Crônicas, divagações e contestações sobre injustiças sociais, cultura pop, atualidades e eventuais velharias cult, enfim, tudo sobre a problemática contemporânea.

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quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Treta nas eleições dos EUAs: Jennifer Aniston x Kanye West

 


Jennifer Aniston, a eterna Rachel Greene da famosa série Friends, foi até a internet pedir que seus fãs não votem no rapper/socialite Kanye West. Aniston disse que não encontrava mais maneiras de dizer que não é engraçado votar em West e o cantor reagiu dizendo que seu trabalho mais famoso, a série Friends nunca teve graça.


Olha, eu concordo com os dois, num sabe? Realmente Kanye West é daquelas figuras doidas que podem acabar fazendo expressiva votação só pela sacanagem de um eleitorado zueiro. Pensa só, quantos doidos você já não viu ganhando eleições só porque o povo que votou em maioria, tava de birra em votar nos candidatos de sempre? Eu sou carioca, e uma clássica eleição daqui do RJ foi em 1988, quando numa candidatura de brincadeira, o famoso e folclórico Macaco Tião, do Jardim Zoológico carioca, quase foi eleito prefeito. Falo mais disso em outra hora, mas o fato é que muitos já se beneficiaram disso.


Aniston, a única do elenco de Friends a ter tido uma carreira ainda com brilho e relevância desde 2004, ano do fim da série, é uma pessoa engajada, sendo participante de diversas frentes de ativismo social, como caridade para órfãos, institutos de tratamento de câncer, causas LGBTQ+ e por aí vai. Dá pra entender porque ela não vê nenhuma graça em um rapper/socialite com problemas de comportamento e opiniões conservadoras se candidatando a qualquer coisa, né?


Ma Saga, e a tal da treta? Concordou com os dois, mas ficou do lado de quem? Olha, jovem, Friends é uma das séries mais alienadas do mundo. Meia dúzia de playboy branco vivendo seus grandes dramas de gente trabalhadora com pais ricos. Nenhuma diversidade, assuntos tratados com imaturidade e um dos maiores exemplos é o próprio personagem de Aniston, a menina que deixa de ser patricinha pra virar garçonete e numa mentira de currículo, arranja emprego numa renomada loja de departamentos e moda. Quem nunca, né? Antes da metade eu já não me importava se Rachel e Ross iam voltar, e até torcia pra eles nunca mais se verem. 


Por outro lado, West sempre demonstrou um comportamento errático e, nos casos que teve uma regularidade, foi para atos polêmicos, como invadir palco pra protestar contra premiações ou declarações estranhas se não pra chamar atenção, talvez por demonstração de algum descontrole psicológico. 


Mas o fato é que Friends é um troço sem graça que terminou há mais de 15 anos e a atriz que representa a série nessa discussão, está muito mais antenada do que sua personagem. Nossa, mas anos-luz. E a vida é feita do agora, mesmo que o passado conte pra dar direção e aprendizado. Hoje, Jennifer Aniston defende a vida social, o direito ao respeito a pessoas que ainda hoje não podem andar livremente sem o risco de levar um pisão no pescoço até a morte ou um tiro nas costas. E West... bem, é um preto rico, famoso e conservador, né? 


Não posso salva-lo só porque ele chamou um filho de North West (Norte Oeste ou Noroeste). Quanto a isso, tivemos aqui Gonzaguinha que teve uma filha Com Sandra Pêra e a registrou Amora Pêra. E era dos nossos. Então, na discussão dos gringos pop, votei na Rachel.  



segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O que precisamos aprender com os EUAses?

Martin Luther King Jr e Malcolm X. Ideias diferentes na
luta contra o racismo. 
Há coisa que se tornam senso comum e a partir daí, a maioria nunca mais para pra observar. A sociedade em geral entende aquilo como um conhecimento fixo e não volta mais naquela situação pra analisar se mudou, se era aquilo mesmo, se impressões não deram a ideia errada e tals... E o tal do conhecimento engessado abordado neste texto é a questão racial nos EUAses (é, eu falo assim da sigla deles, sorry).

A questão é que lá, como aqui, a camada colonizadora e exploradora, europeia e euro-descendente, viveu nas costas de índios e negros escravizados pra seu sustento aristocrático. Mesmo o branco mais pobre ainda era ‘melhor’ que o negro mais inteligente, por exemplo. Sabemos que eles disputam entre eles o poder, mas têm por certo que negros não entram nessa equação. Seria como eles perderem seus privilégios que eles mesmos criam por puro protecionismo e corporativismo.

Mas, enfim, ouço muito defensor velado de racismo alegando que nossa luta aqui é exagero, porque racismo mesmo é lá nos EUAses, com KKK (Ku Klux Klan, não é uma risada de internet) e toda aquela palhaçada. Acontece que aqui, pode não ter um grupo assumidamente racista, mas a ideologia funciona em nível subconsciente. Mas mesmo lá sendo acusado de ser um país racista (e é, estruturalmente), ainda temos diferenças gritantes que não necessariamente são desvantagens.

Veja bem, lá teve uma guerra civil pelo fim da escravidão em todo o território nacional. Tudo bem que não foi por puro humanismo, mas por mudanças nos padrões de produção e desenvolvimento industrial e tecnológico, mas ainda assim, teve algo. Aqui a gente é calado até por ‘amigo’ do lado, só de mencionar algum caso de racismo. Isso hoje em dia. Lá também teve uma série de conflitos físicos e violentos em nome da conquista de direitos civis para os negros. Aqui, cotas raciais ainda são um tabu que muita gente fala sem nem saber do que se tratam, de onde vem a ideologia ou o efeito que isso deve causar na sociedade.

