Crônicas, divagações e contestações sobre injustiças sociais, cultura pop, atualidades e eventuais velharias cult, enfim, tudo sobre a problemática contemporânea.

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Fernanda Gentil diz respeitar homofobia e racismo, desde que não batam



Fernanda Gentil causou alvoroço alguns anos atrás quando se revelou homossexual e chegou a enfrentar a homofobia na internet de forma elegante, sutil, porém firme. Quem não lembra do: “Sapatão!”/“Oi, fala!” e de quando ela explicou que a criação de um filho não depende da sexualidade de quem o cria e sim do caráter que vai ser passado. Pô, eu achava isso de uma lindeza tamanha! Tava no mesmo nível de Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank enfrentando racismo por ofensas sofridas pela filha. Só que o tempo passa e como diz Harvey Dent – umas mil vezes, em Batman: O Cavaleiro das Trevas – “Ou você morre cedo como herói ou vive o bastante pra se tornar um vilão”. Era algo assim, não lembro, mas estou divagando...

Digo, Tiago Leifert, por exemplo, parecia ser uma cara nova e legal no esporte da Globo, do tipo que falava não esquentar a cabeça com nada porque no ano seguinte, começava tudo de novo e não tinha porque brigar por time de futebol, por exemplo. Aí, ele começou a criticar atletas que levavam para os campos, quadras e pistas suas manifestações sociais. Pegou mal, já que um homem branco, rico e famoso não tem o direito de onde e quando negros devem fazer seus protestos pelo que sofrem na vida. Até porque, se esporte e política não se misturam, porque se canta o hino nacional antes de competições? Então, Tiaguito ainda aprontou mais. Criticou ferrenhamente participantes do BBB que levaram para a casa vigiada suas questões de militância até que passou a levar seu discurso aberto e pessoal de que ‘representatividade não leva a nada’ (te falei que ele só criticou os negros, né?). Já pensou se eu, homem, começasse a dizer às mulheres que exigir respeito e igualdade é perda de tempo? Que tipo de babaca tendencioso eu seria? Mas, graça Olodum, eu não! Já outros...

Então, Tiago não só foi grosseiro com uma jovem militante como usou argumentos fracos e pouco educados de que ela deveria falar dela e não de sua militância. Ela explicou bem que sua militância era por algo que fazia parte dela, que é ser negra. Mas o sinhozinho não gosta do descendente do povo escravizado no passado reclamando, né? Vai atrapalhar seu jogo de vídeo game. A cereja do bolo é que em uma edição seguinte, Leifert – lembra que ele era o descolado e cuca fresca há menos de dez anos? – elogiou uma vencedora do BBB com o discurso de que ela tinha coragem e coisas do tipo... A saber, era uma participante que passou a edição falando livremente que duvidava que um morador de favela não usasse drogas, que a religião afro era algo pra se temer ou que um playboy criminoso não o parecia por ser branco. Tiago defendeu a pessoa que falou isso na noite da premiação. Entendeu o padrão? Negros, calem-se e racistas, parabéns! Provavelmente as congratulações foram por ganharem dos negros.

Aí, aparece Fernanda Gentil e, recentemente, sem revelar em quem votou na última eleição presidencial, que ninguém vai impedi-la de usar essa ou aquela camisa (numa clara referência à camisa da CBF). Disse também que seu partido é o Brasil. Mas esse nem é o pior. Ela apoiar Luciano Huck (bolsominion assumido) em dizer que não votou no PT e nunca votaria? Tranquilo, o PT governou por um bom tempo e trouxe coisas boas e ruins, como toda administração, mas não é o único partido. E gente rica geralmente não vota em quem ajuda o pobre. Eles querem ajudar lá de suas salas confortáveis, prestando algum assistencialismo em troca de audiência, mas não querem um desenvolvimento social real. No apagar das câmeras, é só voltar à sua mansão e sua boa vida. Nada disso me incomoda tanto hoje... HOJE! Mas realmente me gerou inquietação ela, gay assumida, dizer que respeita quem acha beijo gay um crime e quem é racista, desde que o preconceituoso não agrida os alvos do seu ódio.

