Crônicas, divagações e contestações sobre injustiças sociais, cultura pop, atualidades e eventuais velharias cult, enfim, tudo sobre a problemática contemporânea.

Mostrando postagens com marcador marvel. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador marvel. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Disney, Marvel, Fox e essa zorra toda



Quando a Marvel esteve na m... ela vendeu os direitos de várias de suas marcas para outros estúdios para pagar dívidas e não falir. Com isso, não podia usar alguns de seus mais lucrativos personagens de quadrinhos nos cinemas, como Homem-Aranha (vendido à Sony), Quarteto Fantástico e X-Men (vendidos à Fox).


A ironia é que a Marvel, sem seus medalhões, começou a apostar em personagens famosos nas HQs, mas não tanto fora delas, como Homem de Ferro (sua primeira empreitada, em 2008). E a coisa de certo! Reergueu a carreira de Robert Downey Jr. e alavancou o Vingador Dourado ao primeiro escalão dos heróis na cultura pop (sério, nas HQs ele é bem um fdp narcisista e manipulador, não esse adorável mimado dos filmes).


Mas a questão aqui é como a Disney/Marvel vai se virar tendo de volta seus pesos pesados, já que seu universo cinematográfico está bem fundamentado nos não-famosos. E não é só questão de adicionar que tá tudo certo. Deu certo com o Homem-Aranha, porque o personagem simplesmente nunca tinha sido mencionado até esse acordo que o trouxe até os Vingadores.


Mas com o universo mutante a coisa se complica mais. Não só pela zona que é a cronologia dos filmes (personagens que mudam de ator, cara, etnia e idade de um filme pra outro), mas por uma política que só posso classificar como birra, por parte da Marvel.

Acontece que não tendo os mutantes à disposição (Wolverine, X-Men, Deadpool, Magneto, etc), a Marvel Comics (quadrinhos) fez uma verdadeira 'limpa' em seu conteúdo mutante. Mercúrio e Feiticeira Escarlate continuaram irmãos (porque também fazem parte do universo dos Vingadores), mas deixaram de ser filhos mutantes de Magneto e sim, humanos geneticamente modificados, filhos de ciganos, por exemplo.

Muitos mutantes fora mortos, desapareceram ou tiveram suas origens alteradas pra deixarem de ser mutantes. E sabe porquê? Porque não era interessante para a Marvel investir no sucesso de uma franquia lucrativa que não lhe traria grana e sim para outro estúdio, no caso, a Fox, no caso, recém comprada pela mesma Disney que comprou a Marvel há alguns anos.

Isso causou alguns acertos como o investimento em franquias totalmente desacreditadas, como os Guardiões da Galáxia. No estilo franco-atirador, a Marvel levou fé e se deu bem com os próprios Vingadores, que não eram tão badalados assim nas HQs (não no nível da Liga da Justiça, da DC/Warner). Aliás, graças a esse universo, nasceram até os Agentes da S.h.i.e.l.d, liderados por Phil Coulson, personagem criado exclusivamente para o cinema e que agradou tanto que já foi incorporado aos quadrinhos.

Agora é que são elas: A Marvel tanto fez para sufocar os mutantes que até investir em absurdos, como substitui-los pelos Inumanos, ela fez... Mas, e agora que os filhos do átomo voltaram? Até o Quarteto foi posto de lado e separado nos gibis, pra nã alimentar a concorrência... Aguardemos os próximos capítulos.



PS.: Com a compra dos estúdios Fox, pela Disney, agora temos, num mesmo conglomerado: Fox (Os Simpsons, Family Guy), Marvel (Vingadores, X-Men), Lucasfilm (Star Wars, Indiana Jones) e Pixar (Toy Story, Os Incríveis), sem contar com a própria galera do camungongo que possui um cachorro de estimação e anda com um outro cachorro e um pato. 

Cuidado pra não descobrir que aquele seu vídeo bêbado na festinha também pertence á Disney. Ou ao vereador Waldisney.


PS²: Se eu fosse o Pateta, denunciava o Mickey por escravizar um da minha raça. Se bem que se eu fosse o Pateta, não perceberia por ser muito... er... Pateta. Rá!




segunda-feira, 6 de junho de 2016

Guerra Civil II: O negro é o primeiro a morrer de novo

marvel10n-5-web

Ser preto não é fácil quando a gente olha pras capas de revistas, filmes, novelas, etc... Sempre é uma brancaiada que faz parecer que vivemos na Suécia ou na Holanda, saca, um país de maioria branca com um negro aqui e outro ali. Já falei disso aqui muitas e muitas vezes. Mas agora o enfoque é outro, também já falado aqui, mas tem um gancho diferente, juro.

