Crônicas, divagações e contestações sobre injustiças sociais, cultura pop, atualidades e eventuais velharias cult, enfim, tudo sobre a problemática contemporânea.
Eu entendo o fenômeno da classe C, que ampliou bastante o poder aquisitivo de uma boa parte da população, anteriormente conhecida pela alcunha genérica de pobre (mesmo tendo situação razoavelmente confortável), mas meu protesto contra diversas frentes comerciais é pela sua estratégia 'olhuda'.
Pois bem, se a TV por assinatura era para um público abastado financeira e academicamente, beleza, esse era o diferencial, uma programação diferente pra quem queria assistir o diferente. Agora, vendo que o 'pobre' pode, banalizam, dublam e tornam o que deveria ser o diferencial nas mesmas características genéricas que a TV aberta tem.
Então, fica a contradição: O pobre alcança um patamar mais alto de dinheiro e quer acessar o mundo do 'rico'. Aí, o mundo do 'rico' deixa tudo como era no mundo externo do 'pobre' pra atrair mais audiência.
Lembra que você achava que TV por assinatura era símbolo de um status diferenciado, de uma cultura mais exigente e apurada? ESQUEÇA! Agora é TV aberta só que com mensalidade e não vão pensar duas vezes em dublar sua série favorita com textos infantilóides só pra ficarem acessíveis a todo mundo.
Não que eu não deseje esse tipo de acesso a todos, mas porque não criar algo novo ao invés de tornar o que já existia em bobeiras? Daqui a pouco surge um Esquenta numa Warner da vida porque o grande público, que é tratado como uma pessoa só - e boboca - não está acostumada com legendas, muito menos som original. Não precisa excluir dublagens e essas coisas, mas não nos dar opções de som original é de uma covardia - ou incompetência - tão grandes que chega a irritar pelo descaso.
Emissoras, o público mudou bastante, mas ainda há os que gostam de ouvir as vozes originais dos personagens e apresentadores, não os ignore - ou não questionem o 'fenômeno' da internet. Não há nada de errado em querer ouvir nuances e interpretações, em vez dessa coisa plastificada e fake da dublagem, que faz todo mundo parecer a mesma pessoa, afora a impressão de fechar os olhos e ver alguém lendo um texto e não interpretando.
É como aquela música do Chitãozinho e Xororó, que ele deixa de ser cowboy pra não ficar longe da mulher e a cocota abandonou o cara por que queria ficar com um cowboy, coisa que ele não era mais. Buscam o lucro máximo de qualquer maneira e não fidelizam mais o público fiel. Se um amigo meu recebe novos amigos e me deixa de lado pra parecer mais popular, eu largo mesmo, hein! Rá!
Dia 15 de maio, eu publiquei um status no meu Facebook assim:
“Greves de várias categorias profissionais rolando, algumas
outras ameaçando paralisar até durante a tão sonhada Copa Fifa e Pelé está em
silêncio há dias.
Tenho certeza que daqui a pouco ele deixa a poesia de lado
de novo pra falar alguma baboseira que tente desvencilhar o caráter 'placebo'
do futebol no Brasil pra que o povo não atrapalhe seus amigos empresários de
interesses financeiros particulares.
#estamosdeolho”
Dia 16 de maio, eu chego e leio a seguinte notícia:
“Pelé é vaiado na abertura do ‘Vivo Open Air’
Pelé, que é um dos embaixadores da Copa Fifa 2014, pediu que todos apoiassem a Seleção Brasileira e lembrassem que o futebol não tem nada a ver com a política e a corrupção que assola o país. Neste momento, ele foi vaiado por alguns constrangedores segundos. Visivelmente envergonhado com a recepção nada calorosa do público, o ex-jogador parou o discurso e logo se despediu…”
Vou contar a história. Pelé, o poeta, é um dos maiores entusiastas do dinheiro e dos interesses próprios
de nossa sociedade. Vá lá, esperamos isso de frios e inescrupulosos empresários,
de políticos viciados em meneios e mamatas, mas de um ex-esportista que leva
alcunhas como ‘rei’ e ‘atleta do século (20)’? Aí, não, isso é decepcionante
pra quem curte esportes e cultura pop. Mas tem mais coisa aí.
O futebol começou como um esporte de elite e se alastrou
para as camadas mais populares pela simplicidade de jogo e regras. É correr e
chutar uma bola pra dentro de uma baliza sem ter um menos que 2 defensores
adversários à sua frente quando estiver diante da meta para marcar o ponto e
quem fizer mais pontos ganha. Viu como é simples? Só que tudo que é popular é
usado pra manobrar a massa, veja o exemplo do Samba em seu início, que foi
usado como campanha de Getúlio Vargas pra ficar bem na foto com o povão. Deu
certo, ele tem a fama de ‘pai-dos-pobres’, claro, não só por isso, mas também
por uma série de medidas, como a criação da CLT e diversas leis trabalhistas
que temos até hoje.
