DIVAGAR É PRECISO

Crônicas, divagações e contestações sobre injustiças sociais, cultura pop, atualidades e eventuais velharias cult, enfim, tudo sobre a problemática contemporânea.

terça-feira, 21 de setembro de 2021

TOP 6 Itens do discurso de Bolsonaro na ONU

Biroliro deu vergonha até no Pinocchio.


Biroliar contou mais mentira que aquele seu amigo de masculinidade frágil metido a garanhão de festa? Sim. A internet reagiu, Tweets fazendo barulho e nossa vergonha mais internacional que a fama do Pelé. Fato. Mas queria apenas, não defender, mas compreender algumas falas de bolsoshower sobre Amazônia, desemprego, pandemia, corrupção, 7 de setembro e a
uxílio-emergencial.

 

Vamos lá ao TOP 6 Itens do discurso de Bolsonaro na ONU, comentados.

 

6 – Amazônia

 

Birovírus disse que o desmatamento diminuiu. Acho que deve ser verdade, pois com tanta queimada que tá tendo, não deve ter sobrado muito pra se devastar de maneiras mais variadas.

 

5 – Desemprego e pandemia

 

Sobre esses temas, a resposta é tão simples quanto foi a afirmação dele: NENHUMA RESPONSABILIDADE! Ou seja, nenhuma tem tanta verdade quanto alguma, ou seja, a mesma responsabilidade nula com que trata do vírus, ele trata do desemprego. Auxiliando ambos a se propagarem.

 

4 – Corrupção

 

Moleza essa também. Ele diz que não houve sequer um caso de corrupção no governo dele. Vamos ignorar seus tantos ministros que já caíram e até fugiram do país pra focar na palavra corrupção. Nuna é usada diretamente, já reparou? No Brasil, pegam mesmo os apelidinhos jocosos, debochados. Então, realmente, corrupção nem tanto, mas rachadinha, desvio de dinheiro público pra uso pessoal, compra de mercadorias supérfluas pra uso próprio e os quatro filhos famosos investigados pela PF... ah, isso tem.

 

3 – Tratamento precoce

 

Além de tentar emplacar essa modalidade criminosa de venda de remédio inútil, bolsoliro ainda fica alardeando que ele usou e melhorou na mesma hora. Além de sem comprovação, a coisa é de uma mentira doentia. Ele precisa de tratamento mental. Sério.

 

2 – 7 de setembro

 

Ele falou que foi a maior manifestação da história. Só não falou que dois dias depois ele mesmo pediu ajuda a um antigo rival pra redigir um pedido de desculpas pra não levar mais um processo do STF por dentro da venta cloroquinada.

 

1 – Auxílio-emergencial

 

U$ 800,00?? OITOCENTOS DÓLARES?! Na moral. Essa não dá nem pra fazer piada. A piada já é essa. E de mau gosto. Outro dia não queria liberar nem R$ 200,00. Quem dera, quem precisa receber em dólares – que tá altíssimo graças ao próprio excrementíssimo.

 

Vocês, eu não sei, mas se me perguntarem na rua, eu evoco minha ancestralidade angolana. Sei que a bisa ia preferir. Porque Brasil mesmo, olha, já vinha estranho, mas tá muito ruim.

 

Fonte: Buzzfeed

quinta-feira, 29 de julho de 2021

Daiane dos Santos se emociona com medalha de prata de Rebeca Andrade


 Em 2009, uma menina negra chamada Rebeca Rodrigues de Andrade pode treinar por um dia com sua referência na ginástica: Daiane do Santos, que havia visitado o centro de treinamento de Rebeca, em Guarulhos-SP, de onde a menina é.


Daiane já era referência no esporte e se destacava, não só pelo talento, mas por resultados e o pioneirismo em ser a primeira negra a realizar esses grandes feitos que encantaram o Brasil. Quem esquece seu brilho ao som de Brasileirinho? O duplo mortal carpado e outras bossas que não sei mesmo especificar, só admirar.


E agora, a jovem Rebeca arrasa, ganha medalha ao som de Baile de Favela e Daiane se emociona (não só ela, né, mas vamos lá se não eu choro de novo). Isso significa que as referências estão concretando uma estrada pra outras, hoje, crianças, olhares e se inspirarem.


Pode parecer algo frívolo pra muitos (congelados por dentro em todos os sentidos), mas quando alguém mostra um feito, o normal é que aquilo inspire a todos, mas quando quem faz é de um feitio que não está sempre naquele lugar de exposição, aquilo inspira toda uma gama de gente que nem pensava em estar ali. Ou se pensava, era um sonho distante, porque ninguém igual tinha chegado ali.