A questão é que Guerra Civil II vem com uma premissa interessante. Há 10 anos, a Marvel pegou influência no governo Bush - quando determinou o controle de informações pessoais alheias para prevenir o país contra o terrorismo - e colocou os dois pesos pesados dos Vingadores num conflito de ideias - e depois, de sopapos - acerca da liberdade de ser. Você deve se lembrar, ou pelo menos estar acompanhando a boa repercussão da leve adaptação cinematográfica de Guerra Civil: Uma ação descuidada de um grupo de heróis do quinto escalão da editora termina com um terrorista se explodindo numa região escolar, matando muita gente inocente e muitas crianças nesse meio. Rapidamente, Tony Stark reage propondo o cadastramento de todos os heróis para que sejam responsabilizados por seus atos e treinados de acordo com as normas do governo. Basicamente, seriam agentes federais.



Já o Capitas se posicionou contra. Ao contrário do que o senso comum propõe, seu nome e seu uniforme não fazem dele um capanga do governo ufanista, mas um defensor dos ideais que ergueram seu país, ou seja, a liberdade acima de tudo. Então, Capitão América passa a agir de forma clandestina e a antiga divisão de heróis e vilões muda, agora a divisão era pró registro ou contra. Mas no meio da treta toda, aparece um personagem de menor relevância apenas para ser morto por um andróide criado por Stark para simular os poderes de Thor. O sintozóide fica muito louco e lança uma marretada trovejante nos peitos do Golias. A essa altura, lendo minhas edições aqui, eu já tava me perguntando porque um personagem negro, minoria absoluta dentre os personagens de quadrinhos de todos os tempos, tinha que ser exterminado assim, só pra virar muleta dramática de roteiro? Não tinha nenhum outro personagem branco, desses milhares de figurantes de luxo? Fiquei boladaço, mas eu não podia fazer nada.





A Guerra Civil seguiu, o Capitas morreu, Tony Cachaça ganhou, mas saboreou uma vitória amarga e milhares de mega-sagas depois, temos Tony, de novo, contra um capitão... ou melhor, uma Capitã, Capitã Marvel. Agora a treta é outra: Um inumano (espécie de ser poderoso do universo Marvel, mas diferente dos mutantes) é descoberto na Terra e tem o poder de prever o futuro, mas não pode ter a mente lida. Carol Danvers resolve recrutá-lo pra criar uma unidade de prévia ação, evitar que desastres ocorram. Tony Pinga já acha que o garoto pode não ser confiável e lados vão se posicionando. Acontece que no meio do furdunço, morrem a Mulher-Hulk e Jim Rhodes, o Máquina de Combate e amigo de Tony Xiboquinha. Mais uma vez o confronto ideológico de dois heróis se agrava quando um personagem negro é atingido por um adversário muito mais poderoso do qual não fazia ideia de que ia enfrentar. Junte a isso ao que eu só posso achar que é uma menção ao fato, quando Rhodes leva um raio lançado pelo Visão que era pra pegar no Falcão (que desvia). Tipo, ia acertar um negro, então acertou outro por engano. Um ser super poderoso (Thor-Robô/Visão) atinge de forma exagerada um personagem negro desavisado (Golias/Máquina de Combate). A boa notícia é que War Machine não morre na versão cinematográfica.



Tipo, quando é pra matar alguém, eles matam o preto, já entendemos. O que me dá um pouco de revolta é quando as pessoas vêm reclamar de mudança de etnia em personagens antes brancos. Veja bem o que eu já falei antes em outro contexto, chiaram com o Tocha Humano negro no filme mais recente do Quarteto Fantástico, mas sabemos que nada na sinopse do personagem determinava que ele tivesse que ser branco, apenas foi criado assim visando seu público mais comum na década de 1960 nos EUAses. Agora o pessoal tá se rasgando por Tessa Thompson ser a Valquíria no vindouro Thor: Ragnarok. Ela é negra e vai interpretar uma personagem nórdica e a galera veio ao delírio. Eu, porque a mulher é linda e 'eles' porque Valquíria nunca poderia ser negra, sendo uma personagem baseada na mitologia nórdica. Sobre isso eu digo: RI-DI-CU-LO! Sabe porquê? Primeiro que essa coisa de etnia não pode ser levada ao pé da letra e a maioria dos personagens só é criada branca porque a maioria dos seus criadores são brancos, visando um mercado numa sociedade dominada por brancos, onde o branco é maioria.