Existe um mundo de coisa errada nessa fala que, pra mim, é o mesmo que dizer ‘estupra, mas não mata’. Vou tentar enumerar as implicações de uma fala tão desastrada e condescendente com crimes de ódio:
1)      O primeiro e mais básico é que racismo e homofobia são crimes, portanto, você dizer que respeita, está, basicamente respeitando criminosos. É o mesmo que dizer que respeita sequestradores, traficantes, estelionatários, feminicidas e grande elenco.

2)      Ao dizer que entende essa galera, você embasa seus discursos que, no mínimo, podem começar com ‘a Fernanda Gentil concorda, então tá certo’, assim como usam negros comprados por racistas com ‘ele é negro e fala isso, então você que te errado’.

3)      Fernanda, pra ser realmente Gentil, precisa – URGENTEMENTE – entender que discurso de ódio também é crime e também afeta as pessoas. Só de ouvir ou ler alguma ofensa, ameaça, etc, o psicológico das pessoas fica afetado. Palavras também transmitem crimes. Veja que ameaçar alguém pode te levar pra cadeia pelo perigo que oferece à vítima.

4)      Já que falamos em palavras e vítimas, é muito fácil para ela defender o discurso de criminosos porque é branca, rica e famosa. Dificilmente ela sente o ódio violento físico. Ela não faz parte do grupo mais vulnerável, aquele que não vai adiantar pedir pra não apanhar. Tem gente morrendo aos montes na rua só por ser negra, só por ser gay.

Enfim, é isso. Não me interessa se ela votou no bolsomala ou se ela odeia o PT só porque sim. Mas validar discurso de ódio e tentar se passar por moralmente consciente ao pedir que ‘não vai bater’ é um desserviço à sociedade. Se era pra chamar atenção, valia muito mais o fazer em defesa e não ao respeitar que não respeita um grupo do qual ela mesma faz parte.

Às vezes, ao tentar ser isento demais, o ser humano comprova que defende o lado opressor. Mas tem vergonha de falar e receber críticas mais pesadas. Era melhor que ficasse quieta seguindo seu próprio conselho "é só não bater". Ela chegou a fazer uma retratação pelo Instagram. Não vou julgar, esse texto é uma reação à publicação que gerou a polêmica, mas o velho papo de que a edição desfavoreceu é aquilo, né? Sempre é possível, nem sempre provável. 



sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Young Sheldon e a contradição com The Big Bang Theory


The Big Bang Theory (a partir daqui, TBBT) ainda estava no ar com seus roteiros preguiçosos, personagens desleixados e atuações no piloto automático quando estreou Young Sheldon (a partir daqui, YS). YS tem a premissa de ser o 'episódio 1' da vida do personagem que mais se destacou em TBBT. Um spin-off (série derivada de outra), um 'Sheldon begins', se preferir... enfim...

Ela, pelo que Sheldon descreve ao longo de TBBT, seria quase um 'Todo Mundo Odeia o Sheldon', pelo modo sarcástico com que lembra de passagens de sua infância, mas não é bem o que parece quando assistimos à produção. Veja bem, vou separar aqui algumas falas e situações narradas por Sheldon pra ver se bate, ok? Ah, é necessário que você tenha algum conhecimento prévio das duas séries pra entender melhor o que vou falar. Se não conheces, pode ir lá que eu espero.

O pai

Vamos começar pela maior mudança entre uma série e outra. Não ligo que o mesmo ator que interpreta George Cooper tenha participado de TBBT como um antigo bully de Leonard porque atores interpretam, logo, estamos vendo a cara do cara, mas poderia ser qualquer um, é apenas uma personagem, uma personificação, não a realidade, ok? Já estava doido pra falar isso desde que surgiram as teorias - piadas, na minha opinião - de que o pai do Sheldon perseguia seu melhor amigo. Sheldon reconheceria o próprio pai e não teria a mesma idade que ele, mas estou divagando...

A questão é que Sheldon já falou que seu pai era um bêbado, fã de esportes, preguiçoso, sem educação e grosseiro e que vivia em pé de guerra com a esposa (mãe do protagonista). Discurso reforçado pela própria Mamãe Cooper em várias ocasiões onde dizia que seu marido não era lá grandes coisas na vida e na família. Mas o que vemos em YS é que George Cooper é um pai amoroso e atencioso. Tem lá sua predileção pelo primogênito, por também ser fã de esporte, mas tenta lidar sempre da melhor maneira com seu filho gênio precoce e até procura meios de entende-lo. Bem diferente do brucutu que o forçava a assistir football caçoando de sua natureza mais intelectual ou mesmo debochando de seu nome, sugerindo que esta foi uma escolha da mãe.