Então, algumas décadas depois do Samba de Gegê, veio o samba
da ditadura militar, que, ironicamente, só falava em liberdade (se nunca
reparou, ouça os sambas-enredo dos ‘60s e ‘70s), mas ainda assim, no mesmo
rastro que impunha ao artista fazer propaganda ufanista para o Brasil. Nesse
meio veio o futebol. Depois da frustração histórica que foi perder em pleno
Maracanã para o Uruguai, a seleção brasileira venceu na Suécia e na antiga Tchecoslováquia.
Duas copas seguidas! Logo depois do Bi (UIA!), instaurou-se o famoso e terrível
golpe apelidado de ‘revolução’ (contra marcianos, óbvio).
Nesse contexto, bacanas, o futebol já era uma paixão
nacional assim como o samba. É quando o governo percebe que em meio ao abismo
social que ele mesmo provocou vendendo o país (já dizia Raul), o povo não
prestava atenção na política ou economia por medo da repressão e violência que
acometia a vários grupos que se levantavam contra o regime ditatorial. É como
eu digo, eram fogos de artifício e gritos de gol pra abafar os gritos vindos
dos porões, dos torturados. Então, veio 1970 e o Brasil conquistou um feito inédito,
3 copas do mundo em 4 disputadas, aí, amigolhes, era o êxtase e era mais fácil
pensar no futebol como a salvação do moral brazuca do que virar pro governo e
falar ‘tá, foi gol, mas e a merenda que tá cara?’. Depois, você nota que a torcida foi muito mais empolgada do que o futebol em si. Note que a propaganda do futebol teve que dividir espaço com gritos por democracia, preços de ingressos, planos econômicos, violência e outros elementos que esvaziaram estádios e mudaram canais de TV.
É isso, gente, o futebol não é um esporte como outro
qualquer, não é um momento de 90 minutos isolado do resto da realidade. Ou você
acha que tantos milhões em contratos, desvios de verba e publicidade fazem do
futebol um evento tão puro e desinteressado quanto a quermesse da pracinha na
festa junina? NÃO! Veja o exemplo do Neymar Jr começando uma campanha publicitária
se aproveitando da campanha contra o racismo no futebol, você duvida que algo
mais seja natural no futebol? Talvez no futebol da sua galera, que vale a
brincadeira, o churras e a cerva, mas lá no mundo do empresariado privilegiado?
Cara, tome tento!
Esse é só um exemplo de como o futebol é instrumento do governo e da mídia pra manter você colado neles.
Futebol é um placebo açucarado que faz você dizer ‘a seleção
não tem culpa’, mas está parcial demais pra perceber que você já tomou (UIA!²)
a pílula azul (pra permanecer na Matrix e não viagra, seu tarado!). E a seleção
é tão inocente na mídia e na sociedade quanto a dinamite numa explosão. Só foi
usada, mas o efeito é o mesmo. Duvida? Vai lá ler sobre a história – num site
de pesquisa e não num globoesporte.com da vida, né? Não me interessa gosto
aqui, mas a realidade. Pessoas se acostumam a viver no que foi programado e nem
questionam se existiam outras possibilidades. O planeta não nasceu adorando
futebol e não foi a natureza que criou a fórmula ‘samba e futebol’ no inconsciente
popular.
Aliás, pelo nível do futebol jogado hoje, você percebe que só
acompanha por inércia, por hábito, como quem abre a geladeira e nem sabe o que quer
dali. Mesmo fenômeno passam as novelas, mas isso eu falo outra hora.
A banda Adam é holandesa e tem fama de politicamente ativa, até mesmo contribuindo contra a campanha anti-gay na Rússia.
O clipe abaixo foi gravado enquanto as cantoras usavam vibradores com a proposta de manterem a compostura, durante a música Go to Go. Mas... algo não saiu como o planejado. Algo bem divertido de se assistir, quando se sabe o motivo disso.
Se em vez de cesta básica você der o valor em dinheiro, automaticamente você está incluindo aquela pessoa no mundo capitalista das opções de gastos financeiros. Se é pra manter o papo de democracia e meritocracia, esse é um caminho mais lógico do que simplesmente negar qualquer apoio do governo ao mais pobre, num país de proporções continentais com tantas riquezas. Chega a ser uma hipocrisia muquirana dizer que isso só gera vagabundos preguiçosos. Os conservadores que defendem o esforço do próprio suor para se gozar das maravilhas de ter seu próprio dinheiro deveriam pensar mais nisso. Se o pavor conservador nacional é que nos tornemos Cuba, você dar uma cesta básica está mais aproximando disso do que com um Bolsa-Família da vida. Seria como dar uma pasta de dente sem marca no lugar do valor para que se compre uma similar, baratinha, que seja.
Essa resistência a conhecer pra falar com alguma propriedade, mesmo que por alto, se chama ignorãncia. no sentido amplo, a vontade de ignorar algo que irá mudar sua visão sobre a coisa. Se você quer falar mal de alguém, como que você vai se arriscar a conhecê-lx e se arriscar a mudar de ideia? Vai que você passa a té a admirar essa pessoa... complicado, né? Mas é necessário. Músicas, filmes, artistas, muita coisa nessa vida eu mudei de ideia e passei a gostar ou desgostar, diferente da impressão inicial. E está faltando muita gente aprender sobre benefícios sociais do governo pra poder falar mal ou bem. Por exemplo, eu tenho a nítida impressão de que esses 70 ou 80% da população que despreza o pobre (muito ódio da elite excludente, mas muita decepção com a classe média subserviente remediada) esquece ou ignora que Lula só tocou diversas políticas de FHC em frente com um viés mis popularesco, mas com a mesma essência.
