Crônicas, divagações e contestações sobre injustiças sociais, cultura pop, atualidades e eventuais velharias cult, enfim, tudo sobre a problemática contemporânea.

Mostrando postagens com marcador racista. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador racista. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Bolsonaro: Não é posicionamento político, é falta de caráter e respeito

Jair Bolsonaro esteve recentemente diante de membros de uma entidade hebraica propagando seu racismo, homofobia, misoginia e a imbecilidade que engloba todo esse retardo mental seletivo do ser humano social (para risos da platéia, o que me preocupa muito, em se tratando de integrantes de um grupo que sofrera com o mesmo ódio, no caso, o nazismo/fascismo).

Ele é um imbecil porque quer, e defende-lo apenas faz com que brotem mais imbecis. Tratá-lo como 'figuraça' só porque ele fala o que muitos pensam, mas não têm a mesma cara de pau de falar é banalizar um crime atrás do outro, é endossar a violência que esses grupos ofendidos (negros, gays, mulheres, pessoas em geral) por ele sofrem por aí na rua todo dia.

Aliás, Bolsonaro não é extrema-direita, é extremamente verme. Não é um posicionamento político isso que ele propaga. É falta de caráter e de um mínimo respeito pela vida alheia, pelo ser humano. Pra mim, poucos são indefensáveis como esse monstro fascista. Parabéns, Bolsonaro, entrou para o rol das maiores aberrações que uma vida em sociedade pode criar. E parabéns a seus defensores e apoiadores, pois nunca tinha visto uma devoção tamanha a um pedaço de bosta como estou vendo.

Mas e daí, é liberdade de culto, né? Você adora bosta, adora artista, adora marca de roupa... A cocaína tá aí há tempos com um grupo de seguidores que não cessa, por exemplo. Não quer dizer que seja bom, só que tem adeptos. Mas respeito mais um doente viciado, porque ele tem um problema que pode ser curado. Bolsonaro e seus asseclas não. Esse tipo de xiita não tem conserto.

Não me importa se mesmo depois do golpe você ainda acha engraçaralho ofender Lula ou Dilma (ignorando que quem tá enfiando o pé-de-cabra no seu rabo é o outro grupo, o que DEU o golpe e não quem saiu), o que me importa é fazer a seleção natural que a natureza não fez, deixando bolsonaros e bolsonecas para trás na história (pelo menos no meu perfil de facebook).

Dentre outras, Bolsonaro se referiu a 'fraquejada' ao falar que de seus cinco filhos, a caçula é uma mulher, usou a unidade de medida de peso 'arroba' (usada comumente para gado) ao falar de comunidades quilombolas e disse que de reservas indígenas, quer a desocupação de lá dos nativos brasileiros porque estão sobre agluma riqueza que ele poderia explorar, vindo a ser presidente. É tão alucinado esse lunático que promete liberar porte de armas de fogo a cidadãos, corte de verba para ONGs, enfim, o Brasil naquela pindaíba violenta e falida que era na ditadura, sob a maquiagem da mídia apoiadora de golpes políticos (globo, sbt, record e band, estou apontando pra vocês agora). 

Aquilo tudo que qualquer candidato retardado faz, porque seus fãs, igualmente retardados acreditam e não sabem quais são as atribuições e área de atuação de um presidente, achando que presidente é uma espécie de dono da fazenda, rei do castelo, sei lá. Não me incomodaria se Bolsonaro fosse só um maluco falastrão, o que assusta é que tanta gente - muitas por perto - dão razão a ele. Hitler deve estar rindo horrores no inferno católico. Aliás, quem garante que saindo da sede da Hebraica-RJ, ele não voltou no carro fazendo piadas nazistas com sua plateia de lá, aqueles que riram como se ele fosse um comediante de stand- up da nova geração? 

Quer defender o Bolsonaro? Mesmo com tudo que ele fala e faz contra a sociedade, com seus preconceitos criminosos e com apoio de muito pseudo-líder religioso manipulador da fé e da (falta de) auto-estima alheia? Beleza.

Se você é do tipo que fala "caraca, ele é maior figura", "ele me representa", "ele fala o que eu penso", "Bolsonaro presidente"... Só me avisa nos comentários pra eu fazer uma parada aqui, rapidão. 

