Crônicas, divagações e contestações sobre injustiças sociais, cultura pop, atualidades e eventuais velharias cult, enfim, tudo sobre a problemática contemporânea.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Novela Walcyr: Carrasco e Elitista


Engraçado como Walcyr Carrasco inventa que contribuiu contra o preconceito racial no Brasil porque escreveu a novela Xica da Silva e aquela pose de falso caridoso, por ter sido a primeira novela protagonizada por uma negrzzzZZZZZZ. Isso é o mesmo que descolar um tataravô negro pra falar que não é racista e esquecer, que pra haver mistura, houve muito estupro entre a casa grande e a senzala. Mas você não vai admitir que também tem mais sangue escravocrata nas veias, né, não?

Bem, o autor-magya argumentou que a mudança no visual do menino Jayminho (Kaiky Gonzaga) seria o natural para uma criança de abrigo que foi adotada por um casal branco de uma classe social mais abastada. Ter seus traços negros tolhidos como um defeito. Mas, só te digo uma coisa... ou melhor, não... Vou mostrar, pois, uma imagem vale... você sabem, né?


Bem, pra contextualizar, este adulto na foto é Marcelo Anthony, o ator que interpreta um dos pais do menino Jayminho na novela Amor à Vida. A criança é FILHO ADOTIVO dele. Ator global deve ter uma condição financeira legal, né? Se o filho vem por adoção, acho que é demonstração suficiente que os pais gostaram da criança pelo que ela é, né? Não é uma casa que você já adquire pensando nas reformas que vai fazer.


Aí, diante de tantas críticas (inclusive o óbvio de ter tanto absurdo na novela e o cabelo do menino é que incomodou), seu tio Walcyr me sai com essa: “Bem, se não estão felizes com o que estou fazendo contra o preconceito, tiro o personagem da novela e acabo a polêmica”. Sabe aquela criança malcriada que perde o argumento e começa a xingar? Babaquice é pouco, ainda mais vindo do autor que matou uma personagem porque a atriz não quis imitar Carolina Dieckmann (sendo que havia prometido um novo rumo’ lindo’ para a personagem falecida. Walcyr tentou fazer média dizendo que acha o black lindo, mas se esse ‘lindo’ for igual ao final da Nicole (Marina Ruy Barbosa), sinto muito, alguém vai satisfazer a sede de tesoura do Carrasco.



Engraçado também é que pra lutar contra o preconceito, ele quer cortar o cabelo do menino negro, mas não fez uma redução de estômago na gorda pra tratar da gordofobia. Pense bem, uma gorda que trabalha na área de saúde e não faz dieta, isso o Cycy não pensou. Ele deveria tratar do próprio preconceito, já que é demagogo demais pra se assumir um racista, deve ter algum problema de daltonismo, pois não percebeu que suas novelas nunca têm meia dúzia de negros. E não poderia ser coincidência, estar na emissora mais elitista e racista do Brasil. Aliás, veja como ele conduziu uma discussão internética com a atriz Tatiana Godói:
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Um UM menino negro por escolha dele e ele não é mais racista, gente! Aliás, alguém acha que ele ligaria para a atriz? Ela é negra e ele claramente (sorry pelo trocadilho) não nos quer na TV! Agora, minha gente, vamos ao que interessa e ler o comentário mais sensato de toda a discussão:


E, novamente:

 




sábado, 19 de outubro de 2013

Críticas fazem Walcyr Carrasco mudar cabelo de menino negro

Bem que este artigo poderia se chamar "A Novela do Preconceito 2: Chovendo no molhado" , mas não sou muito fã desse tipo de repetição. Sabe do que mais eu não sou fã? Da mídia aberta que maldosamente prega uma mitológica democracia racial, defendendo valores da classe dominante, conservadora e ditadora. Eu falei há bem pouco tempo, sobre a ausência de negros na TV, inclusive me dei ao trabalho de ir a três sites de novelas só pra comprovar que os elencos não têm sequer 10% de negros. Isso já seria um absurdo de irreal para o Brasil, mas para a classe elitizada (a que tem sua imagem vendida como o normal e corriqueiro de toda a população) até que vai.