A mãe

A mãe é a primeira que notamos a diferença. Ou o furo de roteiro também a afetou, como uma eleição presidencial vencida por fake news, ou, no mínimo, o tempo a transformou em uma versão amarga dela mesma. Até que não seria uma explicação ruim, faz até sentido, na verdade, hein. Mas, convenhamos, se os roteiristas não se preocupam em lembrar que Penny no começo era de Omaha e depois de Nebraska ou que Sheldon tinha alergia a gatos e logo depois coleciona bichanos pra suprir a falta da namorada... bem... não foi o caso, certamente.

A Dona Cooper, interpretada, em YS, pela filha da atriz que a interpreta em TBBT (laços de família), é uma fanática religiosa, de discurso bem direto, meio grosseira de tão sincerona, mas ainda assim, uma mãe cuidadosa. Ela meio que serve ao estereótipo de quem nasce e cresce em regiões interioranas, conservadoras de cultura e religião. Mas em YS, ela é bem mais delicada, fiel à sua igreja, mas longe da beata que usa religião pra destilar preconceitos. O que aconteceu com você, Mary?

A Vovó

Aqui existe outra contradição, mas ao contrário. Ao passo que as pessoas cruéis descritas em TBBT, ganham versões 'reais' mais amenas, a avó de Sheldon passa pelo efeito inverso. A avó, sempre descrita como aquela avó de comercial de margarina, em TBBT, na série derivada, ela tenta ensinar Sheldon a jogar, dá conselhos e é uma versão um tanto quanto mais 'malandra' da própria mãe do protagonista. Nada daquela situação de mimar seu 'torta de lua'.

George Jr e Missy

Os irmãos também não correspondem. Sim, eles zombam de Sheldon, mas nem são tão cruéis e nem burros como uma porta, como a mãe descreveu em um episódio de TBBT. O irmão mais velho não o persegue com brincadeiras cruéis, servindo até como conselheiro, vez por outra e a irmã gêmea, na verdade, já foi até manipulada em um 'experimento' onde o pequeno cientista quer testar uma teoria usando-a como cobaia.

Conclusão

Acho que Sheldon é um babaca em quaisquer versões que forem apresentadas. Se lembrarmos daquela temporada de TBBT emque ele se preparava pra casar com Amy, ele só aceitou a imposição da mãe de convidar seu irmão por esta não poder ir, pra alguém representar a família. Ele narrou algumas crueldades do irmão que Leonard descobre não ser verdade. Ficando claro que Sheldon é que abandonou a família quando saiu de casa para estudar e trabalhar e nunca mais voltou, deixando a mãe e a irmã para que o irmão mais velho cuidasse após a morte precoce do pai. Até na escola, em YS, o menino é um mala que trata a todos com a mesma petulância antissocial da série-mãe. E mesmo assim, não aparece sendo agredido ou perseguido. E se fosse, até que justificaria algum adolescente faze-lo, não por ser certo, mas por ser um comportamento típico de adolescente em retaliação.

Se repararmos na construção do personagem - e que, no sentido da arrogância, foi basicamente o mesmo, sem evoluções, do começo ao fim - podemos concluir que Sheldon não gosta da própria família e que seus amigos só o aturam por forçação de barra do roteiro. Leonard aceitar, faz sentido, pois é um bocó que aprendeu a seguir ordens de quem não tem muito amor por ele - vide seu relacionamento com sua própria mã e depois com Penny. Já foi dito que Howard e Raj só estavam ali por serem amigos de Leonard e as namoradas vieram a reboque.

Mas nada justificaria o tanto de piadas e zombarias que os amigos fazem se não o odiassem de verdade. Na verdade, é exatamente isso que me passa, uma relação de amizade tóxica em que uma parte não respeita a outra, mas todos são malas demais para se relacionarem com mais alguém, porque ninguém teria saco pra manter uma relação tão próxima. Aliás, TBBT é a mesma coisa que How I Met Your Mother e sua antecessora, Friends. Tudo um grupo de gente que se você conhecesse na vida real, manteria distância. Afinal, quem gosta de panelinhas além das pessoinhas que as formam?

