Crônicas, divagações e contestações sobre injustiças sociais, cultura pop, atualidades e eventuais velharias cult, enfim, tudo sobre a problemática contemporânea.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Halloween - Aceitar ou não aceitar?




Todo mundo lembra do Halloween, ninguém lembra o dia do folclore.Não sou idealista, eu admiro o halloween, inclusive sei seus significados (como a abóbora com carinha de má, a data em que ocorre e até o significado geral em torno do dia e sua sequência, no dia de finados).
O que me causa certo incômodo é a modinha de se abrir as pernas pra uma cultura que não a sua e não ter a decência de saber de onde vem.
Naturalizar-se culturalmente precisa de mais do que ser 'do contra' em relação ao seu país, só porque tem problemas que você acha que não tem lá fora.
O que me causa certo incômodo é a modinha de se abrir as pernas pra uma cultura que não a sua e não ter a decência de saber de onde vem.Naturalizar-se culturalmente precisa de mais do que ser 'do contra' em relação ao seu país, só porque tem problemas que você acha que não tem lá fora.





Eu, particularmente, adoro ler sobre druidasStonehenge, espantar espíritos à véspera do dia de todos os santos, o subsequente dia de finados e tals. Mas também, enquanto brasileiro E pesquisador nato, também sei que hoje é Dia do Saci, uma lenda brasileira, mas isso não interessa aos rebeldezinhos da vida.


É só ver assim: 


Há a corrente dos que defende o Halloween porque é legal, está na moda e mexe com coisas sobrenaturais que você já cansou de ver nos filmes.

Tem a galera que defende a cultura nacional e que se dane o resto (dizendo que é satanismo ou só por fascismo mesmo).


O problema é que as duas correntes não conseguem escapar da argumentação mais detalhada, só defendem por rebeldia. 'Ah, eu sou nacionalista', 'Ah, eu gosto do que vem de fora pra parecer moderninho'. Que goste, mas que não encha o saco como se isso fizesse de você mais legal. Não faz. Você é só um adolescente mental em busca de auto-afirmação da sua tribo.


Criticar os nacionalistas também é outro erro, já que o primeiro argumento é que tudo o que temos aqui foi feito fora... ALÔÔ! Será que alguém não percebeu que os EUAses também não têm tradições externas? e... ops, adivinhem... Halloween é uma. Quando a tradição religiosa foi criada, nem existiam EUAses, nem Brasil


Cerimônia Druida de Halloween, cultura Celta muito ancestral a EUAses e Brasil.
Então, joguem um absorvente interno sabor maracujina na goela e pare de tentar parecer modernoso gozando com o pau dos outros. Tem espaço pra todo mundo.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Se não fosse a reeleição...

... eu não tinha me tocado da piadinha safadamente infame na figura abaixo. Claro, não preciso falar, quem entender, entendeu, quem não entender e não perguntar, sinto muito sinto nada, mas piadas não se explicam.

Mas, lembrem-se, reeleição ainda é um erro. Afinal, com tanta gente na cidade, você me coloca o mesmo cara duas vezes? Vamos revezar as pessoas e as iodeias, gente! Eles sempre cagam no segundo mandato, né, prefeito cuca fresca? Lá vem outro aumento de passagem, IPTU e guerra aos camelôs ao longo de mais 4 anos.

Dieta: Medida Desesperada?

Ex-jogador fala que sente o maior prazer... Em emagrecer por dinherio
Ronaldo, o antigo Fenômeno, aceita o desafio do Fantástico e participa do Medida Certa. O quadro é uma mescla de reality show com... é só isso, e com um gordo famoso pra atrair audiência para os patrocinadores famintos. Bem, o fato é que o ex-jogador, agora empresário e participante da CBF, está enchendo a burra de grana pra não encher a pança de comida - mas vai encher sua TV de graça, nem que você mude de canal.
Vamos reconhecer: O cara ainda tá gordo, mas agora tá comendo melhor (e sabemos qual a sua dieta preferida). Tio Pancinha lçargos das ronaldinhas pornográficas e chuteirísticas pra cair em outros cardápios mais exóticos há uns tempos. Agora precisam aliviar a barra de um sedentário farrista e preguiçoso como se fosse o herói nacional das dietas - como se ele já não se achasse um ícone da nação porque esteve em copas do mundo, porque sabemos que é isso que faz grandes seres humanos, passar por milhares de cirurgias, gandaias, uma convulsão mal explicada e uma dieta que esconde seu passado desregrado.