Esse é um tema recorrente, porque a atitude "deles" é recorrente, então, sempre há um novo modo de se analisar a situação do negro na TV. Da última vez, vi uma discussão sobre aquela aberração que o autor de Amor à Vida, Walcyr "avoado" Carrasco emitiu, de que o gordo sofre mais preconceito que o negro. Bem, o pai do protagonista é gordo, vários personagens são gordos, gordinhos, parrudos e afins, aliás. Mas você já viu essa discussão em algum lugar? Não. E porque? Porque o gordo é ignorado? Não, ao contrário, o gordo está devidamente inserido na mídia. Pode não ser protagonista e, muitas vezes, ficar relegado ao clichê 'comilão-sedentário-alívio cômico', mas, ainda assim, você vê vários pela TV. O preconceito contra o gordo é estético, não é uma questão de dominação e desprezo por descendentes e representantes de uma etnia.

Bom, dito isso, vamos ao assunto principal: O preconceito hipócrita... aliás, não, decidi que não vou mais tratar a negação do racismo como falta de informação histórica, isso é racismo, é crime, é desvio de caráter e toda maldade merece ser combatida. Fique por aí e você vai entender. Antes, deixa só eu contextualizar, o autor-magia diz que gordo é o novo negro e pretende expor essa ferida da sociedade pra acabar com o preconceito. Oras, o Ninho (Juliano Cazarré) teve seus dreads retirados porque, segundo um pessoal aí, a rejeição ao personagem estava diretamente ligada ao visual "sujo" do riponga (o fato de ser um mané e ter sequestrado a própria filha não conta). Então, chegamos à cereja do bolo: O menino negro que está para ser adotado pelo casal Niko e Eron terá uma mudança na cabeleira do personagem, de novo, por aceitação... Engraçado, tanta coisa que gera reclamações e nada muda, mas os seus cabelos... Quanta diferença!

A Globo segue, promove e determina a política geral da mídia aberta e conservadora de negar o racismo e programar as mentes menos contestadoras pra achar que isso é só um detalhe ali no canto (assim como fazem com o próprio negro). Então, por aceito, entenda 'menos traço de negro na sua TV'.


O que essa enquete sobre outra novela tem a ver? É que é isso que aparece logo abaixo da notícia no site da jornalista Patrícia Kogut (confira aqui). Ou seja, uma mudança descaradamente preconceituosa numa novela e o que o público vai opinar é sobre o fim de uma personagem de outra produção. 'Mas, o que isso tudo tem a ver, Saga? Pô, você reclama de um monte de coisa de uma vez!', espera, gafanhoto, vou chegar lá agora. E, até o momento que acessei à notícia - cerca de 10 horas após a publicação - não havia nenhum comentário... pode ser coincidência, mas acho que não é um assunto que se fale muito, e se alguém criticar a atitude, corre o sério risco de ser chamado de 'patrulha'.

O debate sobre diversos preconceitos nunca acontecem, como por exemplo, em Salve Jorge, uma protagonista, moradora de uma comunidade, foi interpretada por uma 'morena', já a negra era sua melhor amiga, a outra negra era o alívio cômico, enfim, o negro é programado a entender que seu lugar não é na TV, não é fora da sua vidinha 'Esquenta' na filosofia 'ganha-se pouco, mas tudo, bem, a gente se diverte'. Esse é o lugar do negro, segundo a mídia. Mas, o interessante é que a referida jornalista vem a ser esposa do diretorzão Ali Kamel, o autor de Não Somos Racistas (aquele livro, saca?). E o que isso tudo tem de relacionado?

Bem, jovens, se a gordofobia é um fenômeno maior que o racismo, se La Kogut noticia a mudança no visual de um personagem com cabelo afro e é esposa de um negacionista do racismo, bem, podemos concluir que é mesmo uma ideologia pré-determinada a exterminar referências à raiz negra desse país, não? Ah, então eu sou paranoico? Se não, vejamos, numa recente matéria sobre a importância de se abordar a gordofobia pra trazer o tema ao debate, La Kogut deixa escapar mais uma vez que sim, o que interessa à mídia, ela traz à baila, o 'resto', é terminantemente ignorado. Ou isso tudo é só uma grande coincidência? Claro que não. Veja a sequência de frases e me diga se não é muita cara-de-pau não falar de racismo, fingir que não nota que só tem um ou outro negro até nos núcleos pobres e a obra incomodamente inesquecível do tubarão da Globo.

Primeiro veio a notícia sobre o cabelo do menino negro da novela, abaixo, você vê uma frase da notícia sobre o debate da gordofobia, então você vê, de novo, porque a cultura imposta pelos meios de comunicação que dominam a informação aqui (e que se liga em você!).

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Chiquititas branquititas do Brazil

Se estatísticas apontam que as preferências de adoção são meninas, brancas e bebês...

