Crônicas, divagações e contestações sobre injustiças sociais, cultura pop, atualidades e eventuais velharias cult, enfim, tudo sobre a problemática contemporânea.

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quarta-feira, 1 de julho de 2020

Até que a Sorte nos Separe 3: O Amor Salvou o Brasil


Seguindo a linha "vou falar de filmes aleatórios", me deparei com um belo exemplar daquilo que chamo de "ideia show, execução bleh". Até que a Sorte Nos Separe 3 - A Falência Final é um grande exemplo disso. Porque, veja, de 2000 pra cá, dois anos após o lançamento do oscarizável, e tocante,  Central do Brasil, tivemos Cidade de Deus e Tropa de Elite (I e II), entre outros. Alguns destes foram fenômenos históricos de popularidade e outros bem esquecíveis. MAs este aqui chama à atenção por ser muito mal aproveitado.

Tino e família voltam neste longa já calejados pelas perdas financeiras que tiveram na vida. Tino está cada vez mais Homer Simpson (que emburrece a cada episódio pra gerar mais piadas pastelão). Se ainda fosse emburrecer pra ser uma sátira ao cidadão comum, com as ironias, acertos e erros a que está suscetível em nossa sociedade, seria um ganho. Coisa que, aliás, o próprio Homer era no começo, tendo virado pretexto apelão de entretenimento fácil bem depois de ter feito o nome de sua família ganhar o estrelato na (antes contra-)cultura pop.

Bem, depois de ter virado simplesmente um cara gordo que fala feito garoto mimado e fazendo piadas de peido, sexo, careca e outras intelectualices, Tino consegue ser atropelado enquanto vendia biscoito na beira da estrada. A 'sorte' dessa vez, é que o autor (culposo) do atropelamento é o filho do cara mais rico do país. Uma óbvia referência a Thor Batista, que atropelou e matou um ciclista há alguns anos (saindo de boas do processo) e seu pai, Eike Batista. A mãe do jovem é uma socialite ex-modelo, numa nítida referência à Luma de Oliveira.

E o filme ensaiava um rumo meio desengonçado desse plot, até ali, interessante. Mas o filme deixa de parecer esquentando pra encontrar seu auge pra se tornar o tal desperdício de ideias que falei lá no começo. Os diretores Roberto Santucci e Marcelo Antunez pareceram ter escolhido o caminho fácil para o país onde até alguns anos atrás, ainda usava como piada mulheres seminuas e piadocas sobre escatologias, palavrões e pastelões. Nada contra, só acho que isso deveria estar a serviço de alguma informação. De preferência, cumprindo o papel do humor, que é a quebra das expectativas.

Por exemplo, aqui não tem uma história bem estruturada, mas poderia. Um cara acostumado ao fracasso consegue se reerguer com apoio do sogro milionário da filha mais velha e acaba falindo ele e o país. Plot interessante, pra quem já viu os dois primeiros filmes da franquia. Mas, na última hora, descobrimos que as trapalhadas de Faustino apenas desmascararam uma trapalhada maior e muito mais séria do tal sogro da filha, Rique Barelli. É exatamente isso que acontece, mas a coisa é conduzida de uma forma tão pasteluda que só consigo pensar que é um episódio mais alongado d'Os Caras de Pau (co-estrelado por Leandro Hassum também).

É complicado mesmo fazer humor pensando em inteligência e referências, já que o povo brasileiro é condicionado há séculos, a se alimentar do que é mais fácil e mais mastigado. Culpa de um sistema educacional que não nos leva a questionar, ou mesmo refletir. Senso comum impera e quem gosta de um filme pra pensar minimamente, fica sem. Vai assistir séries, onde o público é mais seleto. Cinema brasileiro é pra arrancar dinheiros de bilheteria e não se pode arriscar perder um Homer sequer de ingresso com piada que depende de questionar e interpretar. Boa alguém peidando ou fazendo careta aê.

E é assim por umas duas horas. Vemos um plot maneiro ser desperdiçado em virtude da fácil aceitação e vendas de bilhetes. Mas até nisso, há uns exageros bem bizarros. Como é que pode o mecânico Adelson aceitar voltar a seu alter-ego Jaques (o estilista) porque a cliente é a musa da Playboy Malu Carmo (esposa de Rique), os dois agirem como se não se conhecessem, e no final, acabam descobrindo que são conterrâneos de Nova Iguaçu, tendo sido até namoradinhos na adolescência? Explica essa porra, Bátema!

Outras incongruências:

- Gosto totalmente duvidoso o momento que Tino e Amauri vão até a presidenta Dilma Houssef. Piadas com as tais "pedaladas fiscais", até que vai, mas usar termos como 'mulher-sapa' pra fazer trocadilho entre o análogo 'homo-sapiens' e piadinhas sobre a sexualidade de uma mulher só porque ela não é uma dondoca ou um símbolo sexual foi de uma sexta-sérizice sem tamanho.

- Não entendi até hoje, porque Tino fica tão impressionado com o boneco que Amauri traz no carro, pra 'enganar' bandidos. Essa mesma piada foi feita no primeiro filme. Aqui, ela só foi - desnecessariamente - estendida. Qual é, já entendemos a piada com o brinquedo lembrar Chuck (O Brinquedo Assassino). Agora, precisaram fazer o boneco ganhar vida numa alucinação de Tino.

- Aliás, esse final do filme começa uma sucessão de soluções fáceis tiradas dos... umbigos dos produtores que dá dó. Olha só a sequência:
---> O país vai ser apagado do mapa econômico mundial
---> Nora, a auditora fria e calculista, revela isso pouco antes de dizer que precisa de sexo com Amauri
---> O casamento de Teté e Tom é transferido pro sítio do avô do noivo
---> Daniel Filho dá um sermão genérico culpando ricos e pobres pela crise
---> Juninho, filho do meio de Tino, revela que tem muita grana por views em seu canal de games no Youtube e dá de presente pra irmã poder casar
---> Teté e Tom discutem porque ambos esconderam segredos um do outro e Teté foge
---> Tino bêbado vai atrás de Teté que fugiu pro aeroporto
---> Tino convence Teté de que ficar com quem se ama durante uma crise é o melhor a se fazer  ---> Nora, que estava perto deles, decide que o Brasil não merece ser apagado da economia

Na moral, o filme começa com uma analogia às trapalhadas nas decisões imprudentes de Eike Batista e termina com uma agente do FMI da vida cancelando uma penalização econômica porque presenciou o amor de uma família e decidiu que todos merecem uma segunda chance. hahahaha

Numa próxima eu falo de O Candidato Honesto 2 ou O Suburbano Sortudo pra falar de um melhor aproveitamento de uma ideia de humor político e social. Este aqui, confesso que assisto sempre que passa, mas não perco de vista que é bem ruinzinho.

