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sábado, 8 de março de 2014

8 de março: A mulher, a sociedade e o feminismo

Se um homem está numa posição de liderança e comanda sua tchurminha tchubiruba com mãos de ferro, ele vai ser criticado - entredentes - como aquele que não tem uma mulher capaz de satisfazê-lo. "Aposto que a mulher dormiu de calça jeans".

Agora, se uma mulher está numa posição de liderança e comanda sua tchurminha tchubiruba com mãos de ferro, ela vai ser criticada - entredentes - como aquela que não sabe satisfazer seu homem e que traz sua condição de mulher como desvantagem para a vida profissional e social. "Tá na TPM, mal comida, não sabe segurar um macho".

A mulher sempre é desvantagem. Ou melhor, isso já ganhou esferas maiores, já está no subconsciente da sociedade, num nível que muitos acham que nem existe, que o normal é esse. Eu conheço um grupo de mulheres cujo sonho é ser esposa de alguém, usando argumentos como "faço por que eles (homens) gostam", num sentido submisso.

Se uma homem é educado e resolve seus problemas como um cidadão civilizado, ele 'é uma moça', mas se uma mulher age de forma truculenta, 'ela parece um homem'. Ouvi, há pouco tempo, uma mulher - criada nos "preceitos" machistas PELA PRÓPRIA MÃE, algo como '(...) aquela psicóloga ficava nos analisando para o emprego, desse jeito, aposto que nem tem marido'.

Ou seja, se uma mulher não se casa, ou arruma pelo menos um namorado, ela falhou na
sociedade? É isso que toda mulher busca na sociedade? Um homem? Nada mais? Aliás, a mulher é tão desvantagem que o machismo conseguiu gerar um filho: A homofobia/lesbofobia. Antes, só quero frisar que respeito os termos estabelecidos, mas pra mim, homo é todo e toda homossexual, mas quero destacar a 'diversidade' aqui. Enquanto uma lésbica é criticada por ser uma 'mulher querendo fazer papel de homem', um homem gay é criticado por 'querer ser mulher'. Ou seja, o homem hétero é que é o soberano. Homofobia e machismo caminham juntos.

Agora, vejamos o ato da mulher em sua natureza. No sexo, homens e mulheres estão sujeitos a posições, digamos, acrobáticas e flexíveis, mas 'abrir as pernas' é atribuído apenas à mulher. E, por ser 'coisa de mulher', abrir as pernas serve de explicação para um fracasso masculino. "Fulano? Tinha tudo pra ganhar a competição, mas abriu as
pernas". Pense no efeito disso numa mulher, sobretudo numa jovem que esteja em vias de ou início de vida sexual? Opressão, opressão, opressão à condição feminina folclorizada.

Também falo de um primo próximo do machismo, o machismo racista, aquele que traz o ranço da mulher negra enquanto objeto, a novela com a empregada negra que se não é um alívio cômico sem núcleo e sem história - como se brotasse do chão pra servir - acaba sendo aquela que satisfaz o patrãozinho ou inicia sexualmente o filho deste. Da senzala para a cozinha e para a cama. Aquela mulher negra que ainda tem que ouvir, da mulher branca (para seu 'macho'): 'Eu não sou tuas negas pra você vacilar assim'. Por quê? Porque a mulher negra é culpada por ser tão sensual, por ter a cor do pecado e ficar atraindo o marido alheio para o sexo clandestino, sem assumir, mas muito fogoso. Ou ela é culpada por ser tão gostosa - o que justifica o estupro de muitas, independente da etnia - ou ela é a involuntária culpada por atrair a rapaziada, doida pra sentir seu sabor exótico.

E não esqueçamos que isso tudo passa de pai, mas, principalmente, de MÃE pra filha. E filho também. Costumo brincar (sempre com fundo de verdade) que você critica um menino por pegar numa panela hoje e o chama de 'viado' (machismo e homofobia, lembra?), mas quando ele cresce, a mulherada sente falta de um homem que cuide de casa (por igual e não só auxilie, como um favor), e se cozinhar, caras, vai encantar muitas!



No mais, mulheres ainda são muito criadas pra serem princesas Disney na infância e rainhas do lar no resto da vida (a menos que estejam em posição (UIA!) de sensualidade, aí, pensar em família com uma mulher que não é 'pra casar' pode estragar tudo. Pelas vítimas do estupro, pelas vítimas de violência doméstica, pelas vítimas do preconceito, pelas vítimas do racismo, pelas vítimas da gordofobia e tantas outras formas específicas de se oprimir as mulheres é que eu digo. Sou um homem feminista! Não tenho medo que isso afete minha personalidade, minha masculinidade e muito menos meu caráter. Lugar de mulher é onde ela quiser. Não somos donos delas e
feminismo não é a conspiração feminina pra destronar o machismo, é apenas a busca pelo respeito que o homem não precisa se esforçar pra ter.

Ah, e machismo é uma armadilha, ok? Toda vez que um machista se afasta de sua tchurminha, ele vai ser contestado, ou seja, torna-se orgulhoso, conservador e não pode ser quem é. A espontaneidade se torna uma necessidade de ficar se auto-afirmando machão que eu já disse 'passo' há muito tempo. Não se afirma aquilo que se é, apenas continua sendo e a sociedade vai ver.  

sexta-feira, 7 de março de 2014

Prefeitura de Macaé: Campanha em homenagem às mulheres traz símbolo em formato de pênis



Isso só pode ser o pior ato falho do mundo! Ou seria ato fálico?