Valeu? Valeu.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Guerra Civil II: O negro é o primeiro a morrer de novo

marvel10n-5-web

Ser preto não é fácil quando a gente olha pras capas de revistas, filmes, novelas, etc... Sempre é uma brancaiada que faz parecer que vivemos na Suécia ou na Holanda, saca, um país de maioria branca com um negro aqui e outro ali. Já falei disso aqui muitas e muitas vezes. Mas agora o enfoque é outro, também já falado aqui, mas tem um gancho diferente, juro.

A questão é que Guerra Civil II vem com uma premissa interessante. Há 10 anos, a Marvel pegou influência no governo Bush - quando determinou o controle de informações pessoais alheias para prevenir o país contra o terrorismo - e colocou os dois pesos pesados dos Vingadores num conflito de ideias - e depois, de sopapos - acerca da liberdade de ser. Você deve se lembrar, ou pelo menos estar acompanhando a boa repercussão da leve adaptação cinematográfica de Guerra Civil: Uma ação descuidada de um grupo de heróis do quinto escalão da editora termina com um terrorista se explodindo numa região escolar, matando muita gente inocente e muitas crianças nesse meio. Rapidamente, Tony Stark reage propondo o cadastramento de todos os heróis para que sejam responsabilizados por seus atos e treinados de acordo com as normas do governo. Basicamente, seriam agentes federais.



Já o Capitas se posicionou contra. Ao contrário do que o senso comum propõe, seu nome e seu uniforme não fazem dele um capanga do governo ufanista, mas um defensor dos ideais que ergueram seu país, ou seja, a liberdade acima de tudo. Então, Capitão América passa a agir de forma clandestina e a antiga divisão de heróis e vilões muda, agora a divisão era pró registro ou contra. Mas no meio da treta toda, aparece um personagem de menor relevância apenas para ser morto por um andróide criado por Stark para simular os poderes de Thor. O sintozóide fica muito louco e lança uma marretada trovejante nos peitos do Golias. A essa altura, lendo minhas edições aqui, eu já tava me perguntando porque um personagem negro, minoria absoluta dentre os personagens de quadrinhos de todos os tempos, tinha que ser exterminado assim, só pra virar muleta dramática de roteiro? Não tinha nenhum outro personagem branco, desses milhares de figurantes de luxo? Fiquei boladaço, mas eu não podia fazer nada.





A Guerra Civil seguiu, o Capitas morreu, Tony Cachaça ganhou, mas saboreou uma vitória amarga e milhares de mega-sagas depois, temos Tony, de novo, contra um capitão... ou melhor, uma Capitã, Capitã Marvel. Agora a treta é outra: Um inumano (espécie de ser poderoso do universo Marvel, mas diferente dos mutantes) é descoberto na Terra e tem o poder de prever o futuro, mas não pode ter a mente lida. Carol Danvers resolve recrutá-lo pra criar uma unidade de prévia ação, evitar que desastres ocorram. Tony Pinga já acha que o garoto pode não ser confiável e lados vão se posicionando. Acontece que no meio do furdunço, morrem a Mulher-Hulk e Jim Rhodes, o Máquina de Combate e amigo de Tony Xiboquinha. Mais uma vez o confronto ideológico de dois heróis se agrava quando um personagem negro é atingido por um adversário muito mais poderoso do qual não fazia ideia de que ia enfrentar. Junte a isso ao que eu só posso achar que é uma menção ao fato, quando Rhodes leva um raio lançado pelo Visão que era pra pegar no Falcão (que desvia). Tipo, ia acertar um negro, então acertou outro por engano. Um ser super poderoso (Thor-Robô/Visão) atinge de forma exagerada um personagem negro desavisado (Golias/Máquina de Combate). A boa notícia é que War Machine não morre na versão cinematográfica.



