Dia 10 de outubro, Dia Nacional do Empresário. E, em
homenagem a isso, falaremos do empresário do mês: Eike “pai do ano” Batista.
Eike já era velho conhecido meu desde fins de adolescência... Não, nunca fui
chegas do pitoresco empresário, nem muito antenado com o mundo corporativo
assim, é que eu tinha a Playboy de Luma de Oliveira em que ela era perguntada
sobre a reação do – então – marido sobre a nudez, mesmo não precisando de grana
(sério). Bem, vamos deixar a coleirinha com o nome de Eike pra depois e vamos
atentar que existem 5 etapas pelas quais uma empresa passa até se partir ao
meio e repousar nas profundezas do Atlântico Norte... não, calmaê, esse foi o
Titanic... Mas o histórico é o mesmo. Bem, os passos são excesso de confiança –
pelo sucesso obtido, busca indisciplinada por mais, negação de riscos, luta
desesperada pela salvação e a entrega resignada à irrelevância. Resumindo o
pesquisador estadunidense Jim Coluns: Quem tudo quer, nada tem.
Vamos aos 7 pecados corporativos de Eike. Sim, pecados e não
erros, pois, assim como os termos bíblicos, Eike cometeu algo reprovável no
comportamento humano que o fez se afundar e, ainda, que parece uma satisfação
cometer, mas só traz perda e arrependimento (para os que têm cabeça boa). Não é
nada religioso, é só o paralelo, tipo o orgulho ou a gula, que, se você não
evita, acaba se arrependendo/pagando depois. Eike fez isso, no caso dela, a
vaidade veio em primeiro lugar, mas se analisarmos bem, ele adaptou todos e
criou mais alguns nessa presepada empreitada. Eike-pecado!
1º pecado: Assim como uma
placa-mãe onboard, Eike concentrou os
riscos em vez de espalhá-los. Como um grupo que tenta se erguer todos de
mãos dadas, o esforço é grande demais e depois só pode vir uma danada duma
vertigem, seguida de uma queda estrondosa. Ele fez da união de suas empresas um
esquema de co-dependência - e não uma diversificação de negócios - a ponto de
uma afundar a outra, em caso de crise. Com a diversificação, os riscos seriam
espalhados entre as 16 empresas, que chegou a ter em seu império, mas o que
aconteceu mesmo foi a ligação entre as 5 principais empresas e “o resto”, que
dependia intensamente do ‘G-5X’ (apelidinho safado que acabei de inventar). Sendo
assim, não dá pra um só elemento salvar outros menores, porque a quantidade faz
peso e traz pra baixo ao invés de serem todos erguidos nas costas do
maiorzinho. Fez como aquele seu primo pequeno jogando vídeo game: Ele não sabe
mexer na coisa, então, sai fazendo o clássico bottom-mash (ato ou efeito de apertar desesperadamente todos os
botões desordenadamente) pra ver no que dá e vai se refestelando enquanto dá
certo, mas se der errado, filhão, é ladeira abaixo com uma âncora amarrada nos
caniços, estilo Leonardo Dicaprio em Titanic.
Jack! Jack! Tinha
espaço na madeira sim, seu bobo, pode acordar que eu tava só brincando... tá
frio aqui, né? Jack? – Disse Rose, contemplando o estrelado céu noturno do
hemisfério norte.
2º pecado: Não protegeu suas empresas de seus próprios
defeitos. Como eu sempre digo, o que você faz, sempre vai levar
características de sua personalidade. Um criador de empresas nato, mas um
gestor eufórico e deslumbrado. Parece até uma coisa boa, você se jogar de
cabeça, mas o resultado pode não ser um mergulho esplendoroso, e sim uma queda
de cabeça no deck. Pra você que vive a cultura ‘Brasil-país-do-futebol’, é mais
ou menos como aquele time envolvente,
que faz uma bela campanha enquanto a maioria ainda está se organizando no
início campeonato, mas, assim que os outros pegam o ritmo, você nota que aquele
time era só um ‘cavalo-paraguaio’, na gíria, um afobado que se cansa e fica sem
fôlego logo após a explosão de alegria. Trouxe executivos de renome, não deu
importância a obstáculos e detalhes - que deixariam muito cascudo aí se
borrando de preocupação - gastou mais dinheiro nos empreendimentos do que eu na
Casa do Biscoito e deu no que deu. Otimismo não é por aí, I-Ke, quando você se
levanta muito rápido, tende a sentir o sangue descendo da cabeça na mesma
proporção de intensidade. Vertigem. Uma pirueta, duas piruetas (e o colossal
tombo). Bravo, bravo!