Ex-jogador revela que sua dieta o fez perceber: "A gente é o que a gente come".

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Contrato Gordo

Hipotireoidismo, né? Sei...
Reality shows não são nem reality, nem shows. Tá, talvez shows porque há muito patrocínio, exposição e a mórbida curiosidade do público pra acompanhar pessoas fazendo coisas que não importam só pra ter o que comentar. Ponto.

Desde o fatídico No Limite - lá no ano 2000, quando o mundo parecia que ia acabar logo depois do bug do milênio (ou antes, se contar que o século novo mesmo só começou no ano seguinte, mas estou divagando), já experimentamos toda sorte (ou azar) de realities. Em todos os horários, formatos, motivos e temas. Maldito o dia que algum matuto pensou, "ei, eu quero assistir pessoas fazendo qualquer coisa, porque minha vida comporta isso". Não, não culpo o criador desse formato, mas sim quem aceita e incentiva a continuação dessas coisas dando audiência e ligando pra enriquecer quem não teve ideia nenhuma. Enfim...

Essa enrolação toda pra falar sobre essas montagens que rodam a internet criticando e ironizando a Globo por pedir doações para o Criança Esperança enquanto paga alguns milhões para um ex-jogador de futebol, atual rico empresário manter a forma. Não vou entrar no mérito se é a emissora dona da comunicação do Brasil que paga ou se é o patrocinador que aparece estampado em todas TODAS as camisas que o bacana usa pra se exercitar, mas sei de uma coisa, doações não têm nada a ver com programação normal.

Acho injusto que você ligue inúmeras vezes pra eliminar um candengo num reality show e fica chorando pra doar uma grana pra crianças necessitadas, justificando-se através de negociatas em programas de grande audiência. Vamos falar o português claro? Claro que a intenção do Criança Esperança não é a caridade, mas dedução no imposto de renda (essa lenda de que a emissora fica com a bufunfa cai por terra por isso). E, no caso do ex-jogador, é só audiência e um contrato gordo (sem referências) com patrocinadores e outros interesses relacionados.
Sua aposentadoria foi desobediência do corpo, ou greve
geral dele?

Talvez se a reclamação fosse pela hipocrisia em se tratar como ex-atleta meramente sedentário um desleixado, até seria mais lógico, mas o que não se faz por audiência hoje em dia?

Ps.: Não sou hipócrita de ostentar uma imagem minha com um cigarro na boca e criticar o empresário, mas um atleta deveria saber se comportar como tal, eu não sou atleta e não dou desculpas médicas pra deixar de praticar um esporte.

A Costureira Surtou... Perdeu a Linha.

Da série 'trocadilhos tão safados que chegam a ser engraçados', eis que essa é uma das maiores formas de exemplificar, com sucesso, o que é uma clássica piada infame.

Veja bem, é como aconteceu no antigo "Quinta Categoria", da MTV, à época, de Marcos Mion (ah, vai, algumas vezes teve graça). Naquele momento de final de blocos em que os participantes (Mion e Os Barbixas) improvisavam uma rápida piada sobre um tema sugerido pela plateia (estilo Z.E. Zenas Emprovisadas), o tema era "piores coisas pra se dizer no AA (Alcoólicos Anônimos). O primeiro a fazer uma piada falou "BB" e foi ovacionado. Ele fez uma cara de sonso, como se tivesse dito qualquer coisa só pra não perder a oportunidade e voltou com cara de surpreso pelos aplausos. Ao voltar para seu lugar, um colega (o do rabo de cavalo) diz "você não tem noção da magnitude da sua piada".

O segundo da direta para a esquerda foi o responsável
pela grande curta piada infame e genial.
Realmente, o cara acharia ruim chegar no AA e dizer BB... A quantidade de trocadilhos em torno do mesmo tema, faz dessa uma das melhores piores pidas do mundo... Ou seja, quando ocorre o paradoxo entre a qualidade da criatividade e um certo oportunismo metido a engraçado, temos um belo exemplar de piada infame. Aquela que não tem graça pelo que foi dito, é mais sutil, você ri mais da atitude pseudo-desesperada do piadista do que da piada em si. Geralmente você reconhece uma piada infame quando diz ou pensa "essa foi tão ruim que achei engraçada". Pronto, ela cumpriu seu papel, disse a que veio. Não parecia engraçada, mas te fez rir (não sem rolar um 'facepalm' antes ou depois dela).