Como, raios, o orfanato de Chiquititas ficou assim, com tanta menina e só uma negra? 

(Produção, isso é no Brasil?)

Carrossel, por exemplo, não inovou na diversidade étnica do país, mas poderia, pois, a Valéria deixou de ser morena 'latina' pra ser a branquinha Maísa, o japonês Kokimoto ficou 'loiro' e até os alunos gordos não eram tão gordos quanto suas contrapartes originais de México.

Mas não mudam a porra da visão etno-euro-cêntrica do país. Mesmo na ficção, o povo quer se ver na TV, mas não há ideologia que mude nessas cabeças conservadoras e elitistas, né?

E não me diga mentirinhas, dói demais!

Tanto faz se em 1997 ou 2013, essa "realidade dura" das crianças do mundo de Malhação/Bambuluá ainda parece mesmo é dura... de se engolir.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Ao Mestre com Carinho - Dia do Mestre

Momento ternurinha!


Sabe aquelas coisas que você lembra com clareza porque se repetiam bastante no passado? Pois é, uma dessas é a canção To Sir, With Love, do filme de mesmo nome.

Esse filme é emblemático e, embora haja vários nesse estilo 'professor-durão-que-acerta-turma-desajustada', esse é um dos mais famosos e autênticos. Sidney Poitier é um professor nbegro numa escola britânica predominantemente caucasiana, mas os assuntos mais abordados são de comportamento de alunos fora dos padrões escolares convencionais. O filme vai evoluindo até que eles dedicam a tal canção ao mestre, que se retira emocionado, porém austero. Detalhe para o final quando alunos ironizam o fato de estarem na turma no próximo ano, então, secretamente, o professor rasga uma proposta de trabalho fora dali para continuar sua missão. Assista ao momento da homenagem.


Mas o que eu quero ressaltar mesmo é a versão em português que o grupo Abelhudos gravou e foi tema de homenagens ao dia do mestre e formaturas a perder a conta do final da década de 1980 até algum momento dos anos 1990. Essa sim, a que eu tenho na memória afetiva. Aliás, eu e todo mundo nascido e que não morava numa ilha deserta nessa época, acho. Fique com a versão granulada de uma apresentação do grupo no Show da Xuxa (num tempo que havia alguma programação infantil na TV aberta):


Confesso que quando eu era um pequeno Sagatiba lá em Barbacena na Pavuna, essa foi uma das músicas que eu mais lembro com algo diferente de nostalgia, é uma coisa de memória afetiva mesmo, carinho, com o perdão do clichê.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Eike Bastista, Parte 2: O que Eike deveria saber



Dia 10 de outubro, Dia Nacional do Empresário. E, em homenagem a isso, falaremos do empresário do mês: Eike “pai do ano” Batista. Eike já era velho conhecido meu desde fins de adolescência... Não, nunca fui chegas do pitoresco empresário, nem muito antenado com o mundo corporativo assim, é que eu tinha a Playboy de Luma de Oliveira em que ela era perguntada sobre a reação do – então – marido sobre a nudez, mesmo não precisando de grana (sério). Bem, vamos deixar a coleirinha com o nome de Eike pra depois e vamos atentar em 5 pontos importantes pra se iniciar um negócio.


Aliás, tão importante quanto iniciar um belo negócio, é ter em mente uma estratégia pra se MANTER o negócio. Prosperar é consequência quando você sabe o que está fazendo. Falei, na Parte 1 do meu intento, o quanto se pode perder quando se faz as coisas na base da empolgação. Eike BatistX nos mostrou como a criança com brinquedos caros mais velha do mundo se porta diante de muito dinheiro e prestígio midiático. Muito antes de proteger – junto de Luma “meu filho sofre preconceito porque é rico” de Oliveira - os crimes da prole, Eike já cometia suas infâmias ao ignorar passinhos tão básicos da vida empresarial que parece até plot de filme dos anos ’80. Com base nas dicas do empresário Christian Barbosa, vamos passar a tensão da meteórica carreira do G-X para apreciar dicas muito supimpas que Eike-Maravilha poderá seguir numa próxima encarnação empreitada:

TOP 1: Abra uma empresa, não um emprego. Isto é, faça um investimento que vise ser, a médio/longo prazo, independente, delegável, tendo estratégia, com foco no cliente e não no umbigo do empreendedor.

