Olha, não estou criticando o filme em si, foi muito bem
feito, pro ano que veio, a tecnologia e o momento cinematográfico, tudo isso
explica e justifica os acertos e erros do filme enquanto filme de super herói,
mas enquanto uma adaptação especificamente do Homem-Aranha (meu primeiro herói
favorito), achei que alguns pontos bem pontuais (hein?!) deixaram a deseja já
naquela época (nem vou discutir a tecnologia, CG e efeitos especiais em geral).
Pra você ver que sou legal, vou passar por cima de decisões
rasas da produção, como explorar pouco a relação paternal de Peter e Norman
Osborn, a briguinha ‘você não é meu pai’ com Tio Bem pra apelar pro remorsos
ainda maior do – então futuro – herói e outras coisas que eu vou esbarrar daqui
a pouco na listinha que preparei pra tiS (sim, ti no plural. Rá!).
Então, é isso aí, valeu, gente, até a próxima e... ah, não,
esqueci que tem que falar da lista no texto que tem justamente esse propósito (Rá!²).
Vamos aos pontos em que Homem-Aranha (principalmente o primeiro de 2002)
poderia ter dado um caminho diferente ao herói nas telonas (e PCs via torrent
que eu sei, hein, seu pirata!).
11)
Mary Jane amor de infância de Peter e com
personalidade de Gwen Stacy
Mary Jane fala gracinha e ouve de Gwen: Quando isso, querida, antes ou depois de eu arrancar seus cabelos? |
Uma coisa interessante que rolava antes e aconteceu com mais
freqüência depois dessa nova franquia “Homem-Aranha/skatista/Coldplay”. Falo da
frase ‘ah, Mary Jane não foi a primeira namorada dele?’. Isso, gafas, (gafanhoto
pros íntimos), Peter, pra um nerd tímido, já deu uns lances com Felícia Hardy (a
Gata Negra) e Betty Brant (secretária de J.J. Jameson), mas seu verdadeiro amor
foi Gwen Stacy. Ela era a jovem meiga por quem Parker se apaixonou até ser
morta pelo Duende (Norman) num dos episódios mais emblemáticos da história do
aracnídeo da Marvel, e até das HQs em geral. Aliás, esse tal episódio teve referência na cena em que Peter precisa decidir entre Mary Jane e um bondinho lotado de pessoas. Foi lá na ponte que ocorreu tudo. Mary Jane, viria depois, uma garota
popular modelo, gostosa, legal e só. A relação deles só brotou quando Gwen já
era um passado sofrido da galera. Aí, no filme, juntaram a personalidade de
Gwen num background ‘lar destruído’ e ZAZ! Mary Jane no cinema. E primeiro amor
de infância de Peter ainda, ou seja, a Gwen que aparece em Homem-Aranha 3 não
tem nada a ver com eles, Harry, Flash Thompson e a tchurminha do barulho
aprontando altas confusões.
22)
Peter meio nerd, mas Homem-Aranha não piadista
Essa, eu acho que influenciou diretamente na história do
filme, ou a direção influenciou nesse fato, sei lá o que veio primeiro. Bem, o
Peter é nerd gênio, gente boa e auto-contido, mas o Homem-Aranha é um piadista
de primeira, que usa esse artifício pra irritar os inimigos e levar vantagem
com a falta de concentração dele... além de ser um sacana nato mesmo. Mas no
filme, ele faz uma piada no início, quando ainda está lutando por dinheiro e
depois, quando se depara com o Duende no Clarim Diário, quando cala a boca de
J.J Jameson com uma teia. Muito pouco pra um filme inteiro. Como eu falo, modificou
uma característica básica do personagem. O filme focou tanto em romancezinho
água-com-açúcar que só mostrou o teioso herói de emergência, sério
compenetrado, meio que Superman e nem o gênio que bolava umas tralhas de
improviso pra se virar ele se mostrou.
Diante de comparações entre Viúva Negra e a descrição clássica do Superman, ele protesta: Ei, dá pra manter as referências sobre os poderes de aranha? (Sempre tem tempo pra uma tiradinha sacana). |
33)
Harry e Norman sem o cabelinho crespo legal
Essa foi uma das primeiras que me incomodara, mais até do
que a aranha radiativa substituída por ‘geneticamente modificada’ ou a teia
orgânica, abolindo os fantásticos lançadores de teia. Mas isso tudo eu entendi,
mas apesar de fisicamente bem parecidos no filme (Willem DeFoe e James Franco),
achei que os cabelos ‘de ondinhas’ eram uma marca dos personagens, não
necessariamente canônicos, mas senti um estranhamento bem no fundo do meu ser (UIA!).