Políticas externas, internas, sociais e culturais são assim mesmo, dificilmente de um governo pro outro as coisas mudam tanto, normalmente só são apresentadas com o perfil de quem está lá na hora, mas os programas são os mesmos. Bolsa-Família não é um favor, não é uma mesada, porra, isso quem ganha é filho de empresário, dondoca-esposa-troféu-bibelô de milionário. Quer comparar um benefício de cento e poucos reais com sua vidinha mais ou menos? Gente que não ganha nem 50 reais num país onde seiscentos e poucos já é considerado muito abaixo do necessário. Isso, pra mim, é o mesmo tipo de atitude que se pratica com qualquer coisa. Você tem um pouco a mais e acha muito bonito ficar com peninha, mas não quer ver aquele pobre coitado ser beneficiado quando você acha que matou um leão por dia pra 'chegar lá'.
É o mesmo mecanismo da esmola. Você tá ali e alguém te pede um dinheiro. Você nega, pois, se der dinheiro, a pessoa vai gastar com drogas, com besteira, etc. Então, alguns ainda se acham mais legais por comprar diretamente a comida que o irmão pediu, outros nem isso e ainda saem falando mal "pensa que mengana, seu vagabundo?". O negócio é o mesmo, o Bolsa é o dinheiro que a pessoa vai comprar o que lhe fizer falta. Se vai comprar cachaça também, que seja, porque uma parcela da população merece viver nessa temível 'Cuba' que a elite teme desde sempre, enquanto tanta gente com dinheiro gasta com futilidades e não vai querer dividir ou restringir suas opções de gastos?
É o famoso desprezo pelas coisas de pobre. Fica uma enorme parcela da população querendo se mostrar superior ao pobre, enquanto baba pelo que não tem, numa televisão de cachorro chamada elite. Essa é a classe média, remediada por não passar necessidade, mas indecisa, por ser um conceito muito amplo, comportando gente com muita grana e outros com um poder de fogo menor, mas ainda assim bem acima do cara que não ganha quase nada. Dá pra entender porque custa tanto deixarmos preconceitos de lado? Todo mundo quer um mundo melhor, mas ninguém quer melhorar, não como um todo, apenas a si próprio. E não sei de onde vem essa ideia de que todos saímos do mesmo ponto de partida sócio-cultural pra acharmos que todos têm as mesmas chances de vencer na vida. Pergunte-se, você é tudo o que sonhou pra si? Ou está apenas satisfeito de ter chegado bem? Porque se cortarmos um programa social como se fosse desnecessário, teríamos que fazer todo um redimensionamento de ideias pra saber porque não é todo mundo que chega lá. Tudo isso é culpa da preguiça mesmo?
Em suma, é preciso muito cuidado para que seu partidarismo não corrompa a visão do todo. Todo governo, infelizmente, vai gerar seus benefícios, mas também seus monstros, pois, as siglas dos partidos não servem de nada e os políticos vão mudando conforme interesses e conveniências, como integrantes de times de futebol ou escolas de samba. Mas precisamos observar o impacto social da coisa e ter a noção de que o Bolsa não é uma esmola, é um paliativo, outras coisas precisam ser feitas para o efetivo desenvolvimento social, o Bolsa apenas ajuda a segurar uma barra, mas não é solução. Só que a população precisa pesquisar antes de repassar piadinha que só serve pra desprezar o pobre.
Sofro de verborragia incontinente (ou incontinência
verborrágica, como eu também inventei, rá!), então, muito do que estou dizendo
aqui e agora, com um pouco mais de calma, pelo menos no sentido de organizar
ideias fervilhantes, já foi dito no Facebook e gerei conteúdo com diversos
compartilhamentos na rede, inclusive, mas a questão aqui é outra, um pouco mais
profunda do que o que joguei diretamente no 'feici', num arroubo de
impulsividade diante do que Faustão disse sobre o cabelo de Arielle Macedo. Vamos
aos pontos, porque se eu falar tudo de uma vez, perco o fio da meada e vou
tocar um samba pra distrair.
O caso
Fausto Silva, aquele, falou ‘cabelo de vassoura de bruxa’
para se referir a Arielle Macedo, dançarina e coreógrafa de Anitta, aquela. Bem,
falou-se muito na internet de uma semana pra cá – o que abafou até a própria
cantora executando – literalmente – uma canção de Roberto Carlos. Eis que
Fausto chega uma semana depois para se retratar e apenas defende que não foi
racista porque tem fncionários negros e brinca assim normalmente. Claro,
Fausto, nenhum senhor de engenho era racista, eles até tinham escravos negros e
os deixavam dormir na fazenda, aham, Cláudia, senta lá... A emissora em geral,
a TV em geral quase não apresenta negros e em posição afirmativa então, é raro,
se não extinto, ou melhor, nunca inaugurado. Mas vamos ao que interessa.Por questões de direitos autorais, os trechos completos só ficam nos sites da Globo, aqui, achei links com trechos e edições pontuais.