Fique sempre pra assistir aos erros de gravação. Kiko Mascarenhas com crise de riso é contagiante. Queria vê-lo num episódio do UTC qualquer hora dessas. Rá!

quarta-feira, 24 de julho de 2019

O Rei Leão e a sociedade (nova versão)



Eu tenho uma reflexão – epifania, insight, sei lá – há alguns anos sobre o clássico da Disney, O Rei Leão, e já mencionei por alto em alguns textos, postagens e conversas informais. Segundo minha filha, inclusive, isso ‘acabou’ com sua infância (risos). Pois bem, sempre pensei em transformá-la (a reflexão, não minha filha) em em um artigo devidamente publicado e o momento é agora, com o advento do remake do filme, 25 anos depois.

Não que eu pretenda assistir à nova produção – quer dizer, vou acabar assistindo em algum momento – mas além de não suportar sequer lembrar da morte de Mufasa, acho que a releitura com uma roupagem mais ‘realista’ não me atrai tanto quanto o próprio original. Digo, não acho nada lá que precise de uma atualização para as novas gerações. Ou melhor, acho que o antigo ainda é novo, atemporal, enfim, traços que um verdadeiro clássico precisa para ser considerado um... er... clássico (dah!).

E ainda complemento o raciocínio dizendo que o tal estalo (de percepção da fábula, não do Thanos – Rá!) ganhou contornos sociais mais complexos em minha visão de adulto diante de uma reprise há alguns anos. Veja bem, eu tinha uns 12 anos quando saiu O Rei Leão nos cinemas, então, mesmo com uma trama intensa carregada por uma das animações mais bem feitas que já vi, deu pra perceber que a história fala de responsabilidade, de assumir seu lugar onde você pertence e transformar seu mundo num lugar melhor. Aquele papo de redenção a que todas as obras Disney se propõem a fazer dentro dos passos da Jornada do Herói – ou Monomito – de Joseph Campbell.

E é citando a palavra mito que já digo de cara que a tal reflexão é que além da história do herói que passa por percalços, dúvidas e inseguranças, mas precisa tomar as rédeas de sua própria vida e de seus entes queridos, o período eleitoral de 2018 me deixou, além de muito esgotado psicologicamente, também com a oportunidade de “viajar” em uma interpretação pessoal da vida sobreposta à obra felina dos Estúdios Disney. É, é sobre a sociedade e como ela vê seus líderes. Ocorre-me sempre nessas horas uma piada que meu pai fez sobre essa coisa de novelas trazerem tantas interações pessoais entre pobres e ricos: "Rico convidando pobre pra uma festa? Só se for pra trabalhar".

Observe, no filme, que já no clipe de abertura, todos – TODOS! – os animais da savana africana correm para um evento que, sem enrolações, fica exposto que é o nascimento do filho do rei Mufasa e da rainha Sarabi, o leãozinho Simba, que será apresentado a seus súditos. Para alegria geral, seu Padrinho Rafiki não o arremessa lá de cima (sério, eu achei que era isso que ia acontecer na primeira vez que vi – risos de nervoso). Segue o cortejo.

Mesmo aos 12 anos, eu tinha umas questões de imaginação muito fértil (Fantástico Mundo de Bobby era quase sobre minha infância) e um questionamento que me apareceu na época era porque um babuíno estaria no meio de leões? Isso foi o que me fez pensar que ele ia jogar o filhote de leão lá de cima (e iniciaria uma cena de luta, perseguição e fuga animais – Rá!). Só muitos anos depois eu entenderia que eu não estava ainda imerso no maravilhoso mundo da suspensão de descrença (que é o termo usado pra definir quando você ignora certas normas da vida real pra embarcar na fantasia do filme).

Só que depois de grande e aprofundado em questões sociais, raciais e essas bossas, esse pensamento encontrou bagagem pra se desenvolver. O que eu apresento neste texto. Além de achar que o macaco ia aprontar alguma por fazer parte do grupo que os leões comem e não do que eles fazem amizade e se tornam compadres, reparei um raio de observação maior: O que aquele tanto de zebra, antílope, girafa e elefante comemora? Mais uma boca pra devorá-los? Sim, é uma fábula, um tipo de condução de história que usa animais para representar ações e sentimentos humanos, mas essa alegoria dá essa brecha. Não?

Vamos lá, na suspensão de descrença da minha visão sobre o filme: É a sociedade em sua essência. Temos diversos grupos, classes sociais, raças, etnias, gêneros e transgêneros e sempre tem aqueles grupos que praticamente nascem pra alimentar e os que são alimentados... de carne e/ou de riquezas materiais. Você imagina o filho do churrasqueiro nascendo e a boiada indo lá mugir de felicidade por mais um par de mãos pra conduzir garfos, facas, espetos e machadinhas? Pois na sociedade (sur)real acontece isso. 

Olhe pro lado e veja quantos pobres vibram e até brigam por líderes políticos e religiosos que nem ligam pra eles, apenas os enganam pra manterem sua fonte de renda ou, no caso dos leões, o sustento de sua família. Pois, se esses líderes os defendessem, iriam ironiza-los por 'gostarem de pobre'. Aliás, se você não enxergar os seguidores xiitas das classes opressoras, então, você é um desses. Rá!

Não estou dizendo que esta seja a mensagem oculta do filme, não é uma teoria da conspiração, é uma forma de interpretar em cima de uma obra feita. É quase... ou melhor, é um real exercício de imaginação, com alguma perspectiva forçada, no sentido de que não estou empurrando na mente de ninguém que o que eu penso precisa ser avaliado como representação real. É uma teoria aplicada na realidade. Como dizer que Super Mario é a alegoria da vida onde você pode consumir substâncias, juntar algum dinheiro, comprar coisas e ter cuidado com os obstáculos e criaturas desagradáveis no caminho em busca de quem você ama.