O Skatista e a Pedra

Na vida, amigolhes, vos te digo-vos que há que termo-nos consciência empírica ou proveitosa alheia para que tenhamos acalanto na caminhada de nossas vidas.

Toda essa palhaçada prolixa pseudo-intelectualóide - e mentirosa gramaticamente, mas sincera em significado e intenção, pra discorrer sobre uma lógica muito boa de se fazer analogia. Tanta gente compartilha no Facebook aquelas mensagens de que dinheiro podia ser igual a problemas e aparecer do nada em quantidade, que me deixa sempre com aquela impressão de que as pessoas repassam os pensamentos alheios mas não usam o próprio pensamento. Só distribuem o que acham profundo (UIA!), engraçado ou desaforado, mas não estão realmente pensando. Como quando compartilham letras de música. Admito que letras de músicas são uma forma muito sucinta de se dizer algo, a música já tem essa função de tratar de um assunto em pouco espaço. Mesmo assim ainda toma o lugar do raciocínio.

E nessa brincadeira, muita gente fica repassando lições de vida que nem elas mesmas viveram, pois tem muita gente que fica se identificando em novelas, músicas e redes sociais, mas nem sabem pelo que estão passando. Só muita informação, muita foto e a ideia ilusória de que curtira vida é beber, pagodear e postar na internet - de preferência enquanto estiver na festa, pra provar que está se divertindo, do contrário, não aconteceu.

Então, é isso, tamanhas preocupações em soar poético e filosófico e a pessoa acaba por demonstrar justamente o contrário: Discurso vazio. Sofisma.

Se cada um pensasse pelo menos uma frase original por dia, as redes sociais teriam uma função na sociedade.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Hook: A Volta do Capitão Gancho


Primeiro, já vou botando o pé na porta! Essa mania bichada de dar “subtítulos” aos nomes de filmes estrangeiros já é escrota, mas essa nem sentido faz. Quem assistiu a Hook, pode até não ter ligado, mas eu sou um daqueles chatinhos que reparam em quase tudo. Capitão Gancho, no filme de 1991, na verdade, vai a Londres e seqüestra os filhos do – agora – crescido Peter. Assim, ele chantageia o garoto que não queria crescer a comparecer à Terra do Nunca (Neverland, em Inglês, sem Michael Jackson) Sim, quem volta, na realidade, é Peter Pan, pois, havia encarado o desafio de crescer na vida real e normal. Mas isso não o impediu de casar com a neta da Wendy... Queria entrar pra família de qualquer jeito, huh?

Confesso que quando era um infante e cheguei ao cinema, queria ver Peter Pan como nos desenhos que assistia, o garoto rebelde, que podia fazer qualquer coisa, inclusive voar, só por querer e por ter pensamentos em coisas legais. E meio que me decepcionei ao ver que Peter era um advogado egoísta e workaholic que se afastava da mulher e dos filhos por causa do trabalho, onde era muito requisitado. Putz, era pra eu ver o cara fazer o que todo garoto de 9 anos sonhava e ele faz exatamente o contrário? Bandido! Mas, calma que não é uma crítica, era apenas a mentalidade de um menino de 9 anos que criou uma determinada expectativa e não a teve correspondida, pelo menos a princípio. Mas tem mais por baixo desse pano.

O que eu não tinha entendido, pelo menos não da forma como só pude fazer depois de adulto, é que o filme é uma metáfora quase literal. Peter é, nesse filme, o Peter Pan da vida real. Assim como qualquer um de nós, ele ficou velho e bobo, curtiu a infância com tudo o que tinha direito, mas chegou a hora de crescer, pois, o mundo não pararia só pra ele brincar eternamente. E esse processo só se dá de forma fantasiosa porque é um filme de Steven Spielberg. Aliás, um filme dos melhores momentos de Steven Spielberg, que sempre soube captar com sensibilidade esse climão de aventura fantástica que, quem tem uma criança interior viva, adora.
 
