Crônicas, divagações e contestações sobre injustiças sociais, cultura pop, atualidades e eventuais velharias cult, enfim, tudo sobre a problemática contemporânea.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Treta nas eleições dos EUAs: Jennifer Aniston x Kanye West

 


Jennifer Aniston, a eterna Rachel Greene da famosa série Friends, foi até a internet pedir que seus fãs não votem no rapper/socialite Kanye West. Aniston disse que não encontrava mais maneiras de dizer que não é engraçado votar em West e o cantor reagiu dizendo que seu trabalho mais famoso, a série Friends nunca teve graça.


Olha, eu concordo com os dois, num sabe? Realmente Kanye West é daquelas figuras doidas que podem acabar fazendo expressiva votação só pela sacanagem de um eleitorado zueiro. Pensa só, quantos doidos você já não viu ganhando eleições só porque o povo que votou em maioria, tava de birra em votar nos candidatos de sempre? Eu sou carioca, e uma clássica eleição daqui do RJ foi em 1988, quando numa candidatura de brincadeira, o famoso e folclórico Macaco Tião, do Jardim Zoológico carioca, quase foi eleito prefeito. Falo mais disso em outra hora, mas o fato é que muitos já se beneficiaram disso.


Aniston, a única do elenco de Friends a ter tido uma carreira ainda com brilho e relevância desde 2004, ano do fim da série, é uma pessoa engajada, sendo participante de diversas frentes de ativismo social, como caridade para órfãos, institutos de tratamento de câncer, causas LGBTQ+ e por aí vai. Dá pra entender porque ela não vê nenhuma graça em um rapper/socialite com problemas de comportamento e opiniões conservadoras se candidatando a qualquer coisa, né?


Ma Saga, e a tal da treta? Concordou com os dois, mas ficou do lado de quem? Olha, jovem, Friends é uma das séries mais alienadas do mundo. Meia dúzia de playboy branco vivendo seus grandes dramas de gente trabalhadora com pais ricos. Nenhuma diversidade, assuntos tratados com imaturidade e um dos maiores exemplos é o próprio personagem de Aniston, a menina que deixa de ser patricinha pra virar garçonete e numa mentira de currículo, arranja emprego numa renomada loja de departamentos e moda. Quem nunca, né? Antes da metade eu já não me importava se Rachel e Ross iam voltar, e até torcia pra eles nunca mais se verem. 


Por outro lado, West sempre demonstrou um comportamento errático e, nos casos que teve uma regularidade, foi para atos polêmicos, como invadir palco pra protestar contra premiações ou declarações estranhas se não pra chamar atenção, talvez por demonstração de algum descontrole psicológico. 


Mas o fato é que Friends é um troço sem graça que terminou há mais de 15 anos e a atriz que representa a série nessa discussão, está muito mais antenada do que sua personagem. Nossa, mas anos-luz. E a vida é feita do agora, mesmo que o passado conte pra dar direção e aprendizado. Hoje, Jennifer Aniston defende a vida social, o direito ao respeito a pessoas que ainda hoje não podem andar livremente sem o risco de levar um pisão no pescoço até a morte ou um tiro nas costas. E West... bem, é um preto rico, famoso e conservador, né? 


Não posso salva-lo só porque ele chamou um filho de North West (Norte Oeste ou Noroeste). Quanto a isso, tivemos aqui Gonzaguinha que teve uma filha Com Sandra Pêra e a registrou Amora Pêra. E era dos nossos. Então, na discussão dos gringos pop, votei na Rachel.  



terça-feira, 20 de outubro de 2020

Lobo Mau, Robinho e o predador sexual


Antes de mais nada, só eu pensei em Lobo + Robinho = Lobinho? Hein, hein? Enfim...

A primeira vez que ouvi essa expressão, confesso que não pesquei a referência. Mas assim que parei pra ouvir e ler um pouquinho mais, não foi difícil entender a referência. Mas, vamos por parte, pelo bem da minha escrita e da sua leitura, já que sem separar em tópicos, vai ser uma verborragia incontinente.