Tipo, quando é pra matar alguém, eles matam o preto, já entendemos. O que me dá um pouco de revolta é quando as pessoas vêm reclamar de mudança de etnia em personagens antes brancos. Veja bem o que eu já falei antes em outro contexto, chiaram com o Tocha Humano negro no filme mais recente do Quarteto Fantástico, mas sabemos que nada na sinopse do personagem determinava que ele tivesse que ser branco, apenas foi criado assim visando seu público mais comum na década de 1960 nos EUAses. Agora o pessoal tá se rasgando por Tessa Thompson ser a Valquíria no vindouro Thor: Ragnarok. Ela é negra e vai interpretar uma personagem nórdica e a galera veio ao delírio. Eu, porque a mulher é linda e 'eles' porque Valquíria nunca poderia ser negra, sendo uma personagem baseada na mitologia nórdica. Sobre isso eu digo: RI-DI-CU-LO! Sabe porquê? Primeiro que essa coisa de etnia não pode ser levada ao pé da letra e a maioria dos personagens só é criada branca porque a maioria dos seus criadores são brancos, visando um mercado numa sociedade dominada por brancos, onde o branco é maioria.



Veja bem, se a etnia ou nacionalidade de um personagem precisasse ser levada a ferro e fogo, Thor não poderia ser interpretado por um australiano, Loki não poderia ser vivido por um britânico e indo mais longe, a descendente latina Jessica Alba não poderia ser a caucasiana Mulher-Invisível. Mas sobre isso ninguém chora. John Boyega protagonizou um Star Wars? Choradeira racista de fazer gosto. Ou seja, o problema não é mudar a etnia o personagem, é ser preto. A nova Hermione de Harry Potter (na continuação da saga, no teatro) é preta, ninguém deixa mais a mulher em paz mesmo a própria autora tendo vindo a público dizer que adorou a mudança e que ela nunca estabeleceu mesmo que tinha que ser branca. Aconteceu também com uma personagem de Jogos Vorazes. Soube de gente que inclusive tinha lido o livro, com um trecho bem detalhado sobre a cor da pele e textura de cabelos da personagem, ainda assim, se indignando com a atriz negra lá na telona.



Acho que a Marvel poderia usar seu viés mais realista pra aproveitar e usar isso em sua nova Guerra Civil. Mas, antes, poderia dar um jeito nessa contradição de agora Tony big apple ser o cara do contra, coisa que encheu a paciência de Steve Rogers na primeira série tendo até convencido o Homem-Aranha a revelar sua identidade e tals... mas de resto, eles poderiam mesmo usar essas 'coincidências' de roteiros que parece estar em algum manual do roteirismo pra filmes, séries e HQs. Teve até uma reunião de personagens negros meio que pra discutir que parada é essa de só preto morrer na bagaça. Pensa bem, se só aparecem uns 2 negros a cada 20 brancos, como somos tão azarados pra sermos os primeiros a levar o tiro na linha de frente?



Enfim, não vou ler agora, talvez eu acompanhe depois que estiver toda lançada, porque acompanhei a primeira e me ferrei tendo que comprar um monte de revistas periféricas pra saber de tudo que aconteceu na série principal, cujas revistas eram bem fininhas só com a linha principal, com a ação de verdade espalhada por milhares de tie-in's (aquelas continuações paralelas que respingam em outras séries).



quinta-feira, 2 de abril de 2015

Vagabundo é f... pensa que humor está acima do bem e do mal


Um babaquinha dessa leva recente de pseudo-artistas/humoristas/qualquer coisa assim lançou um vídeo com um título se referindo a esses memes racistas ‘nego isso, nego aquilo’. Não vou dar ibope pra isso sequer mencionando o nome da coisa e da bosta fumegante que com certeza é. Não vi e não gostei, até porque é mais um daqueles que defende o humor ofensivo e repete trozobas políticas conservadoras que não têm vez aqui. Sendo assim, vou logo ao assunto.


Se vocês viram esses memes, certamente, já perceberam que não são piadas tão inocentes quanto os mentirosos preconceituosos querem desesperadamente empurrar, né? Pois bem, ali, são fotos de negros, pessoas, que estão sendo usadas como alvo. Muitas delas são agressivas de muito branco por aí achar pesado e babaca. Foto de negro até com deficiência pra ilustrar expressões que são costumeiras desde a escravidão, mas que ganham a cara de qualquer um. Qualquer um no sentido que se usa a expressão e no sentido de que as pessoas gostam de se defender ofendendo os outros, que não eles mesmos.