Basta lembrarmos que a atriz Whoopi Goldberg se admirou quando viu Nichelle Nichols como Uhura em Star Trek em um cargo de tripulação que não subserviente. Quer dizer, negras até aquela época, eram empregadas ou escravas, mas uma tripulante viajante do espaço? Então, é isso. Rebeca viu Daiane abrir um caminho feito de terreno baldio até virar uma estrada e agora, está seguindo brilhante. 


A minha irmãzinha (não, não conheço Daiane pessoalmente, é que temos os mesmos sobrenomes e quase a mesma idade, rá!) não poupou na emoção ao vibrar com a medalha de Rebeca (que, diga-se, ainda pode ganhar outras, essa foi só no individual artístico). 


"A primeira medalha do Brasil num Mundial de Ginástica foi negra. A primeira medalha do Brasil na Ginástica feminina foi negra. Isso é muito importante. Diziam que a gente não podia estar nesses lugares”, comemorou Daiane ao ver o desempenho de Rebeca.

Porque a Rússia está como ROC na olimpíada de Tóquio 2020?

Uma coisa que acho que muita gente já reparou, mas não sabe o porquê é o motivo de os atletas da Rússia estarem representando uma bandeira “aleatória” sem nome, apenas com a sigla ROC. Mas você já se perguntou isso? Titio Saga dá uma moral. 

 É que em 2019, um escândalo aconteceu quando a Agência Mundial Antidoping (WADA, em Inglês) averiguou que um laboratório em Moscou estava adulterando amostras pra evitar a confirmação de doping de atletas. A punição foi que o país ficaria proibido de participar de competições internacionais. 

 Mas a restrição não proibiu todos os russos. Acontece que a imposição punitiva só determinava que não se usasse a bandeira, o nome e o hino do país. Então, quem não estava sob suspeita de doping em 2019, ficou liberado pra competir, desde que se submetendo à regra. 

 Com isso, os atletas russos não envolvidos em casos de doping podem participar de competições internacionais, mas sem usar bandeira, nome ou mesmo o hino do país e tudo aquilo que eu já falei. Então, ficou combinado que a Rússia não estaria de cara limpa, por assim dizer, sendo formado, assim, um comitê olímpico russo. Por isso o nome ROC (Russian Olympic Commitee, em Inglês). 

 As cores estão lá, com anéis olímpicos e a chama na bandeira do comitê e nos uniformes. Mas o “hino” tocado é o Concerto Para Piano Nº1, de Tchaikovsky. E a proibição vai até o final de 2022. Ou seja, até lá, seja a atual Olimpíada, Copa 2022 e Olimpíada de Inverno de 2022, a coisa ainda tá russa... quer dizer, restrita. Rá! Rússia mesmo, com nome, bandeira e hino, em jogos olímpicos, só em 2024. 

 Achei legal, porque um país ser punido de forma administrativa e institucional é o justo, por demonstrar má fé em seus procedimentos, mas isso não poderia afetar os atletas e comissões que disputavam suas modalidades de forma honesta. Já pensou, punir todos os atletas por erros de alguns? Então, a novidade de 2022 foi essa e não uma nova denominação como eu pensava. Risos. 

 Ah, vai que teve outra mudança geopolítica e eu não tava sabendo. Ainda mais neste contexto, num país que já disputou competições com o nome de URSS/USSR, ou, popularmente, União Soviética. É, sou desse tempo também. Rá! Bons jogos.

Goleira Bárbara é vítima de ofensas e reage nas redes sociais

 

Bárbara, à esquerda e Andréa, à direita. Note como até na escolha da imagem, a foto de Bárbara é séria e suada e a de Andréa é leve e sorridente. Tendencioso é pouco.

Estou aqui pra falar sobre um estudo, uma ciência, uma arte que a comunicação exerce através de pequenos, ou melhor, sutis detalhes, pra influenciar na opinião pública. E isso tem uma origem lá nos não tão idos tempos da escravidão. Nos tempos do império portugodescendente, havia um costume que tem até hoje de atribuir a brutalidade ao negro e a sensatez pacífica ao branco.


Isso nos traz à recente discussão entre Bárbara, goleira da seleção, e Andréa Pontes, canoísta paralímpica, quando a da canoa fez piadocas sugerindo trocar a goleira do futebol pela do handebol pro Brasil ser campeão. Sem falar de seu próprio esporte, ela atiçou a atenção braba da goleira e foi aí que tudo começou. Todos noticiando que Bárbara foi quem discutiu na internet. Ok, eu sei que o nome dela é o mais forte no momento, mas o modo como estão conduzindo, é além de só pegar o hype.


