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quarta-feira, 15 de abril de 2015

Você é o que você come... vira-lata?

Houve a denúncia recente de uso de carne de cachorro de rua nos salgados de uma lanchonete de subúrbio aqui no RJ. Ok, isso é piada recorrente, sempre falamos que o frango é pombo e que churrasquinhos são carne de gato, mas certas imagens nos dão um contexto a pensar. Fiquei mexido, confesso. Pode ser imediatismo, pode ser o choque, mas a verdade é que não vou mais olhar da mesma forma. Agora, não posso deixar de beiras certas reflexões.



Vejo gente se recusando a mudar seus hábitos com o argumento de que 'se é cachorro ou pombo, nunca senti diferença' e é aí que tenho que abordar Matrix (de novo). Em dado momento do primeiro filme (o melhor deles só equiparado a Animatrix), os tripulantes da nave Nabucodonosor debatem sobre o fato de que a comida tem sabor diferente e muito mais sem graça no mundo real do que quando inseridos em Matrix. Então, eu pergunto, amigolhes: Como você sabe que não comeu a carne errada a vida toda? Seria difícil diferenciar o que não é diferente. Até porque, é tudo carne, em algum momento vão ter um sabor similar, não é?

Outro dia, ingressava na estação Paulo da portela do BRT, em Madureira, quando vi um pombo recém atropelado pelo meio-fio. Fiz uma piadinha no facebook sobre o fato de o cadáver não estar mais lá, justo ao lado de uma barraca com uma churrasqueira recém-acesa, na calçada. Agora, fiquei cabreiro de verdade. Mas a questão é que a gente vê muita coisa por aí que ignora em nome da conveniência. Tipo, os famosos podrões de rua, como os cachorros-quentes e x-tudos (que eu adoro), que são servidos por pessoas em carros, trailers ou banquinhas sem uma torneira pra se lavar as mãos.



"Ain, Saga, mas hoje em dia, muitos já usam até luvinhas cirúrgicas!". Sim, gafanhoto, mas as luvas são usadas pra preparar os sandubas, assim como para catar dinheiro, fazer troco e... deus me livre, uma vez, o rapaz que me servia até aparou um espirro instintivamente, na Cinelância, Centro do Rio. Muita coisa me passava batida, mas com imagens como as dessa semana, fiquei cabreirão, não sei como será o amanhã, mas uma coisa estou reavaliando. Já li notícia até de que lanchonetes teriam tido movimento reduzido por conta disso. Não que eu apoie alguma mobilização de esvaziamento de lanchonetes, porque não podemos simplesmente afirmar que TODOS são assim, mas é preciso observar atentamente.

E como não lembrar daquela beleza de cena de Demolition Man (O Demolidor, com Stallone e Snipes), quando Titio Stallas vai aos esgotos ter com a população pobre e revolucionária e, tentando matar saudades de sua época, pede um hambúrguer e se delicia, pois naquele futuro, os hábitos alimentares não suportavam extravagâncias gordurosas e essas bossas. Até que Sly é alertado pela colega, Sandra Bullock que ali nos esgotos não há nenhuma criação de vacas.



De que é feito esse hambúrguer?
- És de rata, señor.
(...!?) Rato?
- Si.
(...!?) Então, isso é... um ratobúrguer?
- Si.
(...!?) Nada mal...

Não vemos criações dessas lanchonetes que não têm fornecedores. Refita na procedência do que você come. Sua esfiha pode ter latido pra você ou cagado no seu carro ontem.

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