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sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

William Waack é oficialmente demitido da Rede Globo por comentário racista



Então, aconteceu o que já era pra ter acontecido. Willian Waack demitido oficialmente da Rede Globo, após um vídeo de bastidores vazado em que o ‘jornalista’ emite comentário racista. Em comunicado oficial, assinado pelo próprio Waack e pelo manda-chuva do jornalismo de lá, Ali Kamel, a emissora se diz contra racismo ezzZZZZZZZ.... toda aquela conversa que eles mandam mais como formalidade do que outra coisa. É como um deputado chamar o outro de excelência e logo antes ou logo depois, chamar o cara de safado, saca? Só fala pra amenizar a bomba, mas não é o que fala seu coração. Falsidade, politicagem, chame do que quiser, é babaca de qualquer forma e a gente não se engana.

Mas como eu não to aqui pra tapar esgoto aberto com lenço perfumado, vamos observar o tom da hipocrisia dessa atitude meramente política. Vamos? Vamos. Primeiro, o vídeo:


Agora, o tal comunicado:

"Em relação ao vídeo que circulou na internet a partir do dia 8 de novembro de 2017, William Waack reitera que nem ali nem em nenhum outro momento de sua vida teve o objetivo de protagonizar ofensas raciais.Repudia de forma absoluta o racismo, nunca compactuou com esse sentimento abjeto e sempre lutou por uma sociedade inclusiva e que respeite as diferenças.Pede desculpas a quem se sentiu ofendido, pois todos merecem o seu respeito.

A TV GLOBO e o jornalista decidiram que o melhor caminho a seguir é o encerramento consensual do contrato de prestação de serviços que mantinham.A TV GLOBO reafirma seu repúdio ao racismo em todas as suas formas e manifestações.E reitera a excelência profissional de Waack e a imensa contribuição dele ao jornalismo da TV GLOBO e ao brasileiro.E a ele agradece os anos de colaboração".



Agora, vamos analisar, sabendo que a coisa foi escrita pelo jornalismo que vem ditando o certo e o errado há mais de 5 décadas no país de forma áudio-visual. Ou seja, enquanto jornalista formado, estou bem vacinado pra palavras bonitas e nem espírito natalino compreensivo se espera de mim, já que nem sou dado a essas religiosidades, muito menos hipocrisias sócio-comerciais pra me tornar legal apenas em dezembro. Vamos lá(rrr).

“(...) William Waack reitera que nem ali nem em nenhum outro momento de sua vida teve o objetivo de protagonizar ofensas raciais”. Como assim, nem ali e em nenhum outro momento? Ele xinga alguém que buzinou grosseira
mente próximo ao estúdio (até aí, eu xingaria também, pois buzina não resolve nada, só irrita). Mas, gratuitamente, ele atribui o ato deselegante a ‘preto’, numa certeza de que somente uma pessoa negra faria aquilo que causaria inveja a qualquer cartomante, dado o poder de dedução e adivinhação, pra não dizer perseguição também, pois o que a raça negra fez a ele pra gerar esse ódio e desprezo? Foi ali e deve ter sido em outros momentos sim, já que quem pensa assim não o pensa só uma vez. Seguindo...

“Repudia de forma absoluta o racismo, nunca compactuou com esse sentimento abjeto e sempre lutou por uma sociedade inclusiva e que respeite as diferenças.Pede desculpas a quem se sentiu ofendido, pois todos merecem o seu respeito”. Repudia negros, na tradução, né? Sempre lutou por uma sociedade inclusiva dele e da turma que o defende, que provavelmente, pensa igual e não apenas defende um amiguinho. Quem defende racismo, está defendendo a si mesmo, com medo de ser o próximo denunciado a levar um flagra. Já até escrevi aqui mesmo no blog outros momentos de ‘glória’ de Sr. Waack, como quando atribuiu o assassinato do guitarrista Dimmebag Darrel à ‘violência que seu próprio heavy metal incita’, ou seja, preconceituoso e metido a moralista.


Diego Rocha.
Depois, o segundo parágrafo todo é uma confirmação das mentiras do primeiro, e dando aquela aquecida de pano, dizendo do valor profissional do cara e a suposta política de inclusão de diversidade cultural da emissora. Sobre isso, olha, melhorou muito pra comunidade negra desde A Cabana do Pai Tomáz, quando a protagonista negra tinha seu nome preterido por brancas apenas porque a emissora achava que ia afastar o público (diante do silêncio de todos os seus colegas; e da própria emissora, diante do patrocinador)... Mas é só ligar a TV que a gente vê que a emissora não tem 10% de negros em suas produções. Protagonistas, então, nem pensar. Raridades até quando o contexto retrata classes mais pobres (onde somos maioria certa, por reflexo do pós-escravidão, mas falo disso outra hora).

