Crônicas, divagações e contestações sobre injustiças sociais, cultura pop, atualidades e eventuais velharias cult, enfim, tudo sobre a problemática contemporânea.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Revoltado e revoltadinhos online não pensam


Por muito tempo, o povo se acostumou – infelizmente – a levar trolha e apenas reclamar entre si, como quem reclama com o cara de trás da fila que um espertinho passou à frente de todos no famoso golpe do “encontrei meu amigo ali na frente”. Claro que isso é fruto de séculos de pouca auto-estima, as bases de nossa sociedade, criada a partir de invasão e apropriação indébita de corsários europeus que acharam por bem tornar estas terras em seu quintal particular pra brincar de roubar o que tinha aqui e mandar pra cá a nata da bandidagem, dos loucos, pervertidos e complementando tudo com tráfico escravista. De lá pra cá, foi golpe atrás de golpe até a ditadura que pegou meados de 1960 até começos de 1980, na verdade melhor compreendido entre 1964-1984, matando muita gente, torturando tantos outros e traumatizando gerações.

A partir daí, acho, tornou-se um hábito latente falar mal do governo porque todo mundo sabia que o Brasil era roubado e vendido com a força e velocidade de uma onda havaiana sobre a cabeça de um surfista desavisado levando caldo. Daí, tivemos o “retorno da democracia” (muitas, mas muitas aspas nessa expressão) e a ilusão de liberdade consolidada quando a população achou que expulsou um presidente da república (tá, e Isabel é que resolveu a escravidão e o racismo no Brasil), enfim, o que vimos foi um franco resquício das políticas neo-liberais da ditadura, só que com o aval do povo que se deixou levar por uma mudança na moeda, o Real, que não era instável como as trocentas moedas que tivemos em poucos anos. Mas o foco aqui é na mania de falar mal do governo. Tínhamos o que falar? Sim. Ainda temos? Sim. Mas há um diferencial hoje.


Hoje em dia, o governo tem problemas e erros de percurso? Sim. Mas está muito longe da miséria que era o PSDB no comando. O pobre era realmente pobre, hoje muito pobre faz piada que não tem dinheiro, mas tem seu celular legal, seu PC pra entrar na internet, seu salário mínimo não é mais 200 reais, está beirando 800, o que ainda é muito pouco para o custo de vida, mas como eu disse, muitos problemas, não se resolve assim, num estalar de dedos. Mas uma coisa não mudou e precisa. A onda de falar mal do governo. Pegou-se esse vício e os desavisados simplesmente pegam montagens feitas por gente tendenciosa e repassa como instrumento de manobra. Usam sempre as mesmas palavras vagas como ‘corrupção’, ‘roubalheira’ e se garantem, não em informações embasadas de pesquisas políticas e econômicas, mas em capas de revistas e chamadas de jornais. Novamente falo, se quer entender de política não tem nada que assistir a JNs da vida nem ler Veja e essas trolhas, pois, seria o mesmo que achar que dá pra tirar diploma de paleontólogo só assistindo a Jurassik Park. Talvez você vire um dinossauro, mas é outra história.


O problema é que esse tipo de vício sem contestação gera duas ervas daninhas para o debate político: O Viciado que não conseguiu perceber seu mundo mudar à sua volta e as gerações mais novas que aprendem esse lixo por osmose. O primeiro tipo é mais natural que haja, conservadorismo, falta de adaptação, inércia... Não é o ideal, mas é normal de entender que mentalidades não mudem de uma hora pra outra, então, fica um monte de gente falando em volta da ditadura, que hoje não presta... humpf... queria ver falarem mal do governo pro mundo todo ver e não sumirem do mapa um minuto depois pra reclamar de novo no tempo da ditadura, mas, enfim... Mas é o povo que eu falei, acostumou a ter a auto-estima enquanto país muito baixa, então faz essas piadas falando mal do governo como quem zoa o cabelo da mãe, critica a roupa do irmão e a barba do pai. Pessoas que levam ferrenhamente a sério a coisa de desdenhar pra parecer intimidade, mas acaba sendo um desabafo sem objetivo.