Predador sexual

O predador sexual, basicamente tem o comportamento de um predador do reino animal, só que em busca de sexo, em vez de alimento. Isso, bem basicamente. Mas não é complicado enxergar os paralelo: Ambos buscam vítimas que lhes satisfaçam a gula, ambos procuram meios de obter uma vantagem por meio da fragilidade de seu alvo e não se furtam a usar de artifícios até desleais pra conseguir o que querem.

Compare o comportamento de uma onça, que assim que vê uma possível presa, vai lá, corre, escala árvore, dá patada, dá mordida até que ou a vítima foge, ou ela garante o almoço do dia. Um predador faz isso. Ele usa de substâncias, presentes, promessas, faz carinhos, tenta aproximações em locais de pouca exposição até que consiga se chegar em sua vítima.

Importante frisar que não é só em casos mais escandalosos que isso ocorre, como na pedofilia. Muito predador sexual não sai do convencional (ex.: homem-mulher hétero). O modo de agir é que é o problema, não a idade ou gênero do alvo. Existem casos que ocorrem na santidade de um casamento, quando a mulher é submetida a um papel de servidão sexual ao marido, mesmo que não esteja a fim, porque seria “a obrigação da mulher servir o marido”.

Antes, deixa eu te dizer que sim, vejo muita diferença entre um bicho com fome e um ser humano com problemas psicológicos. Não é pra justificar o predador sexual alegando que seria uma necessidade física como de um tubarão mordendo pra sobreviver. Estou só preparando o terreno pra um paralelo atual que vou fazer mais lá pra baixo.

 

Lobo Mau x Chapéuzinho Vermelho

 

Essa é uma das mais gritantes e famosas alegorias à sociedade do mundo. Conto de origem europeia, mais uma das várias adaptações de contos horripilantes dos irmãos Grimm, para um público mais juvenil - e depois de anos, infantilizados pelos estúdios Disney a ponto de todo o background social se perder, ficando apenas uma aventura e musiquinhas, mas estou divagando.

 Chapeuzinho é uma menina com uma única missão: Levar uma cesta de guloseimas para a vovó doente do outro lado de um bosque. Pois a menina, jovem e inocente, consegue se desviar do caminho por causa da lábia de um Lobo. Aqui, temos a capa como simbolismo para a própria inocência da menina, talvez até o hímem de uma virgem (lembrando que em versões antigas, a capa nem sempre é mencionada como vermelha).

 A menina e a avó, poderiam ser uma alegoria da estrada da vida de uma mulher. Mas o Lobo, esse não tem pra onde correr, sempre é visto diretamente como o predador que tá lançando conversinha mole pra engolir Chapéuzinho, vovó, cesta e tudo. Até existe uma camada sim, o lobo pode ser o próprio bicho, animal muito comum em determinadas áreas rurais de quase o mundo todo e que é um valente caçador, mas, lembremos que sua figura é contada na história da menina do gorro vermelho como um ser antropomórfico, ou seja, que se apresenta com a forma humana. Logo...

 

Robinho

 

Robinho, jogador do Santos, foi pego admitindo participar de uma farra onde a moça estava embriagada. O que seu curto entendimento não o fez ver ainda é que estupro não é caracterizado apenas pelo ato violento e físico. Se valer da condição de vulnerabilidade de uma pessoa entorpecida também.

 Fica tentando dar pedalada pra sair de uma situação onde, mesmo sem crédito, muitos já teriam tido a malandragem de se retratar pra poder pelo menos diminuir o prejuíjo. Mas em vez disso ele faz o quê? Se compara a Bolsonaro nas eleições 2018, alegando que todos bateram nele e ele cresceu nas pesquisas (como se fosse aforça de seu carisma e não o clima anti-pt que fez muito doido votar no doido e hoje se arrepender). E ainda dizendo que “infelizmente” existe o movimento feminista.

 Ou seja, ele uma hora diz que mulheres trans (e/ou lésbicas, vai saber a extensão) defendem o feminismo mesmo sem nem ser mulher de verdade e alega que o que falou foi tirado de contexto. Frases que se não foram inventadas do zero, dificilmente tem um contexto geral diferente de um hipócrita que se meteu numa farra e não quer assumir que o que fez foi vergonhoso.