É isso, não quero reinventar a forma de se ver O Rei Leão, só estou dando vazão a uma inquietação que tenho há anos e esse remake já me serviu muito na vida por isso. Talvez eu queria ver a nova versão só porque o elenco está representativo e pop (Alô, Pantera Negra, alô, Marvel! TMJ!), mas é só. Sem o encanto Disney, Zebras e gazelas correm para o lado oposto ao do leão. A vida já é muito difícil com crocodilos, cobras e víboras pra gente ver um filho de rico nascer e correr pra lá pra aplaudir. A menos que sejam celebridades no Instagram. Ninguém resiste! NIN-GUÉM!

Ah, tem a questão do Scar. Ele sim é um leão mais condizente com a realidade. Em um encontro com as hienas – quando ele propõe o plano que vai dar cabo na vida de (R.I.P) Mufasa e espantar Simba pra bem longe do reino, deixando o comando em suas mãos. Aliás, esse universo é bem machistinha, se reparar bem. É sabido que leões são comandados por um líder, mas a rainha em nada conta na história e na ausência do marido e do filho é o cunhado quem assume? Suspensão da descrença, eu invoco você!!!

Hmm... viscoso, mas gostoso!

Mas, voltando, Scar é o vilão. Sim, ainda era um tempo maniqueísta, onde o bem é todo bem e o mal é todo mal. Não sem falhas dos dois lados, mas não há um aprofundamento em porquê Scar se tornou um psicótico egoísta assassino (mas sabemos que ele virou um belo tapete, como propõe Zazu, basta assistir à animação do Hércules, também da Disney). Independente disso tudo, no tal momento que Scar trama seu golpe de estado, ele arremessa um “agradinho” para seus cúmplices. Sabe o quê? Uma suculenta perna de zebra!

E aí, você consegue rever a cena de abertura e pensar em qual delas dançou pra que as hienas tirem seu pequeno petisco? Já imaginou onde está e quem deu jeito no resto do corpo? É isso aí mesmo que você tá pensando. Árvore que defende a motosserra, frango que adora a raposa e gente que chama político corrupto envolvido com criminosos de mito. O ciclo sem fim!

Vocês fora uÓtemos, galera, beijos no cérebro e, caso espirrem, saúde! Hakuna matata!

segunda-feira, 15 de abril de 2019

O Rei Leão e a sociedade



Vem aí um remake digital do clássico da Disney, O Rei Leão (1994). Bem, particularmente, até tenho alguma curiosidade em assistir, mas não vou procurar. Verei depois, dublado e com cortes na sessão da tarde (ou alguma outra sessão cinematográfica da TV aberta que não sei qual, já que a piada é que não assisto TV aberta). Enfim, acho desnecessário porque o original já disse tudo que precisava dizer e de forma linda e intensa. Aliás, original... (que nem é tããão original assim, já que foi drasticamente chupinhado da animação japonesa Jungle Taitei/Kimba, o Leão Branco), neam?

Mas a questão aqui não é nem isso, é que lá nos tempos da versão clássica, eu não tinha o poder nem a bagagem de observação da sociedade pra elaborar certas ironias que rodeiam minha periclitante psiquê. Lembro de quando a animação estava pra sair e várias fitas VHS que alugávamos ou comprávamos traziam o trailer com aquela belezura de imagem. Mais tarde eu soube que o estudo de paisagens e comportamento dos animais foi minucioso ao ponto de levarem animais para os estúdios a fim de serem retratados nos mínimos detalhes. Um preciosismo que só!

Mas uma imagem que nunca saiu da minha cabeça, mesmo quando eu, infantonerd juvenil em 1994, ainda não contestava os valores da tradicional família brasileira, foi a cena inicial dos animais da savana africana correndo pra reverenciar o filho do rei que acabara de nascer. Claro, pra ser democrático e representativo, era preciso criar laços e funções para diferentes espécie, se não ia ficar chato um montão de leões se engalfinhando e filosofando sobre a natureza e suas responsabilidades... Mas... caras...

Um passarinho é o conselheiro real, um babuíno é o curandeiro e padrinho do príncipe, zebras e girafas comemorando que nasceu mais uma boca pra morder seus lindos pescocinhos. Sim, O Rei Leão é uma bela mensagem sobre a vida continuar e nós seguirmos o fluxo de nossas vidas e responsabilidades, nosso lugar no mundo e quais, quais, quais...  Mas, basicamente, a coisa é retratada como uma grande família, coisa que não é. Aliás, alguém mais reparou que no início, as zebras estão prestando homenagens e algum tempo depois, o tio do guri lança uma perna de zebra para as hienas? Disso que eu to falando.

O normal seria correr pra longe, já que tem mais um predador por perto. O que me fez pensar na sociedade em que vivemos. Quantos pobres defensores de ricos você conhece? Quantas personalidades você não vê por aí sendo adoradas quando demonstram total desprezo pelo público, só aparecendo pra ganhar holofotes e grana? Quantos políticos não são endeusados e até chamados de mitos por gente que faz parte do grupo que eles querem ver pelas costas, na vala ou apenas bancando seu sustento parlamentar? E por aí vai, né? Bolsominion defendendo miliciano, preto adorando celebridade racista, mulher elogiando machista... A presa babando ovo do predador. Síndrome de Estocolmo? (aquela que o sequestrado cria laços emocionais com o sequestrador). Caça e caçador se amando.

É isso. Nas novelas, é frequente alguém rico namorar o pobre com amor verdadeiro e sofreguidão e o mais incrível é que o pobre não tem interesse na grana e o rico não liga para a própria grana. Claro, é muita catarse e vontade de viver nesse mundo idealizado, mas, como diz meu pai, "o dia que o rico convidar o pobre pra sua festa, vai ser pra trabalhar". Assim, finalizo parafraseando a ideia de que uma zebra comemorar o nascimento de um leão, é porque tem pouco amor à própria vida. Mas esse é o ciclo da vida, né? Tem uns que nascem pra morder e outros que nascem pra correr. Se você vai contra sua natureza, não vai ter hakuna matata que te salve.

