Finalmente aconteceu: Um beijo no capítulo final de uma
novela das 21h, na Globo.
Não mudo minha opinião em nada sobre o autor de Amor à Vida,
Carrasco, o Walcyr, mas há que se demonstrar elegância em não rotulá-lo de
maluco – coisa que eu faço – o tempo todo – não, precisamos de uma pausa pra não
cair na rotina. O dóido de pedra Walcyr Carrasco fez uma bagunça tamanha em sua
novela que ninguém lembra de metade das tramóias que ele inventou nesse quase
um ano de AaV, fato.
Muita coisa foi ridícula, como a zorratotalização da
gordofobia de Perséfone – na verdade, ela era virgem porque era uma chata que não
sabia se relacionar com homens, não por ser gorda, repararam? – o mesmo
problema de pastelaão com Tatá Werneck, uma família paulistana em que cada
membro possuía um sotaque diferente, personagens que nem seus intérpretes
entendiam, racismo e classismo do autor, um quadrado amoroso tão útil quanto
bolso em pijama e Suzana não sabendo falar o nome de seu filho.
Mas, algumas coisas, não necessariamente propositais, se
destacaram positivamente. Mateus Solano comprovou seu talento e foi dono da
novela, Thiago Fragoso foi outro que se tornou querido do público com
desenvoltura, mesmo tendo surgido na trama bem depois de seu início, aliás, viraram protagonistas bem antes do final da novela. Não à toa,
é deles mesmo que vou falar. Eu tinha lido que Carrasco tinha recebido carta
branca pra liberar uma bicota entre os personagens Felix (Solano) e Niko (fragoso),
então especulou-se muito, tanto que escrevi recentemente falando disso, mas não
é sobre o beijo em si que eu falo, é sobre o modo como aconteceu.
Como já era de se esperar, nenhum lar onde a TV estivesse
ligada na novela explodiu por causa de dois homens se beijando. Mulheres já se
beijaram e também não deflagraram a terceira guerra mundial. Na verdade, foi tão
natural quanto qualquer outro beijo, entre velhos, jovens, vilões ou cachorros.
Como eu digo, beijo é beijo. E aposto que na sua janelinha do xvideos também
rola de um tudo e você não se vê no inferno - ou tendo que aturar gente falando alto
no celular ao seu lado, que é a mesma coisa - , não é?
A utilidade desse beijo, muito mais que todos os 1.657 merchans sociais empurrados juntos, é a naturalização de algo que é fato. A homossexualidade existe, é comum e não é se trancando em casa que você vai ignorá-la.Pessoas se beijando não agridem mais do que pessoas hétero se beijando. Isso pode, com o tempo, diminuir bastante a intolerância, a sensação de estranheza que muitos cismam de ter. Naturalize o ser humano em sua diversidade. Pois é isso, o beijo gay foi tão natural quanto
poderia ser, parabéns aos atores e, que deus me perdoe, ao autor também!
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