 

Conclusão

 Robinho não é homem de verdade, é só um daqueles falsos moralistas que defendem a família brasileira, acham que dizer que são casados ou da igreja já é carteirada de honestidade e quando são pegos com a boca na botija, querem se fazer de mártires. E nem adianta fazer como a âncora da Record que levantou a bola para os casos de prostituição, porque ser puta não dá o direito do cliente fazer algo que ela não tenha condições de decidir. Assim como a menina de dez anos grávida do tio estuprador, de novo, o foco é desviado para a vítima e não para o agressor. Ele acha que sofre perseguição, mas, pelo contexto do texto geral, é só um lobo em pele de cordeiro. 

Vergonhoso.


quarta-feira, 1 de julho de 2020

Até que a Sorte nos Separe 3: O Amor Salvou o Brasil


Seguindo a linha "vou falar de filmes aleatórios", me deparei com um belo exemplar daquilo que chamo de "ideia show, execução bleh". Até que a Sorte Nos Separe 3 - A Falência Final é um grande exemplo disso. Porque, veja, de 2000 pra cá, dois anos após o lançamento do oscarizável, e tocante,  Central do Brasil, tivemos Cidade de Deus e Tropa de Elite (I e II), entre outros. Alguns destes foram fenômenos históricos de popularidade e outros bem esquecíveis. MAs este aqui chama à atenção por ser muito mal aproveitado.

Tino e família voltam neste longa já calejados pelas perdas financeiras que tiveram na vida. Tino está cada vez mais Homer Simpson (que emburrece a cada episódio pra gerar mais piadas pastelão). Se ainda fosse emburrecer pra ser uma sátira ao cidadão comum, com as ironias, acertos e erros a que está suscetível em nossa sociedade, seria um ganho. Coisa que, aliás, o próprio Homer era no começo, tendo virado pretexto apelão de entretenimento fácil bem depois de ter feito o nome de sua família ganhar o estrelato na (antes contra-)cultura pop.

Bem, depois de ter virado simplesmente um cara gordo que fala feito garoto mimado e fazendo piadas de peido, sexo, careca e outras intelectualices, Tino consegue ser atropelado enquanto vendia biscoito na beira da estrada. A 'sorte' dessa vez, é que o autor (culposo) do atropelamento é o filho do cara mais rico do país. Uma óbvia referência a Thor Batista, que atropelou e matou um ciclista há alguns anos (saindo de boas do processo) e seu pai, Eike Batista. A mãe do jovem é uma socialite ex-modelo, numa nítida referência à Luma de Oliveira.

E o filme ensaiava um rumo meio desengonçado desse plot, até ali, interessante. Mas o filme deixa de parecer esquentando pra encontrar seu auge pra se tornar o tal desperdício de ideias que falei lá no começo. Os diretores Roberto Santucci e Marcelo Antunez pareceram ter escolhido o caminho fácil para o país onde até alguns anos atrás, ainda usava como piada mulheres seminuas e piadocas sobre escatologias, palavrões e pastelões. Nada contra, só acho que isso deveria estar a serviço de alguma informação. De preferência, cumprindo o papel do humor, que é a quebra das expectativas.

Por exemplo, aqui não tem uma história bem estruturada, mas poderia. Um cara acostumado ao fracasso consegue se reerguer com apoio do sogro milionário da filha mais velha e acaba falindo ele e o país. Plot interessante, pra quem já viu os dois primeiros filmes da franquia. Mas, na última hora, descobrimos que as trapalhadas de Faustino apenas desmascararam uma trapalhada maior e muito mais séria do tal sogro da filha, Rique Barelli. É exatamente isso que acontece, mas a coisa é conduzida de uma forma tão pasteluda que só consigo pensar que é um episódio mais alongado d'Os Caras de Pau (co-estrelado por Leandro Hassum também).

É complicado mesmo fazer humor pensando em inteligência e referências, já que o povo brasileiro é condicionado há séculos, a se alimentar do que é mais fácil e mais mastigado. Culpa de um sistema educacional que não nos leva a questionar, ou mesmo refletir. Senso comum impera e quem gosta de um filme pra pensar minimamente, fica sem. Vai assistir séries, onde o público é mais seleto. Cinema brasileiro é pra arrancar dinheiros de bilheteria e não se pode arriscar perder um Homer sequer de ingresso com piada que depende de questionar e interpretar. Boa alguém peidando ou fazendo careta aê.