Veja bem, se a etnia ou nacionalidade de um personagem precisasse ser levada a ferro e fogo, Thor não poderia ser interpretado por um australiano, Loki não poderia ser vivido por um britânico e indo mais longe, a descendente latina Jessica Alba não poderia ser a caucasiana Mulher-Invisível. Mas sobre isso ninguém chora. John Boyega protagonizou um Star Wars? Choradeira racista de fazer gosto. Ou seja, o problema não é mudar a etnia o personagem, é ser preto. A nova Hermione de Harry Potter (na continuação da saga, no teatro) é preta, ninguém deixa mais a mulher em paz mesmo a própria autora tendo vindo a público dizer que adorou a mudança e que ela nunca estabeleceu mesmo que tinha que ser branca. Aconteceu também com uma personagem de Jogos Vorazes. Soube de gente que inclusive tinha lido o livro, com um trecho bem detalhado sobre a cor da pele e textura de cabelos da personagem, ainda assim, se indignando com a atriz negra lá na telona.



Acho que a Marvel poderia usar seu viés mais realista pra aproveitar e usar isso em sua nova Guerra Civil. Mas, antes, poderia dar um jeito nessa contradição de agora Tony big apple ser o cara do contra, coisa que encheu a paciência de Steve Rogers na primeira série tendo até convencido o Homem-Aranha a revelar sua identidade e tals... mas de resto, eles poderiam mesmo usar essas 'coincidências' de roteiros que parece estar em algum manual do roteirismo pra filmes, séries e HQs. Teve até uma reunião de personagens negros meio que pra discutir que parada é essa de só preto morrer na bagaça. Pensa bem, se só aparecem uns 2 negros a cada 20 brancos, como somos tão azarados pra sermos os primeiros a levar o tiro na linha de frente?



Enfim, não vou ler agora, talvez eu acompanhe depois que estiver toda lançada, porque acompanhei a primeira e me ferrei tendo que comprar um monte de revistas periféricas pra saber de tudo que aconteceu na série principal, cujas revistas eram bem fininhas só com a linha principal, com a ação de verdade espalhada por milhares de tie-in's (aquelas continuações paralelas que respingam em outras séries).



terça-feira, 26 de maio de 2015

Tocha Humana negro no cinema



"Ain, ele é negro, não pode", "Ain, é porque o Obama é presidente", "Ain, isso é cota"... E mais um monte de mimimi racista irracional (perdão pela redundância). Primeiro, sim, ele é negro, o ator Michael B. Jordan foi escalado pra viver Johnny Storm/Tocha Humana na próxima investida na franquia Quarteto Fantástico. Tendo em vista que o personagem sempre foi loiro nesses, sei lá, 50 anos de Quarteto, até quando sua primeira versão era um robô auto-inflamável.



Pois bem, vamos falar sobre a segunda questão: Interpretação. Não sabemos nada sobre a interpretação que vem aí, assim como não sabíamos como Robert Downey Jr, se sairia, e acabou virando um Tony Stark até mais carismático que o original dos quadrinhos. Um outro exemplo, ainda mais emblemático sobre isso é o ator Chris Evans, que atualmente vem a cada filme se firmando mais como Steve Rogers/Capitão América na franquia própria e nos Vingadores. Evans, caso você tenha distraído nível ninja master, era o próprio Tocha dos filmes anteriores, sendo irmão de Sue Storm, Jessica Alba, naquela oportunidade. Oras, Jessica Alba não é branca, mas não teve essa chiadeira, né?



"Ma, Saga, porque quando um personagem é interpretado por um negro chiam tanto?". Eu sei, mas não sei. Ou melhor, sei porque reagem assim, mas não sei porque isso acontece. Tenho a teoria de que nerds, assim como o senso comum conservador, não gosta de mudanças pra não sair de sua zona de conforto e ter que buscar novos conhecimentos, porque não saber tudo de um universo, significa não ter domínio sobre algo, o que pra muitas pessoas é tudo na vida. Então, quando você vê negros andando livremente por onde só andava branco ou coisa assim, isso demonstra pro conservador que existe um mundo aí com muito mais informação do que o que ele absorveu, mas esse papo tá ficando muito psicoterapêutico. Vamos voltar ao noticiário.