Faustão e a exótica negritude
Fausto Silva, notoriamente, é um branco em convívio branco,
ou seja, negro perto dele é minoria e subordinado, o famoso caricatura, aquele
que ele pode tripudiar e terá que aceitar, porque emprego tá difícil (eu mesmo
dancei recentemente diante de um babaca assim). Esses tantos negros que ele
disse em seu 'direito de resposta' e que trabalham com ele, só podem estar nos camarins
e outros ambientes, ou ainda, devem folgar aos domingos, pois no palco eu já
reparei umas três pessoas, umas duas bailarinas e aquela animadora de plateia
apelidada de Michael Jackson. Nada de contra-regra, diretor ou outra função
mais evidente, enfim, foi o famoso 'não sou racista, tenho amigos negros'.
Aí, isso se desdobra em outro ponto, Faustão refletiu o que
eu já vi até em meu convívio social: Pessoas brancas de classes mais remediadas
e que não se identificam com uma realidade que não a delas. Pessoas que não
sofrem na pele o preconceito e que realmente acham que o racismo só vai se
apresentar necessariamente em violência física e palavras agresivas, se é que existe, pois já ouvi no www.raizdosambemfoco.wordpress.com que o racismo já acabou há anos, só restando casos isolados. A ironia é
que também negam que a viol~encia policial se volte contra o negro, na verdade,
gente assim, nega que existam negros, porque assim eles não precisam admitir o
racismo, por que muitos o têm, mas diluem em piadas e comentários constrangidos
e constrangedores sobre cabelos, narizes, cores, etc. É a tática de agredir
sorrindo pra amenizar a agressão, mas a brincadeira sempre tem fundo de
verdade, não?
A auto-estima do negro e da mulher negra
Faustão também mexeu em dois pontos delicados. Ele usou de
piadas que ouvimos desde crianças e que não são engraçadas para os alvos delas.
Eu lembro, era de matar, crianças rindo de você e te apontando, chamando de Buiú,
Chita e outros que prefiro não detalhar. Já é foda ser negro nesse país, pois
somos ignorados por um lado e exterminados por outro. Veja quantos negros e
pardos renegam sua negritude pra parecerem mais brancos, mais aceitos, se não
eles, seus filhos, através de relações interraciais, que significam a famosa síndrome
de Cirilo e a ascensão social que é ter filhos claros, de olhos claros e cabelos
lisos... Isso porque somos o país com mais negros fora da África inteira (que é
um continente e não um país como muitos pensam ;p).
Tem a questão específica da mulher, que cresce assistindo a
comerciais com gente branca lutando contra fios levantados no meio da cabeleira
escorrida, como uma menina se sente? Ela não se vê, ela ouve piadas até dentro
da família sobre seu ‘pixaim’, ela muitas vezes não é criada pra admirar as
coisas do negro, é montado na sua cabeça um desejo de embranquecer para não
sofrer ofensas, ser negro é uma doença congênita na visão de muita gente e
isso, na infância, causa danos profundos na mente do negro. Arielle, com
certeza, tem histórias pra contar sobre o que já ouviu bem antes do Faustão
abrir a matraca, mas graças à sua mãe, ela aprendeu a se gostar e se valorizar negra, ufa!. Faustão, você não fez uma piada, você reforçou um preconceito
que o negro sofre há 500 anos. Negar isso é querer tapar o Sol com uma peneira,
porque admitir que é racista ninguém vai, sempre vão se esconder atrás de uma
falsa boa intenção, já que racismo, ao contrário da negritude, é só ideologia,
não transparece fisicamente.
O preconceito velado
Fausto usou do maneirismo mais racista que há, o racismo
velado, aquele que se apresenta “em forma de piadas que teriam bem mais graça
se não fossem o retrato da nossa ignorância, transmitindo a discriminação desde
a infância. E o que as crianças aprendem brincando é nada mais, nada menos do
que a estupidez se propagando (...)”, como diz Gabriel, O Pensador em seu
primeiro disco, na canção Lavagem Cerebral. Desde os 11 anos, quando quase fui
levado – sei lá pra onde – por policiais sem motivo algum, apenas por estar
negro e aparentemente indefeso (valeu, papai Sagatiba!), tenho essa canção como
mantra. E o trecho da música aborda tão bem o que eu falo, que achei válido desferi-la
logo aqui do que ficar me rodeando no assunto.
O racismo não vai vir em forma de bigorna na sua cabeça ou
em forma de uma lança com uma faixa anexada, ele vem assim, quando os traços do
negro (cabelos, narizes, cores) são alvos de deboche, quando o deboche e a
discriminação vêm pra cima das religiões de matriz africana, quando um ator se
veste de negro pra fazer estereótipo do que é mais ridicularizado na sociedade,
ou até quando um negro se faz de alvo pra garantir risadas fáceis, como quem
tira a chibata do feitor e se auto-flagela. É, fausto, é na piada que
escondemos nossas ideologias, ou melhor, é na piada que descaramos nossas
ideologias, apenas usando de um artifício de auto-defesa pra amenizar, mas
ainda assim, manter o pensamento. Se não, como você esplicaria o fato de em
momento algum de sua ‘defesa’ você ter sequer mencionado algo como ‘não tive
intenção de ofender, se foi o caso, me desculpe’.