PS: Ainda acho graça em ver Rafiki erguer Simba em seus braços e eu gritando "NÃO JOGA O LEÃOZINHO LÁ EMBAIXO, CARA!"

PS: Não assistirei. Não vou suportar perder Mufasa em alta definição digital graficamente computadorizada. Nem Animal Planet e Discovery eu aguento ver bicho sofrer.

domingo, 22 de julho de 2018

Para os pobres, bolsa-família. Para os ignorantes, bolsonaro



Jair Bolsonaro está há uns 50 anos participando de sucessivos governos como parlamentar e nunca teve uma mínima plataforma de governo pra ser, sequer, considerado candidato à presidência do país. Desde que me entendo por gente que ele sempre foi tipo o Enéas Carneiro, por ser mais conhecido apenas por uma frase de efeito, que com o bordão 'bandido bom é bandido morto'. Plano de matar, ok! Plano de educação, economia, cultura ou qualquer coisa construtiva que é bom, nada, né?

Está na cara que está sendo bancado ideologicamente por grupos conservadores que viram nele o meme perfeito pra desafogo do ódio social cotidiano que o cidadão tem pelas dificuldades da vida. É como lançar candidatura pra Hitler pregando o medo de judeus dominarem o país no senso comum.

Resumindo: É um imbecil de marca maior, mas que era 'inofensivo' antes de virar meme da direita caviar que arrota mortadela. Era um cachorro brabo latindo atrás de um cercado. Agora, com a popularização da internet no imaginário popular, ele se torna perigoso porque vai ser instrumento dos verdadeiros ditadores ideológicos religiosos e interesseiros que vendem vaga no céu através da dominação mental da maioria.

Usam fiéis como massa de manobra pra fazerem do Bolsoleca seu avatar à frente do governo do país. Nem precisamos ir muito longe, quando vemos o que um prefeito/líder religioso faz por sua galera quando chega lá no gabinete maior, né? Fala com a Márcia.

Resumindo ainda mais: Estamos muito ferrados só por esse tipo ser cogitado pra um cargo de tamanha importância nas transformações sociais. Cada um tem o Trump que merece e vai morrer muita gente de tiro ou de desgosto no processo.

E, quer saber? Morrer morreu! Um lado meu fica curioso pra ver uma merda dessas acontecer só pra esfregar na cara dos que hoje se acham entendidos de política por causa de discurso de ódio de internet (aqueles mesmos que antes do face e do zap achavam política uma coisa chata).

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

9 Manifestações políticas em eventos esportivos que entraram para a história

Tiago Leifert não para de disparar sua metralhadora giratória de abobrinhas. Na verdade, acho que ele é o novo Lobão, Roger Moreira ou sei lá... Se em vez de só alienar, ele direcionasse a opinião pra algum lado ideológico eu diria isso com certeza, mas como ele só quer desligar seu cérebro e curtir um bom jogo, acho que ele tá mais pro menino de apartamento que senta no carpete anti-alérgico pra jogar seu PS4/Xbox. E, pelo mau humor que tem demonstrado, parece que nem com macete tá conseguindo vitórias e tá descontando nos outros.

A última... ou melhor, mais recente – porque última eu duvido que seja – é que um atleta estadunidense, ao se manifestar contra a violência policial pra cima dos negros nos EUAses, tornou o esporte ‘chato’, porque, segundo o apresentador/colunista, manifestações políticas não combinam com esporte. Ele, segundo sua tese, só quer chegar em casa e assistir a um bom jogo sem precisar se incomodar com a desventura alheia. Sim, porque é isso mesmo que ele passa. Ele não se preocupa com os problemas dos outros, apenas quer passar imune aos problemas do mundo que não o afetam. Como esquecer do recente episódio onde afirmou que os participantes do BBB falam em representatividade estão falando à toa, pois não teriam recebido credenciais da população para serem representados? Aliás, quem foi que deu credenciais ao Tiago Leifert pra afirmar que a população não gostaria de ver mais representaividade?

Bom, como obviamente ou Tiago não tem memória, ou acha que eventos esportivos com manifestações políticas são tipo legume no lugar do seu sucrilhos, vamos lembrar rapidamente de alguns momentos que, em vez de chatos, pro pequeno Tiaguito, tornaram-se marcos históricos e símbolos de mudanças, mesmo que para gerações seguintes, tendo significado até retaliações por parte de governos. Afinal, será que a história aconteceria do jeito que acontece se todos deixássemos manifestações políticas de lado pra assistir novela, BBB ou jogo na TV? Vamos lá:

Colin Kaepernick – 2016


Primeiramente, fora temer, vamos falar do pivô – ou seria quarterback, rá! Sacou o trocadilho esportivo? – da situação toda: Colin Kaepernick. Quem é esse cara? Onde atua? De que se alimenta? Bom, pro texto não ficar tão chato quanto um evento esportvo com manifestações políticas, vou resumir: Kaepernick é um, segundo Tiaguito, ‘criador de problemas’ que está sendoa dor de cabeça de Trump e uma polêmica ambulante. Ele, em 2016, passou a não se posicionar diante da execução do hino estadunidense, sempre se ajoelhando ou se sentando em protesto contra a discriminação racial. Uns apoiam, outros acham que é um desrespeito à bandeira e eu digo que respeitar a bandeira de um país que mata seu povo seria contraditório. Segundo, Leifert, esporte é pra desligar-se da realidade e não para manifestações políticas. Bom, o cara (Kaepernick) fez sua manifestação na hora do hino e não interrompeu partida nenhuma pra discursar, se esse era o medo do menino the voice.

 Jesse Owens – 1936

Chupa, Hitler. Nem me viu!
Naquele ano, o nazismo ainda não tinha estourado em guerra contra o mundo, mas já tinha bem definidas suas convicções políticas, inclusive no esporte (olha aí, Tiaguito, muito antes de você pisar sobre a Terra pra falar asneira). Acontece que o plano de Hitler era usar a olimpíada de Berlin pra fazer propaganda da superioridade ariana (da qual ele mesmo não fazia parte) e teve atravessado em seu caminho o negro estadunidense Jesse Owens. Owens, simplesmente, ganhou 4 medalhas de ouro em provas de velocidade, incluindo a clássica de 100m rasos. No pódio, ele se recusou a olhar para a tribuna onde estava o führer, mesmo que o tal já tivesse saído do estádio desgostoso da vida.