TOP 2: Planejamento. Saia planejando tudo até cansar. Quando não estiver mais aguentando planejar, planeje (¬¬) um descanso pra, depois, voltar a planejar. Crie uma política voltada para o cotidiano de sua empresa, quer dizer, desenvolva um código de conduta como um manual, tipo, tratamento de clientes e fidelização deles, ritmo em que vai se emitir documentos, cuidados na prestação do serviço ou venda do produto, etc.

TOP 3: Seja um membro da Matrix. O mundo está muito informatizado e muito conectado. Tenha tudo à mão, sistemas gerenciais, e-mail, redes sociais, contatos, enfim, tudo que possibilite você a ter acesso fácil à sua própria empresa. E a comunicação interna/externa convencional também. PABX, celulares, smartphones, I-pod, tablets, I-pad... Tenha acesso e tenha um paralelo de sua vida na web. Só não adquira um I-Ke. Rá, eu não presto!

TOP 4: Crie indicadores. Tenha controle sobre o andamento do seu negócio, produtividade, horários, reação dos clientes, alcance de sua marca, impacto da sua empresa no mundo empresarial , com fornecedores e, claro, no cliente final. Planeje (rá, já tava esquecendo, né?), acompanhe, controle... seja um gestor atento, mas não vá surtar, pois, o último tópico vem bem nessa vibe.

TOP 5: Coloque vida na sua empresa. Tenha em mente que você é uma pessoa empreendedora, portanto, deve ter família, amigos, vida social, um gato ou um peixe, sei lá... O importante é respirar pra não pirar (que frase de efeito massa, véi, acabei de criar). Não adianta dar uma de protagonista de novela/filme de drama/comédia romântica e só se dar ao luxo de perceber que um bom negócio só vale pra curtir com pessoas que fazem parte da sua vida depois que você afastou tudo isso de você.

Viu? É importante dar atenção às coisas simples da vida. "Moça, quanto é o salgado+refresco?"

Considerações finais:
Se o Pica-Pau tivesse comunicado à polícia, isso nunca teria acontecido Eike BatistX tivesse um mínimo de noção e menos deslumbramento com seus próprios feitos, teria tido menores impactos negativos, ao contrário, esse cara deve se orgulhar até da bosta que larga na privada e uma sólida sobrevida empresarial, em vez de virar piada no meio corporativo e caso de estudo para o que NÃO  se deve fazer um empresário.

Eike Bastista, Parte 1: O X determina onde cavar


Dia 10 de outubro, Dia Nacional do Empresário. E, em homenagem a isso, falaremos do empresário do mês: Eike “pai do ano” Batista. Eike já era velho conhecido meu desde fins de adolescência... Não, nunca fui chegas do pitoresco empresário, nem muito antenado com o mundo corporativo assim, é que eu tinha a Playboy de Luma de Oliveira em que ela era perguntada sobre a reação do – então – marido sobre a nudez, mesmo não precisando de grana (sério). Bem, vamos deixar a coleirinha com o nome de Eike pra depois e vamos atentar que existem 5 etapas pelas quais uma empresa passa até se partir ao meio e repousar nas profundezas do Atlântico Norte... não, calmaê, esse foi o Titanic... Mas o histórico é o mesmo. Bem, os passos são excesso de confiança – pelo sucesso obtido, busca indisciplinada por mais, negação de riscos, luta desesperada pela salvação e a entrega resignada à irrelevância. Resumindo o pesquisador estadunidense Jim Coluns: Quem tudo quer, nada tem.

Vamos aos 7 pecados corporativos de Eike. Sim, pecados e não erros, pois, assim como os termos bíblicos, Eike cometeu algo reprovável no comportamento humano que o fez se afundar e, ainda, que parece uma satisfação cometer, mas só traz perda e arrependimento (para os que têm cabeça boa). Não é nada religioso, é só o paralelo, tipo o orgulho ou a gula, que, se você não evita, acaba se arrependendo/pagando depois. Eike fez isso, no caso dela, a vaidade veio em primeiro lugar, mas se analisarmos bem, ele adaptou todos e criou mais alguns nessa presepada empreitada. Eike-pecado!