Você SE defendeu, mas não pensou em momento algum que pode
ter ofendido, mesmo que nem fosse uma colocação racista, falar do cabelo de uma
mulher, em nossa sociedade, é o mesmo que usar desodorante repelente de sexo,
você não ganha a menor simpatia com isso, se usou da piada, estava mesmo
diminuindo o valor daquele belo Black que Arielle tem. Você é do tipo de gente
que diminui a participação de um menino negro numa novela porque ele tem um
cabelo rejeitado pelo público, ou de gente que comenta ‘também, com esse cabelo’
pra justificar uma prisão equivocada, confundindo um suspeito com um
trabalhador, etc. Esse é o mecanismo do racismo, ele tenta se proteger pra
sobreviver. O racista é como uma barata, aparece até chamar à atenção, depois
se esconde nos esgotos até a poeira baixar. Estamos de olho! Aliás, olho, SBP,
Raid, Baygon, bombinha de Fritz e, claro, minha raquete elétrica, Scarlett.
Arielle declarou:
“Sobre o episódio do Faustão de ontem… fico muito feliz pelo carinho e por de alguma forma vcs me defenderem! Se me ofendi… claro, na hora sim! Mas apelidos é o q mais recebo por aí na rua. Só que eu tenho a minha forma de me manifestar quanto a isso. O cabelo é meu, a vida é minha e me acho linda, e isso é o mais importante! Não me deixo oprimir por nada e nem opinião de ninguém! E se vc se sente bem com isso é assim q deve agir. Enquanto isso estou andando por aí com meu “cabelo de vassoura de bruxa” que eu amo. E que me desculpem as pessoas normais oprimidas pela sociedade. É, eu não sou normal! O racismo sempre vai existir ele se fortifica quando nos sentimos ofendidos . Se estou bem e certa de que eu sou, dana-se a opinião dos outros! Apenas intensificarei minha água oxigenada! Aceita que dói menos!”
Enfim, infelizmente a declaração de Arielle foi retirada, há quem diga que pra preservar sua acessibilidade na Globo, ou melhor, de Anitta, que precisa dessa vitrine e faz parte do grupo Globo, de certa forma, mesmo motivo que eu acredito pra não ter repercutido em grandes meios de comunicação, fizeram um clássico 'abafa o caso', o que me lembra que aquela tchurminha tchubiruba do 'SOMOS TODOS HUMANOS' só reclama quando o negro levanta a voz, mas nunca chorou a ausência dele nos lugares privilegiados da sociedade. Aliás, geralmente ,acham que tudo ´´e questão de esforço, é só trabalhar que você consegue... vide a quantidade de gente rica nesse país, né? Hipócritas fervorosos, odeio essa seita.
Dia 26 de abril é dia do goleiro, em homenagem ao dia e mês de nascimento de um goleiro de apelido Manga, que defendera a Seleção em 1966. Mas vou falar sobre um outro goleiro, um que é tremendamente injustiçado no futebol brasileiro: Moacir Barbosa
Nascimento, ou, somente Barbosa (27/3/1921-7/4/2000), como ficou mundialmente conhecido. A história
de Barbosa é extensa em títulos e reconhecimento de talentos notáveis para um
goleiro, sobretudo se pensarmos que em 1950, o futebol ainda engatinhava em
profissionalismo, estrutura e interesses escusos além da bola no pé. Mas
o cara é mais lembrado por um único momento infeliz. Tudo bem, esse único
momento infeliz foi a perda do título da primeira Copa do Mundo depois da
segunda guerra, e no Brasil, mas aconteceram outros inúmeros fatores, sendo o
goleiro apenas o último elo de uma série de desvarios que aconteceram e você
vai entender porque eu considero a Seleção Brasileira de 1950 um Titanic
futebolístico.
Primeiro, vamos falar do goleiro Barbosa, que eu conheci
através de uma entrevista que assisti na TV falando sobre seu mais famoso e
triste momento na carreira. Ele assinalava que já pagava por um crime que não
cometeu há uns 50 anos (Barbosa faleceu em 7 de abril de 2000), quando a pena máxima
no Brasil é de 30 o que já revela aí sua amargura. Barbosa ganhou diversos títulos
por onde passou, fez parte do famoso Expresso da Vitória, ganhou 6 Cariocas
pelo Vasco, Copa Roca pela Seleção, Campeonato Sul-Americano de Campeões (que
você pode deduzir ser um modelo precedente da Libertadores da América), também
pelo Vasco e, pela seleção também teve uma Copa América. Mas, eis que chega a
Copa de ’50, faz-se um oba-oba gigantesco – com políticos já ensaiando suas táticas
de pegar carona no carisma do esporte em troca de popularidade e a cagada era
certa.
