“Calça da Gang, toda mulher quer, duzentos reais pra
deixar a bunda em pé”.
Nossa, essa veio muito antes de se falar em funk
ostentação. Provavelmente porque não é do tempo do governo do PT consolidado,
quando pobre era miserável e não podia usufruir de vários itens e bens de
consumo, mas isso é outra conversa. Estou aqui pra falar desse ano. Deste ano.
2015, a Gang, marca famosa há décadas, fez uma colagem de fotos em que aparece
a diversidade no amor. Diversidade? Talvez a diversidade da Boticário, com
casais gays, mas nenhum negro (hétero ou gay), ou seja, quis fazer cartaz,
parecer descolado e gente boa, mas errou feio, errou rude. Imagina, saganauta (saga-o-quê?!)
que você me fale que é vegetariano e, pra ser legal contigo e pagar de muito
interado nos paranauê, eu te presenteie com salsicha de frango. É tipo isso,
parece que eu to tomando uma atitude diferente, mas não parei pra fazer uma
pesquisa mínima sobre o assunto que te agrada.
Eu explico. A gang fez uma colagem em que a única mulher negra que aparece está beijando um manequim. É a única sem
um par. Numa pesquisa muito rasa qualquer, você se depara com inúmeros textos
onde se aponta a mulher negra como o pé da pirâmide social de relacionamentos.
Inclusive aqui e no meu outro blog, o Raiz do Samba em Foco. Pensa comigo, Jeremias,
o mundo é racista e o europeu criou isso escravizando povos inteiros, em vez de
inimigos de guerra, como fazia antes, assim, o negro e o índio foram escolhidos
pra figurar nesse lixo de história que nos impuseram. Daí, o o mundo também é
machista, pois, detonaram sociedades matriarcais inteiras pra empurrar essa lei
mentirosa de que mulher é sexo frágil... não é, só foi oprimida, assim como o
negro. Então, dessa equação, podemos concluir que se você é homem e branco, você
tá com tudo, não deve explicação a ninguém... no máximo, vão dizer que você não
samba legal. E é verdade. Rá!
Você nota que é um costume não ter negros. Tipo, achei uma ou duas numa página inteira de buscas. Muito pouco pra porcentagem que consome. Quer nosso dinheiro, mas não quer nossa cara? |
Então, concluímos também que se você é homem e negro,
você ainda tem um mínimo suporte no machismo, pois, aprendeu com o homem branco
a dominar sua mulher, mas ... e a mulher negra? O que sobra pra ela? Pois é,
meu nobre, a mulher negra leva porrada duas vezes, pois é oprimida pelo branco
e pelo homem. E, na contagem da equação – ainda não acabou, acompanhe – a maioria
da população é pobre, logo, se sabemos que a maioria da população é feminina,
então temos a maioria da população feita de mulheres negras e pobres. Contando
ainda – eu avisei que não tinha acabado – com a referida marca de roupas –
sucesso entre funkeiros há umas décadas – podemos concluir que a marca era
muito adorada por maioria de mulheres negras. As mesmas que agora são “representadas”
se “relacionando” com um manequim. PARABÉNS, GANG! Troféu joinha 2015 pra
vocês. Se o Boticário já tinha vacilado na exclusão do negro, vocês conseguiram
superar o feito incluindo, mas não reconhecendo que mulher negra também tem
namorado, apesar de a sociedade só querer que ela seja uma explosão na cama e
excelente rainha de cama, mesa e banho.
Entendeu, Gang? Entendeu O Boticário? Vocês não entenderam que o negro é mais de 50% da população e compra coisas. Não compra besteira... quer dizer, besteiras TAMBÉM, inclusive itens de lojas que não nos vê como gente de verdade. Por mim, eu boicoto mesmo. Faço isso com uma facilidade enorme, e depois apareço na net pra falar mal. É isso que acontece com marcas que mandam mal, a gente fala mal. Exército de difamadores e com razão. Olha pra essa foto e imagine a mãe de vocês. Eu não gosto de apelar pra esse 'e se fosse com você', porque acredito que respeito deva vir de berço, mas pros que - nitidamente - não sabem o que é isso, mando mesmo na lata: Olha pra essa porcaria que fizeram e pensem se iam mesmo ganhar aplausos das pessoas que vocÊs representaram ali. E note, por fim, que o homem negro, pra variar o senso comum, está com uma mulher branca e/ou fazendo parte de um relacionamento a três com brancos. Pode até forçar umas de que isso é reflexo da sociedade, mas um comercial de 30 segundos não é uma peça documental sócio-antropológica, ok? Então, se fizeram esse comercial da cabeça deles, não é pra excluir, é uma marca, uma empresa que lucra com vendas, então, até representar direito, não vou ouvir nem falar bem dessa coisa. "A loja que me entende"? A narradora, com certeza é branca, porque se fosse negra estaria muito enganada. Veja aí pra ter noção:
Não quer mostrar nossa cara direito, mas se entrar na loja, mesmo torcendo a cara, aceita nosso dinheiro, né? Aí, pode?
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