1º pecado: Assim como uma placa-mãe onboard, Eike concentrou os riscos em vez de espalhá-los. Como um grupo que tenta se erguer todos de mãos dadas, o esforço é grande demais e depois só pode vir uma danada duma vertigem, seguida de uma queda estrondosa. Ele fez da união de suas empresas um esquema de co-dependência - e não uma diversificação de negócios - a ponto de uma afundar a outra, em caso de crise. Com a diversificação, os riscos seriam espalhados entre as 16 empresas, que chegou a ter em seu império, mas o que aconteceu mesmo foi a ligação entre as 5 principais empresas e “o resto”, que dependia intensamente do ‘G-5X’ (apelidinho safado que acabei de inventar). Sendo assim, não dá pra um só elemento salvar outros menores, porque a quantidade faz peso e traz pra baixo ao invés de serem todos erguidos nas costas do maiorzinho. Fez como aquele seu primo pequeno jogando vídeo game: Ele não sabe mexer na coisa, então, sai fazendo o clássico bottom-mash (ato ou efeito de apertar desesperadamente todos os botões desordenadamente) pra ver no que dá e vai se refestelando enquanto dá certo, mas se der errado, filhão, é ladeira abaixo com uma âncora amarrada nos caniços, estilo Leonardo Dicaprio em Titanic.
Jack! Jack! Tinha espaço na madeira sim, seu bobo, pode acordar que eu tava só brincando... tá frio aqui, né? Jack? – Disse Rose, contemplando o estrelado céu noturno do hemisfério norte.

2º pecado: Não protegeu suas empresas de seus próprios defeitos. Como eu sempre digo, o que você faz, sempre vai levar características de sua personalidade. Um criador de empresas nato, mas um gestor eufórico e deslumbrado. Parece até uma coisa boa, você se jogar de cabeça, mas o resultado pode não ser um mergulho esplendoroso, e sim uma queda de cabeça no deck. Pra você que vive a cultura ‘Brasil-país-do-futebol’, é mais ou menos  como aquele time envolvente, que faz uma bela campanha enquanto a maioria ainda está se organizando no início campeonato, mas, assim que os outros pegam o ritmo, você nota que aquele time era só um ‘cavalo-paraguaio’, na gíria, um afobado que se cansa e fica sem fôlego logo após a explosão de alegria. Trouxe executivos de renome, não deu importância a obstáculos e detalhes - que deixariam muito cascudo aí se borrando de preocupação - gastou mais dinheiro nos empreendimentos do que eu na Casa do Biscoito e deu no que deu. Otimismo não é por aí, I-Ke, quando você se levanta muito rápido, tende a sentir o sangue descendo da cabeça na mesma proporção de intensidade. Vertigem. Uma pirueta, duas piruetas (e o colossal tombo). Bravo, bravo!

3º pecado: Arrisco levianamente – mas com o coração quentinho, cheio de amor – que todo mundo conhece alguém, daqueles ‘empreendedores’ que vão pela empolgação e saem convencendo meio mundo de que seus negócios são promissores, saca? Vamos chama-lo de Vendemar (porque serve tanto pra homem quanto pra mulher e ainda vai ser o fio terra condutor de nossa epopeia pelo corpo do gigante grande, grande e bobo). Vendemar é aquele ser que a cada semana tem uma ideia brilhante pra ter seu próprio negócio? Hoje, ele quer vender prendedor de cabelo pra careca, depois, vai vender cerveja na porta do AA, na outra, ele quer vender picolé pra Pinguim no Arpoador Polo Sul... Sacou? Pois é, a diferença entre ele e Eike é que seu amigo não tem milhões, nem poderosos amigos ricos e influentes. Assim, ele criou seu terceiro defeito corporativo: Se deslumbrou com o mercado acionário – claro, empolgado com tanto empreendimento – e não prestou atenção ao setor. Fez previsões e especulações quando o de praxe seria esperar resultados pra divulga-los, enfim, criou um ser bonitinho, mas ordinário.

4º pecado: A venda de parte de uma das empresas BatistX em 2008 a um grupo da gringolândia deu uma garibada no otimismo de Eike. Ele achou que era mole mole pegar, cultivar e vender empresas assim como as máquinas fizeram com o próprio ser humano em Matrix (porque, você sabe, estamos em 2999 e tudo isso é uma ilusão). Enfim, a vaidade não é um pecado, é um castigo, um vício que mais hora ou menos hora você paga. Eike ficou tão besta com seus lucros imediatos que achou que tinha descoberto um belo filão. Chegou a recusar uma oferta de sociedade (7,5 bilhões por 40% dos direitos de exploração de poços de petróleo na Bacia de Campos). Se dividindo o peso com um sócio divide os riscos, o peruquinha (será?) esnobou e quis tudo sozinho (Lady Kate curtiu isso). Não quis se envolver em sociedades ou participações em empresas estabelecidas e comprovadamente rentáveis, nem aproveitou pra fortalecer suas próprias principais empresas. O resultado foi um lucro absurdo inicialmente, mas também uma pesada dívida a ser amargada sem nem um poia pra chorar pitangas, abraçados, degustando um bom vinho Cantina da Serra.