Mas o que tá pegando, Saga?


Eu fico impressionado com o nível tendencioso com que alguns colegas da comunicação julgam fingindo que não julgaram. E desta vez, vou ter que meter o dedo na ferida. Por dedo, entenda minha opinião pessoal com viés sociológico numa questão que envolve uma mulher negra.

 

Veja bem, Bárbara foi ofendida de maneira agressiva por um jornal holandês, depois, foi motivo de ironia/chacota pela paratleta branca que nem é de sua modalidade, e ainda fez piada sugerindo que a troca da jogadora por outra de um outro esporte. E como bônus, foi chamada de “cheinha”. E uma reportagem do jornal O Globo tem a pachorra de dizer coisas como “apesar dos 33 anos”, claramente induzindo a opinião pública a ver a mina como problemática e imatura. Outra chamada do mesmo jornal sobre o caso diz que Bárbara foi “pivô” de uma treta e essas coisas... Na moral, ser pivô de alguma situação, implicaria que quem procurou a briga foi Bárbara. Andréa Pontes que fez isso, usando o nome de uma colega atleta pra fazer risadas questionando o talento e forma física da goleira. Reagir de forma verbal contundente, como Bárbara fez, não é ser a nega barraqueira "apesar de não ser uma garotinha" que não aceita crítica, é legítima defesa. E direito de resposta, se me permite a carona na legislação.

 

Avalie quando você é alvo de alguma piada maldosa, você poderia reagir apenas desejando paz, ou até nem falando nada. Mas num momento de expectativa por um bom desempenho, é muito natural que os nervos estejam na adrenalina. Rebater pode ser o método de autodefesa de Bárbara e precisamos respeitar isso. Não tem orientação nem “apagação” de incêndio da “sempre confiável” CBF que segure. Até porque já declararam que é uma discussão de cunho pessoal e não se meteram. Quem é o repórter pra dizer que Bárbara é que é a insubordinada intransigente geniosa explosiva? O que não pode é noticiar a parada já com um subtexto de julgamento pra cima de quem respondeu a uma provocação. E quem começou a conversa? Se não pode ser imparcial, disfarça, né, mano? Eu sempre fui adepto do jornalismo opinativo pra não cair nessa falsidade.

 

Sempre é isso: Existe uma branca e uma preta discutindo. A branca sequer é mencionada, mesmo sendo quem atirou a primeira pedra e a preta é insinuada no texto como a barraqueira. O jornalismo precisa perder ainda muitos vícios pra poder inserir suas notas de opinião dentro de notícias, aparentemente, imparciais. Lembra do jovem que foi acusado de roubo de uma bike e tanto os acusadores/caluniadores racistas quanto o ladrão branco foram deixados de lado pra se investigar o proprietário preto? Pois é. É isso. Quando as pessoas forçam uma barra injusta com alguém, provocam um dano psicológico imenso no injustiçado. Talvez seja essa a intenção mesmo. Aí, quando o injustiçado se revolta, tomam medidas de punição, alegando que a pessoa é instável emocionalmente. Coisa que, aliás, foi falada na tal reportagem, alegando que a moça tem um histórico de não aceitar orientações da federação.

 

É aquele papo: Quando o negro não aceita os grilhões, ele que é o rebelde, e não o fazendeiro que faz todo o papel do algoz. Se eu sou amigo da Bárbara, óbvio que eu ia ser a turma do ‘deixa-disso’, pra preservar sua concentração na competição. Mas, na boa, totalmente entendo – e sei bem como é – ser questionado por quem não interessa em coisas que me são preciosas. Lá vai o Brasil sacrificar uma goleira, que joga com mais 10 em campo. Barbosa feelings. E olha que o Brasil tá na briga, hein. Nem é o caso de culpá-la por ter feito algum lance duvidoso... Mesmo caso de Barbosa, em 1950. Ninguém tá crucificando os que tomaram de 7 da Alemanha em 2014. É muito complicado tentar trabalhar em um espaço de visibilidade e ainda ter que lidar com biscoiteiro de internet. Aliás, biscoiteiro não, o nome disso é troll, né? Ainda mais vindo de gente que vive na mesma condição. Quando errar também – que ninguém tá isento disso – vai apelar pro quê? Que foi praga de quem você ofendeu antes? Que foi a torcida contra? Olha... Só rezando, viu?