Muhammad Ali – 1967

Aqui, Ali em companhia de Malcolm X
Só de mudar o nome de Cassius Clay para Muhammad e se converter ao islamismo, já foi uma tremenda manifestação política, visto que essa era uma postura muito definida de Malcolm X, que o influenciou com a ideologia adotada pelos Panteras Negras. Mas, não bastando, Ali ainda protestou contra a guerra no Vietnã se recusando a lutar (na guerra, não nos ringues), sendo preso, multado e tudo, mas apelou e foi absolvido, alegando motivos religiosos. Lenda é pouco pra esse cara.

Tommy Smith e John Carlos – 1968


Nos jogos do México, os atletas celebraram suas medalhas (ouro pra Smith e bronze pra Carlos) com um dos punhos cerrados para o alto dentro de luvas negras. Saudação do partido dos Panteras Negras. Lembrem-se, era época de intensa luta por direitos civis dos negros nos EUAses. Eles foram expulsos da Vila Olímpica e nunca mais suas vidas foram as mesmas. Segundo Leifert, isso seria evitado se eles apenas desligassem os cérebros e corressem pra entreter o público. Mas... será que seria melhor sem isso? Será que seriam exemplos de luta ainda hoje?


EUA x URSS – 1980


Após a invasão soviética ao Afeganistão, os EUAses se recusaram a participar dos jogos olímpicos de Moscou. Era guerra fria no seu momento mais tenso e a terra do Tio Sam expôs seu posicionamento político pra desespero do recém-concebido Tiaguito, ainda em sua manjedoura dourada, com Mario Kart e God of War incluídos.

Corinthians – 1981


Pela democracia dentro do clube, jogadores, encabeçados por Sócrates e Casagrande, exigiram maior participação dos jogadores em decisões importantes, assim como o movimento ganhou força no clube, por ser um dos maiores clubes do Brasil, também significou uma luta maior, pela democracia no Brasil, em tempos de ditadura enfraquecida e o povo clamando nas ruas. Inclusive, Casagrande, hoje o famoso comentarista de esportes, já deu seu parecer sobre o equívoco que seria não misturar política e esporte. Tendeu, Tiago?

URSS x EUA - 1984


Aí, foi a vez da retaliação fria da Guerra Fria (hein?!). A União Soviética decidiu dar o troco e nos jogos olímpicos de Los Angeles, também não foi. Alegando temer pela segurança de seus atletas, em possíveis protestos violentos, resultado: Boicote dos dois lados, empatou.

Nelson Mandela – 1995


Madiba foi o primeiro presidente negro da África do Sul após o apartheid. O regime separatista e opressor imposto à raça negra criou uma secção na hora do rúgbi. É que o esporte era mais querido pela minoria branca e a maioria negra perigava boicotar. Mandela uniu a população ao trazer para si os amantes do esporte e fez a ponte para um início de quebra de desconfiança da população negra. Estava encaminhando para uma sociedade mais integrada através do esporte.

Coréias unidas - 2018

 Todos com um mínimo de conhecimento político e histórico, sabemos que as Coréias do norte e do Sul não se dão. Mas as duas formaram uma delegação que competiu sob a mesma bandeira e mesmo não tendo resultados significativos nos jogos de inverno de PyeongChang, o COI (Comitê Olímpico Internacional) já cogita indicar a equipe de hóquei no gelo para o prêmio Nobel da paz, pela atitude de promover a tolerância, aceitando jogadores dos dois países.


Então, Tiago Leifert, deixa de falar besteira, porque afora ter levantado uma questão muito legal de ser debatida, você o fez através de mesquinharia ou alienação. Foi como levar chuva a uma região de seca, mas por que tava tentando afogar os outros e seu plano deu errado. Se política e esporte realmente não combinassem, nem hino nacional era pra se cantar, muito menos se dividir em países e fomentar disputas nacionalistas, coisa que até numa guerra se faz. 

Não finja se importar com o atleta ‘problemático’, porque você não liga nem pra ele e nem para toda a população que sofre o que ele está denunciando com seus manifestos pacíficos. Você só não quer ser lembrado que o mundo tem problemas para os quais você não liga, rapaz branco, rico, famoso e privilegiado. Vai do trabalho pra casa desligar o cérebro que é melhor. Não precisamos saber o que você pensa deixa de pensar. Vamos analisar que esporte não é lugar pra manifestação política, programa de TV não é lugar pra ativismo e representatividade... O que ele acha que a população é? Um bando de vegetais que só servem pra ligar o aparelho e dar audiência? É, pois é...

Sabe como usar globo, controle e população na mesma frase? 

Tiago Leifert: Esporte e política não se misturam? Sério?

 
Se o apresentador playboy não fosse alienado, lembraria de momentos como esses acima, antes de falar besteira.
Tiago Leifert só refletiu uma impressão que eu já tive com William Waack e todo o sistema midiático do Brasil.

Veja bem, quando Maju Coutinho, Taís Araújo e Cris Vianna sofreram ataques racistas, a globo já foi lá com a hashtag 'somostodosfulana', mas aí, a gente nota que 95% de seu quadro é de gente branca - e não negros, como descendentes de árabes, japoneses, etc.

Então, vem um William Waack da vida, que já tinha destilado veneno para outras situações de forma igualmente leviana e sem caráter, e diante de uma buzina incômoda fora do estúdio, diz que só podia ser coisa de preto. Nem viu quem foi, mas pra ele, só uma pessoa de etnia negra/afro poderia ser tão incômodo.

Tiago Leifert sendo o poeta que é. #sqn
Depois da demissão/afastamento, a primeira coisa que eu falei foi que isso só ocorreu porque se tornou público, pois as conversas de corredor mais divertidas da emissora - e das outras - deve ser o fino da bossa do machismo, racismo e homofobia. Imagina quantos não estão se borrando de medo de ter um flagra desses publicado?

