Todo mundo tá cansado de saber ‘se beber, não dirija’, mas
agora o deputado estadual Rosenverg Reis (do PMDB de Cabral e Paes), extrapolou
a liberdade individual. Se a bebida alcoólica é perigosíssima para quem vai
guiar um veículo, a gente entende e concorda com a proibição ao condutor, mas
ao passageiro?
Isso mesmo, meus nobres, o deputado
alega que está preservando a família e protegendo o cidadão com esse projeto. “Se
é proibido fumar nesses espaços, por que não uma lei como essa? As pessoas que
bebem nesses veículos incomodam os outros passageiros, levam garrafas de vidro
que podem quebrar e ferir alguém”, afirma.
Rosenverg, o deputado da família moralista american way of life. |
O problema é que ele acusou a
bebida alcoólica de tudo que qualquer outro produto pode causar. E ainda duvido
muito que esse distinto percorra a cidade de ônibus, trem, metrô, barca ou van.
Pelo lado do efeito da bebida, até concordo que há gente muito desagradável que
só piora bêbada e perturba nossa paz, mas isso pode acontecer em qualquer
lugar, basta que o matuto se embriague em casa ou num boteco e pegue o ônibus. Vai proibir o coió de entrar bebasso no coletivo? Como faz se beber fora de casa?
Ah, mas o problema é o vidro? Diz
aí, você já viu alguém comprar ou vender uma cervejinha long neck no meio da
rua? E se for latinha? Alumínio não é como o vidro. Então, se é o invólucro o
problema, e não necessariamente a bebida, como faz com as compras? Se eu
comprar uma boa cerva, terei que ir do mercado pra casa a pé? E quem comprou um
aparelho ou outro utensílio que também pode ferir uma pessoa? Já passei
perrengue com gente que entra com canos, janelas, eletrodomésticos e até uma
bicicleta desmontada... Não é alcoólico, então pode machucar sem remorso?
Marcelo Freixo lembrou bem as condiões mais urgentes que o deputado anti-cachaça no coletivo não se preocupou. |
E outra, não se pode fumar num
coletivo porque a fumaça incomoda a todos em volta, mas uma bebida é coisa de
quem está bebendo. Se não, um guaraná natural pode ser derramado e incomodar as
pessoas do mesmo jeito. Enfim, eu poderia ficar páginas e páginas questionando
esse projeto furado que não tem argumento, mas tem uma consequência certa:
Interferência na liberdade individual do cidadão. Como bem lembrou o deputado
Marcelo Freixo (PSOL), do jeito que somos amontoados feito galinhas num
caminhão ao preço de uma passagem cara e um serviço mal prestado, afora o
trânsito bizarro, uma bebidinha é o menor dos problemas da vida em transportes
sob a tutela do Estado.
Comte Bittencourt: Porta-voz de meus simples anseios. |
Olha, já vi esse povo aturar,
resmungando de canto de boca, muita coisa, mas não sei não, o movimento popular
de junho pra cá tem estado atento a essas coisas e 20 centavos foram o estopim
pra muita coisa. Agora, estão querendo mexer justamente num dos elementos-chave
da dominação do subconsciente popular. Quero ver o que vai ser deles quando o
povão perceber que além de ser programado pra ser pobre e conformado, não vai
ter nem a distração de se viajar bebericando.
Faço minhas as palavras do
parlamentar Comte Bittencourt (PPS): “Espero que o governador vete”.
Fonte: Extra.
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