Jane Estanislau Roriz, subsecretária de Políticas para as Mulheres de Macaé, levou um susto quando sinalizada pela equipe do jornal O Dia, quanto à figura essencialmente masculina justamente na homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

Ligada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, ela prometeu levar a questão à Prefeitura de Macaé e à equipe que criou a campanha.

Isso é uma picx, gente! Tem que mudar isso aí muito rápido, caras! Como fazer campanha para as mulheres com um 8 de março nessa... er... posição?

Tem que ver isso aí, porque ou foi uma enorme (UIA!) falta de atenção, ou foi uma trollagem só igualada ao mestre jedi Sifo-Dyas, citado por Obiwan Kenobi, em Star Wars II - Ataque dos Clones.

Antes que pensem que é uma coincidência linguística, os produtores já foram sinalizados, mas deixaram rolar, pelo bom humor. Dizem. Rá!

sexta-feira, 8 de março de 2013

O absurdo do feminismo: Luta por direito igualitário


Muito fácil é dizer que não é pra ter um dia só especial para as mulheres, mas que todo dia seria dia delas. Muito fácil, cômodo, demagogo e preconceituoso. O dia 8 de março não é o dia internacional da mulher porque elas precisam de um dia, ideia que seria facilmente refutada com simples argumentos de que todos somos iguais ou o quanto mulheres são importantes na nossa criação, desde a geração, gestação e educação. Moça, isso é ser machista. Aliás, uma reflexão de fim de parágrafo: Já parou pra pensar em como as mulheres são criadas pra ser perfeitas donas de casa, e não para ter uma vida aventureira como pilotar carros, motos e aviões ou simplesmente trabalhar fora?

O caso é que o dia em si já foi comemorado em datas diferentes, meses diferentes, etc. Mas, institucionalizou-se no dia 8 de março a partir da Revolução Russa (apesar das diferenças do calendário gregoriano para o Juliano, sendo neste último o dia 23 de fevereiro). O dia foi marcado como o símbolo da luta da mulher trabalhadora russa e início da supracitada revolução em 1917. O dia cairia em desuso, e, estando obsoleto politicamente, ganhou vertentes comerciais, quando os homens tinham por tradição presentear e homenagear as mulheres, tal qual o dia das mães ou o dia dos namorados. O dia, com o significado social da luta por respeito igualitário, veio a ser resgatado com a revolução feminista, já na década de 1960.

Na boa, claro que é mais uma data comercializada, como o natal, o próprio dia das mães ou a páscoa. Fato, os valores dessas datas foram deixados de lado porque vendem muito bem. Agora, vou falar para aquelas mulheres-bibelô, que reclamam não ter o respeito dos homens, mas usam de datas assim pra se sentirem adoradas, como troféus ou artefatos similares: Moça, você é machista. É como a mulher que reclama de situações tipicamente femininas, com o argumento de que se não obedecerem certos hábitos, os homens não vão gostar. Ou como a mulher que exige respeito igualitário, mas aceita as regalias que a sociedade do patriarcado oferece, como descontos em casas noturnas e o conjunto de cuidados masculinos chamado cavalheirismo.

Apenas para motivos de esclarecimento, não, o feminismo NÃO é uma tentativa radical e separatista de tomar o poder do patriarcado. Não é uma oposição ao machismo, embora, de certa forma, seja sim um intento de tirar alguns direitos dos homens, como, por exemplo, o direito masculino de comandar a vida feminina, de decidir o que faz de uma mulher santa ou puta, enfim, deixa os machistas perdidinhos sem poder direcionar as mulheres para onde bem querem pra se sentirem infantilmente superiores. A coisa não é um golpe de estado, tente ver o lado da Mulher-Maravilha, ela sai de uma ilha onde só as mulheres comandam para mostrar ao mundo machista o paradoxo de ser uma diplomata – nascida na Grécia, terra da democracia – com todo o aparato físico e psicológico para guerrear se preciso. Claro, o traje dela é um pouco machista demais, mas isso é explicado pelo fato de ela ter sido concebida por um homem.
 
Curiosidade momentânea: Esse homem é William Mouton Marston, nada menos que o criador do polígrafo – o famoso aparelho “detector de mentiras”, que serviu de protótipo mecânico para o laço da verdade da maravilhosa. Teria ele concebido a ideia de um herói que triunfasse sobre o mal com um diferencial, não seria com os punhos, mas com a diplomacia, a verdade e a justiça. Teria dito Elizabeth, sua esposa: Ótimo, mas faça-lhe uma mulher. Juntando isso ao potencial educativo de um personagem assim, nasceu Diana, amazona, diplomata e princesa de Themiscyra. Aquela que veio criada para mostrar ao mundo o potencial do novo modelo de comportamento feminino e seu lugar de valor no mundo. Como uma igual, ou você nunca reparou que ela é das raras super-heroínas com poderes e origens próprias? Quantas mais não são apenas versões femininas de heróis já pré-estabelecidos?

Mulheres, vamos lutar contra os padrões opressores da sociedade, mas colaborem, porque é muito fácil defender seus direitos iguais, mas aceitar cuidados e favores da sociedade só porque são mulheres, é como estampar no sutiã roxo uma placa de cores vivas com os dizeres: SEXO FRÁGIL – ESTE LADO PARA CIMA. Sendo assim, mulheres-fruta/comida/objeto não estão aqui relacionadas, por serem instrumentos a serviço do machismo, embora, as portas estejam abertas para quando resolverem lutar pela sua dignidade ao invés de usar seu corpo para ganhar em cima do regime que as trata como pedaços de carne.

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