Crônicas, divagações e contestações sobre injustiças sociais, cultura pop, atualidades e eventuais velharias cult, enfim, tudo sobre a problemática contemporânea.

Mostrando postagens com marcador depressão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador depressão. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Depressivos na depressão


Acho que a juventude não entendeu muito bem o sentido de 'depressão'. Acho que confundem isso com sarcasmo. O humor mordaz é o que não se priva de soar 'mal humorado' pra fazer graça. Por exemplo, aquele seu amigo ou parente que se destaca por ser engraçado demais, mas sem dar um sorriso, saca?

Mas, de uns tempos pra cá, é um tal de páginas no Facebook e sites pela internet com o complemento 'na depressão', que irrita. Porque, na prática da coisa, esses conteúdos são irônicos, no mínimo. Mas sabe qual é minha opinião sobre a proliferação exacerbada de tanta pose de depressivo/hipster/gótico/apaputaqpariu? Modinha, ou melhor, a contra-modinha, que só sai de uma direção diferente, mas acaba se precipitando numa outra modinha.

Deixa eu explicar melhor, isso me veio logo após o texto anterior, quando dei uma passeada sobre impressões acerca da juventude que se deixa levar por um visual e atitudes chocantes, por necessidade de auto-afirmação. Isso vem do desejo de muitos jovens e se mostrar o contrário de suas influências diretas. Quando um pai é muito conservador, é perfeitamente plausível que, mesmo que por um curto período, seu filho engendre para o lado do liberalismo. É como aquela turma politizada que sempre é oposição, até quando um candidato da oposição se elege. Veja bem, não estou dizendo que é uma regra, apenas um comportamento comum (viu? UM - disse 1 - comportamento comum, não O comportamento).

Mas, vá lá, vai vendo aí, a busca por um estilo próprio faz as pessoas correrem atrás do que a maioria não vai. E depressão é uma coisa que a maioria não procura. Voilá! Uma horda de depressivos achando que estão fora do mainstream, mas, sem perceber, criaram um novo grupo que, justamente, é o mainstream. O que um hipster tem por característica básica? Fã de Los Hermanos e imagens bucólicas? Talvez, mas, mais básica ainda, é a característica de querer estar na vanguarda dos acontecimentos culturais e têxteis do mundo. Daí, assim como o Rock N' Roll, depois o Heavy Metal, seguido pelo Punk, Grunge, Nu Metal e depois o tal do Alternativo (por exemplo), agora muitos só querem ser diferentes, e quando suas "descobertas" ganham o grande público, largam de mão e vão procurar outra novidade pra inventar.

Assim, eles vão fugindo do que é 'pop', mas nada foi criado com alguma originalidade já há uns 20 anos. É como a moda, você pega uma bata e costura diferente do que era nos anos '1970, pronto! Você está na moda retrô. Hoje, não se busca a pose de mau ou subversivo, mas sim, de intelectualóide. Tomemos a banda da Anna Júlia como exemplo. Integrantes já afirmaram que, confrontando críticas quanto a seu estilo, responderam "bom e velho rock n' roll? bom e velho é Papai Noel'. Você tem direito a opiniões, mas quando você acha que pode fazer qualquer coisa e rotular com o que te convém, você está se achando um formador de opinião dos piores. Eles mesmos já falaram, há anos, que Iron Maiden, por exemplo, seria pop, já que suas músicas tinham a mesma estrutura de qualquer canção pop (letra, refrão, letra, refrão, solo, refrão).

Até faz sentido, mas o que os faria não pop, então? Pop é popular, não necessariamente modinha. Muito mais moda, hoje em dia, é uma banda se dissolver, vender caralhadas montes de ingressos a preços pouco camaradas, cada um seguir suas próprias carreiras pra, depois, anunciarem seu retorno por curta temporada, pra vender mais um porrilhão de ingressos e assim vai.

Vá assistir filme iraniano pra confrontar a cultura pop ocidental judaico cristã, morde fronha!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Não é bipolar... É internet!

A internet está a cada dia mais ampla e mais interativa, o que faz com que as pessoas fiquem mais interativas entre si, em relação a veículos de informação - oficiais ou não - e diante veículos que não fazem parte da internet, mas que souberam se inserir nela pra sobreviver a esse novo nicho, ao mesmo tempo, mundo.

O que nos leva ao objetivo deste texto medíocre... A rapidez com que pessoas saem da depressão para a euforia e para a depressão.

Bipolares? Não, não acho. Só acho que a informação viaja tão rápido que atrai certas características que não estávamos acostumados. Por exemplo, muita notícia o dia inteiro resulta em mídia de celebridades e suas grandes novidades de praia, água de coco ou "flagra" na night com pessoas agarradas. Também faz com que a violência fique banalizada... Você tem a sensação de que aquilo está se arrastando sem progressos, mas é só uma notícia com atualizações de uma frase e meia a cada hora. Enjoa.

Agora vem o pior de todos... Redes sociais. Sim, você está pensativo e republica uma foto com algum pensamento supostamente de Clarice Lispector, ou Daniel San, tanto faz. Fica feliz porque alguém curtiu e compartilha aquela mensagem de saudades de quem se ama. Ninguém curte, porque está compartilhando algo mais que pintou na linha de tempo, e você parafraseia Cazuza e Lobão lamentando que a vida voltou a normal, que é manchete popular e tem vontade de chamar alguém de palhaço. De fato você o faz, compartilhando outra fotinho debochada. Aí, a página engraçada que você curtiu é comandada por alguém que não se atém muito a temas e compartilha, dentro da página de humor, uma mensagem do tipo "estou sozinho, será que alguém sozinho também pensa em mim?".

Só então, você percebe que metade das páginas "de humor" do Facebook, por exemplo, têm 'depressão' no nome. É uma modinha imbecil que achou de reavivar algo que os góticos já faziam há uns 40 anos. Repito, a velocidade de informações diferentes passando pelas nossas caras faz isso. Pessoas se acham depressivas, deprimidas, bipolares e até infelizes de vez. Besteira! Acontece que muita gente deixa de pensar e passa a só repassar o que vê na tela. Ninguém quer exercitar o pensamento, a auto-estima ou opiniões. É vício. Você pressiona por meio segundo a tecla "k" e você está demonstrando achar graça de algo compartilhado. Enquanto isso, sua feição é austera já procurando a próxima foto/frase pra curtir, compartilhar e comentar com inúmeros "k", "fatão" ou qualquer outro clichê (iniciar o coment com "#" é opcional, pois alguns sabem o que é hashtag, a maioria nem sabe como é o Twitter).

Internet é como uma droga, você passa muito tempo ali consumindo, perde noção de tempo, de impessoalidade, se acha um personagem do Second Life dentro de sua própria vida de Facebook (Second Face?!) e quer um rótulo pra si. Quer pertencer a uma tribo. Nada de estranho quando se é adolescente, só que isso levava mais tempo antes. Você saía, conhecia gente, olhava, era apresentado por alguém, ia conhecendo, ia formando sua personalidade infanto-juvenil enquanto se apegava a um universo próprio... normal. Agora, é um bando de marmanjo metido a hipster depressivo que não se mata, só se veste esquisito e só larga do pc pra beber o toddy que a mamãe preparou. Você se sente entediado, vazio e não acha graça em quase mais nada quando gruda no computador. Tudo vai passando e você só quer compartilhar o próximo tópico.
Powered By Blogger