Image result for tocha humana chris evans jordan

Como eu sempre falo, o que não pode é mudar o cânone original do personagem. Não poderia haver um Bátema fútil e vestido de tartaruga (Bats, lembra?) ou um Homem-Aranha rico e esnobe usando poderes pra ganhar dinheiro. Não seriam, respectivamente, Bruce Wayne e Peter Parker. Mas se forem negros ou índios... acho muito válido até que sejam diversificados. Um exemplo é no já citado Homem-Aranha, que em sua versão 'ultimate' é negro de ascendência latina, Miles Morales. Aliás, está se falando por aí que uma próxima investida no aracnídeo de nossos corações pode ser protagonizada pelo menino Morales. Ele é um garoto pobre com uma vida social pra cuidar e sua responsabilidade em ajudar quem precisa com os dons que possui. ISSO É HOMEM-ARANHA, sacou? E um negro pobre de subúrbio é um Peter Parker tão bom quanto um branco pobre de subúrbio, saca? Tem que ser o garoto lidando com sua vida pessoa e sendo 'atrapalhado' pela identidade secreta.



Mas se muda a etnia e a etnia não é o que faz o personagem ser quem é... "Ain... mas se o Pantera Negra fosse branco, vocês iam dizer que é racismo". Sim, mas não pela mudança de etnia em si, mas pela mudança do cânone que constrói o personagem. Por exemplo, Peter (Parker) e Johnny (Storm) são jovens de Nova York, um talento científico, meio tímido e o outro, um fútil garotão playboy. Tanto faz se são brancos ou negros, Peter é o típico nerd loser dos filmes adolescentes e Johnny é uma "Paris Hilton de calças". Agora, T'challa, o rei de Wakanda, que leva o título nobre de Pantera Negra, esse TEM que ser negro. Não que nós, negros, não gostemos que mudem os poucos negros dos quadrinhos, mas porque estamos falando aqui de um governante de um pequeno país fict´[icio na África. Neste caso, ser negro é parte fundamental do personagem, assim como a Tempestade, que se não for uma jovem queniana que cresceu em dificuldade e toda a história restante dela, não faria sentido.



Veja os X-Men, por exemplo, os mutantes são o maior exemplo de inclusão, porque é parte fundamental de um mutante Marvel ter a carga de discriminação na sociedade. É uma série que vislumbra debates sociais (bem bagunçada hoje em dia). Tá certo, não sei porque só os filhos do átomo são discriminados num universo onde metade da população do mundo ganhou poderes estranhos até por radiação e não são odiados como os caras que já nasceram com seus poderes de mutação genética, mas enfim... Hugh Jackman não se parece em nada com o Wolverine dos quadrinhos. Alto, com pinta de galã... em nada lembra o baixinho peludo e brucutu selvagem das HQs. Mas o anti herói de passado confuso, humor seco e bom coração disfarçado de mau humor está ali. Não virou outro personagem, apenas uma nova versão dele. E acho que é isso que está acontecendo com o Tocha.



O finado Michael Clarke Duncan, que fez um excelente Rei do Crime no tosco filme Demolidor: O homem sem medo, de branco nas HQs, virou negro e continuou o frio e cruel mafioso do submundo de Nova York. É isso. Como o próprio Michael B. Jordan falou, o mundo é um pouco mais diversificado na mídia em 2015 do que era na década de 1960, quando o universo Marvel despontou nessa leva que está agora nos cinemas e Netflix (Homem-Aranha, X-Men, Quarteto Fantástico, Os Vingadores, Luke Cage, Demolidor, etc). Se Sue é irmã adotiva, seja lá qual for a solução que vão dar pra essa diferença racial, não me interessa, desde que seja algo plausível. Eu, por mim, ainda acho que seria mais legal que os irmãos Storm fossem, os dois, negros. Qual seria o problema? O Quarteto sempre teve esse clima família, então seria muito justo. Imagina, o Coisa com origem hispânica ou indígena... Os X-Men tiveram isso e alguns dos personagens mais queridos dos quadrinhos não são estadunidenses natos, brancos, de 1,90m de altura e olhos claros.



E existem outros exemplos recentes, como Jamie Fox ter se tornado Elektro (Homem-Aranha) e Idris Elba sendo Heimdal (Thor). Sem esquecer Nick Fury (Samuel L. Jackson). Tem também o vindouro Esquadrão Suicida, com um Pistoleiro negro (Will Smith). Mas, no geral, gostei muito da proposta e já aguardo possíveis confirmações para o antes citado Miles Morales no cinema, ou numa série e também, o filho do Will Smith como possível Super Choque (essas coisas eu só acredito depois que tem trailler). Isso é representatividade. Um branco não sente falta porque, numa festa á fantasia, por exemplo, ele pode ir fantasiado com mil opções. O negro não tem essa gama toda de personagens, então quando pinta uma opção, é menos uma 'ué, mas o herói não é preto' pra mostrar que não podemos usar a fantasia que bem entendermos, porque até aí seremos 'postos no nosso lugar' de exclusão e mera plateia.



Powered By Blogger