5º pecado: A empresa vem depois do funcionário. É um cânone básico de qualquer grupo: “O todo é mais importante que o indivíduo. Significa mais que a soma de todas as coisas”. Em qualquer lugar você vê uma disputa interna, por exemplo, e sempre há a defesa comum de que tal entidade é maior que tudo isso. Vale para o clube de futebol de Vendemar, vale para escola de samba, vale para a Sociedade do Anel (UIA!), só não valeu para Eike-absurdo. Sabe porque? Porque Eike atraiu o interesse de seus súditos pelos motivos errados. Quem veio para seu reinado o fez pela margem de lucro pessoal bem alta em pouco tempo, mas a empresa mesmo ainda nem tinha dado resultados. Novamente, o problema foi a afobação e uma certeza cega de que se está bem hoje só pode melhorar amanhã. Se fosse pobre, Eike já teria aprendido que a alegria de hoje pode ser véspera de problemas. Nessas horas, não é de todo ruim pensar na possibilidade de o barco afundar. Aí, o mercado de ações aqueceu, as especulações agitaram, executivos negociaram e lucraram milhões, mas não tinha uma gota de petróleo pra dar segurança para a empresa. Sendo assim, assim que um rato é visto correndo para o seco, fica fácil de abandonarem o navio e seu capitão que tenha assistido a Titanic.

6º pecado: Apressado come cru (eu disse cRu). Seria um esquema simples: Se você planta e a árvore cresce forte, na hora de frutificar, nada mais seguro que pegar umas sementes e plantar por perto pra serem uma garantia de que sua produção continuará. Certo? Não para megalomanEike. Ele praticamente plantou várias arvorezinhas, mas pagou seus agricultores com apenas a empolgação, sem ver frutos. Ambição e pressa têm em comum, mas não têm nada a ver se você quer dar certo (UIA!) nos negócios. Sem um único negócio pra dar segurança aos investimentos derivativos, tudo cresce muito rápido, mas tudo passa muito rápido. Eike não teve paciência – ou sagacidade – para esperar passar da arrebentação e já quis nadar como se estivesse em mar aberto. Ou seja, muita energia gasta desnecessariamente e nenhum porto seguro em caso de emergência. Foi como por uma criança de 9 anos pra tomar conta de uma turma inteira na faixa dos 6. Enquanto grupos famosos levaram mais de 30 anos pra se estabelecerem, até terem segurança de investir em outras áreas diversas, Eike abusou do capitalismo e fez como o surfista que se levanta da prancha na primeira onda que vem sem ‘sentir’ o mar. Acaba tomando um caldo por ter ido à crista da onda (é, eu uso essa expressão ainda) sem ter base ou equilíbrio. Não encheu um balde por vez, quis encher tudo logo, daí, quando acaba a água, não há tempo nem dinheiro pra esperar a próxima leva. Garotice.

Tá difícil? Fast food. Dura um pouco mais que seu império de areia e ambição.

7º pecado:  Como eu disse, tudo o que você faz acaba refletindo o que você é, mesmo que apenas um fragmento. Eike se mostrou um otimista deslumbrado e, não só suas empresas, mas também seus contratados demonstraram esse traço, quer por compatibilidade de gênios, quer por conveniência de puxa-saco. Eike promoveu os otimistas e rechaçou os realistas. Teve membro da diretoria sendo afastado das funções por tentar segurar o Eike de ego Batista, que chegava a jogar na cara dos ‘pessimistas’ que ele era o dono, diante de respostas não condizentes com sua ganância. É o grande problema das pessoas convencidas, elas querem tanto ter razão em suas aspirações de sucesso fácil que preferem viver nesse mundinho fantasioso onde o Sol é seu próprio umbigo. A cultura do líder que gosta muito de um puxa-saco, só reconhece o ‘yes, sir’ é o que derruba muita gente e não a incompetência em si. Fica a dica.
Imagina isso, um funcionário demitido porque explicou ao chefe que se ele vendesse um carro ainda sem as portas, o valor seria muito abaixo do que um completo. Parece um didatismo óbvio, mas foi tipo isso que aconteceu. O que não poupou o ponderado funcionário de ter sua parte nas ações enxugada de 53 Mi para 5, devido à queda do gigante de pernas e cabeça fracas. Além, é claro, do afastamento por não mentir pra Deus.