 

Não dá é pra meterem esse papo de que “protagonizou discussão na internet com atleta paralímpica”. Fica parecendo que ela pegou uma inocente moça com necessidades especiais e surrou a coitadinha em público. Deficiente também debocha e também precisa receber a resposta proporcional ao agravo. É constitucional. E só pra deixar bem estabelecido aqui: Não foi a Bárbara quem discutiu, bateu boca ou tretou na internet. Ela reagiu ao que não gostou e está totalmente no direito. Se poderia ter agido diferente, aí, é coisa dela, já que só quem sente sabe o que vive. Quem sai lá do mundo da lua pra falar gracinha é que deve se responsabilizar pelas besteiras que fala... e que ouve, por consequência.


Jogar o peso da responsabilidade de uma briga na preta que reagiu legitimamente pra defender a própria honra ainda é objeto de uma verdadeira engenharia a que estamos sujeitos nessa sociedade. e se denunciamos, reagimos ou tornamos público, chamam de mimimi. Mas é aquele negócio, quem fala assim não está alienado do seu preconceito, só está incomodado com o fato de ser confrontado. Não duram um minuto sem chiar quando são criticados. Querem falar, mas não foram educados pra ouvir. Quando ouvem, falam que a gente anda nervoso demais. Que peguem fogo de dentro pra fora.

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Comedy Central não admite negros em seu elenco fixo?

 


Vamos falar de comédia. A comédia, assim como o rock, quando chega no Brasil, vira consumo e execução do branco classe média. Talvez por isso tanto comediante se sinta ofendido ao ser criticado por piadas com negros, gays, mulheres, nordestinos, mendigos e pobres de uma maneira geral, afinal, o que eles não podem fazer, né? Não estão acima da lei, do bem e do mal?

 

Aí, observo o canal Comedy Central e lembro que parei de assistir há uns 10 anos por só ver muito branco fazendo piada com pobre, claramente um universo que não conheciam, apenas reforçavam estereótipos e ponto. Mais crianção da turma do fundão do que engraçado. Me afastei. Sem contar a limitação criativa a story telling de sexo, drogas e uma pobreza que não viveram, mas como muitos estão com grana hoje, aí, é aquela forçada de superação pessoal que só a Marimar pra dar um tento. Falam do que podem, né, gente?

 

Aí, voltei a assistir, zapeando, por que reprisam séries negras (Will Smith, Michael Kyle e Chris) e até um especial de stand up de temática Black Power... e só. Se não for como visita, ou reprise gringa, não tem representatividade no canal. Veja os programas de elenco fixo as culpas do Cabral e da Carlota. Parece pré-requisito: Olha, tem que ser branco, hétero e cis. E não é por falta de comediantes negros não, hein. Como confirma o próprio especial Black (embora uns e outros ali e na pista nem se lembrem que são pretos).

 

Ah, eles estrearam, há pouco tempo, uma espécie de mesa redonda, onde tem um negro: O ex-jogador Vampeta. Mas essa participação não conta bem como representatividade, porque além de nunca ter abordado o assunto, o dito cujo está ali por ser ex-jogador e não um comediante, né?

 

Deveriam mudar o nome pra So White Comedy Central, ou Comedy So White.

Depois não vai estranhar quando um fizer piada racista e outros defenderem dizendo que ele não foi, porque em seu convívio, isso é super normal.

quarta-feira, 2 de junho de 2021

É só uma opinião... É só isso mesmo?

 


O que é opinião?

 

Em diversos dicionários, opinião é algo que se relaciona intimamente (UIA!) com julgamento. Em geral, é a maneira de pensar algum assunto. Ou seja, opinião é, necessariamente um pensamento estabelecido, um julgamento pessoal sobre algo ou alguém. E, quando esse pensamento é disseminado por uma classe dominante de forma massiva, essa opinião se torna uma espécie de regra, tradição, costume. Vamos arredondar esse conceito na expressão mais conhecida pra descrever: Senso comum. O senso comum não tem nada a ver com lei, tanto que racismo é crime, mas tanta gente pratica e se safa de boas. Por que a lei mesmo, as pessoas querem burlar, mas se sua bisavó tinha medo de um relâmpago ser atraído pelo espelho da penteadeira... mel dels, desconstruir isso dá até azar.