Saca, como se Christopher Reeves/Superman aparecesse de mullets? Então, mudança
inútil, então, desnecessária.
44)
Duende Verde Power Rangers
Essa sim, uma que me fez lembrar do primeiro X-Men do cinema
(2000). Essas adaptações de roupas são uma questão polêmica pra mim, no melhor
sentido da palavra. Realmente é algo que me divide opiniões e não há uma
resposta exata que não deixe brecha pra contra-argumentações. Mas, lá vai meu
ponto de vista. Achei feião esse Duende de armadura. Pra um cara louco que voa
por aí num planador a jato rindo feito Coringa e atirando bombas em formato de
abóboras, acho que a velha máscara de borracha faria muito mais sucesso.
Imagina, ver um cara de carne e osso com uma máscara de borracha fazendo essas
atrocidades. Caras, me assustaria muito mais que um Power ranger daqueles. Vai
fazer o quê depois, ficar gigante e destruir a cidade? Afe... E nem me venha falar que ficaria ridículo usar
uma roupa colante e colorida, pois esse ranger robô mirim não ganha em nadado
traje original. Até porque, já viu esse povo de academia, como suas roupas são
colantes e coloridas? Vida real, caras!
55)
O criminoso que matou tio bem ser cúmplice do Homem-Areia
Essas ligações de coincidências de roteiros me fazem um
pouco furioso. Tipo o Coringa que matou os pais do Bátema no filme de Tim
Burton (1989) ou o caráter messiânico de Jor-El ter pesquisado o universo pra
saber que na Terra, seu filho seria um super herói pra salvar a humanidade (Superman-Homem
de Aço – HQs, 1986). Aqui, além da MJ ser amor de infância, levamos três filmes
pra descobrir que o bandido que matou tio Bem estava nessa com Flynt Marko, que
entrou pro crime pra sustentar o tratamento da filha doente (como vimos em HA3).
Caras, a própria história do personagem já traz essa ligação com o cara sendo o
mesmo que Peter deixou fugir só pra se vingar do contratante da luta que deu
volta nele com a grana do prêmio. Aí, ainda tinha que jogar um sujeito que nem
aparece no filme? Sério, maneira no retcon porque é igual feijoada, vai ser
melhor assim.
66)
Harry é só um mimado querendo aprovação paterna
Harry, no gibi, tem uma história e tanto. Ele perde a mãe no
momento que esta dá-lhe à luz, é tratado pelo pai de forma fria e distante,
alternando com momentos de violência doméstica, o que o leva a se drogar. Sua
personalidade, que nunca foi lá essas coisas, se deteriora e ele desenvolve
problemas que se tornam mortais quando ele assume o manto do Duende Verde, após
a morte do pai. É isso. Ou deveria ser, né? Já que no filme, ele apenas é um
mimado com pai distante buscando aprovação dele, culminando com a vergonha
alheia de ele acabar de levar um fora do pai, na frente dos amigos, agredindo
verbalmente MJ – até aquele momento, de namorico com ele – só se calando ao
levar um fora de Tia May. Caras, na boa, faria muito mais sentido se ele
tivesse esse passado de drogas, agressões e esquizofrenia. E não ia ser demais
pro público, todo mundo entende rápido como essa combinação dá problema.
“Ain, Saga, que nerd chato que vê defeito em tudo. Aposto
que é porque não gosta de adaptações”. Não, gafas, eu gosto de adaptações e
muitas são necessárias tanto pra mudança de mídia (de quadrinho pra carne e
osso muita coisa precisa mudar) quanto pra própria linguagem de cinema e
público diferente. Só que, voltando de novo, uma mudança não pode afetar a
construção do personagem. Não ligaria pro Peter japonês, mas ele teria que ser
o nerd gente boa que vira um ágil herói piadista quando usando a máscara de
aranha, saca? Esse (Tobey Maguire) ficou a cara do Peter nos quadrinhos, mas
perdeu todo seu lado ‘engraçaralho’, igual o Bátema, que nunca tem seu lado
detetive explorado, saca? Mas se te conforta, achei o Jameson perfeito. Fiquei
até surpreso em saber que é careca, no melhor estilo ‘cara, como assim tu num é
o Jameson de verdade?’. Haha, estou sendo engraçaralho. Viu, Sam Raimi, não é
difícil fazer piadinhas sem graça pra irritar os outros. O cabeça de teia bem
que poderia mais.
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