado foi um lucro absurdo inicialmente, mas também uma pesada dívida a ser amargada sem nem um poia pra chorar pitangas, abraçados, degustando um bom vinho Cantina da Serra.

5º pecado: A empresa vem depois do funcionário. É um cânone básico de qualquer grupo: “O todo é mais importante que o indivíduo. Significa mais que a soma de todas as coisas”. Em qualquer lugar você vê uma disputa interna, por exemplo, e sempre há a defesa comum de que tal entidade é maior que tudo isso. Vale para o clube de futebol de Vendemar, vale para escola de samba, vale para a Sociedade do Anel (UIA!), só não valeu para Eike-absurdo. Sabe porque? Porque Eike atraiu o interesse de seus súditos pelos motivos errados. Quem veio para seu reinado o fez pela margem de lucro pessoal bem alta em pouco tempo, mas a empresa mesmo ainda nem tinha dado resultados. Novamente, o problema foi a afobação e uma certeza cega de que se está bem hoje só pode melhorar amanhã. Se fosse pobre, Eike já teria aprendido que a alegria de hoje pode ser véspera de problemas. Nessas horas, não é de todo ruim pensar na possibilidade de o barco afundar. Aí, o mercado de ações aqueceu, as especulações agitaram, executivos negociaram e lucraram milhões, mas não tinha uma gota de petróleo pra dar segurança para a empresa. Sendo assim, assim que um rato é visto correndo para o seco, fica fácil de abandonarem o navio e seu capitão que tenha assistido a Titanic.

6º pecado: Apressado come cru (eu disse cRu). Seria um esquema simples: Se você planta e a árvore cresce forte, na hora de frutificar, nada mais seguro que pegar umas sementes e plantar por perto pra serem uma garantia de que sua produção continuará. Certo? Não para megalomanEike. Ele praticamente plantou várias arvorezinhas, mas pagou seus agricultores com apenas a empolgação, sem ver frutos. Ambição e pressa têm em comum, mas não têm nada a ver se você quer dar certo (UIA!) nos negócios. Sem um único negócio pra dar segurança aos investimentos derivativos, tudo cresce muito rápido, mas tudo passa muito rápido. Eike não teve paciência – ou sagacidade – para esperar passar da arrebentação e já quis nadar como se estivesse em mar aberto. Ou seja, muita energia gasta desnecessariamente e nenhum porto seguro em caso de emergência. Foi como por uma criança de 9 anos pra tomar conta de uma turma inteira na faixa dos 6. Enquanto grupos famosos levaram mais de 30 anos pra se estabelecerem, até terem segurança de investir em outras áreas diversas, Eike abusou do capitalismo e fez como o surfista que se levanta da prancha na primeira onda que vem sem ‘sentir’ o mar. Acaba tomando um caldo por ter ido à crista da onda (é, eu uso essa expressão ainda) sem ter base ou equilíbrio. Não encheu um balde por vez, quis encher tudo logo, daí, quando acaba a água, não há tempo nem dinheiro pra esperar a próxima leva. Garotice.

Tá difícil? Fast food. Dura um pouco mais que seu império de areia e ambição.

7º pecado:  Como eu disse, tudo o que você faz acaba refletindo o que você é, mesmo que apenas um fragmento. Eike se mostrou um otimista deslumbrado e, não só suas empresas, mas também seus contratados demonstraram esse traço, quer por compatibilidade de gênios, quer por conveniência de puxa-saco. Eike promoveu os otimistas e rechaçou os realistas. Teve membro da diretoria sendo afastado das funções por tentar segurar o Eike de ego Batista, que chegava a jogar na cara dos ‘pessimistas’ que ele era o dono, diante de respostas não condizentes com sua ganância. É o grande problema das pessoas convencidas, elas querem tanto ter razão em suas aspirações de sucesso fácil que preferem viver nesse mundinho fantasioso onde o Sol é seu próprio umbigo. A cultura do líder que gosta muito de um puxa-saco, só reconhece o ‘yes, sir’ é o que derruba muita gente e não a incompetência em si. Fica a dica.
Imagina isso, um funcionário demitido porque explicou ao chefe que se ele vendesse um carro ainda sem as portas, o valor seria muito abaixo do que um completo. Parece um didatismo óbvio, mas foi tipo isso que aconteceu. O que não poupou o ponderado funcionário de ter sua parte nas ações enxugada de 53 Mi para 5, devido à queda do gigante de pernas e cabeça fracas. Além, é claro, do afastamento por não mentir pra Deus.