Veja bem, do mesmo jeito que se usa a expressão ‘nego/neguim...’, pelo menos aqui no RJ, também se fala ‘vagabundo...’. Então, vamos propor o seguinte: No lugar de ‘nego’, use ‘vagabundo’ e no lugar da foto de alguém desconhecido (que provavelmente é filho, irmão, sobrinho, pai, amigo de alguém), use uma foto de um amigo seu, de um parente seu, ou alguém de seu convívio. Por exemplo, crie uma montagem/meme com ‘vagabundo é foda’ e poste uma foto de sua própria mãe ali. Repasse aos amiguinhos de internet, nos grupos de whatsap e nas páginas de facebook. Vá ver sua tchurminha politicamente babaca rindo dos seus. Veja se é engraçado a qualquer custo. Você não vai fazer, né? Porque sabe que é ofensivo. Só não se importa com os outros. O riso dos outros ou o choro dos outros.


Dizem que negro que contesta esse tipo de ‘humor’ é alguém que se faz de vítima, mas, peraê, bátema, se EU sou o ofendido e a “piada” tá ali pra todo mundo ver que faz referência direta, como que a culpa é minha e não de quem quer a todo custo arrancar risadas constrangidas apontando pra alguém e falando ‘haha, você é preto’? Não entendi a lógica. Mas, em todo caso, fica a dica: Crie um meme com algum dos seus e exponha-o à rajada de risadas. Tenho certeza de que muitos vão te dizer que é engraçado. Quero ver você ir contra a turba preconceituosa quando for um dos seus ou você mesmo sendo alvo da maldade. Vagabundo é f... acha que humor é uma entidade acima da lei. Liberdade de expressão é isso, Mané, você fala o que quer, depois vai ter que responder por isso, porque uma parte muito importante da Constituição é omitida nessas horas, se é que é conhecida. O direito de resposta é garantido e proporcional ao agravo.



Quanto ao babaquinha que citei no início, bem, é mais um na inclusão digital da aula de biologia:  QUALQUER MICRÓBIO COM UMA CÂMERA GRAVA O QUE QUER. Isso não é arte, é só mais um palhaço querendo fazer o gentili, se travestindo num personagem a La lobão pra chamar atenção e puxar saco da mídia que adora essa provocação a grupos historicamente discriminados. Se é tão inteligente, faz piada com o opressor, lamber as botas dele é só subserviência.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Frases de pseudo-defesa do racista


Vamos separar aqui alguns clichês reaças pra discorrermos sobre o assunto? Caso tenha faltado algum, fique à vontade pra sugerir outros que, dependendo do montante, eu produzo até uma segunda parte, ok? Essas são as frases que eu mais ouço e leio por aí quando estou exercendo minha miitância ou apenas alguma pesquisa pra me equalizar na informação. Pensei em fazer uma cartelinha, tipo bingo, pra você ir marcando cada vez que ouve essas atrocidades, mas outra hora eu vejo isso. Rá!

"E eu tenho culpa por ser brancx?

Você chega prx reaça e cai na besteira de tentar explicar o que é racismo. Fatalmente, precisa falar que é um sistema de dominação estabelecida pelo europeu, onde o caucasiano criou pra si uma situação de privilégio por ser caucasiano à medida que detona o negro, por ser negro. Aí, elx sai com essa: “E eu tenho culpa por ser brancx?”. Não sei vocês, mas eu desanimo ali mesmo. Broxa toda minha vontade de conversar, caras. Não tanto pela ignorância, mas pelo reconhecimento velado de que a pessoa sabe que goza de uma situação diferenciada, mas é tão avoada que nem percebeu isso. Deve ser triste viver assim, no automático, reproduzindo frases sem ter pensado nelas. A pessoa branca quis me convencer de que eu vejo racismo em tudo, e fala como se eu tivesse algum recalque por ser negro e não branco, com ela. Já demonstrou seu complexo de superioridade aí mesmo, filhx. Não falo mais nada.

“Hoje em dia não se pode fazer piada de preto que chamam logo a gente de racista”

Essa é das boas. Eu também não poderia enfiar a mão na cara de uma cavalgadura dessas sem responder por agressão, sendo mulher, não poderia agredir sem cair na Lei Maria da Penha e não poderia fazer nenhum ataque à religião, sexualidade ou qualquer outra condição social alheia sem pegar muito mal. Pensando bem, em que mundo esse ser vive onde o legal é maltratar as pessoas e quem exige respeito é o chato? Vai viver pra sempre na sexta série mental fazendo comentário pejorativo com os outros pra se sentir menos medíocre? Cresça, reaça.