 

O problema da opinião é que muita gente acha que só porque tem direito a ter, quer sair comunicando por aí e, pior, acha que não pode ser contestado. Sim, a gente pode emitir uma opinião e alguém achar uma m... essa é a opinião de quem te ouviu, entende? O que não pode haver é a falta de respeito. Tem gente que é tão desrespeitoso que quer impor sua opinião na vida dos outros. Estamos no mês do Orgulho LGBTQIA+ e o mês mal começou, e já nos deparamos com (sub-)celebridades repassando vídeo de religioso conservador defendendo homofobia. Um exemplo particular é o que vejo em alguns grupos dos quais faço parte por motivos de força maior.

 

Uma leve mudança numa logo de grupo de zap em homenagem à diversidade, cega tanto os conservadores que a gente tem que explicar que uma referência ao arco-íris (símbolo da luta LGBTQIA+) não altera uma logo, um avatar, muito menos a bandeira de uma instituição. A certeza de que não quer essas cores por perto é tão agressiva, é uma aversão tão grande, que o racional perdeu pra repulsa... E, bem, tenho uma notícia pra te dar, se você pensa e age assim e diz que é só sua opinião... Bem, segundo diversos dicionários, uma forte aversão, um medo irracional da presença de algo se chama FOBIA. E um medo irracional de ter LGBTQIA+ por perto é... Acertou, miserávi, você tem homofobia. Que é uma rejeição que não faz o doente sofrer, faz a vítima, no país que mais mata gays no mundo.

 

Opinião não é pra quem tem, é pra quem conhece o assunto. Só odiar vai fazer você reproduzir aquelas frases feitas de sempre e isso, hoje em dia, é refutado tão facilmente quando ligar um carro. Aliás, a opinião do preconceituoso é isso. Um carro. Velho e fora de uso. Aí, quando o esperto vai usar, ele tem certeza de que funciona, mas vai ficar na pista e se pá, ainda passa vergonha.   

Rafa Kalimann, Caio Castro, Patrícia Abravanel, Claudio Duarte e a homofobia enrustida

Todos os envolvidos nesta colagem já largaram seu chorume homofóbico.

Rafa Kalimann vive derrapando entre pagar de fada sensata e ficar dando uma de isentona (o que é o mesmo que defender o atual desgoverno). Caio Castro é isento até no que faz (ator que não curte ler, né?), mas convive com Grazi, outra isentona assumida, mas que vestiu muito camisa da CBF num passado recente de manifestações pelo governo que acabou com o ministério da cultura.

 

Patrícia Abravanel, dispensa apresentações, né? Já pagou mico dançando em manifestação do boze ao lado do Tirulipa e do veio da Havan, e isso não tem dois meses. Além do maridão ser daqueles bolsominions capacho mesmo, de repassar fake news e discurso de ódio. E os três restantes, então, não tem nem o que falar... Aliás, de um ainda tem.

 

O terceiro da direita (que irônico o termo, não?) é um pastor chamado Claudio Duarte. E ele é o protagonista do tal vídeo publicado e  defendido pelos distintos acima, mas criticado pela comunidade LGBTQIA+. No vídeo, o pastor usa de lábia de líder religioso carismático pra destilar homofobia e eu explico por quê eles se acham tão injustiçados pelas críticas.

 

Primeiro, como não há ódio direto, palavras violentas e ameaças, acham que estão apenas dando (UIA!) uma opinião descompromissada. Fingem que respeitam, mas se você analisar, a pessoa não diz que respeita APESAR de, ela deixa claro que preferia que você nem existisse, mas se existe, também não vai matar.

 

É o tipo de gente que quando vê violência contra o gay, vai tentar justificar que a vítima deu motivo se assumindo, se expondo na rua ou na internet. No mais, fico com a resposta de Tiago Abravanel, de que opinião é sobre o que beber, sobre a roupa que vai usar. Sexualidade é respeito. Algo fora disso, já é homofobia. Já é discurso de ódio.

 

Deixa os outros serem. Não é da sua conta. Não gosta de namoro entre pessoas do mesmo sexo, não namore pessoas do mesmo sexo. Pra finalizar, acho realmente que quem se incomoda, não odeia o gay, só odeia que não teve a mesma coragem de sair do armário por medo de preconceito. Aí, preferiu ficar do lado do opressor pra apedrejar quem acha que é fraco.

Ironicamente, esse é o tipo do homofóbico que é enrustido. Em que sentido, Saga? Ah, aí, é com você decidir. É uma questão de opinião. Rá!

terça-feira, 1 de junho de 2021

Mulher é presa por injúria racial, mas liberada após pagar fiança de mais de 2 mil reais no RJ

 


Ana Paula de Castro Batalha é o nome da ‘princesa’ que consumia no Baródromo (Maracanã) e, diante de uma conta errada, entregue por uma garçonete negra, xingou a mesma de ‘negra fedorenta’ e a acusou de tentar passar-lhe a perna.