Mas, voltando, ou Sheldon é cruel demais ao falar da família em TBBT ou ele amenizou seus traumas de infãncia em YS, pra não traumatizar que ouve suas histórias (sim, se você não assistiu ainda, ele narra em off, como Chris Rock em Everybody Hates Chris). Claro que as abordagens são diferentes para públicos diferentes. TBBT é mais pop, mais clichê - e mais sem graça também. Sério, tira as risadas e você vai ver que é só um grupo falando difícil com os mesmos trejeitos e com o mesmo timming. YS é mais família, tem uma montagem mais fluída, orgânica e te deixa perceber, mas escolher o que achar engraçado. Não é tão pastelão, mas tem lá seus próprios clichês, como a liçãozinha no final dos episódios e momentos fofura ao som de uma trilha sempre feliz.

No geral, Young Sheldon cria uma grande sensação de 'ele mentiu pra nós'. Não soa como a mesma história. Parece aquela pessoa que cada vez conta a história de uma forma e você não sabe bem qual versão é verdade, se é que tem uma versão verdadeira. 


sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Maquiador recebe mensagens racistas por trabalhar com modelos negras


O maquiador Leonardo Gannancyr participou de um concurso na internet utilizando uma modelo negra e recebeu mensagens racistas de um outro maquiador, que tentou desqualificar seu trabalho alegando que maquiagem em pele negra não fica bem. A conversa foi registrada e a modelo, Luciana Villaça, publicou trechos.

Leonardo afirma que tem preferência em trabalhar com modelos negras e, para este concurso, proposto por uma maquiadora no Instagram, ele se dispôs a manter sua prioridade. O prêmio seria um kit de maquiagem profissional.

Mesmo diante da rejeição a negros por parte de outros maquiadores, Leonardo manteve sua personalidade e seus princípios inclusivos para a pele negra. Ele não ganhou o concurso, mas ficou satisfeito com o apoio que tem recebido.

O maquiador acredita que o colega de profissão que o agrediu com palavras racistas tenha visto seu contato em algum grupo de maquiadores onde ele divulgava sua participação no tal concurso. Aliás, o caso foi registrado na delegacia de Alcântara, São Gonçalo, onde uma advogada o orientou que trata-se de um crime de racismo e não injúria racial. a saber: A maioria dos crimes de racismo é convertido em injúria, porque a pena é menor e há direito à fiança, em caso de prisão.

Assim como disse a modelo, isso é digno de choque, mas não de surpresa. A gente tenta ficar bem e acreditar que isso não é comum de acontecer, mas é frequente esse tipo de porrada. E notamos rapidamente como são as duas abordagens dos racistas. De começo, eles chegam com cinismo tentando parecer que estão ajudando e diante da rejeição de seu 'aconselhamento', a máscara cai de vez e começam as ofensas diretas, como dizer que negros são sujos, por exemplo.



É impressionante como o negro incomodou tanto esse babaca a ponto de ele chamar alguém no privado do zap pra dizer que negro não pode estar onde ele acha que é dono. Não quer negros por perto, não quer negros com chance de vitória e, segundo Leonardo, ainda fez campanha difamatória para que a modelo negra perdesse o concurso. Lixo humano. Merecia ter o nome divulgado, assim como qualquer criminoso dos noticiários, pra todos saberem com quem estarão lidando ao se aproximar desse tipo. Infelizmente, em casos de racismo, só quem fica exposto com cara e nome é a vítima.


Fonte:

https://extra.globo.com/noticias/brasil/maquiador-vitima-de-racismo-por-usar-modelo-negra-em-concurso-24009605.html

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Phellipe Haagensen, assédio sexual e masculinidade tóxica


Nem vou enrolar pra dar o recado deste texto: Phellipe Haagensen, recém-expulso do reality A Fazenda (da emissora do bispo/rei/cavalo), envergonha a todos nós, homens. Sobretudo, os negros de regiões periféricas. Mas vou ficar atento, aqui, ao plano geral 'homem/mulher': Ele deu muita sorte que a sociedade é machista e passa o pano legal para as atitudes que teve durante sua - graças - curta participação na telinha desta edição.

