Trabalhadores são impedidos de acessar clínica em edifício luxuoso na Barra da Tijuca. Administração dos edifícios alegou que seria uma poluição visual, causariam mau cheiro e recomendou que não tocassem nas paredes, até que se dirigissem ao elevador de carga.
“Elevador é quase um templo
Exemplo pra minar teu sono
Sai desse compromisso
Não vai no de serviço
Se o social tem dono, não vai (...)”
Era pra ser uma sequência corriqueira de exames
admissionais, numa clínica de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de
Janeiro. Porém, antes disso, na hora da autorização para seguirem até a sala do
consultório, localizado no condomínio comercial Le Monde, 18 trabalhadores,
predominantemente negros e “pardos”, foram humilhados pela administração dos
edifícios. Eles estavam lá para, em seguida, assumirem vagas de ajudante de
pedreiro, pedreiro e servente nas obras da Linha 4 do Metrô, e já tinham feito
exames de sangue e raios-x.
Médico Renato Pinto, um dos sócios da clínica BioCardio, para onde os trabalhadores seriam encaminhados. |
Na entrada, foram direcionados ao elevador de serviço e
ainda ouviram de um dos responsáveis que causariam “poluição visual e mau
cheiro”. O caso foi registrado na 16ª DP (Barra) na noite da última quarta,
15/01. Apesar das tentativas de se esquivar, como alegar que não liberou o
acesso aos candidatos por não terem apresentado documentos, versão rechaçada
pelo PM chamado ao local e que
presenciou a frase sobre poluição e mau cheiro do administrador do Le Monde,
Felipe Alencastre Gilaberte, que foi acusado de injúria e desobediência, por
ferir a lei que proíbe a restrição de acesso pela entrada de edifícios
residenciais e comerciais.
“Quem cede a vez, não quer vitória
Somos herança da memória (...)”.
Renato Sérgio Fernandes Pinto, sócio da BioCardio que estava
à frente da situação para que pudesse liberar os candidatos, afirmou que essa é
uma questão recorrente. Para ele, a administração do Le Monde já provoca essas
situações para forçar a saída da clínica que “quer atender 100 pessoas por
dia”, nas palavras do administrador de lá. Os trabalhadores ainda ouviram de um
segurança, recomendações de que não tocassem nas paredes. Para o cardiologista
Renato Pinto, o condomínio não gosta que sua clínica funcione ali, devido ao
público que atende.
No frigir dos ovos? Vai ter gente justificando o condomínio,
que por algum motivo, candidato a emprego de ‘peão’ tem mais é que ir ao
elevador de serviço e subir e descer feito carga e que ninguém é santo nesse
mundo (sim, conservadores preconceituosos não elaboram bem seus argumentos),
mas esse é o motivo da repressão aos rolezinhos. Não é porque pobre tem que
saber se comportar como o rico quer e não é porque pobre tem que explodir, e porque pobre tem que saber seu lugar,
segundo essa gente. E me dá ânsia quando vejo apoio a esse tipo de atitude até
de negros de classe média ou pobres que ainda defendem querendo usar um ou dois
exemplos de exceções à regra. Tipo “ah, mas eu conheço um ou outro caso que deu
em assalto...”. Pra essa laia eu digo: Vá lamber um bode suado.
Fonte: Extra.
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