Enfim, não deu muito tempo, e Tiago Leifert já deu duas tropeçadas dessas e em mídias diferentes. Numa, diz em rede nacional, na TV, para uma participante negra ativista social que o BBB não se interessa por seu lado jornalístico, que só queria vê-la. Argumento idiota, pois uma pessoa formada em qualquer faculdade, vai trazer em si sua formação, como parte de sua identidade social. Metralhadora giratória de impropérios.

Aí, Leifert, aquele branco, rico, famoso e que provavelmente deve ter tido como maior desafio na vida, zerar Super Mario Bros sem macete, escreve para uma revista que esportistas não deveriam misturar esporte e política, porque torna o esporte uma coisa chata. Isso, no país que despreza seus esportistas e só valoriza aqueles que podem se tornar garotos-propagandas de desodorante, cueca e celulares e atrair audiência quando tem alguma competição perto.

Leitor que eu abraçaria depois
de aplaudir se eu presenciasse
essa conversa.
Enfim, depois de dizer 'esse negócio de representatividade não leva a nada' para Nayara, do BBB, ele já deixou claro que ironicamente, ele mesmo representa algo: A cultura alienante da classe rica sobre a classe pobre, através dos meios de comunicação que controlam e seus programas que mostram a realidade como eles querem e não como ela é. Vai por mim, eu trabalhei na central de atendimento da globo intermediando público e emissora.

Leifert não surpreende em nada com seu "posicionamento" de não querer se chatear com problemas sociais que não o atingem. E não contente, ainda 'justifica' a demissão de um jogador de futebol americano que usou o momento do hino pra manifestar-se contra a violência policial sobre negros nos EUAses. Tipo, 'se sofrer uma injustiça, cale-se, ou você perde o emprego' e 'não me venha com raciocínio, eu não quero pensar, só gritar com a tv na hora do futebol'.

Ainda é mais sincero do que muitos aí que se fingem de revoltados com a corrupção e trabalham pra uma máquina gigante de apoio a empresários e políticos descendentes/viúvas da ditadura. Mas não se engane, não estou elogiando o apresentador. Ele só é junior onde a cambada é sênior.

Ps¹: Falando em não misturar esporte com política, já repararam que Pelé, o esportista negro mais famoso do Brasil faz questão de reforçar esse aspecto 'bom crioulo' e sempre passa de lado, ou até aconselhando a deixar o assunto pra lá com um sorriso, como fez com o goleiro Aranha, ao vê-lo ser xingado de macaco por torcedores do Grêmio? Pelé e Tiago, calados, são poetas da melhor qualidade. Vozes de suas gerações. Rá!

Ps²: Política é exercida até quando se combina em qual momento se deixa ligada ou desligada a TV. Sem política, a sociedade seria apenas um monte de gente andando por aí a esmo. E outra, há momentos em que se misturaram os dois assuntos e foram marcos históricos. Tiago, vai jogar Mario Kart, menino, e deixa quem entende do tema falar.

sábado, 20 de maio de 2017

Agentes Smith existem e usam redes sociais!!





Bem, vamos a uma definição rápida do conceito de Agente Smith: Smith é um personagem da franquia Matrix, baseado em agentes de segurança que protegem o sistema de neuro-interação e manipulação da mente humana (a bendita da Matrix). Basicamente, os agentes da Matrix agem como um antivírus combatendo qualquer ameaça ao bom funcionamento do sistema (por isso combatem os humanos que conseguem se desconectar de lá e enxergar o mundo real). Imagine o Windows detectando um arquivo maldoso e mandando seu firewall bloquear. Smith é o líder desse firewall.

Mas há uma curiosidade em Smith que é, não só conduzir os agentes na eliminação do perigo a seu sistema, como ele pode se replicar onde quer que seja necessário para seu trabalho. Assim, se um humano desconectado invade a Matrix pra resgatar alguém, por exemplo, qualquer pessoa por perto se transforma em um agente preparado pra lutar contra esse humano. Morfeu chega a dizer, no treinamento de Neo, que se você não é um humano desconectado, você é um agente em potencial. Um inimigo latente. Comprova-se isso na perseguição dos agentes a Neo, no terceiro ato do filme, quando ele percorre um prédio e até uma pacata velhinha cozinhando se torna um agente e usa a própria faca de cozinha como arma.


E porque eu tô falando horrores sobre o maléfico, porém carismático personagem? Porque as pessoas da vida real estão se tornando Smith em uma proporção nunca antes vista. E a 'culpa' é da internet. Bem, a última frase foi uma ironia, já que a internet é, no máximo, uma granada, quem detona ela e espalha seus pedaços no ar é quem usa. Onde for. Já reparou como antes as notícias corriam de forma mais lenta, mais controlada pelos meios de comunicação convencionais, por tanto, mais centralizadas? Pois é, isso é, de certa forma, uma herança do nazismo. Sim, um grande propagador dos meios de comunicação em massa foi... ele mesmo. Que melhor estratégia do que empurrar uma ideologia de forma massiva por meio de um só tipo de fonte?


Sendo assim, o que acontece, ainda, no Brasil, é o modelo modernizado dos MCM (meios de comunicação em massa), com os mesmos poucos grupos dominando a fonte de informação para a grande massa da população brasileira. O que significa, Saga? Titio Saga expRica: Significa que é como se em 200 milhões de pessoas, apenas 10 tomassem pra si o dever de informar a todos. Deu no que deu, um monte de lendas urbanas, mentiras, bandidos retratados como heróis, verdades escondidas e até distorcidas e por estar na TV/Jornal/Rádio, o ser humano médio acaba comprando tudo como verdade absoluta, como se a TV fosse uma força da natureza e não um instrumento usado por pessoas iguais a quem assiste, só que com intenções e interesses escondidos.


E as pessoas podem até não ter culpa, por ingenuidade e inércia mental talvez, mas não por más intenções. Mas, no fim das contas, essa falta de culpa voluntária acaba sendo o momento em que agem feito agente Smith. Quer um exemplo? Tiraram, NO GRITO, uma presidenta da república e as pessoas ainda ficam compartilhando piadinha sobre suposta corrupção de Lula. Não percebem e nem questionam os motivos de tirarem Dilma da presidência e ainda colocam no mesmo balaio a recente delação sobre Temer. Ou seja, pegaram Superman e Lex Luthor, classificaram os dois como corruptos e continuam fazendo piada como se fossem iguais. Haja montagem de whatsapp/facebook pra essa gente compartilhar sem saber que Temer e companhia enfiaram a trolha em seus... umbigos JUSTAMENTE depois de tirarem Dilma e Lula do topo.