Ele se focou em Hariany Almeida, ex-BBB, para assediar com tudo que aquele babaca da balada faz em todo carnaval, festinha de rua ou boate da moda: Olhou para ela e sussurrou como quem se masturba mentalmente, distorceu a realidade em sua mente tacanha pra parecer que ela é que estava "pedindo" ou provocando seus sentidos e, culminou com um selinho roubado durante uma discussão que nem tinha qualquer apelo afetivo/sexual. Ficou na cara que se não roubasse o beijo ali, poderia ter se esfregado ou até agarrado a moça a qualquer outro momento.

Ele já tinha falado de outras participantes, insinuando que os caras deveriam ter cuidado com tal participante por ter ficado com não sei quantos antes de entrar ali, fez comparações grotescas entre mulheres e galinhas e qualquer outro comportamento nocivo à sociedade. Seu irmão, o também ator, Jonathan Haagensen, inclusive fez postagens no twitter e conversou com a imprensa, no Rock in Rio, sobre o ocorrido. Nessas oportunidades, o eterno Cabeleira, de Cidade de Deus, criticou o eterno Bené (personagem mais legal que seu intérprete).

Jonathan disse que as atitudes de Phillipe são típicas de um bolsominion, aquele machistão legitimado pelo discurso do atual presidente do Brasil, que justifica qualquer atitude autoritária do homem sobre a mulher, do rico sobre o pobre, enfim, um amante/viúva sodomita da ditadura que quer compensar sua mediocridade humilhando e oprimindo quem já é historicamente oprimido. É aquela criancinha babaca que faz tudo que quer porque o pai deixa e os coleguinhas ganham um alvo pra odiarem até a fase adulta.

E, a exemplo do babaca do final do parágrafo anterior, o babaca da vida real continua sua vida tal qual o conceito do pombo enxadrista. Aquele que diz que não importa quão talentoso e esforçado você seja pra jogar xadrez contra um pombo. A ave vai cagar tudo, derrubar tudo e sairá voando de boas sem noção da merda que fez. E você lá, estressado que a performance não foi apreciada. Deixa eu falar o que eu entendo disso em relação a assédio e masculinidade tóxica.

É assédio porque ele agiu como se fosse dono de um corpo que não é o dele mesmo. Atacou a moça. Não importa se foi com um simples selinho ou se fosse com um facão coagindo-a a se curvar às suas neuroses. É violência contra a mulher. Atacou, configurou o assédio, tal qual seria, nas próprias palavras da Record, se fosse o caso de uma encoxada, mão boba, etc... A mulher não é um brinquedo que o cara se aproveita de estar perto pra usar sem permissão.

Isso aí, é o típico bombado da balada, puxando cabelo, braço e tentando beijar à força. Já vi muita amiga até ceder na hora só pra não acabar agredida pelo bêbado com sentimento de rejeição. Já vi também algumas que foram agredidas depois de darem negativas a esses monstros. É covarde e demonstra a sensação de poder que o machismo dá ao homem. Ele acha que pode mexer com a mulher, tocar seu corpo e obter seu prazer imediato sem culpa ou sem medo de punições. "Vai lá, denuncia lá" e "que polícia?" foram comentário de Phillipe diante das ameaças de denúncia que Hariany fez, ainda em choque pelo gesto abusivo que acabara de sofrer.

Depois, correu pra pedir que fosse o mais votado pra sair do programa sem ter que desistir. Como se já não previsse a bola de neve que acabara de iniciar, tentando infantilmente parecer que tinha feito tudo de propósito. Babaca, babaca, babaca! E ainda tem mais, o cara meses antes, ainda esse ano, já foi denunciado pela ex por agressão na Delegacia de Apoio à Mulher. O cara ameaçou a ex-mulher na frente do filho mais velho pra não ter que pagar pensão. Já sentiu o drama, né? O padrão estabelecido.

Um cara que fica reduzindo a mulher a um objeto sexual pra sua própria masturbação assistida já é bem pouca coisa na vida. Agora, tem o padrão que ele segue. Ele diminui a mulher pra ela não ter condições psicológicas de perceber que ele é que não vale nada. A sensação de que a pessoa consegue coisa melhor fácil deixa o cara em desespero e ele faz aquele jogo mental doentio: Primeiro, faz ela gostar dele e na chantagem emocional, começa a manipular sua mente. Depois de ser claramente abusivo, faz o papel do coitado, vítima das circunstâncias e que vai melhorar.