Considerações finais:
Foi o maior esquema de pirâmide financeira do país. Até apostar numa subcelebridade instantânea na carreira musical deve ser menos arriscado. O gigante precoce passou por estágios da vida empresarial e financeira, que muitas empresas levam décadas até, em alguns meses. Bem, muitas analogias foram feitas, mas, em tempos de informática e internet, só posso concluir que I-Ke se empolgou com o advento da banda larga (hmm) e quis baixar todos os filmes e músicas da internet, mas sem se preocupar em particionar o HD, fazer backup ou mesmo um simples e básico antivírus. Se expôs aos mais diversos perigos empresariais e agora, ta aí, deixou de ser a estrela popstar mídia, das finanças e investimentos, pra ser sogro de panicat. Eike-coisa!


Curiosidades
Eike tem em seu círculo social nomes de peso como o bom menino Luciano Huck (sobre esse eu falo depois), Sérgio Cabral Filho, Eduardo Paes e Aécio Neves. Talvez por isso, ele tenha ódio dobrado aos bombeiros. Além dos servidores terem feito aquela mobilização por melhores condições de trabalho e de vida e serem chamados de baderneiros por Cabral (O Sérgio Filho), Luma (sua ex-esposa) se soltou da coleira e foi cair na mangueira nos braços justo de que profissional? Exato! Um legítimo stripper do Village People bombeiro.

Poslúdio inúdio inútil
Sou contra falar ‘Êiqui’ assim como não posso com ‘Big Êipou’.
Se as vendedoras naquele comercial ficaram de bem com a vida por que Fernanda Lima não coube numa calça de criança, imagina aquele seu amigo que a cada semana quer vender um produto barato diferente, quando vir que Eike foi apenas um fanfarrão milionariamente bem relacionado!

Big Eike. Big mistake.



Eike-burro, dá zero pra ele!

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Extra: Sr. Palillo foi bebê jupiteriano

Extra, extra, os extra-terrestres estão entre nós!



Lembra aquela cena do M.I.B, quando Zed e Kay mostram para Jay que os aliens estão entre nós há tempos e tempos? Aí, ele até brinca que uma professora bem que poderia ser um deles e... É! Ele fica surpreso porque começou debochando e confirmou que a tia da escolinha era mesmo um ET disfarçado.

Pois bem, essa, muita gente não sabe, mas, já que falamos em escola, lembrei de Escuela Mundial, o que me fez lembrar de Carrossel, Professora Helena, Cirillo (NÃO SOU EU!!!) e Jaime... Aliás, é aí que eu queria chegar, o pai do Jaime, na verdade, é um ET e está convivendo pacificamente há anos. Inclusive descolou uma sólida carreira de ator.



O homem fez sucesso como o pai do bonachão aluno com dificuldades para o estudo, mas iniciou sua carreira mesmo fazendo uma marcante participação em Chapolin Colorado como o bebê que vinha de Júpiter (saca, aquele que crescia em instantes?). Então, dá uma olhada, mas fique tranquilo, ele vem em paz e não deve fazer mais do que te puxar pelas anteninhas e soltar você no chão. Se isso rolar e bater nervosismo, finja que é uma barata. Elas aguentam uns puxões pelas anteninhas e não ficam choramingando.



Agora que você já sabe que o bebão...digo, o bebezão é o pai do Jaime original, você já pode seguir a vida com essa informação pra lá de relevante.

Boa semana, chuchu!


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