Então foi isso, Peter Banning (seu sobrenome “real” no filme), chegando à Terra do Nunca, viu que a vida por lá seguiu de uma forma adaptada à sua ausência, logo, os meninos perdidos e Sininho aprenderam a viver da imaginação e a combater Gancho. O pior de tudo, Jack, filho de Pan, passa a simpatizar com Gancho, pois, o mesmo sabe que cordas puxar e deixa o menino à vontade, coisa que seu pai não o fazia por ter se tornado um disciplinador rígido. Peter precisa se reencontrar com sua criança interior e ele consegue, acessa lugares e objetos daqueles velhos tempos até fazer ligação com suas alegrias contemporâneas que ele havia deixado passar despercebido, como seu casamento e seus filhos.

Pronto, Pan, agora, já sabe voar de novo, lembra como era debochar e se divertir de vez em quando, sem pensar no futuro. Mas ele sabe que existe, essa é a diferença agora, pois, seu filho está confuso e ele precisa resgatá-lo assim como sua filha, pois, há muito o que se recuperar em termos de tempo e demonstrações de sentimento para/com a família. Enfim, Hook é uma bela lição de como não devemos deixar o tempo passar por nós sem aproveitá-lo. Mais ainda, não é porque crescemos que não podemos lembrar e brincar. Nostalgia não, mas lembrar com carinho de coisas boas nos revigora.  

Fora que, pô, por muito tempo eu aprendi essa lição de que bastava pensar positivo pra coisas boas acontecerem... Mas acho que eu ainda penso assim, lá no fundo... e... wait! É isso mesmo!

Big: Quero Ser Grande


No filme de 1988, Josh Baskin é um garoto de 13 anos que não agüenta mais passar pelas “dificuldades” de um rapaz recém adolescente. Ele resolve usar uma misteriosa máquina chamada Zoltar para fazer um pedido e pede pra ser “grande” (claro, se ele fosse já adulto ali, teria pedido em outro sentido, mas vamos ao ponto). Surpresa! A máquina funciona e ele se torna adulto. Depois de passar por uns perrengues com sua mãe – que pensa que ele é um invasor em sua casa – ele convence seu melhor amigo, Billy Kopecki, de que realmente é seu chapa ali naquele corpo de Tom Hanks.

Ainda com a ajuda de Billy, Josh consegue alugar um apartamento e arrumar um emprego executivo para testar novos brinquedos antes de chegarem ao mercado (sonho). Ele desperta atenções por seu jeito inocente de ser (só naquela época, hoje a criançada já levaria pro paredão e chamaria de lagartixa ao som de funk pagonejo mela-cuecatário). Assim, uma colega de trabalho se apaixona por ele, mas seu amigo quer aproveitar dessas vantagens de adulto pra curtirem a tão sonhada liberdade infanto juvenil. Aí é que o bicho pega, pois, Josh percebe que não dá pra conciliar as coisas. Você não pode ser um livre ser vivente sem prestar contas e responsabilidades ao mesmo tempo.

De um lado, todos se admiram com aquele jovem de 30 anos tão entusiasmado, pois, não sabem que ele pulou uma etapa importante para a vida adulta: Justamente a adolescência, onde gradativamente se veria conciliando responsabilidades e prazeres. É interessante notar paradoxos no filme, pois, quando uma mulher conhece um cara com a mente de 13 anos, ela até se apaixona, mas critica sua imaturidade, considerando que ele não passou daquela etapa. Já com Susan foi diferente, ela amou a espontaneidade daquele cara, o desprendimento e pureza que um yuppie da idade dela não teria, sempre preocupado com negócios, esportes e sexo. Talvez ela tenha sido atraída pelo fato de Josh não ser um gavião, vai saber.






O importante do filme é a lição de que você não pode pular fases sem sofrer as conseqüências no futuro. Saca, a metáfora da borboleta que precisa juntar força por conta própria para sair do casulo, pois, se ajudarmos, ela não voa, pois, não estará preparada e com asas fortes. Quantas pessoas se negam a assumir responsabilidades e acabam por prejudicar a si mesmas por não saberem como lidar com situações, porque estavam muito preocupadas em justamente não crescer. Admiro a pureza de uma criança, mas não dá pra levarmos isso pela vida adulta sem a “poluição” externa, pois, somos muito complicados com nossas regras sociais. E não esqueçam: Nunca deixamos de ser crianças, os brinquedos é que custam mais caro.  
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