Muitos atribuem a derrota a um conjunto de fatores. O clima
de vitória certa, as festas pelas ruas como se o título já estivesse garantido,
a mudança de sede de concentração para um lugar onde o foco era a comemoração
antecipada e não o jogo de 90 minutos, etc. Tá certo, o Brasil entrava com a
vantagem do empata, mas sabemos que só se ganha um jogo em campo e com o placar
favorável ao apito final, coisa que não tinha muita cara de que ia acontecer. Para
Barbosa, além da falta de concentração – literalmente – a Seleção também teve que
lidar com o adversário – sim, alguém lembrou que o jogo era entre DUAS equipes
e não um bate-bola estilo titulares/reservas ? – pois diante de tanta presepada
tupiniquim, o Uruguai, provavelmente, se motivou ainda mais a superar o
desafio, sabe aquela coisa com os brios.
Somando-se ao fato de que era a primeira Copa que o Brasil
disputava – e em casa – o brasileiro criou muita expectativa – ou fora levado a
isso, como estamos vendo atualmente – e se sentiu frustrado, o que é natural, já
dizia Buda. Mas o que o Brasil não poderia fazer era culpar um goleiro por sofrer
um gol como aquele. Até porque o goleiro é tão parte do time quanto o atacante
ou o técnico e o time todo precisou perder a bola até chegar ali na meta
brasileira. Mas o que acontece - e eu sei, porque já joguei na posição em
tempos escolares – é que qualquer um pode culpar o próximo companheiro a perder
a bola, só o goleiro é que não, pois passando dele é quase certo que o destino
da bola seja o fundo da rede. Ou seja, ironicamente, o goleiro é o único que não
tem ‘defesa’. Mas, por Barbosa, e por aquela imagem triste que nunca mais saiu
da minha cabeça, é que eu venho em sua defesa. Uma injustiça culpá-lo e aliviar
outros porque não eram a última esperança de salvação em campo. Veja o que o
cronista esportivo Armando Nogueira (1927-2010) escreveu sobre Barbosa:
“Certamente, a
criatura mais injustiçada na história do futebol brasileiro. Era um goleiro
magistral. Fazia milagres, desviando de mão trocada bolas envenenadas. O gol de
Ghiggia, na final da Copa de 50, caiu-lhe como uma maldição. E quanto mais vejo
o lance, mais o absolvo. Aquele jogo o Brasil perdeu na véspera”.
Barbosa terminou seus dias recluso, em Praia Grande (SP), onde vivia recluso, com uma filha adotiva. Antes, ao encerrar sua carreira, era funcionário da SUDERJ (Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro), que administra diversos complexos esportivos aqui no Rio, entre eles, claro, o Maracanã. E, pra acabar, fator semelhante a essa titaniqueada futebolística
brasileira foi a copa de 1998, mas aí, entraram fatores políticos e comerciais
que eu não vou falar agora, quem sabe, no ‘dia da convulsão’ eu use como
gancho. Hoje não. Para terminar, assista a um curta metragem em que Antônio Fagundes volta no tempo para impedir a derrota do Brasil e acaba criando um paradoxo temporal - do tipo que eu adoro, sem começo e fim.
Em 24 de agosto de 2012, a jornalista de celebridades Fabíola Reipert publicou em seu blog uma notícia, que corre o mundo como uma lenda urbana, sobre Renato Aragão ter, supostamente, mandado demitir um funcionário (motorista, no geral das narrações) por tê-lo chamado de "Seu Didi", "É doutor Renato". retrucou antes de cortar a cabeça do pobre coitado.
Em 28 de agosto daquele mesmo ano, o e-farsas - portal especializado em investigar a veracidade dessas lendas, correntes, hoaxes, etc de internet - levantou diversas questões para ter alguma pista de realidade, pois, como o site alerta bem, não há datas, nome ou rastro do tal demitido e nenhum detalhe, coisa que esse tipo de spam adora pra ser repassado e não ter que se enrolar com detalhes. Mas é aí que está o motivo da desconfiança. Como o caso da tal ex-paquita que teria morrido de AIDS por causa de uma vida desregrada e descuidada (que usa o nome de Patrícia, a foto de Luciana Vendramini e de outra jovem e esses mesmos detalhes... ou melhor, falta de).
Fake descarado. Nem são da mesma pessoa.
O caso é que em 29 de agosto, também de 2012, o Jornal Extra entrevistou Renato Aragão, que, óbvio, negou que sequer tenha demitido algum funcionário. Até aí, ele está no seu direito, além de não haver prova em contrário, já que mesmo preservando a identidade do tal ex-funcionário por um eventual segredo de justiça, ninguém se pronunciou em defesa dele, DA PARTE DELE, só a opinião pública de quem leu a notícia ou só ficou sabendo e saiu repassando (como o famoso boato sobre o Garoto Bombril, Carlos Moreno, que eu publiquei aqui no blog, lembra?).
Pois bem, não há provas de acusadores e a defesa nega, caso encerrado, certo? Errado! Porque aqui, o assunto é um pouco mais direcionado ao artista Didi e não só à notícia. Vejamos, ele pode não ter demitido um funcionário por causa de "Seu Didi", mas ao Extra, ele disse que seus funcionários são antigos por lá. Ok, podem ser, mas o colunista d'O Dia, Leo Dias, publicou em março deste ano uma notícia de uma assessora demitida por Aragão e movendo ação judicial trabalhista contra ele.
Sinal nítido de que pode se tratar de uma lenda de internet,
é a falta de dados exatos, como uma data para o ocorrido.