E é assim por umas duas horas. Vemos um plot maneiro ser desperdiçado em virtude da fácil aceitação e vendas de bilhetes. Mas até nisso, há uns exageros bem bizarros. Como é que pode o mecânico Adelson aceitar voltar a seu alter-ego Jaques (o estilista) porque a cliente é a musa da Playboy Malu Carmo (esposa de Rique), os dois agirem como se não se conhecessem, e no final, acabam descobrindo que são conterrâneos de Nova Iguaçu, tendo sido até namoradinhos na adolescência? Explica essa porra, Bátema!

Outras incongruências:

- Gosto totalmente duvidoso o momento que Tino e Amauri vão até a presidenta Dilma Houssef. Piadas com as tais "pedaladas fiscais", até que vai, mas usar termos como 'mulher-sapa' pra fazer trocadilho entre o análogo 'homo-sapiens' e piadinhas sobre a sexualidade de uma mulher só porque ela não é uma dondoca ou um símbolo sexual foi de uma sexta-sérizice sem tamanho.

- Não entendi até hoje, porque Tino fica tão impressionado com o boneco que Amauri traz no carro, pra 'enganar' bandidos. Essa mesma piada foi feita no primeiro filme. Aqui, ela só foi - desnecessariamente - estendida. Qual é, já entendemos a piada com o brinquedo lembrar Chuck (O Brinquedo Assassino). Agora, precisaram fazer o boneco ganhar vida numa alucinação de Tino.

- Aliás, esse final do filme começa uma sucessão de soluções fáceis tiradas dos... umbigos dos produtores que dá dó. Olha só a sequência:
---> O país vai ser apagado do mapa econômico mundial
---> Nora, a auditora fria e calculista, revela isso pouco antes de dizer que precisa de sexo com Amauri
---> O casamento de Teté e Tom é transferido pro sítio do avô do noivo
---> Daniel Filho dá um sermão genérico culpando ricos e pobres pela crise
---> Juninho, filho do meio de Tino, revela que tem muita grana por views em seu canal de games no Youtube e dá de presente pra irmã poder casar
---> Teté e Tom discutem porque ambos esconderam segredos um do outro e Teté foge
---> Tino bêbado vai atrás de Teté que fugiu pro aeroporto
---> Tino convence Teté de que ficar com quem se ama durante uma crise é o melhor a se fazer  ---> Nora, que estava perto deles, decide que o Brasil não merece ser apagado da economia

Na moral, o filme começa com uma analogia às trapalhadas nas decisões imprudentes de Eike Batista e termina com uma agente do FMI da vida cancelando uma penalização econômica porque presenciou o amor de uma família e decidiu que todos merecem uma segunda chance. hahahaha

Numa próxima eu falo de O Candidato Honesto 2 ou O Suburbano Sortudo pra falar de um melhor aproveitamento de uma ideia de humor político e social. Este aqui, confesso que assisto sempre que passa, mas não perco de vista que é bem ruinzinho.

Fique sempre pra assistir aos erros de gravação. Kiko Mascarenhas com crise de riso é contagiante. Queria vê-lo num episódio do UTC qualquer hora dessas. Rá!

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Guerra Civil: O Capitão estava errado



Nas HQ's

A saga Guerra Civil, nos gibis, foi um embate entre pontos de vistas sobre como os heróis deveriam agir. Num infeliz incidente, um vilão causa uma explosão em região escolar, graças à displicência de um grupo de heróis do quinto escalão da Marvel, que participava de um reality show. Com as muitas mortes, sobretudo de crianças, os heróis são questionados sobre quem cobraria deles os prejuízos e consequências de seus atos.

Nisso, Tony Stark vem defendendo que o governo regularize os heróis, para que tenham a quem responder em caso de atos nocivos. Steve Rogers, o Capitão América, fica do outro lado, defendendo que a identidade de um herói e a liberdade de agir é o que define o herói e protege suas famílias e entes queridos. Essa saga dura meses e se espalha pelos mais variados títulos da Casa das Ideias. Ao final, Capitão está tão envolvido em derrotar o Homem de Ferro que tem uma epifania de última hora. ele percebe que está sendo atacado por populares, que, de fora, estão vendo apenas um herói batendo no outro pra vê-lo no chão. O Capitão se rende e percebe que mesmo defendendo algo em nome da justiça, ele acabou brigando por brigar e não lutando por liberdade e justiça. É uma coisa bonita de se ver o conflito ideológico e achei, particularmente, que o final foi perfeito, por mostrar que mesmo nos achando certos, o modo de colocar isso pode nos fazer perder a razão.