“Vocês vêem racismo em tudo”

Sim, vemos racismo em tudo. Machismo em tudo. Homofobia em tudo. Não existe o não racismo, não existe um mundo onde não sejamos discriminados. Não existe um mundo onde um atleta branco, rico e famoso seja xingado por sua etnia predominante e as pessoas ainda achem que isso é normal. Não existe lugar onde um branco chegue e seja tratado como empregado e mandado pro elevador de serviço, visto como bandido ou que as pessoas se afastem se agarrando a seus pertences. Brancos não são presos só por serem brancos andando na rua. Isso tudo é coisa de preto. Olha pra TV, pras revistas, pros comerciais diversos... Diga quantos negros você vê ali sendo apenas pessoas. Não, você não vê isso. Então, sim, racismo está em tudo. Não é porque não tivemos conflitos armados ou um grupo racista famoso e explícito que não temos racismo em toda parte aqui. Só não vê quem é conivente com essa prática.

“Se eu colocar uma camisa 100% branco, vão dizer que é racismo”

Essa é uma variante do ‘porque não tem dia da consciência branca? Isso é racismo inverso’. Bem, não há camisa 100% branco porque não há parada do orgulho hétero, , também pelo mesmo motivo não há dia internacional do homem e nem se comemora o dia do patrão. Lemas como 100% negro não são lições de biologia e nem desaforo contra não negros. É apenas uma afirmação de identidade num país onde há a população negra mais numerosa fora da África e, no entanto, vê seus cabelos ridicularizados, seus narizes e lábios motivo de alegorias em carnaval, tem sua religião ‘endemonizada’, onde sua etnia predominante é motivo de piada e essas coisas. Talvez seja difícil pro branco ou o não negro entender, pois, seu grupo não é discriminado dessa maneira, logo, eles não precisam de afirmação. Onde chegarem, serão ‘normais’. Serão ‘aquele de camisa listrada’, ‘aquela de cabelo preso’ ou ‘aquela perto do carro vermelho’. Nós não, nós seremos ‘aquelx pretx ali’. Por isso precisamos dessa afirmação, principalmente pra passarmos isso para aqueles que acatam o modelo eurodescendente e perigam repassar essa baixa auto-estima a seus filhos.

“Cotas raciais são favorecimento, o problema é social”

Essa é uma das minhas preferidas (?!), pois sempre pergunto o porquê de falarem isso e os argumentos NUNCA mudam. Depois de um tempo, percebi que não era só a falta de conhecimento, era a iminência de uma confissão de racismo, mas orgulhosa demais pra retirar o que disse. Por exemplo, dentro desse contexto, vemos as maiores atrocidades. Dizem que as cotas vão dar um passaporte ao negro para a formatura, dizem que vai tirar a vaga de quem estudou por mérito próprio (olha só, meritocracia e racismo andando lado a lado), dizem que cotista entra por favor e não por estudo, descolam logo um antepassado negro pra justificar que não precisaram de cotas ou pra dizer que não há etnias, somos todos mestiços. Depois de tanta lambança, eu explico que são vagas adicionais, que existem cotas para alunos de escolas públicas também e que problema social é um termo genérico como ‘doença’. Vivemos numa sociedade, jovem, TODO problema que acometer o grupo ou UM grupo será social, porra. Para de falar besteira. No mais, cotista tem que estudar tanto quanto o não costista, vai disputar com a ampla concorrência e é uma medida 125 anos atrasada. Só porque passou muito tempo, não quer dizer que tenhamos que deixar pra lá. É direito nosso enquanto brasileiros. E o pior, sempre que eu vejo alguém falar essas besteiras, é gente que não precisa de cotas. Apenas não gosta de ideia da exclusão do negro ser revertida.


