Numa democracia relativamente jovem (ainda vai completar
oficialmente 30 anos), podemos fazer um paralelo básico entre PSDB (governo
federal 1995-2002) e PT (governo federal 2003-2010/2011--). Antes, explico
porque não entram aqui José Sarney (vice de Tancredo Neves que assumiu a
presidência até 1989) nem Itamar Franco (vice de Collor, que assumiu até 1994),
pois foram mais governos de transição do que de situação. Vamos usar dois
governos de escolas bem diferentes, mas que pelo menos foram ‘completos’ pra
termos comparativos mais sólidos.
Bem, primeiro, declaro que o motivo deste texto é a onda de
complexo de vira-latas que toma redes sociais e a internet de modo geral, um fascismo
passivo-agressivo que só sabe reproduzir o que se ouve na grande mídia, mas que
não pensa, não pesquisa, muito menos conclui nada sem que algum alarmista dê o
comando. Gente adestrada que pensa que protesta, mas só reclama. Gente que alega não estar defendendo o governo anterior por criticar o atual, que apenas critica porque tá errado. Bem, se não podem ver onde houve desenvolvimento, então, apenas se recalcaram por não terem benefícios diretos, como se o país enorme que temos fosse ser 'resolvido' numa dedada (UIA!) de F5 no notebook da presidentE. Imagine o
diálogo que segue:
- Não to gostando disso.
- Do quê?
- Disso tudo que tá aí.
- E o que você quer?
- Um país melhor.
- Como?
- Sei lá, eles que têm que pensar nisso.
É tipo isso. É o vício em falar mal do governo, ver só seu
próprio lado e esquecer que o país tem proporções continentais e muitas, mas
muitas culturas e realidades convivendo, mesmo que não no mesmo universo
econômico e social. É o complexo de vira-latas, aquilo que a pessoa sente como
se fosse um estrangeiro no país, quer falar como alguém de fora, mas com a
falsa autoridade de quem conhece a verdade pelo lado de dentro. É o classe
média que tem sua chance de estudar e trabalhar e acha que todos deveriam ser
assim, como se houvesse chances iguais pra todos. É o da classe rica que vê a
classe pobre ser contemplada com diversos programas sociais, mas se ressente
com as ‘vantagens’ alheias. Lembre-se, a classe rica acha que pobre só tem
direito de trabalhar sem reclamar, como os barões do café, na escravidão. Aí,
vem o pior, é a classe média assumindo pra si a verdade da elite. E assume tanto
que nem vê oposição às suas verdades que não chame de ‘mimimi’. Discursos
simplistas do tipo ‘se eu trabalho e não reclamo, porque esses favelados não
deixam de preguiça?’. Claro, por isso há pobres, por preguiça, nossa sociedade é tão igualitária... Assumiu o complexo de vira-latas da classe que criou isso? É vira-latas do vira-latas. É o capanga do chefão do video game, aquele que não vale nada pro chefe, só pra atrapalhar sua vida.
Gente que nasceu com plenas condições, não luxuosas, como a
minoria rica do país, mas confortáveis. Admito, eu sou um remediado desses,
passo problemas pontuais ou genéricos, mas não passo necessidades, como os
irmãozinhos nas comunidades carentes e nas ruas. Não esqueça: Pobre = maioria da população. Já ouvi muito, e até ameacei
falar, um tempo, idiotices como ‘eu sou negro, mas não preciso de cotas, não quero
ser favorecido, não terá o mesmo valor’, mas era a classe rica falando pelas
emissoras de TV aberta, pelas revistas e jornais desses mesmos grupos
midiáticos. E porque? Porque a grande mídia é controlada pela classe rica,
simples assim. Ah, o vira-latas tem a mania de renegar dados factuais, com se
tapando os ouvidos, as coisas ditas deixassem de existir. Aí, o vira-latas
assume a postura infantilizada de desqualificar o interlocutor social com
‘chato, feio e bobo’ e similaridades sem fundo estatístico ou factual. É só
falar que o governo não presta e arrastar tudo dele pra lama. Tipo, o mensalão e o dinheiro na cueca da época do Lula é o mal, mas esquecem da venda globalizada de meio país pelo PSDB. E se há corrupção desde o governo federal até na Light, uma das empresas privatizadas por FHC, onde trabalhei, então temos que ter a hombridade de admitir que corrupção não é privilégio do PT nem do PSDB, vamos analisar com mais cautela.
Falo isso por causa da atual presidentE (como clientE,
gerentE e residentE. Rá!), Dilma Roussef. Ela faz parte do PT (atual culpado
pela corrupção, desmatamento, selfie de internet e ataque dos clones). Ela é o rosto que
está levando cuspe, vaia, tiro, porrada e bomba, mas quem a critica
por causa do partido não pensa no que o governo tem de bom. Como eu disse, a
mania de reclamar por reclamar, gente entediada e sem perspectiva. Se
compararmos por alto os dois governos de Lula com os dois de FHC, vamos ver que
socialmente e economicamente, o país cresceu notoriamente. Como o PIB que
cresceu à medida que diminuiu sua dívida, a criação de instituições de ensino
superior e o nítido crescimento do salário mínimo. A elite cria seus
maneirismos pra humilhar tudo que vem do pobre ou para o pobre, inventa
apelidos que muitos pobres aceitam por achar que estão ‘rindo de si mesmos’,
mas é o jeito de fazer o beneficiário se envergonhar duas vezes. Por ser pobre
e por ‘precisar de favores’. Muito pobre orgulhoso se nega a usufruir de seus
direitos pra não parecer pobre.
Sim, isso acontece, negros que rejeitam cotas em
instituições públicas de trabalho e ensino por acharem que trata-se de
favorecimento a pessoas de nível intelectual baixo ou pobre querendo mais
ostentar marcas que não banca do que pegar seu ‘programa-bolsa’, pois isso é
mal visto. Pensa bem, leitor, que rico gostaria de ver o pobre tendo dinheiro e
demonstrando que o poder do capitalismo não concentra-se em poucas mãos? Na
cabeça deles, o pobre não merece dinheiro, porque não é qualificado pra isso.
Grifes famosas estão odiando a moda da ostentação por parte do pobre, porque
está desqualificando seu produto. Mentira, não estão é sabendo se adaptar a
tempos em que não são sempre as mesmas cartas marcadas gastando dinheiro. Essa
mania de que pobre com dinheiro é um perigo pra ele mesmo é caô, eles sabem que
isso demonstra que não são exclusivos no ‘privilégio da compra’. Se não, porque
eu me incomodaria tanto com um obre com dinheiro? Até porque é dever do governo
garantir condições mínimas pra todos e não um favor. Do contrário, pra que
haveria um governo? Se cada um fosse responsável por seu sustento e que vença o
melhor na terra das poucas oportunidades, então, um governo centralizado não
serve pra nada. Seria um feudo.
“Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais
conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única
rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram
num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista”.
– Paulo Henrique Amorim.
Fontes:
Como eu sempre friso, não sou eleitor do PT e nunca fui, mas prefiro mil vezes Dilma do que qualquer coisa do PSDB.
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