 No cinema

O filme Capitão América: Guerra Civil já é bem diferente de sua contraparte na plataforma de origem (quadrinhos). Além do elenco ser muito reduzido em relação às revistas (seria impossível adaptar TODO o elenco Marvel, a menos que existisse uma série só da GC, liberados os direitos de todos os personagens), outras tramas completam o roteiro do filme. Pra começar, além das consequências das ações destrutivas dos Vingadores, aqui também tem os desdobramentos do Soldado Invernal, o assassinato dos pais de Tony Stark e atentados com mortes, sendo uma delas, o Rei T'chaka, de Wakanda (pai de T'Challa, que passa a ser o Pantera Negra).

No fim das contas, tudo está ligado, de alguma forma. Palmas para os Irmãos Russo, que souberam levar um monte de subtramas a uma conclusão coesa e com apenas as pontas soltas que convinham para desembocar em Pantera Negra e Guerra Infinita. O universo Marvel, tal qual Harry Potter, ficava mais e mais sombrio e intenso. Descobrimos que os atentados foram planejados por Zemo, que perdeu a família durante os eventos de Vingadores: Era de Ultron e a culpa recaída sobre Buck Barnes, o Soldado Invernal. Isso levou T'Challa a buscar vingança pela morte do pai e o Homem de Ferro pelo assassinato de seus pais. 

O grande empecilho é que o Capitão América está disposto a tudo pra defender o grande amigo das antigas, além do apreço pelo camarada, ainda parecia ter uma pontinha de consciência pesada por não tê-lo salvo lá na Segunda Guerra Mundial (em Capitão América: O Primeiro Vingador), custando-lhe um braço e a vida, visto que ali ele foi capturado e programado para ser um assassino letal a serviço da União Soviética.

Ma eaê, Saga?

As diferenças modificam o resultado e não é pelo óbvio fato de simplesmente ter mos coisas diferentes. O lance aqui é que essas diferenças mudam o status quo do Capitão. A graça do Capitão nos quadrinhos é que ele foi contra o governo controlar as ações dos herois, ou seja, ele leva o nome e a bandeira do país, mas não segue cegamente o que seu governo manda. Ele tem uma autonomia e um compromisso com algo além de bandeiras, que é a defesa de seus ideais e da humanidade. Colocar o Soldado na equação, fez Steve pender pro lado pessoal, deixando de lado um critério ideológico pra simplesmente proteger o amigo querido.

Enquanto Steve percebe que está vencendo uma luta, mas pelo modo errado, ele se entrega pra responder por suas ações, mas mais por sua consciência por ter virado as costas para seus ideais pra alimentar uma rixa. Já no cinema, Steve chega a entrar em uma luta braba contra o Homem de Ferro pra defender Bucky, logo depois de Stark ter assistido a um vídeo de Barnes matando seus pais. Steve está totalmente de costas pro mundo pra defender um amigo com culpa comprovada por diversos crimes. E não tem redenção. O que vamos ver é que mesmo assim, Steve consegue hospedar Barnes na terra do Pantera Negra e o reencontro só se deu em Eutemato  Vingadores: Ultimato.

Conclusão

Steve Rogers era pra ser o escoteirão da Marvel, aquele que defende o que é certo e ponto. Nesse filme, ele luta contra amigos leais de batalha e da vida pra defender um outro que matou tanta gente e até familiares de um desses amigos. Ok, Bucky tinha sofrido lavagem cerebral, mas Steve simplesmente se colocar entre o mundo e seu amigo foi muito egoísta pra alguém que foi escolhido pra ser o representante do que há de mais puro no coração de quem luta por liberdade e justiça. Lembra da cena da granada falsa no primeiro filme? 

O que seria do mundo se o Superman começasse a enfrentar toda a Liga da Justiça pra proteger uma Lois Lane assassina? Tendeu? Por isso aquela luta final entre Capitas, Bucky e Tony Cachaça é tão tensa de assistir. Relacionamentos estão morrendo ali. A cena que reproduz a capa da edição final dos quadrinhos é linda, mas eu fico triste com esse filme.