Conclusão: Bem feito pro Waack, pois racismo é crime e se não for processado, ao menos levou um chute elegante no... trabalho (Rá!). E parabéns a Diego Rocha Pereira, ex-operador de VT que divulgou o flagra. Se teve receio de perder o emprego antes, tendo sido demitido num corte de pessoal posterior (olha a barca!), fez mais do que certo em externar a ofensa sofrida ao viralizar esse lixo de racismo. Não, a ofensa não foi direcionada a ele pessoalmente, mas quando se fala assim, ofendem a todos nós, nos atribuindo um juízo de valor pejorativo e, o pior, com um sorriso triunfante no rosto.

Diego Rocha, o divulgador do vídeo-chave.
Não tem essa de ser bom jornalista. Você perdoaria o Maníaco do Parque porque era um bom patinador? Se você releva um crime por amizade, ou por admiração, então, você é cúmplice. Talvez, até seria o próprio criminoso. Só não foi flagrado. Ainda. Imagina quantos não estão se borrando agora com esse medo. Meu professor de radiojornalismo, Alexandre Ferreira, da Rádio Globo, diga-se, sempre nos alertou para os cuidados com o que se fala num estúdio, seja por gravação ou por transmissão ao vivo.  

P.S.: Ali Kamel, o diretor Thanos do jornalismo global, possui um livro chamado 'Não Somos Racistas'. Daí, a hipocrisia explodindo na ponta do nariz, daí, ele torcer esse mesmo nariz para nós, ramificações do Movimento Negro Unificado.

P.S.: Acho que ele quis dizer 'NÓS Somos Racistas', mas todo racista sabe que é crime, então se esconde nessas falsidades, pois o sistema os apoia e lhes dá o benefício da dúvida.

Fontes:

https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/entretenimento/2017/12/22/apos-comentario-racista-william-waack-e-demitido-da-globo.htm

https://mauriciostycer.blogosfera.uol.com.br/2017/11/09/nao-postei-antes-por-medo-de-ser-demitido-diz-editor-do-video-com-waack/


quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A novela do preconceito

Negros em novelas sempre é um assunto tão arrastado quanto as obras de ficção em questão. Primeiramente, gostaria de dizer para os engraçadinhos que dizem “ah, mas tem negro sim, olha ali, aquela empregada, o motorista e o capanga...” que não me incomodo com negros nessas funções, mas não ter em outras tantas é limitar a visão do grande público que não contesta, só acompanha. Outra, se você diz “ah, mas é só ficção, vocês reclamam de tudo...”, não, se fosse uma ficção tão despretensiosa assim, autores e mais autores descartariam prêmios por serviços prestados na abordagem a temas sociais. Mais uma coisa (imagine essa frase como o tio de Jackie Chan, naquele desenho): Se nós, negros, é que vemos racismo em tudo, explique porque não vemos negros nas novelas? Na verdade, na TV de um modo geral, a menos que o assunto seja esse na pauta ou em algumas novelas de época (pra apanharem mais que cavaleiro do zodíaco). E nem todas as novelas de época mostram, já que muitas são da fase pós-escravidão, então é italiano pra todo lado, mas a minoria de mais de 50% da população que é bom, nada.

Falar em novela no Brasil é algo que beira o estressante. “Se não gosta, não assista!” você pode dizer, mas, antes que eu te mande lamber um bode bem suado, devo te explicar que eu não assisto mesmo. Nenhuma história deveria levar mais de 3h na TV pra ser contada (para filmes, porque para séries, eu aceito, no máximo, 3 temporadas). O que pega é minha preocupação social. É quase um alívio não ver negros na TV pelo ponto de vista que quase tudo que se faz é uma bela bosta bem divulgada, se não tanto por histórias, a ruindade vem das escolhas de elenco, mas o preconceito é o que mais exclui minha audiência. Tenho amigos negros que são atores e simplesmente não se acham nesse meiozinho fechado e pantanoso da TV aberta. Mesmo os que se abstêm desse universo, adorariam estar lá se fossem aceitos como gente, pô, como seria bonito ver o Brasil bem representado pelo seu povo na TV, né?

 Utopia! Não é assim que se muda o mundo, as nações não se ergueram pelas belas palavras de um filósofo de facebook acomodado E tenho amigos e parentes negros que assistem a isso achando que o mundo está sendo bem representado. Mas não tem negros... ‘Ah, o que é que tem?”, tem que uma criança ou uma pessoa adulta de menor potencial contestatório pode – e vai – achar que isso é normal. E achando esse mundo caucasiano normal, sabe o que acontece? Acontece aberrações do tipo “Ah, ali, tem um negro sim, viu? Você reclama de barriga cheia!”... Nem falo nada, por que ouvi uma dessas não faz muito tempo. E vivenciei, dia desses, um papo grotesco acerca de características da raça. Numa conversa sobre cabelos, ouvi de uma pessoa negra – cabelos chapados – que cabelo liso e escorrido é que é chique, porque é muito melhor. Obviamente, novelas como Lado a Lado, em que um casal negro e protagonista se casa no final, são raras demais para convencer o negro de que tem características próprias e não há um padrão para se espelhar na Escandinávia, por exemplo (e que fique claro, não sou contra o alisamento, sou contra o menosprezo pelo crespo).