3º pecado: Arrisco
levianamente – mas com o coração quentinho, cheio de amor – que todo mundo
conhece alguém, daqueles ‘empreendedores’ que vão pela empolgação e saem
convencendo meio mundo de que seus negócios são promissores, saca? Vamos
chama-lo de Vendemar (porque serve tanto pra homem quanto pra mulher e ainda
vai ser o fio terra condutor de nossa epopeia pelo corpo do gigante
grande, grande e bobo). Vendemar é aquele ser que a cada semana tem uma ideia
brilhante pra ter seu próprio negócio? Hoje, ele quer vender prendedor de
cabelo pra careca, depois, vai vender cerveja na porta do AA, na outra, ele
quer vender picolé pra Pinguim no Arpoador Polo Sul... Sacou? Pois é, a
diferença entre ele e Eike é que seu amigo não tem milhões, nem poderosos
amigos ricos e influentes. Assim, ele criou seu terceiro defeito corporativo: Se deslumbrou com o mercado acionário –
claro, empolgado com tanto empreendimento – e não prestou atenção ao setor. Fez
previsões e especulações quando o de praxe seria esperar resultados pra
divulga-los, enfim, criou um ser bonitinho, mas ordinário.
4º pecado: A venda de parte de uma das empresas BatistX em 2008 a um grupo da
gringolândia deu uma garibada no otimismo de Eike. Ele achou que era mole mole
pegar, cultivar e vender empresas assim como as máquinas fizeram com o próprio
ser humano em Matrix (porque, você sabe, estamos em 2999 e tudo isso é uma
ilusão). Enfim, a vaidade não é um pecado, é um castigo, um vício que mais hora
ou menos hora você paga. Eike ficou tão besta com seus lucros imediatos que
achou que tinha descoberto um belo filão. Chegou a recusar uma oferta de
sociedade (7,5 bilhões por 40% dos direitos de exploração de poços de petróleo
na Bacia de Campos). Se dividindo o peso com um sócio divide os riscos, o
peruquinha (será?) esnobou e quis tudo sozinho (Lady Kate curtiu isso). Não
quis se envolver em sociedades ou participações em empresas estabelecidas e
comprovadamente rentáveis, nem aproveitou pra fortalecer suas próprias
principais empresas. O resultado foi um lucro absurdo inicialmente, mas também
uma pesada dívida a ser amargada sem nem um poia pra chorar pitangas,
abraçados, degustando um bom vinho Cantina da Serra.
5º pecado: A empresa vem
depois do funcionário. É um cânone básico de qualquer grupo: “O todo é mais
importante que o indivíduo. Significa mais que a soma de todas as coisas”. Em
qualquer lugar você vê uma disputa interna, por exemplo, e sempre há a defesa
comum de que tal entidade é maior que tudo isso. Vale para o clube de futebol
de Vendemar, vale para escola de samba, vale para a
Sociedade do Anel (UIA!), só não valeu para Eike-absurdo. Sabe porque? Porque
Eike atraiu o interesse de seus súditos pelos motivos errados. Quem veio para
seu reinado o fez pela margem de lucro pessoal bem alta em pouco tempo, mas a
empresa mesmo ainda nem tinha dado resultados. Novamente, o problema foi a
afobação e uma certeza cega de que se está bem hoje só pode melhorar amanhã. Se
fosse pobre, Eike já teria aprendido que a alegria de hoje pode ser véspera de
problemas. Nessas horas, não é de todo ruim pensar na possibilidade de o barco
afundar. Aí, o mercado de ações aqueceu, as especulações agitaram, executivos
negociaram e lucraram milhões, mas não tinha uma gota de petróleo pra dar
segurança para a empresa. Sendo assim, assim que um rato é visto correndo para
o seco, fica fácil de abandonarem o navio e seu capitão que tenha assistido a
Titanic.
6º pecado: Apressado come
cru (eu disse cRu). Seria um esquema simples: Se você planta e a árvore cresce
forte, na hora de frutificar, nada mais seguro que pegar umas sementes e
plantar por perto pra serem uma garantia de que sua produção continuará. Certo?
Não para megalomanEike. Ele praticamente plantou várias arvorezinhas, mas pagou
seus agricultores com apenas a empolgação, sem ver frutos. Ambição e pressa têm
em comum, mas não têm nada a ver se você quer dar certo (UIA!) nos negócios.