Coisas que eu não entendi:

O Falcão apoia o Capitão em tudo, até quando está errado, protegendo um amigo culpado de tudo e de todos. Numa briga generalizada que saiu do controle, ele faz, sem querer, com que o Visão atinja o Máquina de Combate causando-lhe uma queda livre e ferimentos graves. Aí, ele chega pro Tony e diz 'sinto muito'. Tinham esmo que tomar um raiozão nos peito, né? Provoca a m... toda e vem com 'foi mal'.

Na mesma batalha do aeroporto na Alemanha, o Homem formiga chega pro Capitão e dá um caminhão encolhido e um daqueles dispositivos que os aumenta... Porque?! O cara passou um tempo em seu filme até aprender e na hora de fazer, ele manda um cara que nunca usou aquela bagaça? Ê, Homem Formiga, ê, Homem Formiga...

Foi só eu, ou alguém mais também achou que certos golpes foram dados forte demais naquela luta? Digo, você usar uma certa força pra intimidar, até que vai, mas os caras estavam jogando caminhões em cima de personagens que não têm essa força toda. Tipo, Pantera, Viúva, gente que pode ser esmagada, cara!

Até entendo que mantiveram dois pesos pesados fora da briga pra não causar um desequilíbrio muito grande (até então, Thor tinha saído pra procurar as joias do infinito e Hulk o encontraria em Thor:Ragnarok), mas o Visão aparecer já desequilibraria. A Feiticeira não é tão poderosa quanto uma joia do infinito na testa de um sintozoide super poderoso. E ironicamente, todos, a favor e contra o Acordo de Sokovia, estavam causando mais e mais destruição por questões pessoais e uma questão política: A destruição que suas ações causavam. Rá! Eu ri.

Zemo é um vilão legal, meu critério pra dizer isso é que foi um vilão que fez o que vilões devem fazer: Causar desconforto na vida do herói. Vilão físico é legal, mas não resolve. Tem que fazer a trama andar por outras questões que não só derrubar paredes. O embate tem que começar no intelecto. Só não gostei de ser um cara aleatório que perdeu a família e já aprendeu a pesquisar sobre espionagem, história e bases abandonadas do governo. Se ele já viesse de uma família com essa pegada, seria melhor, já preparado pra manipular. Aquela cara de gerente de banco destruindo os Vingadores por dentro não me convence.

E aquela cartinha com um telefone pro Tony no final, hein? Achei que tava todo mundo muito de boa pra quem acabou de se digladiar com amigos por tretas envolvendo assassinatos e manipulações.

ps: O Capitão pegava a jovem sobrinha de seu grande amor da década de 1940... cara, acho problemático isso.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

A mulher na ciência de The Big Bang Theory


Há 5 anos, a ONU (Organização das Nações Unidas) estabeleceu o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência em 11 de fevereiro. A data é para celebrar e encorajar mulheres e meninas no maravilhoso mundo da ciência, onde, pasmem, também existe machismo, diferenças salariais absurdas e todo aquele pacote que o mundo ominado por homens traz de desvantagens pra elas e vantagens pra nós (eles, no caso, já que o homem branco se sai melhor nesse mundo do que os negros, mas essa é outra questão e estou divagando mais que o normal...).

A questão é que um grande espelho para a data seria a série, recentemente encerrada (em 2019), The Big Bang Theory (TBBT, a partir de agora). É que a série surgiu com aquela promessa de mostrar ao mundo aberto como era o - supostamente - restrito mundo dos nerds. Não foi. Nem no começo, como já escrevi várias vezes aqui, facebook, instagram e em qualquer outro lugar. A série batia e abusava do estereótipo machista do nerd-menino-grande-sem-traquejo-social e tudo que já vimos em personagens nerds de filmes e séries na história. Sério, todos TODOS os nerds dessa série são esquisitos, multialérgicos, com problemas de relacionamento com os pais e machistas. 