Considerações finais:
Foi o maior esquema de pirâmide financeira do país. Até apostar numa subcelebridade instantânea na carreira musical deve ser menos arriscado. O gigante precoce passou por estágios da vida empresarial e financeira, que muitas empresas levam décadas até, em alguns meses. Bem, muitas analogias foram feitas, mas, em tempos de informática e internet, só posso concluir que I-Ke se empolgou com o advento da banda larga (hmm) e quis baixar todos os filmes e músicas da internet, mas sem se preocupar em particionar o HD, fazer backup ou mesmo um simples e básico antivírus. Se expôs aos mais diversos perigos empresariais e agora, ta aí, deixou de ser a estrela popstar mídia, das finanças e investimentos, pra ser sogro de panicat. Eike-coisa!


Curiosidades
Eike tem em seu círculo social nomes de peso como o bom menino Luciano Huck (sobre esse eu falo depois), Sérgio Cabral Filho, Eduardo Paes e Aécio Neves. Talvez por isso, ele tenha ódio dobrado aos bombeiros. Além dos servidores terem feito aquela mobilização por melhores condições de trabalho e de vida e serem chamados de baderneiros por Cabral (O Sérgio Filho), Luma (sua ex-esposa) se soltou da coleira e foi cair na mangueira nos braços justo de que profissional? Exato! Um legítimo stripper do Village People bombeiro.

Poslúdio inúdio inútil
Sou contra falar ‘Êiqui’ assim como não posso com ‘Big Êipou’.
Se as vendedoras naquele comercial ficaram de bem com a vida por que Fernanda Lima não coube numa calça de criança, imagina aquele seu amigo que a cada semana quer vender um produto barato diferente, quando vir que Eike foi apenas um fanfarrão milionariamente bem relacionado!

Big Eike. Big mistake.



Eike-burro, dá zero pra ele!

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Extra: Sr. Palillo foi bebê jupiteriano

Extra, extra, os extra-terrestres estão entre nós!



Lembra aquela cena do M.I.B, quando Zed e Kay mostram para Jay que os aliens estão entre nós há tempos e tempos? Aí, ele até brinca que uma professora bem que poderia ser um deles e... É! Ele fica surpreso porque começou debochando e confirmou que a tia da escolinha era mesmo um ET disfarçado.

Pois bem, essa, muita gente não sabe, mas, já que falamos em escola, lembrei de Escuela Mundial, o que me fez lembrar de Carrossel, Professora Helena, Cirillo (NÃO SOU EU!!!) e Jaime... Aliás, é aí que eu queria chegar, o pai do Jaime, na verdade, é um ET e está convivendo pacificamente há anos. Inclusive descolou uma sólida carreira de ator.



O homem fez sucesso como o pai do bonachão aluno com dificuldades para o estudo, mas iniciou sua carreira mesmo fazendo uma marcante participação em Chapolin Colorado como o bebê que vinha de Júpiter (saca, aquele que crescia em instantes?). Então, dá uma olhada, mas fique tranquilo, ele vem em paz e não deve fazer mais do que te puxar pelas anteninhas e soltar você no chão. Se isso rolar e bater nervosismo, finja que é uma barata. Elas aguentam uns puxões pelas anteninhas e não ficam choramingando.



Agora que você já sabe que o bebão...digo, o bebezão é o pai do Jaime original, você já pode seguir a vida com essa informação pra lá de relevante.

Boa semana, chuchu!


quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A novela do preconceito

Negros em novelas sempre é um assunto tão arrastado quanto as obras de ficção em questão. Primeiramente, gostaria de dizer para os engraçadinhos que dizem “ah, mas tem negro sim, olha ali, aquela empregada, o motorista e o capanga...” que não me incomodo com negros nessas funções, mas não ter em outras tantas é limitar a visão do grande público que não contesta, só acompanha. Outra, se você diz “ah, mas é só ficção, vocês reclamam de tudo...”, não, se fosse uma ficção tão despretensiosa assim, autores e mais autores descartariam prêmios por serviços prestados na abordagem a temas sociais. Mais uma coisa (imagine essa frase como o tio de Jackie Chan, naquele desenho): Se nós, negros, é que vemos racismo em tudo, explique porque não vemos negros nas novelas? Na verdade, na TV de um modo geral, a menos que o assunto seja esse na pauta ou em algumas novelas de época (pra apanharem mais que cavaleiro do zodíaco). E nem todas as novelas de época mostram, já que muitas são da fase pós-escravidão, então é italiano pra todo lado, mas a minoria de mais de 50% da população que é bom, nada.