Sem um único negócio pra dar segurança aos investimentos derivativos, tudo
cresce muito rápido, mas tudo passa muito rápido. Eike não teve paciência – ou
sagacidade – para esperar passar da arrebentação e já quis nadar como se
estivesse em mar aberto. Ou seja, muita energia gasta desnecessariamente e
nenhum porto seguro em caso de emergência. Foi como por uma criança de 9 anos
pra tomar conta de uma turma inteira na faixa dos 6. Enquanto grupos famosos
levaram mais de 30 anos pra se estabelecerem, até terem segurança de investir
em outras áreas diversas, Eike abusou do capitalismo e fez como o surfista que
se levanta da prancha na primeira onda que vem sem ‘sentir’ o mar. Acaba
tomando um caldo por ter ido à crista da onda (é, eu uso essa expressão ainda)
sem ter base ou equilíbrio. Não encheu um balde por vez, quis encher tudo logo,
daí, quando acaba a água, não há tempo nem dinheiro pra esperar a próxima leva.
Garotice.
Tá difícil? Fast food. Dura um pouco mais que seu império de areia e ambição. |
7º pecado: Como eu disse, tudo o que você faz acaba
refletindo o que você é, mesmo que apenas um fragmento. Eike se mostrou um
otimista deslumbrado e, não só suas empresas, mas também seus contratados
demonstraram esse traço, quer por compatibilidade de gênios, quer por
conveniência de puxa-saco. Eike promoveu os otimistas e rechaçou os realistas.
Teve membro da diretoria sendo afastado das funções por tentar segurar o Eike
de ego Batista, que chegava a jogar na cara dos ‘pessimistas’ que ele era o dono,
diante de respostas não condizentes com sua ganância. É o grande problema das
pessoas convencidas, elas querem tanto ter razão em suas aspirações de sucesso
fácil que preferem viver nesse mundinho fantasioso onde o Sol é seu próprio
umbigo. A cultura do líder que gosta muito de um puxa-saco, só reconhece o
‘yes, sir’ é o que derruba muita gente e não a incompetência em si. Fica a
dica.
Imagina isso, um funcionário demitido porque explicou ao
chefe que se ele vendesse um carro ainda sem as portas, o valor seria muito
abaixo do que um completo. Parece um didatismo óbvio, mas foi tipo isso que
aconteceu. O que não poupou o ponderado funcionário de ter sua parte nas ações
enxugada de 53 Mi para 5, devido à queda do gigante de pernas e cabeça fracas.
Além, é claro, do afastamento por não mentir pra Deus.
Considerações
finais:
Foi o maior esquema de pirâmide financeira do país. Até
apostar numa subcelebridade instantânea na carreira musical deve ser menos
arriscado. O gigante precoce passou por estágios da vida empresarial e
financeira, que muitas empresas levam décadas até, em alguns meses. Bem, muitas
analogias foram feitas, mas, em tempos de informática e internet, só posso
concluir que I-Ke se empolgou com o advento da banda larga (hmm) e quis baixar
todos os filmes e músicas da internet, mas sem se preocupar em particionar o
HD, fazer backup ou mesmo um simples e básico antivírus. Se expôs aos mais
diversos perigos empresariais e agora, ta aí, deixou de ser a estrela popstar
mídia, das finanças e investimentos, pra ser sogro de panicat. Eike-coisa!
Curiosidades
Eike tem em seu círculo social nomes de peso como o bom
menino Luciano Huck (sobre esse eu falo depois), Sérgio Cabral Filho,
Eduardo Paes e Aécio Neves. Talvez por isso, ele tenha ódio dobrado aos bombeiros.
Além dos servidores terem feito aquela mobilização por melhores condições de
trabalho e de vida e serem chamados de baderneiros por Cabral (O Sérgio Filho),
Luma (sua ex-esposa) se soltou da coleira e foi cair na mangueira
nos braços justo de que profissional? Exato! Um legítimo stripper do Village
People bombeiro.
Poslúdio
inúdio inútil
Sou contra falar ‘Êiqui’ assim como não posso com ‘Big
Êipou’.
Se as vendedoras naquele comercial ficaram de bem com a vida
por que Fernanda Lima não coube numa calça de criança, imagina aquele seu amigo
que a cada semana quer vender um produto barato diferente, quando vir que Eike
foi apenas um fanfarrão milionariamente bem relacionado!
Big Eike. Big mistake. |
Eike-burro, dá zero pra ele!
Um comentário:
A parceria de Eike com o Rio de Janeiro foi muito benéfica, o governo deve muito a ele.
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