Primeiro de tudo, o nome e a cara que tem que aparecer numa notícia de crime é a do criminoso e não da vítima, beleza? Então, preservo a funcionária. Mas a racista... foi presa. O bar publicou uma nota de repúdio, mas não é sobre isso que eu ia falar. É a partir disso.

A criminosa foi enquadrada por injúria racial que, ao contrário do racismo, tem fiança. Pagou mais de R$ 2.200,00 e saiu, depois de ter sido confrontada por clientes próximos, também negros, a quem ofereceu mais racismo e homofobia. Sobrou até pra outra funcionária (nordestina), ofendida com xenofobia. Quer dizer, um ser humano maravilhoso, né?

Mas a reflexão que lanço é a seguinte: Aquela turma que sai em defesa de branco, que acredita em racismo reverso... Agora estão em silêncio, percebe? Quem está quieto diante de coisas assim, que ocorrem todo dia, mas espera novembro pra dizer que somos todos humanos. Cadê?

O Brasil é um grande centro de gerenciamento de ‘síndrome de mucama’. Vê a negada levar no lombo toda hora e acha normal, justo até. Mas se um branco quebra uma unha, mel dels, vamos salvar essa alma injustiçada pela vida. Parabéns pela raiz bem germinada, Europa.

Fogo nos racistas. E todos os seus simpatizantes. Me empresta a manopla, Stark. Por essa causa, eu me sacrifico.

PÁ! Todos os racistas e simpatizantes correndo em chamas e a gente esguichando gasolina neles. Rá!


quinta-feira, 20 de maio de 2021

Brasil: Como a Copa de 1994 me fez mais patriota que Bolsonaro

 


O Brasil é um país de trajetória única no mundo. Em vez de ter subdivididas as terras invadidas por Portugal, como aconteceu com os demais países do continente americano conquistados pela Espanha, também foi usado como mera mina de extração de riquezas e não como uma espécie de sub-reino colonial (a princípio). E foi a única colônia a sediar uma côrte inteira (família real valente com preto e amarelaça pra outros europeus). Tanto que se você reparar bem, o “povo” daqui é o único que não é chamado por sua origem de nascença, e sim de uma forma que é resquício da primeira função das terras brasilis. Vou explicar: Enquanto um cara nascido no Uruguai é um uruguaio, mostrando que ele é parte orgânica daquele território ou na Venezuela, é venezuelano, dando a mesma ideia, de forma um pouco diferente, as pessoas nascidas aqui recebem o gentílico da função que tinham os portugueses que vinham aqui roubar explorar as terras invadidas colonizadas: Brasileiro.

 

Pode reparar, o sufixo ‘eiro’ não dá a ideia de alguém que nasceu em algum lugar, dá a ideia do que essa pessoa exerce na vida. Se eu sou aquariano, é porque nasci sob o signo de aquário (mesmo quem não acredita nisso, apenas acompanhe o raciocínio), Superman é kriptoniano, se fosse na França, francês e etc... Pescou que quem nasce é “ano”, “ês” e algumas variações que têm sempre em mais de um país, mais de uma situação, de acordo com a origem do gentílico, como “enho” (hondurenho), “ense” (canadense) e outros (austríaco, marroquino), mas todos presentes em mais de um país, ou lugar em geral. Brasileiro não é gentílico de quem nasce em algum lugar. É atribuição, como madeireiro, carpinteiro, ferreiro, ou ainda, a ideia de algo transitório, como estrangeiro, passageiro, saca? Mas vou falar sobre gentílicos em outra hora. Veja dentro do próprio país, tem o paraibano, o alagoano, o rio grandense (do sul e do norte) e tem o mineiro. Sacou a diferença? Parece que quem nasce em Minas Gerais, assim como no Brasil, recebe uma profissão e não um nome. E compare que Brasil é a abreviação de Terra do Pau-Brasil, assim como Minas Gerais já diz que o lugar não é uma estadia e sim, um posto de trabalho. Tá compreendendo? 