“Não somos divididos em raças, somos todos humanos”

Essa eu vejo muita gente dizer. Tem um palhaço (que descanse em agonia fora do meu Facebook) que nem tem argumento. Sabe o tipo de pessoa que acusa o negro de egocentrismo e vitimização ao mesmo tempo que posta fotos “sensuais” pra se mostrar disponível para atividades fogosas? Pois é, o famoso contra-ataque. Se você é carente de atenção, não vai querer ver ninguém tomando os holofotes sem pensar que é uma afronta, não é? Pois é isso, essa desqualificação das etnias nada mais é do que uma maneira de não querer ver o coleguinha tendo o reconhecimento que o outro não precisa reivindicar, pois já nasce com. Sem falar no racismo, né? Afinal, porque se incomodar tanto com a militância alheia, se a pessoa já postou seu orgulho em ser branco? Sei lá, eu não me incomodo com lutas alheias, aliás, até apoio, homofobia, machismo, antissemitismo... tamos aê pra acabar com toda essa opressão. O fascista se incomoda conosco.

“É só uma piada, você quer a volta da censura”

Dizer que algo é só uma piada é o mesmo que dizer que uma TV é só um aparelho. Digo, não explica nada, não defende nenhum ponto de vista e nada mais é do que uma tentativa de vencimento pelo cansaço na conversa. Uma piada é uma peça de comunicação. E, como tal, ela não é imparcial, ela tem uma ideia residual. Um jornal pode publicar até a prisão de seu patrocinador, mas vai fazê-lo de modo ameno, sem acusações, e é aí que se esconde a falsa ideia da imparcialidade. Pra não jogar contra, joga-se de bola baixa. Agora, quando é pra atacar um desafeto do patrocinador, aí, vão com tudo e o acusado vira o anticristo. Piada é assim. Ela pode ter o intuito de fazer rir, mas é a ideologia do piadista ali. Se é racista, seu dono o é. E volta de censura não tem nada a ver com isso. Censura era quando o governo ditador controlava o que podia e não podia ser publicado de acordo com sua repressão ideológica. Criticar um idiota por não conseguir fazer piada que não ofenda não é censura. É até um ato de justiça social.

“O negro que vendeu o negro”


Eu disse que o papo de cotas era meu preferido? Esquece! Esse papo de que o negro é que produziu o racismo e a escravidão é que eu gosto mais de contestar. Veja bem, saganauta (hein?!), segundo esses entendidos em história, o negro pegou e vendeu seu próprio povo, depois pulou no navio, veio para o Brasil (se não chegou já morto), levantou esse país no braço, trocou umas chibatadas por aí (possivelmente, o início do sado-masô) e... sei lá, criou o Samba e a macumba, né? Auehaiuheauiehiau. Só rindo desses caras. É tipo quem embarca nessa onda de Princesa Isabel a boazinha e Zumbi o escravocrata. Ignoram que comunidades em peso ajudavam quilombos a resistirem. Fico pensando no que o português fez, apenas ficou olhando como quem vê o Chapolin lutando com uma múmia de trapos e ainda falou ‘oras, Joaquim, estes crioulos estão a agir da mesma maneira que aquels índios, desmatando tudo e nós apenas a olhar, coitadinhos de nós, que atravessamos o oceano pra vê-los acabarem com suas terras’. Rá! O colonizador virou expectador passivo da história e não o opressor que violentou vidas por gerações, né? Sei, só observo

"Não sou racista, tenho amigos pretos"

Olha, essa foi muito reproduzida ultimamente e ganhou uma variante. Depois da patricinha racistinha ter ofendido o goleiro Aranha e a globo ter descolado amigos pretos pra defenderem elas todas (a patricinha e a emissora), veio Silvio Santos e falou 'com esse cabelo' pra uma atriz de 11 anos quando esta falou sobre planos de se tornar cantora ou continuar atriz ao crescer. Ela deu um belo comentário sobre seu amor por seu cabelo crespo e eu tive ainda a oportunidade de ver um coió dizer que Silvão não foi racista porque a menina é contratada do SBT. Caras, taí a resposta do racismo velado, né? Então, pelo raciocínio (?!) do bastardo, nenhum senhor de engenho era racista, né? Todos os escravos deles eram pretos e nem batiam em todos eles. Oras... E pra terminar, se você tem amigo preto e é racista, você é um ser humano ainda pior. Não tão pior do que o preto que te atura falando merda.

Powered By Blogger