É como eu falo, pra cada compartilhamento irresponsável dos metidos a engraçadinhos, deveria nascer uma verruga no formato de um pênis bem na testa do desinformado. Só pra essa pessoa se tocar e refletir: "É, talvez fosse melhor pesquisar sobre um assunto em vez de apenas querer ganhar visualizações de internet, só pra evitar que uma M... aconteça".


Conclusão: Assim como uma doce senhorinha estilo Palmirinha se tornou um nocivo agente da Matrix tentando matar Neo, pessoas que se acham boas cidadãs se tornam nocivos propagadores de mentiras, piorando ainda mais a pouca capacidade informativa e contestadora da grande população do país. E num país onde a grande maioria é pobre e academicamente mal formada, esse tipo de atitude só eleva os índices de analfabetismo funcional e político. Eles vão ficar repetindo 'contra isso tudo que tá aí' e 'político é tudo ladrão', porque é isso que os defensores dos Abomináveis Aécios das Neves e Temereis da vida querem. Quando Ronaldo disse que a culpa não era dele, que ele votou no Aécio, ele fez papel de idiota? Fez já na época, mas agora que seu cupincha caiu, é mole dizer que ninguém presta. Assim, você se camufla na multidão e foge de confessar que defendeu o lado errado antes.  

domingo, 15 de março de 2015

Dos impeachments, manifestações, achismos e a política


Vejo muita gente falando que política não se discute. Caô. Política se discute sim, mas estamos discutindo errado. Não basta ter respeito entre as partes – embora, ultimamente, respeito não se vê muito. A questão é que política é sociologia, ciência política, filosofia, antropologia, enfim, é um sistema que corre em paralelo – e misturado – à própria sociedade. É muito raso querer discutir política por uma eleição ou por uma nota no jornal. Aliás, isso nos leva ao próximo ponto.

 Querer discutir política sem conhecer como funciona a própria sociedade é discutir o leite derramado sem conhecer a história daquele leite, o que o levou a chegar ali, QUEM levou aquele leite até ali e o que o fez – direta e indiretamente – ser derramado. Enfim, é discutir o resultado sem conhecer o processo. Política não é presidência, não é congresso, não é meme de internet. É a própria sociedade. Aprendi com um professor de Ciência Política, na facul, que as relações sociais são políticas. Combinou com seu colega de apartamento que não havendo ninguém no recinto a regra é apagar a luz da sala? Política. Chegou ao local de trabalho, banheiro unissex, e estabeleceu-se que a tampa do vaso deve permanecer abaixada? Política. Entrou numa banda de rock e combinou que o vocalista dá entrevistas e o baterista procura lugares pra tocar? Política. Entrou na loja e o vendedor orientou que seu pedido deve ser feito no caixa? Amor etern... Brincadeira, é política também. Percebe onde quero chegar com esse papo? Prossigamos.


Aí, tem a galera que quer porque quer mudar a presidência porque quer mudança, porque mudança é importante, porque a presidentE fez algo que eles não gostaram. Isso é política? NÃO! É birra. Criancice. Golpe. Aliás, muito do que se atribui à figura do presidente nem é responsabilidade da presidência, diga-se. Querer mudar a presidência porque leu no Facebook isso ou assistiu no JN aquilo é achar que tem diploma de paleontologia por assistir Jurassic Park. Palavra de jornalista formado e com conhecidos no meio convencional. Uma matéria já sai da redação pronta, ela só busca embasar suas colocações com entrevistas pra passar credibilidade. Não é a verdade nua e crua apresentada diante de seus olhos. A folclórica manipulação de informações começa aí, você não vai ver uma pessoa uniformizada com um letreiro anunciando ‘estou te manipulando, acredite se quiser’. Muita gente acha que tá antenada com os acontecimentos e tá lendo coisas que um repórter falou. Repórter lê 1000 coisas pra publicar 10 e da maneira que seu editor falar. Mas, estou divagando, quero voltar um pouco na conversa de troca de presidência.


Trocar a presidência é como trocar a cereja por um brigadeiro no alto do bolo e querer que o bolo mude de sabor e que o casamento se torne baile de 15 anos. Não vai levar a lugar algum. Não estou pondo meu posicionamento a respeito – por enquanto – é só pra estabelecer os fatos e criar umas perspectivas. Já viu como a troca de treinadores técnicos funciona no futebol brasileiro? Um time tá ganhando e dizem ‘em time que está ganhando não se mexe’, aí o time degringola e todos pedem a cabeça do técnico. Senhorxs, se trocar o técnico fosse certeza de vitória, todo time que substituísse a pessoa no cargo seria, invariavelmente, campeão. “Ain, Saga, mas se não ganhar é porque o time é que era ruim mesmo”. Sim, gafanhoto, é aí que eu quero chegar. Não adianta trocar o técnico se não trabalhar os jogadores, se não mudar a mentalidade da torcida, se os dirigentes continuarem a visar apenas lucro e a conscientização de que é preciso honestidade e harmonia ficar de lado. É disso que eu to falando. Trocar a presidência não vai mudar o país, até porque muitos empresários – os verdadeiros governantes do país – financiam campanhas a esmo, vão ganhar de qualquer jeito. É como, sei lá, uma cervejaria, patrocinar ao mesmo tempo Vasco, Botafogo, América e Bangu. Você vai ficar esperneando que tem que trocar o técnico, o presidente e até o limpador de piscina do clube, mas vai continuar sem olhar o todo, sem olhar pra onde importa. Ou seja, quer é ter do que reclamar pra parecer consciente, mas nem memória, nem poder de contestação tem sem a fotomontagem da internet.