Falar em novela no Brasil é algo que beira o estressante. “Se não gosta, não assista!” você pode dizer, mas, antes que eu te mande lamber um bode bem suado, devo te explicar que eu não assisto mesmo. Nenhuma história deveria levar mais de 3h na TV pra ser contada (para filmes, porque para séries, eu aceito, no máximo, 3 temporadas). O que pega é minha preocupação social. É quase um alívio não ver negros na TV pelo ponto de vista que quase tudo que se faz é uma bela bosta bem divulgada, se não tanto por histórias, a ruindade vem das escolhas de elenco, mas o preconceito é o que mais exclui minha audiência. Tenho amigos negros que são atores e simplesmente não se acham nesse meiozinho fechado e pantanoso da TV aberta. Mesmo os que se abstêm desse universo, adorariam estar lá se fossem aceitos como gente, pô, como seria bonito ver o Brasil bem representado pelo seu povo na TV, né?

 Utopia! Não é assim que se muda o mundo, as nações não se ergueram pelas belas palavras de um filósofo de facebook acomodado E tenho amigos e parentes negros que assistem a isso achando que o mundo está sendo bem representado. Mas não tem negros... ‘Ah, o que é que tem?”, tem que uma criança ou uma pessoa adulta de menor potencial contestatório pode – e vai – achar que isso é normal. E achando esse mundo caucasiano normal, sabe o que acontece? Acontece aberrações do tipo “Ah, ali, tem um negro sim, viu? Você reclama de barriga cheia!”... Nem falo nada, por que ouvi uma dessas não faz muito tempo. E vivenciei, dia desses, um papo grotesco acerca de características da raça. Numa conversa sobre cabelos, ouvi de uma pessoa negra – cabelos chapados – que cabelo liso e escorrido é que é chique, porque é muito melhor. Obviamente, novelas como Lado a Lado, em que um casal negro e protagonista se casa no final, são raras demais para convencer o negro de que tem características próprias e não há um padrão para se espelhar na Escandinávia, por exemplo (e que fique claro, não sou contra o alisamento, sou contra o menosprezo pelo crespo).

Agora, vamos ver o que observei acessando os sites das três principais novelas da emissora que se liga em você (isso porque se liga, imagina se não ligasse!)

45 personagens no site oficial da novela 
5 negros. 

O primeiro personagem negro aparece lá pela oitava fileira da lista (mas é a Cacau Protásio, que tem um destaque desde Avenida Brasil e Vai que Cola).


76 personagens no site oficial.
6 negros 

Sendo o primeiro a partir da 10ª fileira de perfis, isso porque é o eterno Raí, filho da Preta, em Da Cor do Pecado... aquele que já foi mutante na Record.

79 personagens. 
2 negras. 

Lá pela 15ª fileira aparecem as duas únicas personagens negras (parece que rolou uma participação de mais alguém recentemente, mas não conta como elenco oficial, talvez uma média pelas reclamações).

Isso porque o autor Walcyr Carrasco afirma que gordo sofre mais preconceito do que negro. Ironicamente não há negros na sua novela. Talvez eles achem que não há racismo porque não há negros no mundo deles. Somos uma minoria exótica em meio a um povo igualitário. Tudo isso só que não.


Quer me chamar de ‘patrulha’? Vá em frente, a hora é agora, porque fui investigar mesmo. Mas, nesse caso, prefiro ser patrulha do que achar que o mundo nasceu assim e o que resta é aceitar e bater palmas pra maluco. Daqui a pouco estarão achando que além de São Paulo só ter UM hospital e (quase) nenhum negro pelas ruas, vão achar que o Rio de Janeiro é uma grande pista estampada de calçadão de Copacabana para umas modelos europeias desfilarem para a Boticário. O negro é negado e renegado na mídia. Como diria Érico Brás, o Jurandir da também global Tapas e Beijos, é difícil dizer isso, mas meu país é racista. E tão hipocritamente racista que gera este tipo de demagogia:
Na novela Duas Caras, puseram uma personagem negra pra ler Não Somos Racistas. Simplesmente uma obra de Ali Kamel, chefão do jornalismo da Rede Globo. Mensagem subliminar? Acho que não, é propaganda ideológica goela abaixo mesmo. Ele é contrário ao movimento negro e acha que cotas dividem o país. Obviamente, porque ele não é negro nem pobre.


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