Agora, vamos ver o que observei acessando os sites das três principais novelas da emissora que se liga em você (isso porque se liga, imagina se não ligasse!)

45 personagens no site oficial da novela 
5 negros. 

O primeiro personagem negro aparece lá pela oitava fileira da lista (mas é a Cacau Protásio, que tem um destaque desde Avenida Brasil e Vai que Cola).


76 personagens no site oficial.
6 negros 

Sendo o primeiro a partir da 10ª fileira de perfis, isso porque é o eterno Raí, filho da Preta, em Da Cor do Pecado... aquele que já foi mutante na Record.

79 personagens. 
2 negras. 

Lá pela 15ª fileira aparecem as duas únicas personagens negras (parece que rolou uma participação de mais alguém recentemente, mas não conta como elenco oficial, talvez uma média pelas reclamações).

Isso porque o autor Walcyr Carrasco afirma que gordo sofre mais preconceito do que negro. Ironicamente não há negros na sua novela. Talvez eles achem que não há racismo porque não há negros no mundo deles. Somos uma minoria exótica em meio a um povo igualitário. Tudo isso só que não.


Quer me chamar de ‘patrulha’? Vá em frente, a hora é agora, porque fui investigar mesmo. Mas, nesse caso, prefiro ser patrulha do que achar que o mundo nasceu assim e o que resta é aceitar e bater palmas pra maluco. Daqui a pouco estarão achando que além de São Paulo só ter UM hospital e (quase) nenhum negro pelas ruas, vão achar que o Rio de Janeiro é uma grande pista estampada de calçadão de Copacabana para umas modelos europeias desfilarem para a Boticário. O negro é negado e renegado na mídia. Como diria Érico Brás, o Jurandir da também global Tapas e Beijos, é difícil dizer isso, mas meu país é racista. E tão hipocritamente racista que gera este tipo de demagogia:
Na novela Duas Caras, puseram uma personagem negra pra ler Não Somos Racistas. Simplesmente uma obra de Ali Kamel, chefão do jornalismo da Rede Globo. Mensagem subliminar? Acho que não, é propaganda ideológica goela abaixo mesmo. Ele é contrário ao movimento negro e acha que cotas dividem o país. Obviamente, porque ele não é negro nem pobre.


domingo, 16 de junho de 2013

A negação do Brasil na TV


Semana passada o Jornal Hoje falava sobre culinária de festas juninas e me vem com essa

"(...) influência dos índios, mas principalmente, dos escravos (...)".

Ou seja, todas as raças do mundo já foram escravas, mas só o negro é que ganhou o 'apelido".

Virou sinônimo?

Não aceito.
Uma emissora que comporta alguns dos nomes mais famosos do jornalismo escolheria palavras de forma tão leviana e aleatória?

Duvido!

É o preconceito que a poderosa e fascista Rede Globo perpetua por pura necessidade de que a mentalidade do brasileiro não mude. Já que perderia público, se fossemos mais inteligentes e exigentes.

Propaganda ideológica na Globo. Negra lendo que não há
racismo aqui. Livro de Ali Kamel, chefão do jornalismo
na Globo. Isso sim é racismo!
Seja patriota, escolha um time para dedicar seu coração - como se fosse sua família ou um amigo seu - e assista ao noticiário que apenas mostra como verdade o que está errado há séculos.

Graças à educação pífia que recebemos na escola, as aulinhas de "moral & cívica" te ensinaram que só militares e intelectuais foram famosos heróis, enquanto o negro nasceu escravo, ou foi escravizado pelo próprio negro, como se rivalidades entre tribos se comparassem ao comércio de 300 milhões de pessoas para outro continente.

Não é paranoia, é que o processo é tão sonso
que a maioria nem percebe que está sendo
manipulada, induzida a pensar o Brasil assim.
É muito cruel perpetuar essas falsas verdades. Um Brasil que não tem negro e não é racista, não é homofóbico, não é machista e, no entanto, esse modelo de Tv que fazem aqui comprova tudo isso ao contrário. Quilombolas descendem de escravos, como se negro fosse significado disso, mulher não faz humor, só se for faladeira, fofoqueira ou gostosa (diz aí, quando você olhou uma mulher de biquini, desmaiou e começou a gargalhar?)... Acredito que há uma ingenuidade nas mentes por trás da mídia, tão ingênuas que precisaram moldar um padrão pobre e limitado, mas que deu certo e a mentalidade geral do brasileiro aceitou o caminho fácil da não contestação. Aceitou se ver onde não é representado.

Assim, você aprende que a escravidão existe desde os dinossauros graças ao negro que é racista e recalcado, até que um dia surgiria a heroína branca e feia que nos tiraria do calvário e nos daria a liberdade.

De mãos abanando, claro, mas isso é detalhe, afinal o Brasil não tem negro, só mestiços, no máximo, mulatos. É só olhar a verdade por aí, olha nas novelas, como somos homogêneos, quase não tem preto, quase não tem gay e quase não tem deficiente, quase não tem... verdade.

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