 

E falando em sufixo do gentílico ‘ano’, temos baiano, como Bebeto. O baiano, o baianinho, com passagens marcantes  por Flamengo, Vasco, La Coruña e Botafogo. Em dupla com o carioca Romário (olha aí, Saga, carioca não é ‘ano’ nem ‘ês’ – mas é ‘ense’, de fluminense, do estado em que nasceu, rá!)... Voltando, Bebeto e Romário já eram proeminentes estrelas na Copa de 1990, a primeira que me lembro bem, mas não lembro de tudo. 3 anos depois, a dupla saiu da reserva da seleção pra titulares absolutos e desde as eliminatórias (com direito à primeira derrota da história para a Bolívia e a inovação de entrar de mãos dadas mostrando garra e comprometimento) até a copa de 1994, eu vivi uma das melhores fases da vida. Eu tinha 12 anos no momento que gritamos ‘é tetra’ com Galvão Bueno e passei a ter gosto não só pelo futebol como pela bandeira brasileira. Ayrton Senna tinha marcado aquele ano dois meses antes, com sua morte na pista e a história estava sendo presenciada por  mim ali.

 

Eu me sentiria um grande patriota, talvez se fosse um brasilês ou brasiliano, mas como brasileiro, eu percebi na mesma época que gostar do país por causa de futebol não significava nada para a polícia. Eu, maior menino criado por vó a leite com pêra e ovomaltino, quase fui levado por policiais sei lá pra onde e nem imagino pra quê, no meio de uma multidão de funkeiros que descia de um ônibus onde eu estava com meu pai, pronto a me levar pra casa, depois de um dia dos pais maravilhoso com o lado paterno da minha família. Daquele fatídico momento “Will e Carlton abordados na estrada em Um Maluco no Pedaço” até o grandioso e esforçado tetra, os hormônios adolescentes falaram mais alto e só importava ser campeão. A primeira Copa que o Brasil faturava desde o histórico tri em 1970. Que coisa grandiosa. Eu não achava uma participação da seleção tão marcante desde a derrota pra Argentina em 1990, com Maradona atraindo toda a marcação pra si e tocando pra um livre Caniggia driblar Taffarel e tocar pro gol, eliminando a gente nas oitavas-de-final.

 

Daí pra frente, tivemos a ascensão de Ronaldo, Rivaldo, Roberto Carlos e Cia nos jogos olímpicos de Atlanta (1996) e quando chegou em 1998, na copa da França, a seleção já tinha o histórico de grande potência de novo, mas entrar de mãos dadas já era cafona, o que marcou mesmo aquela seleção eram os milionários salários em clubes gringos e o marketing individual em pontuais atletas, meros outdoors humanos dos patrocinadores. A seleção chegou popstar na França e a gente lembra no que deu, né? Aquela fake news que a cada derrota é atualizada com nomes do momento pra dizer que esse entregou, aquele se revoltou e forçou uma expulsão, o outro que negociou o momento histórico pra acalmar o país da vez que tivesse vencido o Brasil. E como muita gente adora uma teoria da conspiração, outros gostam de um imediatismo sensacionalista e tem os que só não conseguem acreditar quando perdem, esse texto ganhou fôlego até 2014, no fatídico 7x1, porque ninguém queria acreditar que a seleção de Neymarketing e Cia era tão vulnerável. Mas em 2018, não teve nada de mais, quem mais fazia os poucos gols da seleção eram jogadores de defesa e até o ufanista Galvão Bueno ficou mais pistola que aquele canário da zueira e fez desabafos, puxões de orelha e protestos.

 

A questão é que eles levaram 20 anos pra se convencer de que o Brasil é só uma seleção e a única adaptação que teve aos tempos foi o marketing. Futebol mesmo não tem. Nem souberam voltar ao futebol moleque e nem conseguem jogar direito como o europeu e seu ritmo mais cadenciado e dinâmico. Talvez o Flamengo, desde 2019. Pior pros “meninos” de 30 anos que se envolvem mais com orgias, escândalos fiscais e sexuais do que com a bola no pé. Em 1998 eu já questionava se eu não era patriota, por ter dado mais atenção ao futebol regional (Vasco campeão da Libertadores 1998 que o diga). Falei no Flamengo de 2019, porque o português Jorge Jesus trouxe uma linguagem diferente, que deu tão certo que ele voltou pra zoropa e não deu em nada e o time que estruturou está ganhando até hoje. E por falar em Brasil, Portugal, futebol e tals...

 

É por isso que eu não me considero patriota. O futebol teve sua época muito massa, mas hoje, como em 1970, época em que Bolsonaro acha que o Brasil era melhor (pra ele, talvez), o futebol deu um hiato de alienação social e a internet veio pra evitar que aquele horror chamado ditadura se repita. E é com essa visão, de que os que se dizem mais patriotas são os que mais espancam e matam familiares, mais se envolvem em mutretas milionárias – e até com assassinatos de político e amizades com milicianos – é que eu parafraseio alguém que não lembro, mas li há algumas semanas: Para ser patriota, eu tenho que, neste momento, odiar o meu país. Pensa bem, o Brasil foi construído pela mão do negro que o português explorou e quando fingiu que libertou, fez de tudo pra não ser incluído como cidadão. 500 anos depois, ainda somos massacrados em todas as frentes físicas e mentais e eu tenho que amar essa liderança política? Falta muita noção e reparação até eu pensar nisso.

