Claro que a indústria do entretenimento não tem nada a ver
com a situação política do país. Isso deve ser coisa nova, deve ser modinha
desses comunistinhas de faculdade que querem ver conspiração em tudo. Entretenimento
é um campo muito diferente da chata política. É feito por pessoas que só querem
te divertir. São empresários, sem vínculos externos, como patrocinadores ou
associados, e sem interesse algum além de te fazer sair dessa realidade triste
e dura. Sorria. Rir é o melhor remédio. Entretenimento está em tudo, política
não.
O que tem a ver a Carminha e a Rita, da novela, com as
greves de professores, policiais e outros profissionais do setor público? NADA!
Não é culpa da novela ou da música que exista gente insatisfeita no mundo. Nem
que o governo não se importe. Talvez estivessem mais satisfeitos se assistissem
à novela. Se ao menos saíssem mais pra beber e cantar, não gastariam tempo
fazendo passeatas e demais manifestações de protesto. Política sim é um troço
chato Aproveite a greve pra ver novela. O resto não merece atenção. Político nenhum presta e você não vai querer se meter
com isso.
Faça como Cypher, aquele traidor em Matrix, e abandone seus
companheiros de luta pra viver confortavelmente no mundo em que os dominadores
da informação e do sistema pensam por você. Talvez não seja o que você pensaria
pra você e os seus, mas e daí? A vida é boa com todas as qualidades e defeitos.
No ruim de tudo, você não “vive” na rua, não precisa pedir esmola, não está
entrevado na fila de um hospital, nem está numa prisão esquecido por todos.
Você pode ir à escola, entrar numa faculdade e arrumar um bom emprego.
A indústria do entretenimento não é um modelo padronizador de
opinião. A massa não é manobrável, tanto que democraticamente escolhe que canal
assistir. Não é como na época de Getúlio Vargas, quando Gegê incentivou o
desenvolvimento do Samba, durante o Estado Novo, para criar a utopia do povo
carnavalesco, alegre e trabalhador, se aproximando das classes mais pobres. Não
é como na ditadura militar, quando o futebol campeão mundial abafou com fogos e
música os gritos de seus vizinhos seqüestrados, torturados e mortos pela
repressão política e ideológica.
Nada disso. Se todos parassem diante da TV pra assistir à
novela, não haveria conflitos. E você não pode culpar o entretenimento. São
poucas “famílias” tomando conta de jornais, revistas, canais de TV e rádios,
mas são tão bem intencionadas. Imagine se eles relaxassem. Você teria que
procurar algo pra fazer e pensar por conta própria. Mito da caverna pra você.
Dá medo de sair do conforto, né? Fazer o quê? Algo que não está na TV não
existe. Tudo já estava aí e é mais fácil seguir o líder (mesmo que ele seja um
personagem).
Fique aí e não ataque os lobos. Mesmo que o cordeiro acabe
condenado por isso. Faça o que dizem e seja Homer Simpson com dignidade. Dino
da Silva Sauro trabalhava para a We Say So (Nós dizemos que é assim – em livre
tradução). Faça isso. Só não se iluda, você demandou a responsabilidade de suas
decisões a outros. Não pense que você é livre e que faz o que quer. Não reclame
“essas m... só acontecem no Brasil”. Meu país não é uma droga. O povo é que não
o honra. País é o que fazemos. Se não fazemos...
Gabriel, o Pensador diz assim em “Até Quando?”: A TV existe
pra manter você na frente... na frente da TV. Que é pra te entreter, que é pra
você não ver que o programado é você. Aliás, vou deixar o clipe aqui, porque a música inteira é tão rica em letra que só um trecho não faz justiça.
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