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sexta-feira, 6 de março de 2015

Mariah Carey e o Colorismo

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Linda, né? É negra. Ela mesma que diz.
Chupem, racistas e coloristas raciais!

Basicamente, temos que traçar dois paralelos aqui. Brasil x EUA.

No Brasil, temos a cultura do embranquecimento, o que faz com que a etnia negra seja vista como um defeito, um resquício do passado ‘ruim’ do Brasil (e, na minha opinião, uma atitude subliminar de esquecer o quanto tentaram dominar o negro e se viram cercados. Então, parabéns, colonizador, se somos maioria da população neste país, é graças a VOCÊ! #chupaopressor). Dada a escravidão e a resistência da população em geral de querer se identificar com o grupo social que foi escravizado e depois largado pelas ruas e favelas, temos esse quadro negro pálido de giz.

Daí, muito negro quer ser 'moreno', 'mulato', ‘pardo’ e essas coisas, já que a miscigenação permite vários tons de pele e texturas de cabelos convivendo. E também muito ‘não-negro’ acaba usando esses termos como quem acha que chamar de negro seja atribuir defeito, feiura ou pouca evolução ao coleguinha. Mas existe um problema nisso tudo: A maioria enxerga apenas a cor da pele e não pensa na etnia, na genética da coisa. A biologia é parte importante pra essa discussão, mas não é tudo. Não sejamos simplistas de achar que racismo é apenas olhar a cor e falar um eufemismo condescendente e hipócrita. Vamos pegar o avião e chegar chegando nos EUAses.

Nos EUAses (gosto mesmo de falar assim) não, lá, se tiver um dos pais negro, você é negrx. Não sei de onde vem - tenho a teoria particular de que pra separar mesmo, na cultura da escravidão deles - por isso, a própria Mariah se assume como negra, mesmo tendo mãe branca de origem irlandesa e pai negro, de origem venezuelana. Cheguei a assistir a uma entrevista dela, há muitos anos (cof – velho - cof), descrevendo como ficava branca perto da mãe, curtindo todos os privilégios, ao passo que virava negra, quando com o pai, notando toda a resistência dos racistas em ver um negro andando pela rua sem arrastar correntes. Lá, 'uma gota' de sangue negro torna a pessoa negra de origem (não esqueça aquele relato sobre Paris Hilton, dizendo que ao perceber que Vin Diesel – sim, ele também - tem parte genética negra, correu dele como quem quisesse comprar uma câmera com captação noturna de imagens). Olha essas fotos do ator (não sei se por truque, mas essa prática de raspar a cabeça e esconder a raiz crespa é muito utilizada por aqui, tipo o esticamento de ferro químico).

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Por falar em biologia, não existe etnia 100% biologicamente, já que o mundo dá muitas voltas e a humanidade já tem séculos e séculos de história. A coisa passa por uma questão ideológica também. Ué, Saga, você não ia falar de biologia? Tá falando agora em ideologia? Sim, meu pequeno gafanhoto. Vem daí que vem a crítica ao colorismo, essa ideia de que apenas um tom de pele determina que a pessoa é negra. Tem a questão biológica e a ideológica. Tem a crítica ao colorismo, como forma de desqualificar a autenticidade da negritude na maioria da população, como se negro fosse apenas o que nasce na África. Eu mesmo, por exemplo, já fui chamado de ‘marrom-bombom’ (foi uma cantada, mas você percebe o que eu disse lá no início, de elogiar não chamando de negro), ‘mulato’, ‘moreno’, ‘moreno-escuro’ (dá pra acreditar nessa?) e afins.

SOU NEGRO! Tenho sangue espanhol? Tenho. Mas tenho sangue angolano também. Olha pra mim e veja só como NÃO sou europeu. Pense em como eu seria recebido na terra dos meus bisos (trisos, tataras... sei lá o nome). Acha mesmo que eu ia chegar lá e ser recebido como um autêntico europeu do clã dos Garcia? PATAVINAS QUE IA! Lembra do que Diego Costa sofreu na Copa 2014? A seleção espanhola inteira fracassou, mas foi o brasileiro naturalizado espanhol que virou ‘macaco’ nos twitteresses da vida. “Volta pra África, então!”. Eu nunca estive lá, que eu me lembre – infelizmente e por enquanto – mas creio que seria muito melhor recebido lá do que na Espanha, mas estou divagando. 

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Voltemos ao assunto. Colorismo e esses eufemismos são tentativas de se diluir a negritude, desde sempre, da escravidão e desenvolvida como política de Getúlio Vargas, que criou a ideia de que somos todos mestiços por uma cultura de que não há negros. Era uma medida política e ideológica de se criar uma identidade própria, pegando carona na inegável mestiçagem que rolou e rola por aqui. Mas o negro está por aí, miscigenando sim, mas mantendo sua cultura, suas origens. É nessa parte que entra a ideologia. Por exemplo, como eu poderia ser ‘mulato’ sendo da mesma ‘cor’ que Malcolm X, Martin Luther King Jr. e Nelson Mandela? É por aí.

Este texto me fez lembrar de uma passagem futebolística do passado. Um narrador se referiu a um jogador de sobrenome Rincón dizendo não se tratar daquele colombiano que jogou por Corinthians e Palmeiras ‘aquele é moreno’. E ao ser corrigido por um comentarista ‘mas ele é negro’, disse ‘você que está dizendo’. Como quem diz ‘você que xingou ele’. Uma outra teoria que tenho sobre isso é a subconsciência que a população aceita pela grande mídia. Se não há nem 10% de negros numa novela – que não seja sobre escravidão – então, a população não se reconhece lá. Fica fácil não querer se associar a um grupo invisível, não é? Nessa levada, também atribuo a isso a tal auto-declaração, pra concursos e outros certames. Muito negro não se vê negro, porque aprende que isso é um estereótipo, uma caricatura, um mote de piadas e violências.

Fred Rincón, o 'moreno', na descrição do narrador.

Assuma-se, diga não ao colorismo. Quem se esconde dá munição ao preconceito. REFLITA!

Ah, e sobre as gêmeas que deram o que falar essa semana, não tem como a filha de um negro, mesmo com mãe branca, ser branca. Ela é negra de pele clara. Há até quem defina esse tom como sarará. Eu mesmo tenho um caso assim em família.


Tem também o caso de Camila Pitange, que disse já ter cansado de ouvir 'mas você é tão bonita, como pode dizer que é negra?', porquê? Porque o raio do maldito colorismo quer escalonar negritude de acordo com textura de cabelos e tom de pele. Tipo, se ela é 'clara', tem cabelo mais puxado pro liso natural e nariz fino, logo, o que ela está fazendo assumindo um defeito que poderia ser escondido, né? Isso que é o tal do famoso racismo velado. Ele não se assume, nem sabe que está lá, muitas das vezes. Mas, chega de papo, já dei o recado. Agora vamos falar de coisa boa. Camila.

Camila, com o pai, Antônio e o irmão, Rocco.



E mais um pouco de Mariah.



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