Mas não melhora. E estamos vendo o tipo por aí, toda hora um feminicídio, um desaparecimento, uma separação que não é aceita, uma DR que termina mal, toda hora uma família diferente falando que o cara sempre parece perigoso ou que a mina tinha medo do companheiro e essas coisas... Não estou dizendo que todo babaca assediador é um assassino em potencial, mas a sociedade legitima a muitos pensarem que isso está certo. Inclusive, o jovem Haagensen, chegou a dizer, ao sair da produção, que nem todas as mulheres merecem flores, deixando claro que em algum nível, acha justificável que se destrate ou degrade uma mulher, porque, pra ele, tem as que merecem respeito e as que não.

Quem não merece respeito é esse rato doente.


Fontes:








Martin Scorcese e os filmes de Super Heróis

Recentemente, o premiado diretor Martin Scorcese declarou reconhecer o talento de quem faz filmes de super heróis, mas comparou as produções a um parque temático, resumindo, algo muito rentável e divertido, mas sem profundidade psicológica, coisa que, segundo ele, caracteriza o verdadeiro cinema.

A fala do diretor gerou algumas respostas de artistas envolvidos com o universo cinematográfico Marvel e tiveram um tom bem parecido, apesar da abordagem ser diferente. Robert Downey Jr (Homem de Ferro), por exemplo achou válido o direito a ter uma opinião, mas que talvez, isso pode ter sido por ter se deparado com uma concorrência comercial absurda. Karen Gillan (Nebulosa) já defendeu o diretor James Gunn (Guardiões da Galáxia), alegando que tem sim, coração nas produções em todos os aspectos. Samuel L. Jackson (Nick Fury) foi mais enfático no fato de que nem todos também se agradam do trabalho do próprio Scorcese, então, tudo bem opinar contra.

Todas opiniões com conceitos diferentes, mas partindo do mesmo princípio de que está ok o diretor opinar, mas que ele não é o dono da razão. E eu concordo. Acho até a opinião dele um tanto arrogante, no sentido de ser quase um purista, querendo determinar o que é o 'verdadeiro cinema'. É como dizer que música pop não é música porque não tem um alto nível de estudo e formação erudita. Se não fosse quem é ou se usasse um tom mais agressivo, pareceria até ciuminho de quem teve que aprender a dividir atenções com uma grande moda. Tipo, a criança mimada que não quer o coleguinha novo atraindo suspiros do resto da turma.

Tem lugar pra todo mundo e modas são assim, vão fazer maior estardalhaço e dinheiro. Mas passam. E tudo bem. A música pop nunca tomou o lugar de outros ritmos mais eruditos, assim como desenhos nunca tomaram o lugar de filmes, então, é fácil deduzir que filmes de pura paixão e entretenimento não derrubaram o pilar dos filmes mais sensoriais e autoriais. E se o incomoda um filme de herói não ter uma pegada mais profunda ou intelectual, ele não deve ter assistido ou entendido Pantera Negra e todas as questões sociais envolvidas, né?

Lembra, Scorcese, pizza e hambúrguer são muito bons, mas não tiram o lugar das refeições mais nutritivas. Cada um tem seu momento. Ninguém gosta de ficar raciocinando sobre a psiquê humana em frente a uma tela de cinema o tempo todo. Até fãs de obras mais 'cabeça' gostam de desligar o cérebro e apenas se divertir. Não adianta desqualificar o trabalho alheio. É um passeio no brinquedo do parque? É. Mas de vez em quando é legal passear no brinquedo do parque. A menos que você tenha problemas de enjoo com movimentos bruscos e repetitivos.

Fonte:

https://rollingstone.uol.com.br/noticia/robert-downey-jr-samuel-l-jackson-james-gunn-e-karen-gillan-respondem-comentario-de-scorsese-sobre-marvel-nao-ser-cinema/

https://revistamonet.globo.com/Filmes/noticia/2019/10/samuel-l-jackson-rebate-critica-de-martin-scorsese-sobre-os-filmes-da-marvel.html

https://entretenimento.uol.com.br/noticias/redacao/2019/10/08/robert-downey-jr-quebra-silencio-e-reage-a-critica-de-scorsese-sobre-os-filmes-marvel.htm
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