Tudo bem, demitir um funcionário que ninguém conhece é bem mais ameno que praticar assédio moral contra um motorista e provocar um infarto no coitado (não é, Zezé Polessa?), mas afora a ex-assessora, diversos sinais apontam para uma conduta dúbia de Didi. O abandono de seus ex-colegas de Os Trapalhões e as famílias dos falecidos é um grande deles. Família de Zacarias se queixa disso, Dedé ficou anos afastado de qualquer referência que não fossem as antigas reprises do programa na Globo e a coisa piora. O que dizer de Ted Boy Marino, que meses antes de falecer, se queixava no programa Pop Bola (MPB-FM) da falta de consideração de quem trabalhou com o humorista antes mesmo de ir para a Globo?
Adoráveis Trapalhões, formação ignorada por Didi. Wanderley Cardoso, Ted Boy, Ivon Cury e Didi.
Fica evidente o descaso com o passado do grupo quando o programa é citado apenas como uma extensão de Didi naquele especial de fim de ano da Globo. Tudo bem, era especial sobre o personagem, mas que papagaiada foi aquela de mostrar praticamente a infância, juventude e... TRAPALHÕES NA GLOBO?!?!? Não, gente, tá muito errado, cadê a primeira formação na época da Record, da Tupi, com Ivon Cury, Ted Boy e Wanderley Cardoso? Apaga-se tudo só porque não era da emissora dos Marinho?
Então, é aquele negócio, sobre o tal motorista demitido, nada comprova, mas isso não comprova, também, a inocência de Renato Aragão no meio artístico. Mesmo que ele diga que não tem o poder de demitir um funcionário da Globo, no texto, a expressão é 'mandou demití-lo', e influência o cabra tem. Mas vamos deixar pra outra hora, o lance é que arrecadar milhões com seu projeto Criança Esperança é um grande espetáculo de atenuantes de imposto de renda, mas parece a festinha da família problemática: Todos sorriem até o apagar das luzes, quando voltam a mostrar suas verdadeiras faces.
É tipo aquela coisa, a pessoa que já tem fama de ser antipática acaba pagando até pelo duvidoso. Como naquela época que o Pânico manobrou o Carioca de modo a ser humilhado por Jô Soares, mesmo que nem tenha sido pra tanto.
Renato Aragão aprontou mais uma trapalhada sobre a vida de mais um motorista, ou melhor, manobrista. O funcionário de um shopping carioca pediu para tirar uma foto com ele e, irritado, o trapalhão teria pedido a cabeça do cara diretamente à administração do local, alegando demora na entrega de seu veículo. Desse jeito, fica difícil acreditar que ele seja inocente naquela conhecida história da demissão do outro motorista, muito mais difícil acreditar que ele não consiga uma demissão alheia por poder de influência e grana. Bem, pelo visto, o coração dele continua bem mau.
Atualização (6/5/2014)
Saiu no Diário 24 Horas que Renato negou a notícia e foi confirmado pela assessoria do tal shopping que negou demissão recente por lá, alegando ser um mal entendido. Agora, se isso é uma manobra 'abafa o caso' ou se realmente aconteceu, vai ser difícil saber. O que me faz pensar em porque surgem tantos boatos sobre o mesmo traço de personalidade de uma pessoa, comumente, famosa por belos atos como Criança Esperança e anos de programas humorísticos. Além da fábula da criança que morreu de fome, que dizem ser um ilustrativo chamariz de emoção instantânea, mas sem fundamento real.
My Boy, nascido Moacil Filgueira Pinto, está em estado vegetativo persistente (quando a pessoa está há mais de um ano sem reagir a estímulos) desde uma tentativa de suicídio em 2012, quando ingeriu um forte veneno contra ratos, devido a uma crise de depressão.
Se você acompanhava programas como Xou da Xuxa e Domingão do Faustão, na virada dos anos de 1990, com certeza ouviu muito o nome de dois sonoplastas: My Boy e Sorrel. Pois bem, My Boy era o responsável pelo som de programas globais, dos quais me lembro mais das manhãs de Xuxa e suas competições entre crianças.
A filha do sonoplasta, Fernanda França, já entregou o apartamento do pai (que era alugado), desfez de linhas telefônicas, contas bancárias, etc. Ela o visita mensalmente e teve uma promoção (de assistente de produção a produtora do Vídeo Show) como ação indenizatória. Além disso, a Globo também mantém o plano de saúde de My Boy.
Quando de sua tentativa de suicídio (4 de julho de 2012), My Boy deixou uma carta falando sobre sua crise financeira e as injustiças da emissora para a qual dedicara metade de sua vida, a TV Globo.
Sabe quando saem aquelas listas de celebridades no passado e atualmente? Pois é, você pode reparar que esse tipo de lista sempre vem com alguma coisa do tipo 'não existe gente feia, existe gente pobre'. Isso é um clichê tremendo no que diz respeito a padrões pré-programados pelos meios de comunicação em massa. A associação dinheiro-vida melhor ignora duas verdades quase que universais: A primeira é que dinheiro não traz felicidade (não adianta se contorcer, a felicidade é um conceito e não um objeto); e a segunda é que bom gosto não tem nada a ver com a carteira ou conta bancária, além de que, dizia Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra.