 

Então, é isso, o futebol me enganou que eu podia ser patriota, mas vem a vida real e mostra que patriota é só quem é beneficiado pelo país. Eu to bem lá pra baixo dessa pirâmide. Ser patriota é esperar quando essa onda de m... passar.

quinta-feira, 6 de maio de 2021

5 Coisas que colocaram Paulo Gustavo no panteão dos grandes humoristas

 

Paulo Gustavo ficou muito famoso, obviamente, por Dona Hermínia, personagem de sua criação, baseado em sua própria mãe, Déa Lúcia. Mas isso é chover no molhado.


O que tô aqui pra falar é que o humorista fez das suas até chegar nesse patamar de ser conhecido pela simples menção de seu nome em qualquer ambiente, dos mais variados.


A questão aqui é enumerar como foi sua escalada até esse lugar de sonho de todo ator, de todo artista em geral, que é chegar a uma carreira sólida e admirada sendo apenas si próprio.


1 - INVESTIMENTO EM DONA HERMÍNIA

Criar a personagem seria ficar aquém do que esta colocação merece. Porque criar personagem é fácil. Não é fácil criar personagem original e bom, tô dizendo que é fácil criar. Eu mesmo crio uns três por dia. Rá! Falando sério, quando ele percebeu que tinha um algo mais em uma personagem que, ironicamente, é justamente nada de mais, ali, ele já era uma estrela em ascensão. 

2 - O APROVEITAMENTO DO SUCESSO NO TEATRO

Conforme Dona Hermínia se tornou promissora, o monólogo Minha Mãe É uma Peça a glorificou. Através de uma estrutura simples (e bem feita, não pense que era desleixo), o mais importante da personagem era justamente conversar, literalmente, com todo tipo de público. A grande sacada foi entreter milhares de pessoas com aquilo que mais as identifica, que são relações familiares.

3 - ENTREVISTAS COM JÔ SOARES

O próprio ator falou, em uma as entrevistas a Jô Soares, que já era conhecido por algumas pessoas como o "menino do Jô", provavelmente por pessoas que o conheciam das entrevistas, mas não do trabalho, do personagem, etc. Eu era um, lá pelos idos de 2009, um pouco antes, ou um pouco depois, acho. Ali, o ator experimentou a fama além dos teatros, como ele próprio e o carisma pegou.

4 - A FRANQUIA MINHA MÃE É UMA PEÇA

Se nos teatros a Dona Hermínia já tinha levado milhões a suas reflexões e desabafos, foi nos cinemas que ela ganhou de vez o Brasil. Era muito fácil deduzir que um sucesso nos teatros, sendo adaptado para os cinemas, repetiria as boas performances. Foi muito melhor, gerou duas continuações, esta última, a maior bilheteria nacional de todos os tempos.

5 - O CONJUNTO DA OBRA

Não mencionei de forma separada seu programa solo/stand-up 220 volts/Hiperativo nem suas grandes participações em humorísticos, porque ali ele já estava sendo ele mesmo, no sentido de estar totalmente à vontade em quaisquer encarnações. Quero mencionar aqui, sua evolução, pois, se no começo fazia tipos até controversos (blackface, bullying, gordofobia, etc), o ator soube se reconhecer um artista em constante evolução - e em desconstrução. 

CONCLUSÃO

Seja por formar uma família linda que transborda vontade de viver ou por máximas como "Rir é um ato de resistência", Paulo Gustavo vai deixar saudades, mas antes termos tido alguém expoente assim do que não ter tido inspiração pra seguir em frente. Paulo se tornou um ícone da comédia, da representatividade e só me faz pensar em quantos armários não estremeceram com sua aparição em público e quantas pessoas não se reavaliaram em relação ao sentimento que diziam ter por entes queridos LGBT e a verdadeira prática do amor e da família. Revolucionou sem tomar pra si o cetro do transformador de mundos e sem bajular carreiras. Nunca teve esse ar messiânico que muitos têm sem metade da expressão que teve e mesmo assim comoveu até artistas internacionais com sua partida.

Que esteja em um caminho de luz e paz e muita força pra família!

Powered By Blogger