A outra parte, essa eu não tenho muita consideração, pois é retardo, mas também entendo a existência. Só não entendo a falta de contestação e já explico. Falo de quem não era nascido ou era muito pequeno quando o PT assumiu o governo. Gente que já nasceu beneficiado por diversas políticas sociais, mas como se vêem blindados por papais e mamães com uma vida melhor, acabam reclamando de barriga cheia sem saber. Eu sou um filho da ditadura, enfraquecida já na época que nasci, mas vi isso tudo mudando até FHC meter sua política de venda tudo pelo menor preço e eu ver uma mãe que mudou radicalmente de função numa empresa recém privatizada pra não rodar e um pai que amargou desemprego tendo mudado também radicalmente de profissão pra não morrer de fome. Almoçava-se sem saber o preço que a janta ia estar. Daí, eu vejo um monte de garotinho(a) de 18, 20 anos falando em volta de ditadura, que nunca se roubou tanto ezzzZZZZZZZ...



É o tipo que acha Danilo Gentili um ícone do combate à corrupção e da revolução no humor. Esse babaca não é humorista, é um amargurado ressentido. Pois é da mesma idade que eu, mas virou puxa saco de emissoras que cresceram com a ditadura apoiando e agora acabam sofrendo com políticas sociais que não mantêm o povo sob seu controle. Voltando aos filhos reacinhas jr., eles se valem de uma lógica de que se hoje não é perfeito, o ontem foi melhor. É a clássica rebeldia, contestação do sistema, mas se antigamente contestar o sistema era a luta por liberdade, hoje, esses rebeldes sem causa – pra minha decepção – não contestam – aceitam o conservadorismo ao mesmo tempo que querem se rebelar. Geração confusa e infeliz. Felizmente não é todo mundo, mas uma classe média boba, com mania de querer parecer participativa e interessada, mas lê Veja, que notoriamente mente, e se acha bem informada. Como diria Roger – ultraje – Moreira (quinteto do Jô do gentili), “como é que eu vou crescer sem ter com que me revoltar?”. É isso, uma babaquice incontida. Poderia usar isso pra contestar outras coisas, mas cai no clichê de acreditar em especulação midiática, não se informam sobre processos simples da sociedade, mas querem falar, querem fazer barulho e seus ícones são esses aí, os palhaços do sistema, gentilis, sheherazades e tals... Na sede por presepada, esses sem noção é que lhes parecem “falar aquilo que ninguém mais tem coragem”.

 

Falar o que ninguém tem coragem é pra Raul Seixas que já zoava com a burocracia (Plunt Plact zum) e com o neoliberalismo e subserviência ao exterior na venda de patrimônio nacional (Aluga-se). Quando você vê apenas o mesmo grupo ligado à classe rica resmungando feito criança contrariada, isso não é coragem, é desespero. E, fale a verdade, quando acontece em algum lugar de uma minoria fazer palhaçada, você é mesmo do tipo que se junta ou fica olhando de longe pensando ‘olha o vexame!’? Pois é, não são corajosos, estão apenas separando gente com juízo e inteligência os burros... e levando os burros consigo. O que eu já desfiz de amizade por causa de bolsonecas e gentalhas... não tenho receio algum. Ao ando com maluco, nem com quem bate palma pra maluco.


Ah, fugindo um pouco do assunto aqui, dizem que Lula e o PT começaram com a guerra entre classes... Não, gafanhoto, Lula e o PT começaram com a revolta da classe rica que se viu disputando espaço com muito pobre em várias frentes. Olhe na educação superior federal, no quadro social financeiro e veja o quanto o Brasil evoluiu pra saber. Muitos acham que os ‘bolsas’ são assistencialismo, porque era assim que o PSDB tratava, quando o benefício valia tipo, 30 reais. Acham que uma pessoa só pode comprar comida e roupa com um bolsa da vida, porque? Porque agregaram o vício da elite em achar que pobre não pode ter dinheiro, que pobre com dinheiro não dá certo. Mas isso é conveniente, por se a grana fosse distribuída de forma igualitária, não haveria modo de alguém se sentir superior. Como fariam? Por etnia? Mas a etnia não comprova nada se a grana não estiver concentrada com um grupo e o outro se esbofeteando pra pegar migalhas.





Enfim, revoltadinhos online repassam burrices dos revoltadões online, não pensam, não são a favor nem contra nada, apenas usam jargões da moda. Se o governo fosse ocupado por borboletas, defenderiam morte às borboletas e nem se importariam com a polinização das flores na primavera. Digo e repito aqui e no facebook: ESSA GENTE NÃO FAZ SENTIDO!  

Por exemplo, Gentili faz piada com nordestino, povo da mesma região de onde vem Sheheranazi, que é defendida por ele como 'liberdade de expressão'. Todos deveríamos saber que liberdade de expressão não é falar o que quer, é responder por aquilo que se fala, mas, novamente, ESSA GENTE NÃO FAZ SENTIDO!

Em tempo, outro ato de coragem do valente voz da revolução coxinha:


Tomou?

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