E ainda assim, das mais queridas. Senti falta de críticas sobre a série que não fossem preconceituosas por ser feita nos EUAses, nem essa babação dos fanboys/girls que não enxergam defeitos no que eles gostam. Primeiro
de tudo, é uma série adolescente. Sim, embora os personagens sejam adultos, seu
modo de lidar não condiz muito com a “regularidade” de jovens a caminho dos 30.
Isso está mais para quem está a caminho dos 20 (no geral, não se trata de um
documentário). Mas estou psicanalisando, nada de compromisso com a verdade ou pesquisas de opinião.
O que
comprova a teoria do parágrafo anterior é a imaturidade dos personagens. Mesmo
Ross, que fora casado e já começa a série se preparando pra ser pai, age feito
um nerd de escola de filme dos anos ’80, vivendo um amor patético platônico com
quase 30 anos. E esquece isso assim que Chandler e Joey dizem: Cara, siga em
frente com sua vida. Ah, tá bom. Estabilidade emocional pra quê, né? Logo depois (situação comum na série) tudo vai por água abaixo, quando Chandler
deixa escapar para Rachel que Ross era apaixonado por ela desde a adolescência. Rachel agora está gamada nele. Hein?! E resolve ir recebê-lo no aeroporto, pois Ross havia viajado para uma pós-graduação
na China. Só que ele retorna com uma namorada chino-americana.
Rachel
demonstra uma característica, a partir dali, que será uma constante em seu
comportamento: o egoísmo típico de uma patricinha mimada (como a invejinha dos amigos que chegam perto de casar e tals). Ela fica praguejando
pelas costas porque queria estar com Ross. O que depois a gente vê que era só o
capricho de uma maluquete que chora pelo que não tem. Mas quando engatou (UIA!) o namoro
não agüentou ter que dar atenção a ele. Se deslumbrou com o novo emprego – aliás,
muito bom, hein! Vivia à custa do papai rico e foi ser garçonete porque não
tinha qualificação nenhuma, além de entender de roupas caras. O próximo passo? Óbvio: Consultora de moda para
ricos na Ralph Lauren.
Ross,
enciumado com o deslumbramento de Rachel pelo cara que lhe arrumou o emprego,
acaba estragando o clima e Rachel pede um tempo. Eles “terminam” (não, estavam
ON A BREAK!) e Ross se relaciona com outra. Aí, Rachel resolve que devem voltar
e se zanga por ele ter dormido com outra. Ela quis terminar, beleza. Ela quis
voltar e ele deveria estar esperando. Ok. Ok? E depois o chefe ainda admite que
gostava dela, mas não falava por1que ela namorava outro e ela nem pra se tocar?
Ê, Rachel, ê, Rachel!
Isso
se repete quando Ross se apaixona pela inglesa Emily e resolve se casar. Phoebe
não pode ir até a Inglaterra porque está prestes a parir os trigêmeos de seu
meio irmão (isso sim é originalidade!). Rachel resolve ir até a Inglaterra pra dizer a Ross que ainda o ama só pra
ser honesta. PQP, Rachel? A série é sua, né? Ficou amiga dos produtores cedo!
Um adendo, um momento genial foi a participação de Hugh Laurie (o pai do Stuart
Little eterno Dr. House), em que ele é colega de voo de Rachel e joga na cara
dela o quanto ela é egoísta e péssima amiga por ir atrapalhar o casamento do
cara. Além de tudo, pelo que o passageiro invocado entendeu, sim eles estavam
ON A BREAK! Mágico.
Rachel
chega, não se declara, mas Ross estraga tudo dizendo seu nome no lugar do nome
da noiva. O casamento acaba e Rachel ainda quer passar por cima da fossa dele
pra perguntar se o acontecido significava que ele ainda a amava. Mas o mais legal não
foi isso, vamos falar de coisa boa vamos falar da tekpix, foi nessa sequência
que Chandler e Monica iniciaram seu relacionamento – que termina em casamento com
gêmeos adotivos – esse sim o relacionamento legal da série. Adulto e sem idas e
vindas de ciuminhos, joguinhos de “pros x contra” ou intriguinhas de terceiros
interessados. Outra coisa, a série não só é da Rachel, como é feminista. Uma série
tão clichezenta e a mulher termina como mãe solteira e bem sucedida que deixou de ir a Paris pra ficar, claro, na última
hora, com seu grande amor, Ross. Aposto que terminaram de novo depois de uma semana.
Agora
como tanto clichê tornou Friends uma das séries mais rentáveis e carismáticas? Mérito
de tudo isso é pro elenco. Sem dúvida, um achado. A química entre eles e o
carisma salvaram a série de ser só mais um besteirol americano. No geral – e hoje,
à distância – dá pra perceber nas eternas reprises da Warner que a série não
ficou datada (fora os penteados e figurinos das primeiras temporadas, bem
fincadas nos anos ’90). Friends é sim um produto de qualidade, mas não pela
criatividade do roteiro ou originalidade. É uma preciosidade sim, porque soube
remexer clichês mais do que batidos da dramaturgia estadunidense de forma a
organizar de modo interessante. Tanto é, que a trilha sonora da abertura do
piloto da série era Shinny Happy People (do R.E.M). Tem até a ver, mas você
acha que poderia ter sido diferente?
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