Vale lembrar, sim, que lá, negro é minoria étnica na composição da população do país. Um povo dentro de uma sociedade multiracial. Aqui, somos mais miscigenados e não crescemos com tanta noção étnica, cultural e ideológica enquanto povo. Somos programados a achar que o Brasil foi feito da união pacífica, consensual, harmônica e sorridente. Tipo, o branco, o índio e o negro se juntaram e fizeram filhos e netos ‘mulatinhos’ (argh!) pra tudo acabar em samba. Pura mentira, né? Amigo não escraviza amigo e não faz filho fora de casamento dentro de senzala pra demonstrar carinho. Essa ideia de que a casa grande é a tutora legal e cuidadora da senzala é um dos maiores caôs do país.

Sendo assim, o negro estadunidense tem uma noção de identidade cultural bem mais apurada. Além disso, há produtoras de mídia e cultura inteiramente negras. Veja pelas séries, filmes e mesmo nas produções predominantemente brancas, ainda vemos negros encarnando médicos, advogados, pilotos de avião, presidente do país (muito antes de Obama na vida real, Morgan Freeman já tinha comandado o país em Impacto Profundo) e até o deus bíblico o próprio Freeman já encenou. Não estou ignorando que muitas produções só colocam negros lá pra ser o primeiro a morrer, fazer piadas ou carregar peso. Mas há uma diversidade maior.

Aqui? Existem uns 5 medalhões que podem, a cada 10 anos, protagonizar alguma novela, talvez um filme sobre favela (talvez, porque na hora do protagonismo, eles botam favelado branco pra todo lado). Aqui não temos uma mídia própria, que nos dê espaço. Ficamos disputando com a camada dominante onde eles tanto mandam que nem se importam em excluir os outros. Lá você vê Eu, a patroa e as crianças, Fresh Prince of Bel Air (Um Maluco no Pedaço), Elas e Eu, filmes como Vizinhança do Barulho e outros... Aqui, quando o negro é abordado é o pobre sofrido, tipo Antonia, Subúrbia, sem contar naquele miserável Sexo e as nega (que sofra no inferno, série bizarra, machista e racista).

Quero dizer, cadê o negro sendo o negro brasileiro? Somos só esses bandidos ou pobres submissos que eles veem na gente? E a caneta? Não vamos evoluir nem um passo enquanto quem comanda atrás das câmeras não for preto também. Aí, na frente da telinha, vamos continuar sendo mal representados. Mais de 50% da população aqui é preta ou parda, mas parece não ter a disposição ideológica pra desligar a TV se essa não lhe fizer justiça. Não liga que a TV seja a casa grande, desde que tenha seu programa favorito passando para a senzala. Até no campo da música. O samba e o funk hoje são produtos rentáveis pra midia branca, mas o maior público é o preto, que se acha representado porque não é educado pra contestar, só pra aceitar o que é massivamente empurrado mídia afora.


Então, não é lá que é racista, aqui é muito mais, se você pensar que lá a população negra é pouco mais de 10% do país e ainda assim possuem uma cultura própria e coesa. Aqui negamos o racismo mas não deixamos de praticá-lo. É só abrir os olhos. Quem foge do assunto é porque tá devendo e tem medo de acabar se entregando. 

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Halloween - Aceitar ou não aceitar?




Todo mundo lembra do Halloween, ninguém lembra o dia do folclore.Não sou idealista, eu admiro o halloween, inclusive sei seus significados (como a abóbora com carinha de má, a data em que ocorre e até o significado geral em torno do dia e sua sequência, no dia de finados).
O que me causa certo incômodo é a modinha de se abrir as pernas pra uma cultura que não a sua e não ter a decência de saber de onde vem.
Naturalizar-se culturalmente precisa de mais do que ser 'do contra' em relação ao seu país, só porque tem problemas que você acha que não tem lá fora.
O que me causa certo incômodo é a modinha de se abrir as pernas pra uma cultura que não a sua e não ter a decência de saber de onde vem.Naturalizar-se culturalmente precisa de mais do que ser 'do contra' em relação ao seu país, só porque tem problemas que você acha que não tem lá fora.





Eu, particularmente, adoro ler sobre druidasStonehenge, espantar espíritos à véspera do dia de todos os santos, o subsequente dia de finados e tals. Mas também, enquanto brasileiro E pesquisador nato, também sei que hoje é Dia do Saci, uma lenda brasileira, mas isso não interessa aos rebeldezinhos da vida.


É só ver assim: 


Há a corrente dos que defende o Halloween porque é legal, está na moda e mexe com coisas sobrenaturais que você já cansou de ver nos filmes.

Tem a galera que defende a cultura nacional e que se dane o resto (dizendo que é satanismo ou só por fascismo mesmo).


O problema é que as duas correntes não conseguem escapar da argumentação mais detalhada, só defendem por rebeldia. 'Ah, eu sou nacionalista', 'Ah, eu gosto do que vem de fora pra parecer moderninho'. Que goste, mas que não encha o saco como se isso fizesse de você mais legal. Não faz. Você é só um adolescente mental em busca de auto-afirmação da sua tribo.


Criticar os nacionalistas também é outro erro, já que o primeiro argumento é que tudo o que temos aqui foi feito fora... ALÔÔ! Será que alguém não percebeu que os EUAses também não têm tradições externas? e... ops, adivinhem... Halloween é uma. Quando a tradição religiosa foi criada, nem existiam EUAses, nem Brasil


Cerimônia Druida de Halloween, cultura Celta muito ancestral a EUAses e Brasil.
Então, joguem um absorvente interno sabor maracujina na goela e pare de tentar parecer modernoso gozando com o pau dos outros. Tem espaço pra todo mundo.

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