Então, pense duas vezes antes de debater sobre um assunto na inflamação de nervos, no achismo e na base do latido. Complexo de vira-latas não é legal, não adianta culpar a presidência por uma responsabilidade da prefeitura, por exemplo, correr pra rua gritar por impeachment e rosnar pro coleguinha na internet. Você está sendo massa de manobra fazendo isso. Ninguém gosta de admitir que está em posição de desvantagem, mas é assim que funciona. Um grupo cria os memes, as falácias, os achismos e as irritantes comparações dedutivas simplistas e um grupo maior vai nessa onda, só que o que o primeiro grupo visa é beneficio próprio, o resto é soldadinho vendado – e vendido -  indo morrer no front em nome do rei. É o bichinho de estimação achando que vai passear na rua e vai levar injeção do veterinário. Embora, a injeção do veterinário tenha realmente um motivo positivo. O grande problema é que pessoas formam suas opiniões sem base, mas como sua referência é sua própria cabeça, ficam achando que se brotou na sua cabeça, então é porque é verdade. Petulância e prepotência. Ficam com aquela opinião furada guardada só na espera por algo que a confirme pra ter certeza de que não tá pensando merda sozinho. Mesmo que seja mentira. Aí, quando pega uma notícia mentirosa na tocaia, sai repassando pra pensar que tem alguma razão de ser. Não tem. Tá feio. A gente fica olhando isso de fora da sua cabeça e acha ridículo.


Essa manifestação de impeachment é livre, o choro também, mas não passa de corrente de e-mail pra ajudar alguém que ninguém identifica numa foto de 1960 com a promessa de que ela vai ganhar 0,01 centavo a cada compartilhamento, caso contrário, Deus vai jogar abelhas na sua orelha e um cara vai dissolver depois de cair no tanque de Coca-Cola, restando apenas um dedo, que você vai encontrar num pacote de Doritos. Abra os olhos e reflita.  


E coxinha.



segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Quando Nem as Moscas Mudam

Antes, as moscas mudavam, mas ficava a mesma m*erda.
Hoje em dia nem isso muda.

Eduardo Paes foi subprefeito na gestão César Maia.
Cesar Maia é pai e aliado político de Rodrigo Maia.
Rodrigo Maia tinha Clarissa Garotinho como candidata a vice.
Clarissa Garotinho é filha de Anthony e Rosinha Garotinho.
Anthony e Rosinha Garotinho são adversários políticos de Eduardo Paes, assim como foi de César Maia.

Agora César Maia diz que Eduardo Paes é o prefeito que faz pracinha pra ganhar voto. Mas são cria um do outro.

E o vício das pessoas em votar neles como se esperassem que algo mudasse sem eles mesmos mudar seus votos.

Mas não me preocupo, sabe porquê? Porque com o parque no subúrbio a qualidade de vida melhorou em 100%. Isso até justifica taxas aumentando e o prefeito sorridente em eventos culturais sendo aclamado curiosamente pela mesma comunidade que ele trocou obras por votos. E tem o Cais também... Engarrafamento pra baixo da terra, ao invés de em cima.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Entretenimento, Política e Você


Claro que a indústria do entretenimento não tem nada a ver com a situação política do país. Isso deve ser coisa nova, deve ser modinha desses comunistinhas de faculdade que querem ver conspiração em tudo. Entretenimento é um campo muito diferente da chata política. É feito por pessoas que só querem te divertir. São empresários, sem vínculos externos, como patrocinadores ou associados, e sem interesse algum além de te fazer sair dessa realidade triste e dura. Sorria. Rir é o melhor remédio. Entretenimento está em tudo, política não.

O que tem a ver a Carminha e a Rita, da novela, com as greves de professores, policiais e outros profissionais do setor público? NADA! Não é culpa da novela ou da música que exista gente insatisfeita no mundo. Nem que o governo não se importe. Talvez estivessem mais satisfeitos se assistissem à novela. Se ao menos saíssem mais pra beber e cantar, não gastariam tempo fazendo passeatas e demais manifestações de protesto. Política sim é um troço chato Aproveite a greve pra ver novela. O resto não merece atenção. Político nenhum presta e você não vai querer se meter com isso.

Faça como Cypher, aquele traidor em Matrix, e abandone seus companheiros de luta pra viver confortavelmente no mundo em que os dominadores da informação e do sistema pensam por você. Talvez não seja o que você pensaria pra você e os seus, mas e daí? A vida é boa com todas as qualidades e defeitos. No ruim de tudo, você não “vive” na rua, não precisa pedir esmola, não está entrevado na fila de um hospital, nem está numa prisão esquecido por todos. Você pode ir à escola, entrar numa faculdade e arrumar um bom emprego.

A indústria do entretenimento não é um modelo padronizador de opinião. A massa não é manobrável, tanto que democraticamente escolhe que canal assistir. Não é como na época de Getúlio Vargas, quando Gegê incentivou o desenvolvimento do Samba, durante o Estado Novo, para criar a utopia do povo carnavalesco, alegre e trabalhador, se aproximando das classes mais pobres. Não é como na ditadura militar, quando o futebol campeão mundial abafou com fogos e música os gritos de seus vizinhos seqüestrados, torturados e mortos pela repressão política e ideológica.

Nada disso. Se todos parassem diante da TV pra assistir à novela, não haveria conflitos. E você não pode culpar o entretenimento. São poucas “famílias” tomando conta de jornais, revistas, canais de TV e rádios, mas são tão bem intencionadas. Imagine se eles relaxassem. Você teria que procurar algo pra fazer e pensar por conta própria. Mito da caverna pra você. Dá medo de sair do conforto, né? Fazer o quê? Algo que não está na TV não existe. Tudo já estava aí e é mais fácil seguir o líder (mesmo que ele seja um personagem).

Fique aí e não ataque os lobos. Mesmo que o cordeiro acabe condenado por isso. Faça o que dizem e seja Homer Simpson com dignidade. Dino da Silva Sauro trabalhava para a We Say So (Nós dizemos que é assim – em livre tradução). Faça isso. Só não se iluda, você demandou a responsabilidade de suas decisões a outros. Não pense que você é livre e que faz o que quer. Não reclame “essas m... só acontecem no Brasil”. Meu país não é uma droga. O povo é que não o honra. País é o que fazemos. Se não fazemos...

Gabriel, o Pensador diz assim em “Até Quando?”: A TV existe pra manter você na frente... na frente da TV. Que é pra te entreter, que é pra você não ver que o programado é você. Aliás, vou deixar o clipe aqui, porque a música inteira é tão rica em letra que só um trecho não faz justiça. 

Faça um exame de consciência.
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