Sério, quantas vezes Howard assediou Penny e na única vez em que teve o que merecia (levou um sonoro fora que o pôs em seu lugar de predador sexual metido a engraçado), Leonard foi lá pedir que ela fosse se desculpar por ter deixado o meninão magoado. Sério? E ela ainda casou com esse cara ao longo da série? E nem vou começar a falar do machismo tóxico do Dr. Hofstadter, que passou 12 anos induzindo sua amada a não ter amigos homens, sempre dar satisfações de sua vida pessoal e se curvar ao que ele achava conveniente pra poder ficar tranquilo e confiar nela. Ah, e Sheldon sempre fazendo questão de ofender sua inteligência e suas vestimentas.

Falei esse tempo todo sobre machismo porque, logo depois, na série, entraram duas personagens, que se tornaram fixas: Bernadette e Amy. Cientistas mulheres para uma melhor representatividade, ok? Not ok! Primeiro, a série (no caso, a produção) sempre subestimou as mulheres. Leslie Winkle era uma cientista independente de homens (na verdade, até virou o jogo e manipulou alguns dos personagens homens) e quantas vezes ela apareceu? Alguém reparou que ela simplesmente sumiu? Teve também aquela cientista-escritora que se hospedou no apê de Leonard e Sheldon e só serviu de objeto sexual de alguns protagonistas. E sem contar as outras que pouco ou nada acrescentaram (incluindo a assistente de Sheldon, sempre sendo explorada e humilhada e a reitora da Caltech, alvo de comentários racistas que, parece, a série empurrou como piada), temos as duas protagonistas. 

Vamos ver, Amy surgiu como uma piada da série, uma resposta ao questionamento de Howard e Raj de se havia algum par perfeito para Sheldon no universo. Ela veio através de um site de encontros e depois foi adicionada ao elenco principal. Mas a neurocientista Amy Farah Fowler passeou de um relacionamento intelectual com Sheldon para uma colegial deslumbrada feliz em ser amiga de Penny, wannabe de BFF com Penny e depois, tarada e louca para casar com Sheldon. Claro, também se tornou a "consciência" de Sheldon, a todo momento repreendendo seu comportamento arrogante e tóxico para/com seus amigos. Não fez o menor sentido, já que ela era tão desligada do trato social quanto ele, e ele que nunca mudou, mas ela evoluiu em tempo recorde num grupo onde ele já frequentava há anos antes dela... mas deixa quieto, os fanáticos vão dizer que a vida tem dessas coisas. E não está errado, só que numa série, é claro que isso foi pré-determinado conforme o roteiro pedia.

Bernadete era a namoradinha de Howard e evoluiu para a mãe dos filhos dele. Até aí, tranquilo, o lance é que ela não pensava em ser mãe e ele insistia (mesmo plto reaproveitado mais à frente por Leonard e Penny). Aí, ela engravida duas vezes. Mas esses dois casos só demonstraram que apenas confirmavam o machismo da série, ao invés de ameniza-lo. Pois, Amy ficou louca para casar e casou, Bernadete era uma proeminente microbióloga e se tornou a mãe dos filhos do engenheiro. E o pior é que no episódio em que tinham a chance de palestrar em escolas para meninas se motivarem a adentrar na ciência, a série colocou os marmanjos na missão e as cientistas vestidas de princesas Disney num parque. Tá de sacanagem, né? Mas isso não foi o pior. O pior eu conto no parágrafo a seguir.

No final, quando já tínhamos certeza de que a primeira mulher do elenco principal nunca teria mesmo um sobrenome próprio, adotando o do marido, ela que deixou bem determinado que não queria filhos, foi engravidada pelo roteiro preguiçoso e apelão, ao passo que Amy ganhou um Nobel. Parece maravilhoso, né? Mas nem tanto. Ao ganhar o prêmio, a preocupação de Amy era de não ser tão bonita quanto as mulheres admiradas pela beleza no mundo. Logo ela que já tinha manifestado seu posicionamento de que uma cientista não tem que usar atributos estéticos para ser admirada. Foi até num episódio em que Bernadete joga na cara dela que ela só pensa assim por não ser bonita. Não teve jeito, Raj (desperdiçado da homofobia racista da série) lea a Senhora Cooper para um banho de loja.

E é isso, a mulher na ciência pode muito mais que ser contador de piadas forçadas, arrogantes e preconceituosas numa série de estereótipos pejorativos. 
  
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