Para exemplificar, vamos ver dois casos de diferentes resultados diante do 'feitiço do tempo'.
Oprah Winfrey
A celebridade mais influente do mundo e uma das mais ricas, famosa entrevistadora, já fez vezes de atriz e deu uma valorizada no seu visual (a imagem da esquerda é de 1997 e a da direita é de 2014).
Melanie Griffith
A esposa de Antonio Banderas é só 3 anos mais nova que Winfrey (Griffith é de 1957), mas teve problemas com drogas e cirurgias plásticas de resultados duvidosos (a imagem da esquerda é de 1995 e a da direita é de 2014).
Então, dinheiro é tudo, ou é preciso um cérebro e alguma sorte na vida?
Primeiro sinal, veja se não dá pra ver Terry 'pai do Chris'Crews aí, por exemplo.
Tudo bem, tudo bem, eu sei que ele é marciano, ou seja,
nasceu num lugar onde a questão racial – a princípio – nunca chegou a ser
discutida, mesmo com as teorias de que a vida na Terra veio de lá ou que lá
haveria alguma forma de vida próxima de nossas características, mas deixa pra lá.
A questão aqui é comprovar que J’onn J’onnz, assim como o Panthro original (esse
do novo desenho dos Thundercats virou uma caricatura irlandesa), é um negão de
tirar o chapéu. Aliás, note na foto abaixo as diferenças de traços faciais entre Panthro e Cheetara (esquerda) e nosso grande homenageado, Caçador de Marte, em relação a Superman (direita).
Seu nome de ‘batismo’
Aqui na ‘Terra’, ele ganhou diversos nomes: J’onn J’onnz,
John Jones, Ajax, Caçador de Marte, etc. Mas seu nome ‘civil’ para seu extinto
povo era Ma’aleca’andra. O nome é uma referência a Além do Planeta Silencioso,
de C.S. Lewis, nomenclatura usada para designar os marcianos, mas ganha aspecto
tribal quando grafado com apóstrofos, hábito cultural muito comum em diversas
regiões, inclusive na África (tipo: m’zinga, sacou?). E, assim como nomes, o Caçador também já adotou diversas formas físicas. Tem a original (Marte), tem a de combate (Liga da Justiça), tem as que ele usa como identidade civil cotidiana, tem a personalidade agressiva reprimida (a forma que não teme fogo, mas o deixou psicótico), etc. Assim, como ocorreu ao negro durante a escravidão, quando teve sua condição de rei, artesão, caçador, etc retirada para ser escravizado com religiões e hábitos que não os seus, inclusive nomes nativos.
Seu visual associado à etnia negra
Apesar de poder adotar diversas formas – o que a forma ‘negra’
não seria referência para minha teoria – você pode notar que em muitas, muitas
oportunidades mesmo, ele é retratado com nariz e lábios grossos, ou seja,
tipicamente negro. Afora, que a maioria das vezes que se cogitou ou se criou
estudo de perfil para interpretar o marciano, o perfil foi de um negro (atores,
traços físicos ou concepções a lápis). Ou seja, não sei se por ele ser ‘de cor’
(uma visão preconceituosa de que negros são coloridos, exóticos) ou se por
algum fundo subliminar, mas J’onnz parece mesmo combinar mais com um perfil ‘negro’. Além dos vários atores cogitados para o papel de Caçador de Marte no cinema - pode conferir no Google - veja só quem o dublou no famoso desenho da Liga da Justiça (e outras mídias, inclusive video games): Carl Lumbly (esquerda). Veja quem o interpretou em Smallhaçãoville: Phil Morris (direita).
Hyperclan
Apesar de ter lá seus conflitos internos, os marcianos
verdes tinham uma sociedade muito evoluída em ciências e artes (tanto que
tinham até telepatia, entre outras habilidades). Mas uma praga dizimou a
população e ameaçou o pouco restante, além da invasão de outro povo, que tentou
impor seus próprios costumes aos oprimidos, coisas que nos fazem lembrar o
continente africano. Digo, o povo a invadir e dominar os marcianos verdes foi o
Hyperclan, ou Marcianos Brancos. Percebem? É a recontagem da história que na
Terra resultou em escravidão e o condicionamento do continente africano à miséria,
peste e um retrato no mundo exterior que estigmatizou todo um grupo étnico.
Conclusão
Então, amigos, é negro ou não é? Eu acho que tem muito mais
a ver, assim como gosto de pensar no – tão menosprezado – Aquaman como um
monarca nos moldes de He-man ou Thor, ou seja, um mundo bem mais interessante
do que herói/vilão e a aventura da semana. Uma mitologia. Gosto de ficar analisando o que uma
história em quadrinhos tem pra oferecer além dos traços e da óbvia missão de
entreter. Nem todo mundo faz como Alan Moore e nos dá de presente histórias em
que se refletir, em muitas outras eu gosto de analisar mesmo. É como música, a
letra e a melodia podem ser bonitas, mas eu fico analisando os desenhos melódico
e até as motivações do autor.
Arte é assim, permite um mundo de interpretações e a diversão
toda é essa, a liberdade que nos oferece.